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Segundo o Dicionário Aurélio, contemporâneo significa “que ou aquele que é do mesmo tempo, ou do nosso tempo; coevo, coetâneo”. Primeiro vamos ver exemplos de escritórios construídos entre 2000 e 2006. Observa-se que entre a Marginal Pinheiros e a avenida Engenheiro Luiz Carlos Berrini a linguagem das edificações acompanha as novas exigências tecnológicas e de aproveitamento de espaços.

Foi nesta região que foi erguido em 2002 o edifício corporativo mais comentado deste início de século: a sede do Bank Boston. Projetado pelo escritório SOM e adaptado pelo Escritório Técnico Júlio Neves, o edifício localizado quase no final da avenida Engenheiro Luiz Carlos Berrini possui claramente o estilo arquitetônico contemporâneo, perceptível pelo lado externo nos materiais de acabamento (esquadrias de alumínio, vidros e granito). Uma evidência disso são as diversas publicações que o consideraram uma referência para os escritórios contemporâneos.

No final da década de 1990, o Bank Boston resolveu reunir todos seus escritórios em uma única construção “(...) que representasse melhor a marca do banco, além de servir às

necessidades operacionais da empresa”. (CUSHMAN, 2004, p.91). Assim, em 1999 o escritório SOM se uniu aos profissionais brasileiros para projetar um edifício de alta tecnologia e arquitetura contemporânea em São Paulo, que, segundo o arquiteto Adrian Smith (um dos responsáveis pelo projeto no escritório SOM), criasse “uma imagem que expressasse a natureza tropical da cultura nacional” (FACILITY, 2002, n° 24). Segundo Smith, esse projeto “é um forte representante do estilo contemporâneo e do alto padrão internacional de prédios para escritórios”. Durante a fase do anteprojeto, os arquitetos do SOM visitaram o Brasil para, além de entender o programa, compreender melhor a cultura, a história e as tradições brasileiras, e assim foram realizadas visitas com o objetivo descrito na citação a seguir:

“Isso foi importante para dar tom local ao desenho contemporâneo do edifício. As informações programáticas e culturais foram sintetizadas, utilizando nossa aproximação com o desenho esquemático, com o desenvolvimento do projeto e a seleção de materiais. Isso requereu profundo entendimento das necessidades do cliente, transformadas em arquitetura”. (SMITH, 2002)

O SOM é um dos maiores representantes do international style americano (estilo de projetar que tem como base a cultura e os conceitos norte-americanos), como já observamos em alguns de seus projetos no primeiro capítulo. Por se tratar da sede regional de um dos maiores bancos americanos, o edifício foi projetado para ser mais um representante do estilo americano no mundo, e, apesar do depoimento de Adrian Smith de que o projeto teve que ser “tropicalizado”, esta foi uma das obras de engenharia e arquitetura mais comentadas dos últimos anos no país, por causa de sua complexidade, inovação e principalmente impacto visual. O custo total do projeto chegou a 150 milhões de dólares, entretanto os benefícios para a marca são imensuráveis.

O edifício possui 80.000m² de área construída, distribuídos em três subsolos, pavimento térreo, 28 andares e um heliponto; sendo que até o 18º pavimento as plantas têm formato em “L”, e os andares superiores possuem plantas menores em formato retangular. Há duas baterias de elevadores com zona alta e zona baixa (como observamos em todos os projetos do SOM nesses trabalhos relatados), com comandos inteligentes e interligados ao controle de acesso do edifício. A fachada é composta principalmente de alumínio e vidros importados que reduzem em 45% a emissão de calor para o interior, auxiliando na economia de energia e na melhoria da qualidade do ambiente de trabalho. Fachada e interiores são modulados: “a fachada tem estrutura modulada em 4,5metros, equivalentes a duas estações de trabalho” (PROJETO DESIGN, 2002, n°269, p.48). A “tropicaliza ção” da construção ficou

principalmente por conta dos materiais de acabamento externos e internos, algumas obras de arte de Portinari expostas no lobby e dos jardins de Burle Marx.

O layout foi planejado para atender às necessidades do banco e, por isso, cada pavimento de escritórios tem sua particularidade. O objetivo do banco era ocupar 90% desses pavimentos com estações de trabalho, que variam de tamanho e o número oscila entre 80 e 250 por pavimento. A grande maioria das estações é composta por divisórias baixas do sistema de mobiliário integrado; há salas fechadas para executivos; as salas de reuniões estão localizadas em quase todos os pavimentos em frente ao hall de elevadores (assim os visitantes não precisam passar pelo escritório para chegar a elas); os andares da presidência e vice-presidência possuem acabamento e layout diferenciados. Foram implantadas áreas de convívio social nos pavimentos inferiores. No térreo há uma agência do banco, um auditório para o público interno e externo e um coffee-shop que se estende aos jardins − uma área de bastante descontração. No primeiro pavimento foi instalada uma praça de alimentação de acordo com as necessidades dos funcionários do próprio banco relatadas em uma pesquisa interna: possui um boa variedade de pratos para refeição, área de restaurante com 130 mesas e um terraço ao ar livre

Atualmente o edifício ainda sedia escritórios de um banco, porém não mais do Bank Boston, mas do Itaú Personalité, embora ainda continue sendo chamado de edifício do Bank Boston, pelo menos por enquanto.

(1) (2)

Edifício-sede do Bank Boston – 2002 (1) Fachada (2) Planta do 18º pavimento e 25º pavimento Fonte: (1) PROJETO DESIGN, 2002, n° 269, p.47 (2) P ROJETO DESIGN, 2002, n° 269, p.54

(3) (4) Edifício-sede do Bank Boston – 2002 (3) Escritórios abertos (4) Sala de reunião

Fonte: (3) e (4) PROJETO DESIGN, 2002, n° 269, p.52

Também é deste início de século XXI o edifício-sede da Vivo. O projeto do arquiteto Edo Rocha (2001) está localizado no final da avenida Engenheiro Luiz Carlos Berrini e nasceu mais uma vez da necessidade da empresa em unificar seus escritórios na cidade de São Paulo − devido à união de três empresas de telefonia móvel. O projeto teve três premissas estabelecidas ainda durante o concurso:

“1) adequação do edifício às necessidades daquela que viria a ser a locatária; 2) melhor aproveitamento possível de espaço e recursos (e conseqüente valorização do aluguel); 3) flexibilidade para mudanças”. (CUSHMAN, 2004, p.93)

O edifício, inaugurado em 2003, é formado por duas torres de escritórios com pavimento térreo e mais seis andares interligados por um átrio e um núcleo de elevadores. Cada torre possui 1.250m² de laje, sem pilares internos e um núcleo central com escadas, sanitários e áreas de serviço. Essa disposição da arquitetura permitiu boa flexibilidade para a distribuição do layout e permitiu uma ocupação alternada de “escritórios fechados e panorâmicos em cada andar, a fim de atender às necessidades operacionais da empresa”. (PROJETO DESIGN, 2003, n°286, p.46) . O edifício possui infra-estrutura bastante atual: “Transmissão de dados via fibra óptica, ar-condicionado insuflado pelo piso e elevadores gerenciados por sistema que administra as viagens”. (PROJETO DESIGN, 2003, n°286, p.46)

(1) (2) Edifício-sede da Vivo – 2003 (1) Fachada (2) Planta do pavimento tipo Fonte: (1) PROJETO DESIGN, 2003, n° 286, p.43 (2) P ROJETO DESIGN, 2003, n° 286, p.47

Em 2006 muitas construções foram iniciadas ou estão quase finalizadas, principalmente nas regiões da Vila Olímpia e da avenida Engenheiro Luiz Carlos Berrini. Mesmo assim, há relatos de que o próximo centro empresarial de São Paulo será na região da Marginal Pinheiros: uma área bem mais extensa que as regiões anteriormente descritas, entretanto ainda com algumas dificuldades de acesso.

Essa tendência para se construir edifícios na Marginal Pinheiros e a idéia de que esse local seria um futuro novo centro de negócios vem se observando desde a construção do Cenesp.

“No princípio, era o Centro. Depois foram a Paulista, a Faria Lima. O futuro, já desencadeado, é a Marginal Pinheiros. O desenvolvimento comercial da região teve início em 1977, quando o poderoso grupo argentino Bunge y Born decidiu reunir num só espaço suas empresas no Brasil (Tintas Coral e Moinho Santista, principalmente). (...) Hoje, tem-se a impressão que o pioneiro Cenesp instalou-se no lado errado da Marginal Pinheiros, pois foi na outra margem que se consolidou o que o mercado imobiliário define como centro metropolitano do futuro.” (CUSHMAN, 2004, p.106)

Há também uma corrente segundo a qual a tendência para construção de novos edifícios de escritórios em São Paulo está na região próxima ao edifício do Bank Boston. Adrian Smith explica que a localização de edifícios de escritórios e o seu desenho arquitetônico são influenciados por diversos fatores, entre eles leis urbanas, clima local e tendências tanto da arquitetura local quanto mundial.

“Em São Paulo, o zoneamento restringe as dimensões dos edifícios ao máximo de área por piso. Devido a essas características, a arquitetura paulistana adquire densidade e caráter singular. A região onde o edifício está localizado representa nova região em desenvolvimento para uma larga parcela de edifícios de escritórios, similares a outros existentes em diversas partes do mundo. Esses prédios são altos e respondem de forma eficiente às exigências internacionais para edifícios comerciais, de alto padrão. A localização à margem do rio Pinheiros permite belas vistas a seus ocupantes.” (PROJETO DESIGN, 2002, n°269)

Diante dos exemplos vistos neste capítulo, percebe-se que a história do mercado paulistano de arquitetura de edifícios de escritórios corporativos é bastante dinâmica e geradora de novas tendências, não somente para São Paulo, mas também para o Brasil. São esses edifícios que pretendem destacar a imagem das empresas através de seu patrimônio.

Independentemente das vantagens de possuir um único edifício-sede, há empresas que preferem descentralizar suas atividades, e, apesar de terem uma sede, optam por escritórios satélites, já que São Paulo é uma cidade enorme, e, dependendo do negócio, é preciso ficar próximo do cliente ou de algum pólo de negócios. Outro motivo que faz com que as empresas se descentralizem ocorre quando o edifício onde ela se encontra não comporta mais seu crescimento, e não há mais espaço suficiente nessa única construção para atender às suas necessidades funcionais. É o que veremos ainda neste trabalho, quando verificarmos que o IBM Tutóia, após diversas reformas, não comporta mais todas as atividades da empresa e por isso está se instalando em outros edifícios da cidade.

Para acompanhar a nova demanda de negócios, e antes mesmo que uma empresa pense em expansão, são necessárias várias adaptações e modificações dos ambientes internos que atendam aos novos requerimentos de espaço. Essas transformações estão sempre alinhadas com a ampliação do mercado específico, com o crescimento da cidade e do país e com o constante surgimento de novas tecnologias.

Hoje o mercado imobiliário corporativo está bastante aquecido para os próximos anos. Segundo Léa Lobo, o ano de 2005 apresentou “um importante crescimento do setor imobiliário comercial”, o qual inclui os escritórios corporativos; e para 2006 “os momentos prometem ser de crescimento econômico no Brasil (...) um incentivo à ascensão de todos os setores, inclusive do mercado imobiliário.” (LOBO, 2005, p.4)

Os escritórios corporativos contemporâneos exigem baixo custo de instalações, da mesma forma que precisam estar estabelecidos em edifícios flexíveis, com alta tecnologia e localizados em boas regiões, com infra-estrutura, acesso fácil e meios de comunicação. O baixo custo das instalações pode ser alcançado através de diversas ações como, por exemplo, o aumento da densidade de funcionários através da implantação de novas formas de ocupação. Ao mesmo tempo, as novas tecnologias auxiliam os controles de ativos dos escritórios, na infra-estrutura, nas formas de comunicação etc., o que torna necessário que o escritório sempre invista em tecnologias mais recentes, com o objetivo de alcançar maior eficiência do edifício a curto ou médio prazo.

Ao projetar um escritório, é primordial entendermos as necessidades da empresa e as tendências e exigências do mercado de escritórios corporativos para executar projetos de qualidade e conseguir suportar a demanda de novos espaços.

As construções e disposições espaciais internas precisam estar aptas para receber diferentes perfis de usuários que exerçam diversas funções (administrativa, técnica ou executiva), ou que ainda possuam diferentes características físicas ou de gênero (portador de necessidade especial, homem ou mulher etc.). A divisão da organização nos escritórios agora é feita de acordo com a necessidade espacial que cada ser humano necessita para exercer determinada função, e não mais somente por hierarquia.

Para enfrentar a competitividade e reduzir custos com instalações, há uma grande tendência nas empresas para criação e manutenção de espaços compartilhados por diversos profissionais, otimizando, além do custo, a funcionalidade dos escritórios. O espaço compartilhado caracteriza-se pela implantação de ambientes com estações de trabalho “sem dono”, ou seja, onde uma estação poderá ter diferentes funcionários a cada momento da sua utilização. Eles devem ter características impessoais, para poder receber qualquer pessoa que ao exercer seu trabalho não precise estar fisicamente no escritório. Ao mesmo tempo, o funcionário é questionado se ele precisa trabalhar dentro das instalações da empresa ou se ele pode trabalhar em casa, já que com o avanço da tecnologia e dependendo de sua função ele tem capacidade de exercer suas tarefas em qualquer lugar.

O home office, por exemplo, é um conceito de espaço, como o próprio nome diz, em que o funcionário pode trabalhar no escritório em sua casa, oferecendo-lhe tanto a flexibilidade de horário no trabalho como o gerenciamento de sua vida pessoal e profissional. Por outro lado, a empresa deve prover o funcionário que trabalha em home office equipamentos e infra-estrutura de comunicação suficientemente bons para a execução de suas tarefas distante da empresa e continuar responsável pela qualidade do

ambiente de trabalho, mesmo que este seja na casa do funcionário (o que pode gerar alguns problemas trabalhistas). Apesar de bastante conhecido e flexível, este conceito ainda não é amplamente utilizado pelas empresas, principalmente por causa das dificuldades em se conseguir uma boa infra-estrutura nas casas brasileiras, com custos acessíveis e boa qualidade. Especialistas na área, como Tomás Berlanga, acreditam que o home office é permanente e irreversível, mesmo que não atinja um número expressivo de funcionários por falta de infra-estrutura nas cidades brasileiras (mesmo nos grandes centros urbanos).

“Os centros urbanos não agüentam mais o caos existente, e há centenas de tarefas que não requerem a presença física no escritório. A grande questão é a qualidade de vida quanto ao gerenciamento do tempo, poder estar em casa. Mas, fundamentalmente, está o marketing dizendo que devemos ficar mais próximos do cliente: cada vez mais o mercado exige personalização no atendimento. Essa proximidade traz mudanças sociais e comportamentais. (...) Em São Paulo são 5 milhões de automóveis, um para cada duas pessoas. Mais e mais prédios estão sendo construídos na avenida Luiz Carlos Berrini, mas a infra-estrutura continua a mesma. Isso é o caos.” (BERLANGA, 2000, p.11)

Sempre que escritórios contemporâneos são citados, fala-se em versatilidade do uso de espaços imposta pela flexibilização das relações de trabalho, que precisa ser bastante dinâmica, não tanto quanto à flexibilização dos espaços de escritórios, que, devido às instalações elétricas e de telecomunicações, ainda precisam ser fixas a um local. Entretanto, as novas tecnologias já estão auxiliando a flexibilidade dos espaços e diminuindo a rigidez das estações de trabalho. Percebemos isso através das instalações de rede wireless, que funciona por meio de sinais de transmissão e não precisa de cabeamento; ou da utilização de laptops, que podem ser levados a qualquer lugar, além de possuírem um tempo específico de bateria que permite o seu funcionamento por mais de três horas.

Enquanto dependemos da rigidez do layout, a sua flexibilidade também pode ser implantada através da estação de trabalho compartilhada, que pode ser utilizada em tempo alternado por diferentes funcionários. São ideais para ocuparem este tipo de espaço pessoas que viajam muito e precisam estar em diversos lugares, ou exerçam alguma determinada função – como consultoria e vendas –, que faz com que elas precisem estar fora do escritório central da empresa, ou ainda que possuam trabalho temporário ou em regime de tempo parcial. Elas recebem ferramentas específicas para realizarem suas

funções em locais de postos de trabalho compartilhados. Novamente, a tecnologia (softwares, mídias eletrônicas etc.) auxilia e determina novas condições de trabalho.

Este conceito, que vem crescendo e criando raízes, principalmente entre 2000 e 2005, possui várias denominações, dependendo do país ou da empresa. Segundo Claudia Andrade, existe o conceito de hoteling, que ela assim o define:

“Como o próprio nome sugere, está baseado nos serviços oferecidos nos hotéis. Criado para atender a necessidade da média e alta gerência, que viaja freqüentemente ou se encontra fora de sua base de trabalho, este conceito é utilizado pelas empresas em suas filiais ou escritórios situados em bairros mais distantes ou periféricos da cidade. (...) São montados com foco no recebimento de clientes e visitantes, para que funcionários atendam a esses clientes com todo o suporte e conforto necessários. Para utilizá-los é preciso reservar a sala com antecedência.” (ANDRADE, 2000, p.50-51)

Outro conceito de escritório flexível e utilizado por mais de um funcionário, também segundo Claudia Andrade, é o free address, por ela assim definido:

“Conceituado para atender à gerência e ao restante dos funcionários que despendem boa parte de seu tempo realizando serviço fora da empresa, o free address pode ser caracterizado por uma área repleta de estações de trabalho abertas para o uso eventual. Ao chega,r o funcionário dirige-se a um computador que representa a planta do pavimento com as estações disponíveis. Através de um sistema touch screen, o funcionário informa qual a estação de trabalho que irá ocupar. Automaticamente o sistema de voz e dados é ativado para que o funcionário possa realizar suas atividades o tempo que for necessário”. (ANDRADE, 2000, p.53) Claudia Andrade ainda descreve um último e mais complexo escritório compartilhado, o red carpet club:

“Sua configuração agrega componentes dos dois últimos conceitos – hoteling e free address – conjugados com uma área de convívio social intenso. (...) Haverá espaços compartilháveis para trabalhos privados, tais como as salas fechadas do conceito do

hoteling, espaços abertos do tipo free address e espaços para reuniões e conferências”. (ANDRADE, 2000, p.54-55)

Nesta pesquisa trabalharemos com o conceito de escritório compartilhado utilizado no IBM Tutóia: o mobility. Este conceito consiste na implantação de um grupo de estações de trabalho que podem ser compartilhadas em um dia por até quatro funcionários diferentes em horário alternados. Para isso, o funcionário que for “elegível” à utilização do espaço mobility deve exercer uma função de consultoria ou vendas e que requeira que ele permaneça apenas 25% do seu tempo de trabalho na empresa. A IBM no Brasil implantou o conceito de mobility em 1998, no IBM Tutóia, somente para funcionários de vendas. Em 2000, ela implantou o segundo centro de mobility no mesmo edifício para funcionários da área de consultoria, só que nesse caso o funcionário só permanecia na empresa cerca de 15% do seu tempo de trabalho, por isso sua estação de trabalho podia ser compartilhada por mais seis profissionais. No final de 2005 a empresa possuía 914m² de espaço útil destinado somente às estações e armários de funcionários mobility (Arquivo IBM). Deste total, 617m² estão localizados no edifício da sede da empresa em São Paulo, 271m² nos escritórios do Rio de Janeiro e 26m² nos escritórios de Brasília. Somente em São Paulo há 602 funcionários que utilizam o espaço, ou seja, é 1,03m² ocupado por funcionário neste tipo de ambiente, resultando em um altíssimo ganho de espaço e de custo. Veremos mais detalhes desse conceito nos próximos capítulos.

O especialista no assunto Tomás Berlanga acredita que o hoteling, o free address e outros conceitos de espaços compartilhados são modismos de época, como descrito na citação a seguir.

“Alguém gera uma nova idéia, até com boa intenção, mas o resultado não é o esperado. Uma pessoa que está na empresa temporariamente, que não tem seu espaço de trabalho, sua escrivaninha, digamos assim, sente que não é parte da empresa. Como essa situação gera instabilidade, algumas empresas já estão corrigindo o hoteling”. (BERLANGA, 2000, p.11)

Cabe ao profissional que está projetando o espaço junto com o empresário ou executivo identificar a necessidade de tempo desses funcionários de trabalharem na empresa ou fora dela. O sucesso do programa de mobility na IBM é fruto de alguns fatores: 1. facilidade de comunicação entre funcionário e qualquer pessoa da empresa através de

2. grande rotatividade entre profissionais desta área (cada hora estão em um cliente ou em

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