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CAPÍTULO II MONTES CLAROS

ESCOLAS MUNICIPAIS RURAIS DÉCADA DE

44 E.M. Luiz da Silva Gusmão Fazenda barreiro do Boqueirão 45 E.M. Dom Aristides Porto Fazenda Barrocão do Pacuí 46 E.M. Demósthenes Rockert Fazenda Traíras

47 E.M Dominguinhos Pereira Fazenda Buriti 48 E.M Dor. Artur Fagundes Fazenda Marcela 49 E.M Dr. Artur Jardim Fazenda Bocaina 50 E.M Dr. Joaquim Costa Fazenda Lagoinha 51 E.M Marciano Mauricio Fazenda Ponte Alta 52 E.M. Esperidião Martins Fazenda Cana Brava 53 E.M. Aracy de Abreu Fazenda Brejão 54 E.M. Aureliano Flávio Fazenda Brejinho 55 E.M. barão do Gorutuba Fazenda Barreiras 56 E.M. Bolivar de Andrade Fazenda Canoas 57 E.M. Camilo Ferreira Fazenda Mandacaru 58 E.M. Celestino Pereira Salgado Fazenda Campo do Meio 59 E.M. Cesário Prates Fazenda Salto

60 E.M. Dr. João Antônio Pimenta Fazenda Canto do Engenho

61 E.M. Dom Lúcio Buriti do Campo Santo

62 E.M. Dom Aristides Porto Fazenda Barrocão do Pacuí 63 E.M. Antônio Amaral Fazenda Estiva

64 E.M. Antônio Gonçalves Figueira Fazenda Vaca Morta 65 E.M. Antônio Maia Fazenda Santo Inácio 66 E.M. Antônio Cardoso da Cruz Fazenda Lavaginha 67 E.M. Araci de Abreu Fazenda Brejão

Inventário das Escolas Municipais Rurais de Montes Claros, 1969. Fonte: Arquivo Público da Câmara Municipal de Montes Claros.

Anexo C: Roteiro das Entrevistas

Entrevistas com ex-professores

1) Dados de identificação: nome, idade, endereço, telefone

2) Percurso de qualificação profissional: trajetória escolar, formação inicial, formação continuada.

3) Percurso profissional: Experiências na docência ; redes de ensino, séries e turnos; experiência com o ensino rural; tempo de trabalho em cada escola que lecionou; interferências das reformas educacionais no percurso profissional; relação com os órgãos administrativos do sistema de ensino; interrupções na carreira e motivos; conflitos que marcaram a trajetória profissional; dificuldades encontradas e como foram contornadas; objetivo profissional no início da carreira e no final; apreciação das diferentes experiências; relação com os colegas de trabalho; maior desafio enfrentado na vida profissional; percepção do contexto sócio político das décadas de 60, 70 e 80.

4) Questões sobre a prática docente

Lembrança da primeira aula ou do primeiro dia de atividade docente; lembrança da escola rural nas décadas de 1960, 1970 e 1980; fatos que definiram ou modificaram a conduta em sala de aula; representação sobre a prática e as condições de trabalho; conhecimento e posição pessoal em relação aos programas de ensino oficiais da época; mudanças metodológicas e outras na prática profissional ao longo dos anos e suas justificativas; alternativas encontradas para enfrentar as dificuldades surgidas em diferentes momentos da carreira; principais mudanças na metodologia utilizada em sala de aula e razões das mesmas; leituras importantes em diferentes momentos do exercício da atividade docente; como era feito o planejamento das aulas; objetivos pretendidos por você com os alunos; método utilizado para o trabalho com leitura e escrita; materiais e recursos didáticos utilizados; atividades predominantes nas aulas; textos utilizados para o trabalho com as diferentes disciplinas; como era a rotina das aulas; como era feita a avaliação das crianças: critérios; turmas que marcaram; atividades culturais desenvolvidas na escola e comunidade; relação da escola com a comunidade; concepção de infância naquela época e hoje.

5) Questões sobre os alunos

Lembrança que tem dos alunos; critérios utilizados para a organização das turmas; critérios utilizados para a organização dos alunos na sala de aula; comportamento das crianças na escola; expectativa dos alunos em relação à escola; o que as crianças gostavam mais; o que as crianças gostavam menos; conflitos vividos; relação com os alunos: convivência, situações e sentimentos envolvidos; maior desafio enfrentado em sala de aula; dificuldades específicas do trabalho com diferentes níveis e séries; opinião sobre a o papel das famílias na conduta do aluno em sala de aula; percepção do professor sobre o que era ser bom aluno; o trabalho com crianças da área rural; condição de vida da crianças (cotidiano, hábitos, costumes;) locomoção dos alunos até as escolas; continuidade da escolarização (na cidade).

6. Aspectos gerais e/ou conclusivos

Fatos que marcaram; o que você não fez naquela época como professora e gostaria de ter feito? o que você fez naquela época como professora que se fosse hoje não faria? lembranças agradáveis e desagradáveis sobre o trabalho em escola rural; aluno que marcou sua vida e por que?

Roteiro de entrevista com os ex-alunos

1) Dados de identificação: nome, idade, endereço, telefone 2) Percurso de escolarização

4) Questões sobre a escola rural

Lembranças da escola rural; memórias sobre as primeiras experiências como aluno da escola rural; alternativas encontradas para enfrentar as dificuldades surgidas em diferentes momentos da trajetória escolar; lembranças sobre os materiais didáticos e métodos de ensino utilizados pelo professor; atividades predominantes nas aulas; textos utilizados pelo professor para o trabalho com as diferentes disciplinas; como era a rotina das aulas; como era feita a avaliação dos alunos: critérios; colegas que marcaram; atividades culturais desenvolvidas na escola e comunidade; relação da família com a escola;

5) Questões sobre os colegas

Lembranças que tem dos colegas; comportamento das crianças na escola; expectativa dos alunos em relação à escola; o que os alunos gostavam mais; o que os alunos gostavam menos; conflitos vividos; relação com os colegas; dificuldades vivenciadas; percepção sobre o que era ser bom aluno; condição de vida dos alunos (cotidiano, hábitos, costumes); locomação dos alunos até as escolas; continuidade do processo de escolarização.

6. Aspectos gerais e/ou conclusivos

Fatos que marcaram; lembranças agradáveis e desagradáveis sobre a escola rural; Lembrança dos professores: situações envolvidas, o que mais gostou e o que menos gostou. Por quê?; percepção sobre o processo de escolarização na escola rural.

Anexo D: Entrevistas

ENTREVISTA 1

Entrevista com Maria de Lourdes de Jesus Ferreira, dia 01 de maio de 2014. Entrevistadora Cláudia Aparecida Ferreira Machado

Quando eu comecei a trabalhar não tinha o ginásio completo porque na área rural não existia. Desde que tínhamos a 4ª série primária podíamos trabalhar. Eu comecei a ajudar a minha mãe que era professora na zona rural. Eu estudava e a ajudava na sala de aula. Ela trabalhava em Buriti do Campo Santo, se chamava Geralda Maria de Jesus. Depois o município passou a escola para o Estado.

Naquela época pra gente passar para o ginásio tinha que passar pelo processo de admissão, parecido com o vestibular de hoje. A gente tinha a 4ª série e para ir para a 5ª série tinha que passar neste processo. Fiz admissão na Escola Normal e terminei o curso de 5ª a 8ª no Colégio São José. Não era seriado, era supletivo. Comecei a trabalhar em 1962. Fiquei mais de 40 anos trabalhando. Na sala de aula como professora fiquei 38 anos porque trabalhei maior parte do tempo na escola municipal depois fui para escola estadual. Quando eu parei de lecionar fiquei coordenando a escola por dois anos.

Naquela época ,quando era período de férias, os professores sempre tinham um período de reciclagem, que chamávamos de capacitação, capacitação de férias. Acontecia sempre nas férias, janeiro e julho, todos os anos. Lembro-me que teve uma formação para professores de 1ª a 4ª série que foi uma turma para Conselheiro Mata e outra para Leopoldina durante 4 meses. Quem financiava os cursos era o Estado. Eu fui para Conselheiro Mata e fiquei 4 meses lá. Foi muito bom. Era uma preparação para os professores para trabalhar com alunos de 1ª a 4ª série. Depois disso ficamos um tempo, sempre participando de capacitação durante as férias. Depois surgiu a lei que quem não tivesse magistério não poderia trabalhar na área de educação. Então nós fomos completar a formação em Montes Claros, porque já tínhamos essas preparações que fazíamos fora, fomos para o SESU e lá no SESU completamos o Magistério, nível médio.

Naquela época, a escola que eu trabalhava era municipal. Terminei o magistério, mas sempre continuei participando das reciclagens, capacitações. Depois nos anos 80 veio a necessidade de curso superior, mas eu não fiz.

Vários cursos foram importantes para meu trabalho na escola rural, inclusive a gente fazia cursos na Escola Normal. Eles eram uma preparação para o professor e não eram de acordo com as necessidades das crianças da área rural. Somente quando fizemos um curso na E. E Gonçalves Chaves que nos ensinaram o método fônico que deu mais certo na alfabetização. Inclusive me ajudou bastante na área de alfabetização. O Professor Hamilton Lopes, quando estava na Secretaria de Educação disse que agente como professor tinha que usar o método mais adequado que os alunos tivessem sentindo mais facilidade para serem alfabetizados. Depois veio o método silábico e o global. Eu trabalhava com a cartilha Sodré. A cartilha Caminho Suave foi bem depois.

No início, o trabalho com as crianças era difícil porque faltava material didático. Muitas vezes as famílias não podiam comprar. A gente utilizava os recursos naturais, os que a gente encontrava ali. Trabalhava com sementes, pedrinhas. E quanto a alfabetização era uma confusão. Existia uma orientação de como utilizar a cartilha, mas muitas vezes não dava certo e tínhamos que, mesmo assim, trabalhar. Teve uma época que tínhamos dificuldade nas sugestões da Secretaria Municipal de Educação de como trabalhar. Até pelo rádio a gente ouvia orientações, e nessa época não tinha tantos meios de comunicação na zona rural. A gente tinha que ficar procurando onde tinha uma família que tivesse rádio. Eu precisei comprar um rádio para ouvir (risos). A Secretaria transmitia, dava orientações do que deveria

ser trabalhado por semana, era o planejamento, de segunda a sexta, a gente tinha que ficar esperta para anotar os dados. A dificuldade de comunicação da Secretaria com as escolas rurais era, em parte, por causa do transporte. Eu trabalhava só. Quando surgiu a necessidade de dividir a turma porque tinha muitos alunos e precisamos de mais professores de Montes Claros, para ir para a escola eles desciam do ônibus em São João da Vereda e iam a pé, andavam uns 6 Km. Tinha vez que os professores até perdiam no mato e era preciso mandar alguém para busca-los. As professoras que iam não adaptavam.

Naquele tempo a minha maior expectativa era alfabetizar as crianças. Fazer com que eles tivessem algum conhecimento para melhorar os conhecimentos que eles já tinham. Melhorando os conhecimentos deles estaria também melhorando a situação das famílias. Eu tinha alunos que desde pequenininhos pensavam:

_ Ah ! quando eu crescer quero ser isso. Inclusive tem um aluno que eu não esqueci nunca que falava: Oh D. Lourdes, eu vou estudar para ser médico. Eu falava: Oh que bom! você vai ser meu médico mais tarde. Eu falava assim brincando. Não imaginava mais aconteceu. Ele é um grande ortopedista. É médico no Rio de Janeiro e vem sempre de 3 em 3 meses, 4 em 4 meses atender o pessoal lá na comunidade. Ele se chama José Machado. Eu consulto com ele quando ele vem atender as pessoas da comunidade e ele me dá um tanto de medicamentos. Agora da última vez eu falei: José você se lembra de que eu falava isso, você vai continuar sendo meu médico e ele disse: Dona Lourdes você não acreditava, agora estou aqui.

Nos anos 60 até mesmo 70 não existia serviçal na escola. A gente era professora, faxineira, merendeira. Tinha que chegar na escola bem antes pra limpar para quando os meninos chegassem a sala está limpa. Quando eles chegavam, por exemplo, eu passava exercícios, uma série de tarefas enquanto eu fazia a merenda. Era muito difícil. Então eu resolvi pagar uma mocinha lá para fazer isso pra mim. Ela limpava a sala e fazia a merenda. Depois solicitei da Secretaria de Educação que colocasse uma serviçal pra ajudar, arrumar a sala e fazer a merenda, quando tinha a merenda. Porque teve uma época que não tinha. Eu acredito que tinha criança que andava mais de 10 KM para chegar à escola. Eu tive uns 4 alunos de uma casa que eram de uma família muito tímida que seria mais perto ir para Nova Esperança do que ir para Buriti do Campo Santo. Para não ir para Nova Esperança eles iam para lá, Buriti, a pé. Eu falava: Meu Deus do céu esses meninos não vão aprender nada, chegavam cansados e até com fome porque saíam muito cedo. Era muito difícil. O desenvolvimento, a aprendizagem deles era o mínimo. À medida que o tempo passa que a gente pensa. Podia ter feito alguma coisa a mais para ajudar aquelas crianças, mas ficaram adultos e aprenderam o mínimo para não ficarem analfabetos de tudo.

Naquela época, décadas de 70 e 80, o professor era mais valorizado. Os pais em si falavam: "professora toma conta do meu filho". Eles tinham confiança. Eles confiavam na professora apesar das dificuldades que o professor tinha. Tinha mais união entre si. Lembro-me lá na comunidade, era comunidade e escola unida. Sempre festejavam juntos quando era festa. Na comunidade, dia das crianças, dia das mães era uma união. Antes a escola fazia festas para a comunidade. Se era festa pras mães, todas da comunidade participavam. Se era festa pras crianças todas as crianças participavam. Hoje não. As festas são para os alunos da escola, as mães dos alunos da escola. Não há interação. De um tempo pra cá eu observei que a escola foi se distanciando da comunidade. Tiraram muita coisa de antes que a gente tinha. Criança em si sempre foi muito levada, mas nessa época eles eram muito obedientes. Como professora eu era muito exigente, enérgica, mas como se diz, a escola era tradicional devido ao conhecimento que não tínhamos das outras maneiras de como trabalhar. Naquela época os alunos tinham dificuldade, muitos deixaram de estudar pela distância. Eu penso que se fosse comigo eu não ia porque a escola era longe. As crianças iam com chuva ou sol do mesmo jeito. Quando fazia frio muitos iam sem agasalho então eu tirava minha blusa pra ficar igual a