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Escrever textos argumentativos enquanto habilidade cognitivo linguística na

CAPÍTULO 2 ESCREVER TEXTOS ARGUMENTATIVOS EM QUÍMICA – a

2.2 Escrever textos argumentativos enquanto habilidade cognitivo linguística na

Aprender ciência escrevendo requer apropriação do discurso científico neste ponto, Lemke (1997) destaca a necessidade de descrever, comparar, classificar, analisar, discutir, teorizar, concluir, generalizar; ou seja, compreender a linguagem empregada pela comunidade científica. A elaboração de textos argumentativos em ciências exige a comunicação e explicação dos objetivos. O trabalho escrito, propõe um resgate e organização de conhecimentos a fim de comprovar uma proposição dentro de uma temática, e neste contexto, reelaborar ideias, construir pensamentos e comunicar com outras pessoas mediante análise do destinatário determinar o grau de formalidade, o léxico e a forma de apresentação do texto.

O propósito principal do texto argumentativo é legitimar um determinado enunciado, por meio da afirmação ou negação. Esta informação nova deve ser comprovada utilizando evidências ou pensamentos na intenção de persuadir, convencer o destinatário a corroborar com a ideia ou, a modificar a sua. Complementa Jorba et al (2000):

A característica mais relevante deste modelo de texto é a intencionalidade do emissor. Tudo o que é expresso: opiniões, ideias, julgamentos, críticas são feitas com a vontade, com a intenção de persuadir os outros, a influenciar sua opinião. O discurso argumentativo é utilizado, entre outras situações, em um debate, em artigos de opinião, publicidade e, até certo ponto, em alguns textos didáticos, já que, apesar do aparecimento de exposições, é claramente refletido neles, intenção de influenciar ou variar: pensamento dos alunos (JORBA ET AL, 2000, p. 63).

Escrever, de acordo com Jorba et al (2000), é uma atividade básica executada em qualquer situação de aprendizagem, enquadrada numa atividade social de comunicação sendo uma condição necessária para aprender e para ensinar. Complementam ainda que, dentre os procedimentos para construção de um texto ressalta-se a complexidade cognitiva e linguística, tendo em vista os aspectos de organização dos conceitos e uso da linguagem própria da ciência dentro da tipologia textual. Nesse contexto, para a produção de um texto argumentativo são utilizadas habilidades cognitivas atreladas às habilidades cognitivo linguísticas: argumentar, resumir, explicar, justificar e demonstrar.

O desenvolvimento das habilidades cognitivo linguísticas, característicos do processo de ensino e aprendizagem, em diferentes contextos do currículo escola é o objeto de estudo de Jorba et al (2000), visando a comunicação como possibilidade de negociação de significados e produção de conhecimento. Assim, destaca-se a importância do desenvolvimento da habilidade de argumentar em cada área do conhecimento, uma vez que a prática surge desde pequeno nas situações do dia a dia, neste sentido, sua ampliação ou desenvolvimento advém da capacidade de produzir teses e de rebater ou modificar as ideias dos demais.

A definição de uma habilidade cognitivo linguística, segundo Jorba et al(2000), advém da estreita relação entre as habilidade cognitivas e as tipologias textuais, presentes de forma transversal nas diversas áreas curriculares, as habilidades cognitivas (analisar, comparar, classificar, identificar, interpretar, inferir, deduzir entre outras) são solicitadas no momento de utilização das habilidades cognitivo linguísticas (descrever, explicar, justificar, definir, resumir, argumentar, demonstrar) e estes, de maneira transversal, condizem com uma tipologia textual (descritivo, narrativo, explicativo, instrutivo ou argumentativo), produzida de maneira oral ou escrita.

Para Jorba et al (2000) a argumentação é compreendida enquanto uma habilidade cognitivo linguística a ser desenvolvida em situações interativas comunicativas caracterizadas pela existência de diferentes pontos de vista ou posicionamentos, onde pretende-se convencer o interlocutor a compartilhar da opinião do locutor. Sobre o aspecto cognitivo, Canals (2007) complementa que a argumentação enquanto uma construção do pensamento baseada numa rede de informações, formada a partir de sua representação do mundo associado ao tipo de discurso utilizado, no sentido de convencer o destinatário a aceitar a proposição demonstrada ou, mudar sua opinião. Complementa Canals (2007)

As competências discursivas e sua estrutura, do ponto de vista linguístico, não são ensinadas nos diferentes temas, mas, em vez disso, os alunos são

solicitados a usá-las. Se na reconstrução do conhecimento através dos conteúdos das diferentes áreas, as operações cognitivas e as habilidades linguísticas forem trabalhadas em conjunto, os alunos melhorarão sua aprendizagem (CANALS, 2007, p. 51-52).

Borlot (2012) caracteriza o texto argumentativo pelo uso de estratégias cognitivas e metacognitivas e pelos conectores argumentativos (de causa, culpa, consequência, exemplificação entre outros) proporcionando coerência e coesão entre as ideias do texto. Estas podem ser representadas por esquemas ou sistema de perguntas para a construção do texto argumentativo. Martins et al (2008) acreditam que a manifestação do conhecimento do indivíduo está baseada em complexas e contínuas interações, nas quais o pensamento é influenciado pelo sujeito e pela linguagem e, neste contexto, a argumentação apresenta-se enquanto uma capacidade cognitiva e comunicativa necessária para produzir, avaliar e aplicação da ciência.

Sardá Jorge e Sanmartí Puig (2000) também abordam a questão afirmando que, a produção da argumentação científica implica em escrever textos argumentativos com uso de habilidades cognitivo linguísticas, entre elas: descrever, definir, explicar, justificar argumentar e demonstrar. E esse processo de elaboração ocorre na sala de aula no momento em que se discute razões, justificativas e critérios necessários para a construção do texto. Costa (2008) complementa que para as habilidades cognitivo linguísticas serem aplicadas devem “...saber utilizar as capacidades cognitivas básicas da aprendizagem como analisar, comparar, deduzir, inferir e valorar”.

Segundo Jorba et al (2000) a definição para argumentar está estreitamente relacionada com a justificativa de uma afirmação ou de uma tese, isso requer uma organização racional direcionada efetuada a partir de duas operações complementares e independentes, a primeira é produção de razões ou argumentos proveniente da explicação, utilizando uma descrição ordenada baseada na investigação e produção de conhecimentos para a compreensão do fenômeno, resultado e etc., levando em consideração o conteúdo dos argumentos e não seu valor epistêmico.

A fim de direcionar o processo de justificar uma afirmação ou uma tese, Jorba et al (2000) destacam o emprego dos seguintes questionamentos: por que responde que? Por que assegura que? Por que se produz este fenômeno? Por que se obtém esse resultado? A segunda operação, consiste em examinar a aceitabilidade das razões ou argumentos, este pode ser guiado por critérios de aceitação diante da pertinência e da força (depende da resistência das objeções e do valor epistêmico do ponto de vista do interlocutor). A base dessa operação é o pensamento

para a produção de razões ou argumentos com valor epistêmico e possuam força e aceitabilidade, pois atuam diretamente no enunciado.