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Perfil dos Escritórios de Contabilidade e a Gestão de Pessoas neste mercado O escritório de contabilidade tem como clientes empresas de pequeno, médio

JOÃO DA BOA VISTA

5.4 Perfil dos Escritórios de Contabilidade e a Gestão de Pessoas neste mercado O escritório de contabilidade tem como clientes empresas de pequeno, médio

ou grande portes, necessitando de profissionais informados e com amplo conhecimento de operações e registros no meio empresarial para auxiliar na tomada de decisões (MARION, 2009). Além de serem capacitados, comprometidos, ágeis com ampla visão, organizados, produtivos, com conhecimentos técnicos e preparados (FONSECA et al., 2014).

Há inúmeras oportunidades de emprego para o profissional da contabilidade, pois este ramo possui um grande leque de atuação. Pode-se dizer que essas oportunidades implicam-se em procedimentos diários referentes a operações de vendas, compras, tributos, cálculo de salários, análises das demonstrações, entre outros (SILVEIRA, 2013).

De acordo com Santos (2011) a função e atuação do contador tem passado por grandes alterações nos últimos anos, devido a inovação tecnológica e a própria globalização, este novo cenário exige que o contador desenvolva novas competências e habilidades nas áreas relacionadas à comunicação, análise e tecnologias.

6 Resultados e Discussões

No decurso de dezoito dias de coleta, o questionário foi enviado a 29 escritórios por email, que foram obtidos pela rede de contatos das autoras, dentre eles mais de um escritório por município da região de São João da Boa Vista, conforme a classificação do SEADE. Foram consideradas válidas 20 respostas, pois os demais escritórios não responderam o questionário em tempo hábil.

Primeiramente, apresenta-se o perfil dos respondentes e dos escritórios de contabilidade em que atuam e depois, a percepção sobre as práticas dos processos

de recrutamento e seleção e as principais competências exigidas do profissional contábil, devendo ser destacado que os resultados aqui citados não podem ser generalizados como percepção geral dos escritórios.

Em relação ao perfil dos respondentes, 85% tem sua formação em Ciências Contábeis, trabalham no escritório há mais de 5 anos. 70% dos respondentes são os proprietários e sócios, que fazem a função de gestão de pessoas dentro do escritório.

A pesquisa aponta que 55% dos escritórios participantes têm até 9 empregados e 45%

de 10 a 49, a sua localização se concentra em 50% no município de São João da Boa Vista.

Ao analisar a figura 3, nota-se que 70% dos respondentes fazem a descrição do perfil da vaga antes de iniciar o processo de recrutamento, ou seja, sabem exatamente as habilidades e competências que estão buscando e o cargo específico para elas.

Verificando os demais resultados, nota-se que 70% dos respondentes afirmam que a empresa adota o recrutamento interno frequentemente, o que pode gerar motivação aos atuais colaboradores, que conseguem novas oportunidades dentro da própria empresa. No entanto, é importante cuidar para que a renovação de profissionais vindos do mercado não seja anulada, pois também trata-se de uma prática saudável.

Figura 3: Descrição do Cargo ou Perfil da Vaga Disponível.

Fonte: Elaborada pelas autoras

As fontes de recrutamento utilizadas pelos respondentes, concentram-se principalmente em indicações dos próprios funcionários (75%) e divulgação em instituições de ensino (60%), o que reforça a importância da formação de network por parte dos alunos e profissionais. Apenas 30% dos escritórios da amostra utilizam as

redes sociais (linkedin, Facebook etc.) como fonte de recrutamento, deixando, muitas vezes, o uso de tecnologias que poderiam ajudar na busca de profissionais com habilidades diferenciadas.

Em relação às ferramentas de seleção, a figura 4 (nesta questão, os respondentes poderiam escolher quantas alternativas julgassem necessárias) mostra que as práticas mais utilizadas são análises de currículos e entrevistas, deixando de utilizar ferramentas como dinâmicas em grupos, provas e testes psicológicos, que são importantes para a percepção de competências e habilidades. Além disso, a maioria (70%) ainda não adota etapas de seleção remotas, que se mostraram bastante eficientes durante o período de pandemia.

Figura 4: Ferramentas de Recrutamento e Seleção

Fonte: Elaborada pelas autoras

Em relação às principais competências exigidas pelos escritórios de contabilidade, como demonstrado pela figura 5, são focadas as competências técnicas do candidato, ou seja, conhecimentos e habilidades específicas da contabilidade, a maior fonte da competência técnica é a preparação através da formação dos cursos técnicos e de graduação de contabilidade, em segundo lugar, a capacidade de resolução de problemas, seguidos por experiência do usuário e raciocínio lógico.

Estas prioridades podem estar relacionadas com o novo papel dos escritórios de contabilidade, o papel consultivo: não somente aplicar as regras e legislação contábil, mas também entender o contexto do cliente e oferecer soluções adequadas, utilizando a contabilidade como ferramenta de gestão, como instrumento de tomada de decisão em um momento, econômico universal, onde as competências e habilidades cada vez mais são necessárias.

Dentre as competências técnicas específicas das atividades do escritório contábil, 100% dos respondentes descrevem os conhecimentos fiscais e tributários como primordiais e 85% apontam importantes o departamento pessoal e legislação trabalhista. Um destaque para o conhecimento de Contabilidade Rural, que é ressaltado por apenas um respondente, numa região em que a atividade agrícola é bastante significativa.

Entre os iniciantes no mercado de trabalho, há uma preocupação dos estudantes quanto à exigência de experiências no ramo de atuação; como representado na figura 6, apenas 10% dos escritórios participantes exigem sempre essa experiência; os demais apontam que em algumas situações (uns com mais frequência do que outros), dão preferência a profissionais com experiência.

Em relação a atração para novos profissionais no mercado de trabalho, 65%

dos respondentes afirmam utilizar programas de estágios dentro dos escritórios, um percentual positivo de incentivo a jovens ingressantes. E 25% dos respondentes não fazem exigência do registro no CRC (Conselho Regional de Contabilidade), porém não podem atuar diretamente como contador, de acordo com a Resolução n°

1.554/2018.

Figura 5: Principais Competências Exigidas pelos Escritórios

Fonte: Elaborada pelas autoras

Figura 6: Exigência de Experiências na Área

Fonte: Elaborada pelas autoras

Depois da finalização do processo seletivo, 50% dos respondentes declaram dar feedback a todos os participantes, o que é uma prática satisfatória e saudável, tendo em vista que a empresa se preocupa com a percepção dos candidatos quanto a visibilidade do escritório perante a sociedade. De acordo com a figura 7, 35% dos escritórios respondentes sempre oferecem treinamentos aos recém-contratados, 35%

declaram que fazem esta prática às vezes e apenas 10% apontam como raridade estes treinamentos.

Figura 7: Treinamentos aos recém-contratados

Fonte: Elaborada pelas autoras

7 Considerações Finais

Considerando a importância de se verificar o que o mercado de trabalho espera do profissional contábil, o capítulo ressalta que os escritórios de contabilidade necessitam de profissionais com habilidades e competências diferenciadas para

poderem ser competitivos atuando com o papel consultivo. Conclui-se que dentre as principais competências exigidas, 70% dos escritórios da região exigem competências técnicas, 35% experiência dos usuários, 30% raciocínio lógico.

As práticas de recrutamento e seleção identificadas nesta pesquisa, quando comparadas com as boas práticas indicadas pelos autores, apontam algumas brechas e falhas que têm potencial de melhoria.

Em relação ao recrutamento, sugere-se a adoção das redes sociais, principalmente o LinkedIn, que ampliam a chance de encontrar profissionais talentosos, ao lado das práticas de indicação de colaboradores atuais e também de instituições de ensino.

Como há uma necessidade de se identificar competências diferenciadas, como habilidades comportamentais, sugere-se a utilização de ferramentas de seleção mais adequadas a este fim, como dinâmicas de grupo, onde podem ser checadas a capacidade de liderança, trabalho em equipe, comunicação e outras características.

As provas e testes poderiam ser utilizados para verificar os conhecimentos técnicos da área, que estão na lista das competências mais exigidas pelos escritórios.

Uma outra sugestão a ser analisada pelos escritórios é a adoção de Programas de Jovem Aprendiz, que podem ser úteis para formar os futuros profissionais no escritório e também uma maneira de contribuir com a sociedade.

Este presente trabalho teve todos seus objetivos alcançados e pode servir de base e um norteador para as demais áreas, que querem aprofundar seus conhecimentos do que o mercado de trabalho espera de uma profissão no cenário atual, onde informações e inovações acontecem constantemente. Este método pode ser aperfeiçoado a outros cursos da faculdade e estendido a maiores territórios, gerando resultados benéficos e até mesmo para enriquecimento dos planos de ensino dos cursos.

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Capítulo 8