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A escola é indiscutivelmente o espaço da educação, também ela tem que ser livre para cumprir a sua missão. Cada escola deve e tem que ter o seu projeto educativo, é um constante e quase inevitável discurso nas escolas, para a digna convivência humana. A escola é o meio privilegiado para a formação das pessoas, a

176 Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, vol. IX, p. 426.

177 CABANAS, José Maria Quintana, Teoria da Educação, Concepção Antinómica da Educação, Porto, Edições ASA,

2002, p. 23.

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Cf. Nota Pastoral da Conferencia Episcopal Portuguesa, Educação, direito e dever – missão nobre ao serviço de todos, Lisboa, 1/ 2002, p. 6

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Relatório Final da Prática de Ensino Supervisionada - UL 1 “A Pessoa Humana” 61 sua ação deve partir do projeto educativo, previamente elaborado, que ajude cada um a ser como si próprio. Cada projeto educativo deve responder às realidades que envolvem a escola. Visto que a missão de ensinar da escola, é acompanhar a construção progressiva da personalidade, para uma justa autonomia. A escola propõe caminhos que ajudem os alunos a criar o seu modo de viver. Esta própria forma de viver é a relação de gratuidade, partilha, no respeito pelas vidas a germinar180.

O Estado, com todas as suas legislações, é o garante das condições para que a escolas cumpram e assumam a sua missão, à escola cabe a tarefa de estar comprometida com o mundo, mas ao mesmo tempo, separada do mundo. A escola deve contemplar o mundo, de uma certa distância, para dar a melhor resposta ao mundo que a presenteia. A escola deve ser, com os seus intervenientes, representação dos valores do mundo, no e para o ensino. Isto é, cada escola em concreto deve fazer uma reflexão do meio que se situa. Cada escola deve saber situar-se para que o seu projeto educativo dê as respostas que melhor conferem e aptam os seus alunos.

A escola, tendo presente o seu contexto e definindo o seu percurso, vai eliminar o problema de “produção” de espectadores passivos. Eliminado este pressuposto, vai contribuir para “criar” cidadãos intervenientes no mundo, de fora da escola, mas que são também, ao mesmo tempo, fazedores da sua própria história.

Em comparação com outros locais, a escola é o local onde se passeia a maior produção de saber por metro quadrado, se assim é, a escola, nos seus agentes, tem que perceber como missão a transmissão de valores. Porque educar, não é só o ensinar as regras da língua ou da matemática, é, principalmente, o transmitir valias para a vida. Se a missão da escola é também educar, isto significa que a escola vai formar pessoas com caracter, vai ajudar as pessoas a crescer, vai criar um projeto para a vida. A escola é o terreno do projetista balizante. A escola não vai viver pelos seus educandos, mas vai ajudá-los a viver e a respeitar os seus pares numa comunidade de valores.

A escola desempenha um papel importante na formação das pessoas. Hodiernamente, é na escola, que os jovens passam maior tempo da sua vida e do seu tempo de formação. Daí que, a escola, seja o espaço da evolução da pessoa como ser em desenvolvimento e em permanente relação. A aventura da “escola não poder ser

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Associação Portuguesa de Escolas Católicas, Actas do I congresso nacional da escola católica, Escola católica

Relatório Final da Prática de Ensino Supervisionada - UL 1 “A Pessoa Humana” 62 apenas um conjunto de atividades, é uma visão da vida, persistente e longamente perseguida e afirmada”181.

Uma autêntica educação escolar exige, assim, uma radicação na verdade do Homem182, isto é no respeito integral da pessoa. A tarefa da escola é a promoção da vida, primeira condição no desenvolvimento da pessoa e do progresso social. Neste ponto de vista, a escola tem que abandonar, o enraizado, método do ensino concentrado nos aspetos cognitivos, objetos relacionados unicamente com o seu intelecto. A preocupação da escola não pode passar, pela exclusividade, de transmitir informação e conhecimentos. Mas sim uma totalidade de saber ser e fazer, visto que a pessoa é um todo e não partes. A escola tem que ver a pessoa como:

“Para ser grande, sê inteiro: nada Teu exagera ou exclui

Sê todo em cada coisa. Põe quanto és No mínimo que fazes.

Assim em cada lago a lua toda Brilha, porque alta vive”

Ricardo Reis, in “odes” Heterónimo de Fernando pessoa

A verdadeira educação que tende para uma realidade do todo, partilhada por todos, poderá vetar a descriminação das diferenças, que continuam a gerar distinções e as particularidades que inspiram inimizades. Assim a escola desempenha o seu papel de transformação de indivíduos e de atitudes. É na escola, com a escola, e pela escola que as diferenças se atenuam e desaparecem. A escola ajuda os seus educandos a crescerem harmoniosamente na diferença que persicite conviver com o todo da normalidade. Todo o destino da escola, deve ajudar os seus alunos a descobrir harmoniosamente os dotes e valores dos outros, para que se construam pessoas numa relação de participação e de partilha de complementaridade social e comunitária.

É na escola que as diferenças, passam de um estigma contraproducente, para uma mais-valia de crescimento mútuo. O objetivo da escola é suscitar e favorecer a harmonia pessoal, da qual, decorre a participação social cooperante, solidária, que resulta na harmonia social. O educando progride, na medida, que toma consciência da sua dignidade e da dignidade dos outros, em que concilia o seu meio humano com o

181 POLICARPO, D. José, Cardeal – Patriarca de Lisboa, A Escola Católica ao serviço da missão da Igreja (conferencia

pronunciada no Fórum Risco de Educar), Lisboa, 28 de janeiro de 2007. p. 5

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Cf. Nota Pastoral da Conferencia Episcopal Portuguesa, Escola em Portugal – Educação Integral da pessoa

Relatório Final da Prática de Ensino Supervisionada - UL 1 “A Pessoa Humana” 63 meio humano dos outros, aprendendo a relação comunitária, compreende e percebe todos os contornos da sua existência pessoal e social183.

O segredo do projeto educativo é favorecer e conseguir desencadear o desabrochar, nos educandos, as qualidades do aperfeiçoamento e da correção pessoal, para que acolham os contributos de todos, dos educadores e dos parceiros. É a volta dos educandos, sem exceção, que a escola deve construir, organizar e realizar as suas atividades e tarefas da aprendizagem.

A escola deve prever as necessidades de todos os seus educandos, formando- -os para o sistema social com o qual convivem e interagem.