• Nenhum resultado encontrado

Em meio ao cenário da crise do modelo taylorista, juntamente com uma nova psicologia social, nas décadas de 1950 e 1960 começa-se a ouvir falar no escritório

landscape, ou open office18, ou ainda escritórios panorâmicos. Esse conceito é a base do

conceito de escritório que conhecemos hoje, e foi a partir daí que os espaços internos dos edifícios de escritório passaram a receber maior atenção – antes as preocupações maiores estavam voltadas para a solução de problemas técnicos e para o surgimento de novas formas arquitetônicas.

Alguns defensores do escritório panorâmico identificavam a seguir quatro aspectos inovadores, em comparação às formas de ocupação anteriores:

17

Behaviorista: indivíduo que pratica o behaviorismo, teoria que restringe a psicologia ao estudo do comportamento.

CAPÍTULO 1: OS ESPAÇOS DE ESCRITÓRIOS

1. “era um trabalho em equipe que atendia às exigências e à crença do movimento behaviorista;

2. era uma forma de fazer frente às necessidades futuras, já que muitas mudanças estavam acontecendo no contexto social e econômico;

3. acreditavam que possibilitaria melhoras organizacionais e no próprio desenho do edifício;

4. acreditavam que poderiam criar regras concretas para o desenho do edifício,

baseadas nas modernas teorias organizacionais”. (SAMPAIO, 2003, p.48)

O escritório panorâmico foi pela primeira vez apresentado em Hamburgo, na Alemanha, pelos irmãos Eberhard e Wolfgang Schenelle da empresa de consultoria administrativa Quickborner Team. Vários estudos foram realizados antes de implementá-lo e para isso se basearam na Escola das Relações Humanas de Elton Mayo. O objetivo do escritório alemão era aliar tecnologia aplicada à concepção dos edifícios, introduzindo sistemas e mobiliário que permitissem ambientes de escritórios mais confortáveis, integrados e adequados à produção intelectual. Posteriormente surgiu nos Estados Unidos o sistema de mobiliário integrado para escritórios, através da empresa moveleira Herman Miller19 (veremos mais detalhes à frente).

Os layouts eram formados por mais de um tipo de local de trabalho, distribuídos de forma modular e “segundo uma malha hexagonal que permitia a configuração de células

semi-isoladas à imagem de colméia”. (CALDEIRA, nº9, p.7). Nesse tipo de ocupação

espacial, os departamentos funcionam como equipes de trabalho e a disposição final do mobiliário no espaço está diretamente relacionada com o fluxo de informações, por essa razão esse é um layout tipicamente orgânico – que às vezes chega a parecer caótico.

A seguir vamos destacar as principais características dos layouts dos escritórios panorâmicos:

18 Landscape: é o escritório paisagem. Open office é o escritório aberto. Ambos são termos em inglês que

significam e nomeiam o escritório panorâmico.

19 Herman Miller: empresa de fabricação de mobiliário para escritórios. Fundada em 1923, em Michigan, EUA,

sua especialidade era a fabricação de tradicionais móveis residenciais. Em 1942 começou a produzir móveis para escritório, e nessa época criou mobiliário EOG, precursor do sistema de mobiliário integrado. Fonte: www.hermanmiller.com

CAPÍTULO 1: OS ESPAÇOS DE ESCRITÓRIOS

1. os espaços de trabalho são totalmente abertos, sem barreiras visuais e físicas (paredes, circulações etc.) entre diferentes departamentos ou entre chefes e subordinados;

2. a segregação hierárquica permanece de forma sutil, apesar de parecer diluída pelo convívio em um mesmo espaço de chefes e chefiados;

3. o espaço dos funcionários é organizado em ilhas multifuncionais20, de acordo com a

complementaridade de suas tarefas e com a necessidade de trabalharem em equipe; 4. o espaço do gerente é localizado junto ao de seus subordinados;

5. o arquivamento é diferenciado entre os modelos europeu e norte-americano: no esquema alemão os armários são centralizados e no norte-americano os armários são distribuídos no espaço vertical dos painéis e dentro de cada departamento;

6. era usual a existência de áreas destinadas ao uso comum, como salas de estar isoladas e salas de reuniões (fechadas ou integradas no espaço aberto);

7. a utilização de plantas ornamentais e obras de arte eram comuns e deixavam o ambiente mais humano e informal.

O conceito foi amplamente difundido na Alemanha, porém em outros países europeus ainda predominava a rigidez hierárquica do taylorismo. Especificamente no modelo europeu a típica distribuição do layout era organizada da seguinte forma:

1. as ilhas multifuncionais possuíam mobiliário composto por mesas autoportantes retangulares, ou em forma de “L”, dispostas conforme a necessidade do fluxo de informações;

2. os painéis eram utilizados como biombos que dividiam os departamentos;

3. dentro dos departamentos não existiam divisórias separatórias entre funcionários;

4. os gerentes utilizavam salas fechadas para a gerência (principalmente até a década de 1970);

20

CAPÍTULO 1: OS ESPAÇOS DE ESCRITÓRIOS

5. o arquivamento era centralizado, os armários de cada departamento estavam todos juntos e localizados próximo ao departamento.

Já nos Estados Unidos o mobiliário era considerado integrado, ou seja, ele era pensado como um sistema composto por partes distintas, onde os painéis são o principal componente.

O painel é modular tanto na largura quanto na altura de acordo com o grau de privacidade requerido no local de trabalho; ele suporta a superfície de trabalho, armários e diversos tipos de acessório (como prateleiras, porta-canetas etc.); era feito em material metálico e revestido em laminado ou tecido, pois interferia bastante na acústica do ambiente de trabalho; pelo seu interior passavam fiações elétricas e de telefonia (para alimentação dos equipamentos de trabalho como computadores e telefones).

Juntas, todas essas partes e painéis do mobiliário integrado formam um conjunto e possuem uma unidade visual denominada estação de trabalho, que é o local onde atividades individuais são desenvolvidas e o funcionário tem ao alcance das mãos todas as ferramentas necessárias à execução de suas atividades. Quando agrupadas, delimitam um departamento ou área. O escritório panorâmico norte-americano é formado por estações de trabalho e pela composição desse tipo de estrutura modular. Segundo a distribuição do

layout norte-americano:

1. as ilhas multifuncionais possuíam mobiliário integrado, dispostas conforme a necessidade do fluxo de informações;

2. os painéis acumulavam duas funções: dividir os espaços de trabalho (entre departamentos e entre funcionários de uma mesma equipe) e suportar verticalmente as demais partes do mobiliário;

3. os gerentes e supervisores utilizavam espaços como os dos funcionários, porém cada estação de trabalho possuía uma dimensão diferente, de acordo com a posição hierárquica: quanto mais alto o cargo, maior o espaço da estação de trabalho;

4. o arquivamento era distribuído pelas estações de trabalho: cada estação possuía armários suspensos pelos painéis divisores.

Ao compararmos os dois modelos, verificamos que o modelo europeu tinha maior flexibilidade na disposição do mobiliário entre funcionários e equipes, já que era muito mais fácil mudar a localização de mesas e armários do que de estações de trabalho inteiras.

CAPÍTULO 1: OS ESPAÇOS DE ESCRITÓRIOS

Por outro lado, o layout europeu era menos denso, pois provocava um tipo de organização espacial em que o aproveitamento do espaço existente era bem menor, principalmente porque precisava de espaço horizontal para colocar armários, enquanto os norte-americanos utilizavam o espaço vertical nas divisórias do mobiliário. Segundo Rita Sampaio, o modelo norte-americano gerava uma economia de espaço que chegava a 30% em relação ao modelo europeu (SAMPAIO, 2003, p.54), como mostra a comparação realizada por ela entre os dois tipos: no escritório europeu o espaço utilizado para cada módulo de estação de trabalho era de 8,40m², enquanto no escritório norte-americano de mobiliário integrado esse espaço ocupava 6m².

Espaços necessários para cada estação de trabalho (1) Estação de trabalho convencional utilizada no escritório europeu (2) Estação de trabalho de sistema integrado empregada no escritório norte-americano

Fonte: SAMPAIO, 2003, p.55

Tanto na Europa como nos Estados Unidos o resultado são layouts orgânicos, que seguem a geometria dos fluxos de circulação e de comunicação, e não mais da arquitetura do edifício, e sugerem uma integração e comunicação maiores entre as diversas áreas da empresa. Essas semelhanças e diferenças podem ser observadas nas plantas e fotos a seguir apresentadas por Cláudio Amaral em 1987.

CAPÍTULO 1: OS ESPAÇOS DE ESCRITÓRIOS

(1) (2)

(1) Sede da BMW na Alemanha – Planta baixa com layout típico de escritório panorâmico alemão (2) Planta baixa com layout típico de escritório panorâmico norte-americano

Fonte: (1) e (2) AMARAL, 1987, p.242

(3) (4)

(3) Foto do escritório panorâmico modelo alemão (4) Foto do escritório panorâmico modelo norte-americano com sistema integrado

Fonte: (1) e (2) AMARAL, 1987, p.242

Com o tempo, os layouts de escritórios panorâmicos que passaram a utilizar o mobiliário integrado norte-americano começam a ser mais lineares, menos orgânicos, com circulações bem definidas, pois as estações de trabalho formavam cubículos através de seus painéis. Esses escritórios passam também a ser chamados simplesmente de open

office, ou planta livre.

O mobiliário integrado foi desenvolvido e empregado pela primeira vez pela indústria moveleira norte-americana Herman Miller, que em 1964 lançou comercialmente o primeiro sistema de mobiliário integrado: a linha Action Office (HERMAN MILLER, 2004), que possuía todas as características mencionadas acima.

CAPÍTULO 1: OS ESPAÇOS DE ESCRITÓRIOS

De acordo com Caldeira, a linha Action Office foi desenvolvida para ser instalada nos escritórios da empresa JFN Associates de Chicago (CALDEIRA, nº 9, p.7), uma empresa norte-americana de designers de espaço.

Segundo informações da própria Herman Miller, o designer e então presidente da empresa, Robert Prost, inventor da linha Action Office, percebeu os rumos que a organização de escritórios estava tomando e criou o seu próprio centro de pesquisa. Nele foi desenvolvido um sistema de componentes que formavam a estação de trabalho e que poderiam ser montados e remontados várias vezes; assim, se o layout do escritório precisasse ser modificado para atender à demanda de fluxos de trabalho, o mobiliário acompanharia essa mudança. (HERMAN MILLER: 2004)

Até hoje a Herman Miller fabrica e vende a linha Action Office, com base no mesmo conceito original e com o mesmo nome, mas com outros detalhes, acabamentos e atendimento às necessidades mais atuais, desenvolvidas ao longo dos anos.

(1) (2)

Linha Action Office da Herman Miller (1) Estação de trabalho (2) Elementos que compõem a estação de trabalho

Fonte: (1) e (2) Herman Miller, 2004, Catálogo de propaganda de produtos

(3) (4)

Linha Action Office da Herman Miller (3) Estação de trabalho humanizada (4) Estações de trabalho agrupadas

CAPÍTULO 1: OS ESPAÇOS DE ESCRITÓRIOS

O mobiliário integrado teve como princípios básicos:

1. melhor aproveitamento de espaço ao delimitar a área da estação de trabalho e ao distribuir as estações em forma de malha;

2. maior flexibilidade de layout ao considerar que os elementos poderiam ser montados, desmontados e remontados de novas formas;

3. maior organização, pois os componentes da estação de trabalho eram modulares; 4. maior diversidade de acabamentos para estruturas, painéis, superfícies etc.; 5. padronização de móveis, facilitando a organização e inventário dos elementos;

6. economia de instalações, pois era mais duradouro.

Paralelamente, outras empresas de mobiliário também desenvolviam seus produtos, já que a arquitetura de interiores de escritórios vinha se tornando

“um campo fértil para a racionalização e a industrialização do mobiliário e dos materiais de acabamento. A busca da melhoria dos ambientes de trabalho, baseada na crença moderna de que a satisfação do funcionário sob esse aspecto aumenta a sua produtividade, tem incentivado grandes avanços do ponto de vista da ergonomia, da luminotécnica, do conforto termoacústico”.

(CALDEIRA, nº8: p.6)

Desde 1953, a Steelcase já industrializava mobiliários para escritório coloridos através da linha metálica Sunshine Styling. Apesar do pioneirismo nos acabamentos dos móveis, somente após o lançamento da Action Office, influenciado pela concorrência, em 1968 a empresa lança a linha Mobiles, que foi a base do sistema de mobiliário integrado dentro da Steelcase. Três anos depois, em 1971, a Steelcase produz a linha Movable Walls, a primeira de mobiliário integrado realmente considerada pela empresa. Logo depois, em 1972, as empresas começam a utilizar outros materiais de acabamento diversificados para produção do mobiliário, como, por exemplo, a madeira, que foi altamente usada no Brasil.

CAPÍTULO 1: OS ESPAÇOS DE ESCRITÓRIOS

(1) (2)

Mobiliário Steelcase (1) Linha Mobiles – 1968 (2) Linha Movable Walls – 1971

Fonte: (1) e (2) www.steelcase.com

Os escritórios de planta livre continuaram sendo utilizados por muitos anos, principalmente nos Estados Unidos – e nos países influenciados pela cultura norte-

americana através de suas multinacionais que se instalaram nesses países – e foram se

adaptando às mudanças dos tempos, às exigências de mercado e à intensificação do uso de tecnologia da informação nos escritórios.

A princípio era difícil implantar os layouts panorâmicos nas plantas ortogonais da grande maioria dos edifícios de escritórios. A rigidez das instalações na época ia de encontro à flexibilidade que o novo layout exigia. Cláudio Amaral faz uma citação sobre os edifícios nas décadas de 1950 e 1960:

“somente os prédios projetados sob encomenda para uma única empresa e em que desde o início fosse prevista a adoção de um esquema do tipo landscape office é que conseguiam essa perfeita sincronia”. (CALDEIRA, nº9, p.7)

As plantas dos escritórios panorâmicos eram tipicamente profundas, com grandes distâncias internas entre janelas, e por isso precisavam: de sistemas de ar-condicionado e de iluminação mais eficientes (para atender a áreas bem maiores) e de materiais de revestimento acústicos tanto no mobiliário como no forro e no piso (já que as grandes áreas de trabalho abertas aumentavam o nível de ruído no ambiente).

Acontecia no mundo uma revolução que atingia “todos os setores industriais, o que

alavancou a produção de elementos construtivos em série”. (SAMPAIO, 2003, p.52) Essas

mudanças possibilitaram os avanços tecnológicos que auxiliaram bastante o surgimento dos edifícios com plantas que abrigariam os escritórios panorâmicos, como exemplifica a citação a seguir:

CAPÍTULO 1: OS ESPAÇOS DE ESCRITÓRIOS

“Os estudos relativos à concepção de edifícios corporativos passam a ser mais detalhados devido a vários fatores, entre eles a crença na tecnologia e no progresso, além da crescente demanda por áreas destinadas a escritórios”. (SAMPAIO, 2003, p.52)

Uma das mais importantes empresas de arquitetura que executou diversos projetos de edifícios de escritórios é a Skidmore, Owings & Merrill (SOM)21, que, segundo Weston,

“foi uma pioneira dos fundamentos do trabalho em equipe e introduziu muitos outros conceitos, ligados aos métodos do mundo dos negócios americanos, que iriam transformar a prática da arquitetura”. (WESTON, 2003, p.102)

Ao longo de sua história, a SOM executou diversos trabalhos importantes, como o do edifício Lever projetado entre 1950 e 1952 (WESTON, 2003, p.102), na cidade de Nova York. Essa construção é formada por dois elementos: um embasamento e uma torre de escritórios de 21 andares.

No embasamento, mais largo e com pé-direito duplo, estão localizados espaços públicos, restaurante, pátio etc. Na torre de escritório, os pilares de aço foram colocados no interior (sem aparecerem na fachada) e dentro das paredes internas. As escadas, shafts de elevadores, sanitários e demais áreas de suporte estão localizados juntos e na extremidade dos pavimentos, mas não apresentam volume na fachada. Diferentemente das demais construções da época, essa foi toda revestida de vidro verde, com o objetivo de reduzir a carga do sistema de ar-condicionado interno, além de proporcionar maior iluminação natural para os ambientes de trabalho, que, junto com a distribuição interna dos pilares e áreas de suporte, proporcionou uma planta mais ampla.

Esse modelo, com dois volumes e suas respectivas funções e com acabamentos em vidro da fachada, foi posteriormente copiado por muitos profissionais responsáveis pela construção de edifícios corporativos em todo o mundo, inclusive no Brasil. Entretanto, muitos desses profissionais não se preocuparam com o clima e a cultura diferentes ao projetarem os edifícios em outros países. Segundo Weston, “este tipo de edifício acabou se

tornando um símbolo das deficiências da arquitetura corporativa internacional”. (WESTON,

21

SOM: fundada em 1936 em Chicago, Skidmore, Owings & Merrill é uma empresa norte-americana de projetos de arquitetura, urbanismo, engenharia e interiores. Realizou importantes projetos de escritórios corporativos para diversas empresas em todo o mundo e se tornou um dos maiores escritórios de arquitetura mundiais. Atualmente a empresa mantém escritórios em Chicago, Nova York, San Francisco, Washington DC, Los Angeles, Londres, Hong Kong e Shanghai.

CAPÍTULO 1: OS ESPAÇOS DE ESCRITÓRIOS

2003, p.102). Por outro lado, a importância que o edifício Lever teve na época de sua construção e ao seu redor não pode ser diminuída, principalmente pela inovação na utilização de acabamentos leves e pela disposição interna dos compartimentos, além da beleza da construção.

(1) (2) (3)

Edifício Lever, Nova York – 1950-52 (1) Fachada (2) Planta baixa do 3º pavimento localizado no embasamento (3) Planta baixa do pavimento tipo de escritórios

Fontes: (1) GÖSSEL, 1996, p.228 (2) e (3) WATSON, 2003, p.103

O primeiro edifício que utilizou o uso misto – comercial e residencial – foi projeto de

Frank Lloyd Wright. Entre 1952 e 1956 ele projetou o edifício Price Tower, em Bartlesville, Oklahoma, EUA (PRICE, 2006), para Harold C. Price, fundador da H.C. Price Company. O edifício possui espaços de escritórios para empresa, lojas e residências que seriam alugadas para pagar o custo da construção.

Esse era o projeto mais alto de Wright: dezenove andares com 67m de altura e estrutura de concreto armado. Como o perímetro do edifício não tinha colunas de sustentação, este é um dos poucos projetos que Wright utiliza uma fachada de vidros verdes que permite a iluminação natural em todo o pavimento de escritório, que possuía 743m². Os detalhes dos acabamentos eram abundantes, e Wright ainda desenhou todo o mobiliário para o edifício: mesas em metal com bordas de alumínio e cadeiras iguais para os espaços de escritórios e para os apartamentos.

CAPÍTULO 1: OS ESPAÇOS DE ESCRITÓRIOS

(1) (2)

Edifício Price Tower, Bartlesville – 1956 (1) Fachada (2) Escritório executivo

Fonte: (1) e (2) PRICE, 2006

Apenas seis anos após a construção do edifício Lever, no terreno diagonal ao do edifício Lever, Mies van der Rohe projetou entre 1954 e 1958 o edifício Seagram em Nova York, que marcou definitivamente a contribuição de Mies para arquitetura de edifícios de escritórios e que, posteriormente, influenciou a arquitetura desses edifícios em todo o mundo. (FRAMPTON, 1997, p.288)

A torre de escritórios de 39 andares localizada no centro do terreno possibilitava que todas as fachadas fossem de vidro e que os espaços internos fossem bem iluminados. Como no edifício Lever, os pilares no pavimento tipo (que é modular) são internos, assim como o núcleo de serviços. Toda a construção foi coberta com perfis de aço aparentes e vidro na cor bronze. A construção é simétrica e a repetição de itens construtivos – uma característica marcante da obra de Mies e também considerada uma inovação por muitos autores – foi bastante utilizada dessa vez. Segundo Weston: “No Edifício Seagram, Mies

levou a repetição ao limite e conseguiu com isso algo que beirava o sublime”. (WESTON,

2003, p.118)

Segundo Francis Duffy, o mobiliário instalado no edifício trouxe características do que viria a ser o mobiliário do sistema integrado norte-americano. As mesas já eram dispostas de acordo com o fluxo de comunicação no espaço aberto e grandes salas fechadas e individuais eram utilizadas pelos chefes, de acordo com os interesses dos dirigentes administrativos da empresa.

CAPÍTULO 1: OS ESPAÇOS DE ESCRITÓRIOS

(1) (2)

Edifício Seagram, Nova York – 1954-58 (1) Fachada (2) Planta baixa do pavimento tipo de escritórios

Fontes: (1) GÖSSEL, 1996, p.230 (2) WATSON, 2003, p.119

(3) (4)

Edifício Seagram, Nova York – 1954-58 (3) Sala de gerente individual (4) Área de escritórios

Fonte: (3) e (4) DUFFY, 1997, p.27

Desde as décadas de 1920 e 1930 Mies van der Rohe já produzia projetos para áreas administrativas que desenvolviam uma nova forma de pensar a arquitetura. O arquiteto declarou em 1926 que a arquitetura é “a vontade da época produzida para o

espaço”. (FRAMPTON, 1997, p.282) Assim ele se tornou autor de uma arquitetura

facilmente identificável como sendo sua, principalmente por causa das características marcantes que são repetidas nos edifícios de escritórios até os dias de hoje. Entre elas estão:

1. volumes simétricos, com linhas retas e sem arcos;

2. apoios estruturais aparentes, com perfis de aço padronizados para acabamento; 3. transparência, principalmente através do revestimento de vidro;

CAPÍTULO 1: OS ESPAÇOS DE ESCRITÓRIOS

5. plantas modulares, livres de pilares sempre que possível (com estrutura integrada às paredes na fachada e no interior), áreas de serviço passavam despercebidas e com

Documentos relacionados