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Figura 6 Grupo de alunos, professora e representante da Prefeitura de Montes Claros Década de

CAPÍTULO II MONTES CLAROS

Figura 6 Grupo de alunos, professora e representante da Prefeitura de Montes Claros Década de

Fonte: Arquivo Público - Vereador Ivan José Lopes- da Câmara Municipal de Montes Claros.

No relatório69 apresentado pelo prefeito Moacir Lopes (ARENA) à câmara municipal relativo ao exercício de 1973 consta que a prefeitura “procurou atender à demanda consistente na modernidade, dotando-se vários educandários de novas e confortáveis instalações” o que foi possível através de convênios com o MEC (10 prédios escolares), e com a Federação dos Trabalhadores do Estado de Minas Gerais (FETAEMG) para a aquisição de carteiras. Outros dois prédios foram construídos com recursos do município (Nova esperança e Riachinho). Além dos prédios, consta no relatório convênio com o MOBRAL para atendimento de 6000 alunos; com o Conselho Nacional de Alimentação Escolar (C.N.A.E.) para assistência a 108 escolas municipais e 55 estaduais, num total de 28.843 alunos; distribuição de 3000 livros

69 Relatório Prestação de Contas da Prefeitura de Montes Claros. Prefeito: Moacir Lopes, 1973. Secretária

Municipal de Educação: América Eleutério Nogueira (Arquivo Público - Vereador Ivan José Lopes- da Câmara Municipal de Montes Claros).

para as 1ªs séries, 1500 para as 2ªs séries, 1000 para as 3ª séries e 400 para as 4ª séries além de cadernos e lápis.

A diferença no número de livros distribuídos para os alunos da 1ª, 2ª, 3ª e 4ª séries confirma o elevado índice de repetência e evasão nas escolas rurais das décadas de 1960 a 1980.

A desvalorização do salário do professor fica mais evidente em 1970 quando a diferença entre o salário do professor rural habilitado para o leigo chegou a 59,8%. Os professores eram classificados em: Classe A- professores sem curso de formação regular (NCR$ 94,60); Classe B - professores com 1º ciclo normal ou cursando a 3ª série do curso normal (NCR$ 130,00) e Classe C - professores com curso de formação regular (NCR$ 157,80)70. Mesmo os professores habilitados com curso Normal recebiam menos que um salário mínimo que, naquele ano em Minas Gerais, era de NCR$177,70.

No período pesquisado, as atividades desenvolvidas pelo Órgão Municipal de Educação, que era rede de ensino71, eram subordinadas e inspecionadas pela equipe técnica da 12ª Delegacia Regional de Ensino (DRE) que visitava as escolas, rurais e urbanas, e orientava os gestores e técnicos da rede municipal sobre os aspectos legais, administrativos e pedagógicos. No relatório do prefeito Antônio Lafetá Rebello dirigido à Câmara Municipal no ano de 1969, o prefeito destaca:

Em Montes Claros tem sido perfeito o entrosamento entre os responsáveis pelo ensino primário: Delegacia de Ensino Primário, Inspetoria de ensino primário, Campanha Nacional de Merenda Escolar, Programa do Aperfeiçoamento do Magistério Primário e Departamento de Educação e Cultura da prefeitura municipal. Exercem estes organismos suas atividades em campos diferentes, mas estão sempre solidários em se tratando de problemas do ensino. Essa solidariedade, constante e benéfica, sustenta-se no fato de todas as entidades dedicarem ao trabalho, com os mais puros propósitos, num ambiente sadio, que se sublima na disposição firme de cada um colaborar com o outro na solução adequada de suas dificuldades (MONTES CLAROS, 1969).

Em ata72 do dia 17/04/1977, assinado por Ivete Neves ladeia Costa, auxiliar técnico da 12ª D.R.E. da Equipe Regional de Assistência Técnica aos Municípios (ERATEM) e Jaci

70 Lei que modifica os níveis de vencimentos das professoras primárias contratadas pela Prefeitura Municipal.

Aprovado em 21 de maio de 1970 (Arquivo Público - Vereador Ivan José Lopes - da Câmara Municipal de Montes Claros).

71 Em 2007, com a Lei 3.885 de 20 de dezembro o município deixou de ser rede de ensino e passou a ser sistema

de ensino o que lhe dá mais autonomia e amplia as possibilidades de maior participação social nas decisões políticas, administrativas e pedagógicas.

72 Livro de termo de visita (1976-1979) da Secretaria Municipal de Educação (Arquivo da Secretaria Municipal

Dias Silva , técnica Pedagógica do PROMUNICÍPIO consta o preenchimento da “Ficha de Observação do Funcionamento do Órgão Municipal de Educação”. Esta relação também é confirmada em ata73 de reunião de professores municipais realizada no dia 29 de abril de 1982, em que consta que “a reunião contou mais uma vez com a dedicada colaboração da 12ª D.R.E. sob a responsabilidade da Sra. Maria do Carmo Souza Dias e Marlene Antunes Alves na orientação dos temas: composição e preservação dos valores morais” (1982, p. 11).

Figura 7 - Professora e alunas do Curso de Formação de Professores Leigos das escolas rurais do Norte de Minas Gerais, realizado na Escola Estadual Professor Plínio Ribeiro “Escola Normal”. Programa do Aperfeiçoamento do Magistério Primário (Janeiro, 1968)

Fonte: Arquivo particular da família Eleutério Nogueira.

Em outro termo de visita, datado de 20 de abril de 1979, a técnica da ERATEM, Maria Regina Silveira, relata vários problemas detectados na rede municipal de ensino como a ausência de Regimento Escolar até material de consumo básico. A visita da técnica teve como objetivo manter entendimento com o então Prefeito Antônio Lafetá Rebelo (1967-1970 e 1977-1982) e técnicos do Órgão Municipal de Educação para as seguintes providências: agilizar a organização do regimento e currículo para as escolas municipais bem como sua aprovação; dotar as escolas de água filtrada, sanitários e mobiliários suficientes; adequar a

73 Livro de ata das reuniões da rede de Ensino Municipal. 1980-1982. (Arquivo da Secretaria Municipal de

rede física, fazendo os reparos necessários, ampliando e /ou construindo salas de aula a proporção de 01m² por aluno; oferecer aos professores oportunidade de se habilitarem e/ou se aperfeiçoarem , objetivando a melhoria do ensino na rede municipal; verificar a possibilidade de se conseguir material didático suficiente e adequado para as crianças e adequar o horário de funcionamento da E. M. Roque Pimenta em época de chuva e calor. No mesmo documento, a técnica da Delegacia de Ensino relata que foi solicitada pelos técnicos do Órgão Municipal de Educação para apreciar o planejamento das atividades a serem realizadas com os professores e alunos das escolas municipais, o que confirma o grau de dependência destes para com os técnicos da Delegacia Regional de Ensino.

Também é possível inferir que o Estado repassava verbas para reparos dos prédios, pois consta no documento a solicitação da técnica da 12ª DRE de uma listagem das escolas que foram danificadas pelas chuvas.

Neste período (1977 a 1982), o Secretário Municipal de Educação era Antônio Teixeira de Carvalho Abreu e Silva e a Diretora da Divisão de Ensino Cleonice Alves Proença74 que já havia exercido o cargo de Delegada de Ensino (1968- 1971) em Montes Claros e coordenado o Serviço de Aperfeiçoamento do Ensino e do Magistério na Secretaria Estadual de Educação de Minas Gerais em Belo Horizonte. Essa relação da Diretora da Divisão de Ensino com a Secretaria Estadual de Educação contribuiu para o desenvolvimento de programas e ações da Secretaria Municipal de Educação para a realização de cursos de formação de professores em parceria com o Estado conforme já descrito.

A infrequência e falta de assiduidade dos professores das escolas rurais também aparece nos documentos analisados. No relatório do serviço de Inspeção de 196375consta “a dificuldade em fazer o professor compreender a sua responsabilidade perante a escola, sendo

74Cleonice Alves Proença (1917-2016) foi professora na EJA; orientadora escolar; diretora e professora no Curso

Normal. No ano 1953 foi convidada por Helena Antipoff para trabalhar nos Cursos Intensivos para professores rurais que formavam professoras da zona rural para o trabalho com adultos. No ano de 1955 mudou-se para Belo Horizonte para trabalhar na Secretaria de Educação quando fez o primeiro curso para Inspetoras Seccionais, dirigido por Helena Antipoff. Ainda na Secretaria de 1955 a 1967 foi chefe da Comissão de Educação na Área Mineira do Polígono das Secas (CEPOL). Em 1967 ganhou uma bolsa de estudos de um mês em Evanston, no Estado de Illinois, nos Estados Unidos e outra de mais um mês no estado da Pensilvânia. Voltou ao Brasil e trabalhou de 1968 a 1971 na Delegacia regional de Ensino em Montes Claros. Em 1972 retornou para Belo Horizonte para chefiar o Serviço de Aperfeiçoamento do Ensino e do Magistério na Secretaria de Educação de Minas Gerais. De 1973 a 1974 voltou a chefiar a CEPOL em Montes Claros. De 1975 a 1976 foi Secretaria de Educação, Cultura e Desporto da Prefeitura de Montes Claros. De 1977 a 1982 continuou na prefeitura como Diretora da Divisão de ensino e em 1982 se aposentou e passou a dedicar a serviços voluntários (MELLO, 2015 p. 240).

75 Relatório do serviço de Inspeção de 1963-Convênio Estado e Prefeitura- Inspetora: Terezinha Veloso Barbosa

assíduo”. Em atas76 dos dias 25 de setembro e 29 de outubro de 1981, a chefe da Divisão de Ensino chama a atenção dos professores rurais que estavam faltando muito ao trabalho. Destaca que o descumprimento dos dias letivos “prejudica muito o aluno na aprendizagem dos conteúdos”. Na necessidade da ausência, orienta os professores que a reposição destes dias deveria ser no primeiro sábado seguinte a falta. Tudo indica que a infrequência e a falta de assiduidade dos professores eram favorecidas pelo trabalho solitário nas escolas rurais e pela pouca assistência dos técnicos da Secretaria de Educação através de visitas que, na maioria das vezes, eram realizadas apenas uma vez por mês.

Nos documentos analisados constatamos que até a década de 1970 ainda havia escolas sem autorização legal para funcionamento, o que dificultava a emissão de documentos para os alunos. Outra prática comum era a transferência das escolas para outras comunidades enquanto no endereço anterior foram criadas escolas com outras denominações, o que parece ter sido causado por ingerência política. Outro aspecto que merece ser destacado é a falta de planejamento e critérios para a abertura de escolas. Alguns prédios foram construídos em localidades que já existiam outras escolas ou que não havia demanda local e as crianças que moravam distantes, quando matriculadas, eram muito infrequentes como já havia relatado o Prefeito Simeão Ribeiro ao Presidente da Câmara, João vale Maurício, em oficio datado de 04 de maio de 1959.

Prefeitura Municipal de Montes Claros77

N. 66/59 em 4 de maio de 1959 Assunto- transferência de escolas Serviço- Gabinete do Prefeito

Senhor Presidente,

Tenho a honra de passar ás mãos de V. Excia. Para a devida apreciação e aprovação dessa egrégia Câmara o projeto-lei incluso, que dispõe sobre transferências de Escolas municipais.

As transferências das escolas em apreço, devo esclarecer a V. Excia. , não trarão nenhum prejuízo para aquelas zonas, visto tratar-se de escolas que, não obstantes criadas, continuam vagas desde 1956, motivadas talvez por volta de uma população escolar suficiente em virtude de já existirem outras escolas nas proximidades.

Transferidas, entretanto, para essas localidades que possuem, todas elas, um núcleo escolar bastante populoso, conforme estatística levantada pelos interessados daquelas zonas, virão beneficiar grande número de crianças, até então privadas dêste direito.

76 Livro de Atas das Reuniões da Rede de Ensino Municipal. Montes Claros (1980-1982, p. 8 e 9). 77 Ver anexo A.

Contando com o beneplácito de V. Excia. E dos ilustres membros dessa Câmara, sirvo- me da oportunidade, para renovar a V. Excia. Os protestos de elevada estima e distinta consideração.

Atenciosas saudações O Prefeito Municipal Simeão Ribeiro Pires

Ao Exmo. Sr. Dr. João Vale Maurício DD. Presidente da câmara Municipal de Montes Claros.

No período de 1983 a 1986, o calendário escolar foi adaptado ao meio rural tendo em vista as dificuldades enfrentadas pelos alunos e professores em concluir o ano letivo. No entanto, nos documentos analisados não encontramos referências ou indicativos sobre o impacto da mudança do calendário na qualidade do ensino nem na melhoria da frequência dos alunos. Houve, também, a tentativa de ampliar a carga horária de permanência dos alunos nas escolas de 4h 30m para 5h 30 min como forma de melhorar a aprendizagem das crianças. A proposta não foi acatada pela administração municipal em virtude do aumento proporcional nos salários dos professores.78Nesse mesmo período foi implantado o Projeto de Integração da Universidade com o Ensino de 1º Grau. O projeto teve como objetivo dar assistência pedagógica as escolas rurais a partir do trabalho realizado com as estagiárias, acadêmicas do curso de pedagogia, sob a supervisão dos professores do cursos. No atendimento à Educação Infantil apenas 23 das 72 escolas ofereciam turmas de pré-escola para crianças de 5 e 6 anos.

Quanto ao salário, os professores rurais habilitados recebiam um pouco mais que o salário mínimo vigente na época acrescido de um percentual relativo ao tempo de serviço, enquanto o leigo recebia um salário mínimo, também acrescido de algumas vantagens.

Tabela 6 - Salário dos professores rurais de Montes Claros na década de 1980

MÊS e ANO Salário Mínimo em

Minas Gerais Professores Habilitados Professores leigos Maio/1984 Cr$ 97.176,00 CZ$ 110.000,00 CZ$ 97.176,00 Maio/1986 CZ$ 804,00 CZ$ 1.051,83 CZ$ 804,00 Dezembro/1988 CZ$ 40.425,00 CZ$ 76.785,00 CZ$ 40.425,00 Janeiro/1989 NCZ$ 63,90 NCZ$ 95,59 NCZ$ 63,90

Fonte: Arquivo Público - Vereador Ivan José Lopes - da Câmara Municipal de Montes Claros.

78 Relatório de Atividades Secretaria Municipal de Educação. 1983 a 1986. Secretário Municipal de Educação

Em 1989 o número de escolas municipais rurais permaneceu em setenta e duas (72)79, sendo que 71 ofereciam apenas as séries iniciais do Ensino Fundamental, 16 a Educação Pré- escolar e uma o Ensino Fundamental Completo80 (1ª até a 8ª série. Em M. Mariana Santos). A maioria dessas escolas funcionava com poucas turmas, com reduzido número de alunos, entre 3 a 10, e, na maioria, os professores não eram habilitados. Também ainda era comum a organização de turmas com mais de uma série (multisseriada) e com um professor que exercia várias funções já que, como as escolas possuíam poucos alunos não havia um diretor, coordenador e secretário específico da escola. Os problemas que exigiam decisões mais administrativas eram resolvidos por um supervisor pedagógico itinerante, que respondia por várias escolas ou pelos gestores da Secretaria Municipal de Educação. Os alunos moravam distante das escolas e poucos possuíam meio de transporte. De famílias de pequenos produtores, em sua maioria lavradores que trabalhavam a própria terra ou em terras de outros como meeiros ou agregados as crianças não conseguiam completar o Ensino Fundamental porque precisavam residir na área urbana já que, naquela época, não havia oferta de transporte escolar. As que queriam continuar com os estudos acabavam residindo em casas de parentes ou de outras pessoas que, em troca da moradia e alimentação, prestavam serviços domésticos.

Até este período, a maioria dos documentos das referidas escolas, como livros de matrícula, caderno de atas, diários de classe e relatórios dos inspetores eram arquivados no Arquivo Público Municipal. Em 1983 houve um incêndio no prédio e todos os documentos foram perdidos restando na Secretaria Municipal de Educação e no Arquivo da Câmara Municipal os documentos que faziam parte do acervo da própria Secretaria como os atos de criação de escolas, alguns cadernos de matrícula da década de 1980 e empenhos para aquisição de material.

Na década de 1990, os gestores municipais decidiram por nuclear81 a maioria das escolas, tendo como modelo de nucleação aquele que privilegia a permanência dos alunos na área rural. O projeto de nucleação implantado teve como objetivos melhorar a qualidade do ensino; reduzir os índices de evasão e repetência; eliminar as turmas multisseriadas; possibilitar um assessoramento sistemático da Secretaria Municipal de Educação; otimizar os recursos disponíveis e assegurar o Ensino Fundamental completo. Nesse processo as escolas

79 Fonte: Secretaria Municipal de Educação. Projeto Nucleação das Escolas Rurais.

80 Existiam também 5 escolas estaduais que ofereciam o Ensino Fundamental completo nos Distritos de Montes

Claros : E.E. Professora Marilda de Oliveira em Nova Esperança; E. E. Domingos Barbosa Braer em Miralta; E.E. de Aparecida do Mundo Novo em Aparecida do Mundo Novo; E.E de São Pedro da Garça em São Pedro da Garça e E.E. Alfredo soares da Mota em São João da Vereda.

81 Existem dois modelos de nucleação: um em que a escola núcleo se localiza no espaço rural e outro em que os

foram reorganizadas. De um total de 72 escolas rurais 13 foram escolhidas para acolher os alunos das outras escolas e receberam uma estrutura organizacional muito parecida com as escolas da área urbana82. Acabaram com a maioria das turmas multisseriadas, as escolas passaram a ter diretor, pedagogos, secretários, auxiliar de educação, transporte escolar, material didático, bibliotecas e quadras. Além dos aspectos pedagógicos e organizacionais, passaram a oferecer as séries finais do Ensino Fundamental chegando gradativamente ao Ensino Médio. Nesse mesmo período, em1998, houve, também, a municipalização83 do Ensino Fundamental das escolas rurais, até então sob a gestão do governo estadual. As escolas municipalizadas são: E.M Alfredo Soares da Mota (Distrito: São João da Vereda); E. M. Alexandre Martins Durães (Distrito: Vila Nova de Minas); E. M. Caio Lafetá (Distrito: Ermidinha) e a E. M. Antônio Olinto (Comunidade Antônio Olinto).

Essa mudança na estrutura das escolas rurais provocou, também, mudanças no quadro de professores. Os que já possuíam estabilidade funcional e eram habilitados continuaram como docentes já os que não eram habilitados, mas adquiriram estabilidade, assumiram outras funções administrativas e os que não possuíam estabilidade foram demitidos. Nesse processo muitos professores que já possuíam tempo necessário para aposentar optaram por esse direito. Desde então foram realizados concursos públicos para a docência na área rural, o que garantiu a entrada de professores habilitados para o trabalho com os anos iniciais do Ensino Fundamental.

82 Atualmente existem no município 27 escolas rurais sendo 10 núcleos, 13 isoladas do 1º ao 5º ano do Ensino

Fundamental e 4 Centros Municipais de Educação Infantil atendendo a alunos da educação infantil ao Ensino Médio.

83 Segundo Veiga et. al (1998) a municipalização na educação foi decorrente da maior autonomia dos municípios

desde a Constituição de 1988, dos problemas fiscais nos Estados e da LDB -9394/96 que define o Ensino Fundamental como uma atribuição basicamente dos municípios, enquanto que aos Estados caberia a responsabilidade pelo ensino Médio. Porém, os autores destacam que foi com a implantação do Fundo de Desenvolvimento de Ensino Fundamental e Valorização do Magistério (FUNDEF) que intensificou o processo de municipalização, criando incentivos e apoio financeiro aos municípios, distribuídos proporcionalmente ao número de vagas do Ensino Fundamental sob sua responsabilidade. Ainda segundo os autores, em Minas gerais desde 1995, quase 2700 escolas foram total ou parcialmente municipalizadas, mas, apenas no ano de 1998, mais de 1300 escolas estaduais foram integralmente municipalizadas e 635 municipalizaram parte de seu atendimento. Entre 1997 e 1998, as redes municipais em Minas Gerais aumentaram suas matrículas no Ensino Fundamental em 64%, passando de 25% para cerca de 45% sua participação relativa na oferta de matrículas na rede pública de Ensino Fundamental.

CAPÍTULO IV

O SER PROFESSOR/PROFESSORA EM ESCOLA RURAL: MEMÓRIAS E