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De acordo com Dias (2011, p. 82):

O conjunto predial é composto por três andares: no primeiro andar estão localizados a portaria, o pátio, a cantina particular, a cantina da escola, as salas dos 1°e 2°anos, o Setor de Apoio à Saúde (SAS) e o Núcleo de Atendimento e Integração Pedagógica (NAIP), a clínica odontológica e a seção de serviços gerais. Além do conjunto predial, há duas quadras (uma coberta), uma área de recreação para os dos 1° e 2° ciclos e uma horta. No segundo andar, está instalada a biblioteca, que tem uma grande sala destinada aos livros infantis, com estantes baixas e pequenas mesas e cadeiras e a sala do espelho, onde são realizadas aulas de dança, música e teatro. Nesse andar, localizam-se, ainda, as salas de aula do 3° ciclo, os laboratórios de ciências e a sala de modelagem e construção, utilizada para a realização de

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A pesquisa mencionada tem como título “O papel da linguagem em uso na sala de aula no processo de apropriação da leitura de crianças e jovens e adultos”, e foi defendida em 2011, na FaE/UFMG.

atividades com vários tipos de materiais. No terceiro andar, estão instaladas as salas da diretoria, mais salas de aula, a secretaria administrativa, a seção de ensino, o Centro de Extensão (Cenex), a cozinha e o refeitório utilizado pelos funcionários e as salas dos professores, organizadas por núcleos. Durante os horários que não estão em sala de aula, os professores se encontram nesse espaço, principalmente durante o recreio.

Por essa descrição do espaço, nota-se que a escola é composta por outros cenários onde não só podem, mas devem ocorrer outras formas de aprendizagem. Segundo Moll (1996/2000, p. 3), Vigotski considerava:

[...] a escola (assim como outras situações educacionais, de caráter informal) como a representação do melhor ‘laboratório cultural’ disponível para o estudo do pensamento, para ele seria: o cenário social especialmente desenhado para modificar o pensamento.

Isso significa que Vigotski concebia que não somente a sala de aula, tida como espaço legítimo para ensinar conhecimentos, mas também outros espaços na escola colaboram para a imersão das crianças e adolescentes em práticas da sociedade e potencializam seu desenvolvimento mental e cultural. Os pátios, a cantina, a sala do espelho – onde se realizam as aulas de dança, teatro e música –, o laboratório de ciências e a sala de modelagem são exemplos de ambientes onde múltiplas oportunidades de desenvolvimento podem ocorrer.

Neles, através da organização social da instrução, já tratada em capítulo anterior, e por intermédio de um processo interativo, alunos e professores, em mútua colaboração, se engajam em contextos que podem possibilitar o desenvolvimento, a troca de saberes, vivências, permitindo-lhes compartilhar, portanto, múltiplos conhecimentos e vivências socioculturais.

Os alunos ingressam nessa escola através de um sorteio público, que atualmente se dá junto aos membros da escola e aos auditores da Loteria de Minas Gerais. Ao ser sorteado, o aluno tem o direito de cursar desde o 1o ano do Ensino Fundamental até o 9o ano desse nível. Portanto, a escola considera ser esta uma forma democrática de os alunos terem acesso a seu ensino, pois, adotando essa perspectiva, evita-se a seletividade dos mesmos através de testes de conhecimentos prévios.

O CP oferece, atualmente, o Ensino Fundamental (1º ao 9º ano) em tempo integral. Os alunos têm jornada diária de 7h30, distribuídas em formas de aulas e atividades esportivas. A escola oferece também o Ensino Fundamental para pessoas jovens e adultas no período noturno, por meio do Projeto de Educação de Jovens e Adultos (PROEF II), que

atende pessoas que cursam o segundo seguimento do Ensino Fundamental, ou seja, ao 2º e 3º ciclos em relação ao curso oferecido às crianças e adolescentes.

O CP oferecia, nos anos de 2006 a 2008, àqueles que possuíam determinada demanda específica de trabalho em algumas áreas da aprendizagem curricular, projetos que propiciavam uma atenção individualizada aos alunos, porém somente para aqueles que estavam no 1o ciclo. Tais projetos eram denominados Grupo de Trabalho Diferenciado (GTD) e Grupo de Trabalho Individualizado (GTI).

Segundo Dias (2011, p. 74):

O GTD é um projeto coletivo que envolve todos os ciclos da Escola Fundamental e tem como objetivo desenvolver atividades que respeitam o ritmo, o tempo e as experiências de cada educando. De acordo com o diagnóstico feito pelos professores, os alunos são reagrupados segundo demandas detectadas, independentemente do ano escolar que estejam frequentando. Ocorre uma vez por semana, dentro do horário de aulas do ciclo. O GTI, no primeiro ano, funcionava como uma monitoria para os alunos que apresentavam dificuldades de aprendizagem da leitura e da escrita. Em horário predeterminado pela professora da turma e pela monitora, os alunos eram retirados da sala em pequenos grupos e retornavam após a assessoria. Devido à dificuldade dos alunos participantes do grupo em acompanhar as atividades desenvolvidas pela turma nos dias do GTI.

A FIG. 2 mostra como se organizava a sala de aula quando a prática do GTD acontecia:

FIGURA 2 – Aula de GTD - Grupo de Trabalho Diferenciado Fonte: Arquivos da pesquisadora.

Na época da pesquisa realizada por Maíra (2006 e 2008), não havia registro de notas nem conceitos para a avaliação dos alunos. Ao final de cada etapa, os pais recebiam uma ficha, preenchida pelos professores de cada área, contendo informações sobre o desenvolvimento e o processo de aprendizagem do aluno. Atualmente (2014), a forma de

avaliar se dá por meio de um relatório, contendo o desempenho do aluno em forma de conceito para cada disciplina cursada. Segundo a coordenadora do Ensino Fundamental, esse relatório contém os conteúdos escolares que se espera que o aluno deles se aproprie, baseados em descritores tanto conteudistas quanto procedimentais.

O objetivo central da divulgação desse relatório por conceitos (totalizando quatro ao ano) seria favorecer um diálogo entre pais, alunos e educadores na trajetória escolar da criança. Durante o processo de investigação da trajetória de Samuel, fomos até sua escola para obtermos acesso a seus relatórios passados, porém, a instituição não nos permitiu esse acesso. Segundo a direção, a escola deve proteger ao máximo o aluno e não pode oferecer informações sobre aspectos individuais dos mesmos. Tampouco a mãe de Samuel, que durante o período de nossa investigação quis acessar esses documentos, teve seu pedido atendido. Mesmo ela teria que ser submetida à autorização por escrito do órgão responsável pela posse dos documentos dos alunos. Portanto, não nos foi possível fazer uma análise desses documentos para o nosso estudo.

No início deste capítulo, apresentamos os vários espaços escolares e as atividades diferenciadas que a escola proporciona aos alunos, porém nossa atenção na pesquisa de Dias (2011), na qual nos baseamos, centrou-se no espaço da sala de aula, por isso o apresentaremos a seguir.