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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo ALESSANDRA MARIA CERQUEIRA LIMA HORSCHUTZ

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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo

ALESSANDRA MARIA CERQUEIRA LIMA HORSCHUTZ

Ocupação de Edifícios de Escritórios

Corporativos em São Paulo

O Caso do IBM Tutóia

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Ficha catalográfica

H817o Horschutz, Alessandra Maria Cerqueira Lima

Ocupação de Edifícios de Escritórios Corporativos em São Paulo: O caso do edifício IBM Tutóia / Alessandra Maria Cerqueira Lima Horschutz – São Paulo, 2007.

251f. : il. ; 30 cm.

Dissertação (Mestrado em Arquitetura e Urbanismo) – Universidade Presbiteriana Mackenzie, 2007.

Bibliografia: f. 237-245.

1. Edifício de escritórios. 2. Ocupação de escritórios. 3. Ambiente de trabalho. I. Título.

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ALESSANDRA MARIA CERQUEIRA LIMA HORSCHUTZ

Ocupação de Edifícios de Escritórios

Corporativos em São Paulo:

O Caso do IBM Tutóia

Dissertação apresentada à Universidade Presbiteriana Mackenzie, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Arquitetura e Urbanismo.

Aprovado em __ de ________ de 2007

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr. Rafael Antonio Cunha Perrone Universidade Presbiteriana Mackenzie

Prof. Dr. Wilson Florio

Universidade Presbiteriana Mackenzie

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DEDICATÓRIA

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AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, Paulo e Misé, pelo amor, pela confiança, pelo forte incentivo a todas as minhas escolhas e pela força do exemplo de família, união, dedicação e honestidade. Ao Prof. Dr. Paulo Costa Lima, o tio Joinha que tanto admiro e que foi o grande incentivador deste trabalho.

À querida tia Gaida, responsável por muitas alegrias, obrigada pelo carinho e pelos excepcionais conselhos.

Ao Prof. Dr. Rafael Antonio Cunha Perrone obrigada pela orientação, paciência, carinho, amizade e por me ensinar a ter mais paixão na realização de qualquer trabalho.

À Profª. Drª. Claudia Miranda de Andrade pelo interesse e por compartilhar seu enorme conhecimento sobre o assunto, o qual contribuiu muito para o esclarecimento dos conceitos abordados.

Ao Prof. Dr. Wilson Flório pelo interesse, simpatia e curiosidade sobre este trabalho, além da grande contribuição teórica e bibliográfica.

Ao Prof. Dr. José Geraldo Simões Junior pelo incentivo e esclarecimentos antes do início do curso de Mestrado.

Aos demais professores do curso de Mestrado de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie pelas excelentes aulas e ensinamentos.

Ao Fabio Augusto Almada pelos esclarecimentos e apoio de sempre.

Ao Prof. Dr. Gian Carlo Gasperini pelos esclarecimentos sobre a história do nosso Estudo de Caso, pelas palavras de incentivo e por nos ter presenteado com esse grande ícone da arquitetura paulistana: o edifício IBM Tutóia.

Ao pessoal da A&G, em especial a Darcy, pela disponibilização do material histórico.

Ao pessoal da Escriba, em especial à atenção de Valerie Engelsberg e de Luiz Carlos Batista, que disponibilizaram um ótimo material fotográfico.

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AGRADECIMENTOS

Ao arquiteto Sergio de Faria Coelho de Sousa, responsável pelo meu ingresso neste universo da arquitetura de escritórios e que acreditou e contribuiu com este trabalho desde o início.

Aos funcionários da IBM, que de alguma forma me ajudaram nesta missão, entre eles a arquiteta Fernanda Fujino, que me ajudou a conseguir um excelente material histórico e fotográfico, e a Adriana Salvia pela revisão do texto em inglês.

À grande amiga Carla Basílio Marcelo, que sempre me acompanhou nesta jornada, mesmo quando este projeto ainda era um sonho: sua amizade é única!

À mais nova e grande amiga Aline Nasrala Regino, uma maravilhosa surpresa do curso de Mestrado que me ajudou demais... acima de tudo, obrigada pela amizade.

Aos amigos que torceram por mim de perto, em São Paulo, e aos amigos que torceram por mim de longe, no Rio de Janeiro e em Salvador.

Aos meus queridíssimos irmãos, Paulinho e André, que mesmo sabendo pouco sobre este trabalho sei que torcem muito por mim, sempre!

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RESUMO

RESUMO

(9)

ABSTRACT

ABSTRACT

(10)

SUMÁRIO

SUMÁRIO

Agradecimentos

Resumo

Abstract

Introdução ... 8

1. Os Espaços de Escritórios ... 15

1.1 Escritórios no Século XX e a Tecnologia ... 15

1.2 Escritórios Tayloristas: de 1900 a 1940 ... 22

1.3 Escritórios Panorâmicos e de Planta Livre: de 1950 a 1960 ... 39

1.4 Escritórios das Décadas de 1970, 1980 e 1990 ... 53

1.5 Escritórios do Século XXI ... 59

2. Breve Histórico dos Edifícios de Escritórios em São Paulo ... 65

2.1 O Centro da Cidade: Início do Século XX ... 67

2.2 A Expansão do Centro: de 1950 a 1980 ... 74

2.3 A Mudança dos Bairros Residenciais: de 1970 a 2000 ... 85

2.4 Os Escritórios Contemporâneos: Século XXI ... 95

3. Os Escritórios da IBM ... 108

3.1 A Cultura da Empresa ... 108

3.2 A IBM no Brasil ... 112

3.3 Padrões de Espaço e Conceitos de Ocupação ... 122

3.3.1 Estação de Trabalho para Funcionário ... 128

3.3.2 Estação de Trabalho para Gerente ... 130

3.3.3 Estação de Trabalho para Executivo ... 132

3.3.4 Estação de Trabalho para Call Center ... 133

3.3.5 Estação de Trabalho para Mobility ... 135

(11)

SUMÁRIO

3.4.1 IBM North Castle ... 140

3.4.2 IBM Mount Pleasant ... 142

3.4.3 IBM Armonk ... 144

3.5 Edifícios da IBM no Brasil ... 148

3.5.1 IBM Brasília ... 149

3.5.2 IBM Belo Horizonte ... 152

3.5.3 IBM Pasteur ... 156

3.5.4 IBM CENU ... 158

3.5.5 IBM Água Branca ... 160

4. Estudo de Caso: O Edifício IBM Tutóia ... 163

4.1 Ficha Técnica ... 164

4.2 Concepção do Projeto ... 165

4.3 A Arquitetura ... 174

4.4 A Ocupação ... 178

4.4.1 Em 1970 e 1980 ... 179

4.4.2 Em 1990 e 2005 ... 187

4.5 O Aumento da Densidade e suas Conseqüências ... 216

Considerações Finais ... 229

Bibliografia ... 237

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INTRODUÇÃO

INTRODUÇÃO

Desenho do skyline de São Paulo e seus principais edifícios − 2002

Fonte: www.emporis.com/pt

São Paulo é a cidade que possui a maior diversidade de edifícios de escritórios corporativos no Brasil, tornando-se, por esse motivo, bastante representativa para este setor da arquitetura. Grande parte das empresas, brasileiras ou multinacionais, que possui atividades no país instalaram suas sedes em edifícios localizados na cidade de São Paulo. Um dos objetivos dessas empresas ao construírem edifícios para abrigar suas sedes é de que essas construções e seus interiores representem e fixem sua marca empresarial através da arquitetura, possibilitando, dessa forma, mais um veículo de divulgação. Para isso, essas edificações precisam ser diferentes das demais, inovar para deixar claro ao público em geral que a companhia que ali fixou seu endereço é uma empresa de ponta.

O espaço para a realização do trabalho intelectual é um ambiente que nos últimos dois séculos passou por diversas mudanças, sendo resultado de um processo histórico, conduzido pela força do capital e pelas necessidades tecnológicas, corporativas, sociais e culturais, relativas a cada época e a cada empresa. É nos espaços de escritórios que as empresas acontecem, e a ocupação e a organização desses espaços influenciam diretamente na sua imagem corporativa e no quanto ela é uma organização produtiva e competitiva no mercado em que atua. Como a imagem corporativa de cada empresa também pode ser observada através dos aspectos visuais e organizacionais dos seus escritórios, ela deve ser coerente com os valores da empresa e de sua cultura empresarial.

(13)

INTRODUÇÃO

escritórios que se destacam na sociedade em que estão inseridos pela forma, imponência e ambientes, que trazem conceitos organizacionais inovadores para a época em que são implantados.

O objeto desta dissertação são as transformações pelas quais o edifício da IBM Tutóia passou ao longo dos seus trinta anos de existência, ao avaliar e analisar a relação entre o espaço interno do edifício de escritórios e sua ocupação física, dentro do universo contemporâneo e corporativo dos edifícios de grandes empresas sediadas em São Paulo, até este início de século XXI. Toda a pesquisa irá destacar edifícios de escritórios de uma única empresa e seus espaços de produção, ou seja, ambientes de escritórios e espaços necessários para suportar e auxiliar a realização das atividades nos escritórios. Os edifícios de escritórios da IBM que serão apresentados são considerados um padrão de arquitetura e de ocupação pelo mercado, alguns por terem sido publicados em periódicos e premiados, e também pela empresa, pois são esses os escritórios das matrizes (americana, latino-americana e brasileira) historicamente pioneiros na implantação de novos conceitos de ocupação e organização de espaços, considerados dessa forma escritórios modelo.

O objetivo desta dissertação é estudar os conceitos de ocupação existentes a fim de validar a necessidade de algumas premissas, tais como flexibilidade, funcionalidade, integração dos ambientes, comunicação, padrões de ergonomia e bem-estar, baixos custos das instalações, alta densidade e eficiência. Veremos como foram organizados os espaços de produção dentro dos edifícios de escritórios corporativos paulistanos (edifícios ocupados por uma únida empresa) através de exemplos e de citações de especialistas no assunto. Observaremos as características dos escritórios contemporâneos para melhor identificar as premissas utilizadas nesses projetos – flexibilidade, funcionalidade, integração, comunicação etc. – e verificar quais os resultados positivos e negativos para as empresas e seus funcionários. Este trabalho não tem como objetivo identificar o que é certo ou errado nos padrões de espaço e conceitos de ocupação de uma empresa, principalmente porque esses critérios dependem dos valores culturais e organizacionais de cada instituição. Entretanto, pretendemos apresentar alguns exemplos de escritórios paradigmáticos e mostrar o edifício IBM Tutóia como um modelo de arquitetura de escritórios bem-sucedido. Assim, no estudo de caso do IBM Tutóia, objetiva-se apresentá-lo como um edifício de escritórios construído há quase trinta anos com arquitetura moderna e brutalista1 que

1 Arquitetura Brutalista/ Brutalismo (1945-1960): estilo moderno intransigente, expressado por uma escala

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INTRODUÇÃO

conseguiu sustentar-se por décadas e com diversos tipos de ocupação, chegando aos dias atuais com escritórios de características contemporâneas.

A escolha do tema deve-se ao fato da constatação de que o momento atual é de forte transformação na arquitetura de interiores de escritórios. A produção de novos espaços de escritórios na cidade de São Paulo é grande, basta olhar, por exemplo, o bairro de Vila Olímpia e a região da avenida Engenheiro Luiz Carlos Berrini e constatar a quantidade de novas construções que surgem a cada ano (LOBO, 2005). Também se percebe que além dos fatores sociais e econômicos as gestões empresariais e as novidades em equipamentos tecnológicos vêm contribuindo muito para essas transformações. Há a necessidade de conhecer esse processo, quase espontâneo, para incorporá-lo na melhoria dos projetos de escritórios corporativos, a fim de conceber uma arquitetura coerente com a atualidade. Segundo Tomás Berlanga, as empresas corporativas atualmente têm como objetivo principal aumentar sua produtividade e alcançar um bom desempenho, através da redução de custos de instalações e racionalização dos espaços. Independentemente de onde estejam localizadas, para isso é importante observar que:

“para que tenhamos este resultado final, o comportamento dos espaços deve ser adequado às qualidades ou características de cada tribo. Isso aparece, ou ressurge, na antropologia do trabalho. Profissionais estão se dedicando a estudar o que acontece dentro dos espaços de trabalho sob o ponto de vista da arquitetura, de planejamento, dos aspectos de facility, mas outras caisas estão surgindo. Ainda não no Brasil, mas já está sendo exigido dos space planners e dos facilities que tenham profundo conhecimento de gestão empresarial. Isso significa que não é mais possível projetar um espaço sem o conhecimento do que acontece na empresa”.

(BERLANGA, 2000, p.9)

Ao longo da história, algumas empresas construíram suas sedes em edifícios e regiões específicas, determinadas principalmente por motivos financeiros e econômicos; e fizeram dessa necessidade a oportunidade de melhorar o ambiente de trabalho e chamarem a atenção para si. Outras empresas, apesar de não mudarem de endereço, renovam constantemente seus espaços de escritórios e a infra-estrutura de seus edifícios, a fim de continuarem na direção do crescimento constante – como é o caso do IBM Tutóia.

(15)

INTRODUÇÃO

mudanças na forma de organização interna de escritórios nacionais; mudanças essas que geraram tendências e que foram seguidas pela mesma ou por outras empresas. As organizações pretendem, através de sua imagem, inclusive arquitetônica, fixar sua marca, tanto para seus clientes quanto para seus funcionários. Hoje a organização interna possui uma relevância enorme (talvez até maior que a arquitetura do edifício em si) na capacidade das empresas de se adaptarem às mudanças de mercado.

Para atingir o máximo de produtividade e eficiência, a melhor forma de empregar o capital financeiro é na valorização de espaços mais humanos e, é claro, na remuneração e investimento do conhecimento de seus recursos humanos. Ao mesmo tempo, os interesses das empresas e o surgimento de novas tecnologias geram novas necessidades de trabalho e influenciam na construção e no dinamismo dos edifícios de escritórios. O profissional que se propõe a projetar o espaço corporativo precisa ter conhecimento da gestão empresarial e estudar cada caso. Com a análise destes aspectos do espaço construído, pretende-se entender a situação brasileira dos escritórios contemporâneos e identificar uma linha de pensamento que está sendo seguida para projetos de interiores de escritórios, na qual vamos observar as principais características: alta densidade de funcionários, baixo custo das instalações, flexibilidade, integração, comunicação e alta tecnologia. Ao fim, esta pesquisa pretende fornecer dados para melhorar a qualidade dos ambientes de trabalho e dos projetos de arquitetura de interiores para espaços corporativos, já que vamos apresentar informações específicas deste setor, algumas provavelmente nunca antes publicadas, como é o caso de algumas características do nosso estudo de caso. Estima-se que estes dados possam servir de base para outras pesquisas acadêmicas, além de auxiliar profissionais da área no desenvolvimento de novos projetos ou no exercício diário de suas funções dentro das empresas.

A transformação dos escritórios descrita acima “...é reveladora do esforço permanente da sociedade em criar formas de organização do trabalho capazes de assegurar com máxima eficiência a gestão de problemas econômicos e sociais cada vez mais complexos e dinâmicos”. (CALDEIRA, nº9, p.1) Para compreender melhor a arquitetura de escritórios, onde e por que ela surgiu, como chegamos à situação atual dos edifícios de escritórios corporativos em São Paulo e observarmos novas tendências, vamos voltar a esse processo histórico e estudar a evolução interna do escritório, como foi influenciada pelas revoluções sociais e trabalhistas, pela técnica e pelas gestões empresariais.

(16)

INTRODUÇÃO

escritórios do século XX e os aspectos tecnológicos que os influenciaram. Em seguida serão destacados conceitos de ocupação dos escritórios, passando pelo taylorismo, escritórios panorâmicos ou de planta livre, até chegarmos ao final do século e percebermos em que cenário começamos o século XXI e como os conceitos de ocupação se adaptaram à realidade empresarial. Com base na compreensão do surgimento de alguns conceitos de ocupação, principalmente nos Estados Unidos e um pouco na Europa, destacaremos exemplos de edifícios de escritórios destinados a uma única empresa, ou que de alguma forma influenciaram a concepção de edifícios de escritórios corporativos em São Paulo. Com foco na ocupação dos espaços de escritórios de ambientes corporativos de edifício ocupados integralmente por uma mesma empresa e por considerar que as corporações investem e determinam objetivos nos ambientes de seus funcionários de acordo com suas necessidades, vamos verificar o que está acontecendo na atualidade dentro desses escritórios e como os conceitos apresentados influenciaram os escritórios atuais.

No capítulo 2 daremos ênfase ao surgimento de edifícios de escritórios de uma única empresa na cidade de São Paulo, que foi escolhida para o estudo comparativo da história desses edifícios devido à rápida expansão econômica e comercial ao longo do século XX, o que a transformou em pioneira na implantação neste tipo de edificação no Brasil, sendo que até hoje a cidade se mantém como o grande centro de negócios do país. Para apresentar a trajetória da construção dos edifícios de escritórios corporativos, dividiremos a cidade em sete regiões − Centro, avenida Paulista, avenida Faria Lima, Chácara Santo Antônio, avenida Engenheiro Luiz Carlos Berrini, Vila Olímpia e Marginal Pinheiros −, consideradas pólos de negócio que surgiram ao longo das décadas em função de conceitos históricos que observaremos nesse capítulo. Caso a caso, vamos observar como surgiram e se proliferaram em São Paulo os edifícios de escritórios ocupados por uma única empresa, mostrando alguns exemplares, seus aspectos empresariais e históricos, assim como alguns conceitos de ocupação que influenciaram essas construções, a fim inserir o edifício no estudo de caso no contexto regional.

No capítulo 3, para entender os critérios que IBM utilizou em suas construções, demonstraremos a importância que a cultura da empresa2 confere ao design e à arquitetura

do ambiente de trabalho3. Será apresentado um relato da história da empresa no Brasil com

foco na construção de seus edifícios, nos padrões de espaço e os conceitos de ocupação

2

Cultura da empresa: são os valores e padrões de comportamento que a instituição determina como corretos e que devem ser seguidos por seus funcionários.

3

(17)

INTRODUÇÃO

que ela adotou e ainda adota. Na seqüência veremos exemplares de edifícios paradigmáticos da empresa nos Estados Unidos e no Brasil, a fim de explicar e exemplificar seus os padrões de organização de espaço. Vamos também destacar os aspectos relacionados à ocupação destes edifícios que do ponto de vista corporativo representaram inovações para a sua época e que, de alguma forma, foram seguidos no Brasil.

No capítulo 4 temos como estudo de caso o edifício de escritórios corporativos e sede da IBM no Brasil, o edifício IBM Tutóia. Vamos analisá-lo desde a concepção do projeto até os dias atuais, observar alguns critérios arquitetônicos e organizacionais utilizados na época da construção pelo arquiteto e pela empresa, apresentar a distribuição de espaços internos e sua ocupação através de fotos e layouts, especialmente em dois períodos de maiores mudanças: primeiro entre as décadas de 1970 e 1980 e depois na década de 1990 a 2005. Serão empregados os conceitos históricos da época em que o edifício foi projetado e construído, a fim de identificar quais eram os critérios norteadores daquela década e da empresa para sua construção e ocupação. Por fim, observaremos as conseqüências do aumento da densidade na edificação e descreveremos as principais mudanças pelas quais o edifício passou.

Com o rápido surgimento de novas tecnologias e com as mudanças na forma de trabalhar, novas necessidades de tipos de espaços aparecem a todo momento. Hoje podemos trabalhar de qualquer lugar acessando uma rede de dados através de um microcomputador portátil sem fio (já que a bateria destes equipamentos suporta uma carga para manter o equipamento ligado cada vez mais tempo). O ambiente de trabalho pode ser em qualquer lugar, e hoje mais do que nunca as relações sociais e empresariais, a ergonomia do mobiliário, o espaço adaptado para todos e qualquer um são itens que se tornaram premissas para se projetar um escritório. Não podemos prever o futuro, mas ao entender a história recente, estudar suas influências e documentá-la podemos contribuir para o aprimoramento de projetos futuros.

Apesar da localização estratégica e de em muitas referências ser chamado de marco arquitetônico e imponente, ao longo desta pesquisa observamos que especificamente o edifício IBM Tutóia foi um projeto pouco publicado: os dados existentes em revistas e livros se restringem a fotos externas, pouquíssimas do lobby4 de entrada, planta e corte

esquemático. A apresentação mais detalhada da arquitetura, da distribuição do layout no edifício ao longo dos anos e as transformações pelas quais passou nos mostrará um ótimo

4 Lobby: espaço amplo e coberto correspondente à entrada principal do edifício onde geralmente estão

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INTRODUÇÃO

exemplo do que podemos realizar nesta área de arquitetura de interiores de escritórios. Pretende-se concluir que uma boa arquitetura de escritórios é aquela que possui flexibilidade suficiente para se manter durante três décadas de mudanças tecnológicas, empresariais, políticas, econômicas etc.

Para o desenvolvimento desta dissertação foi realizada uma pesquisa bibliográfica e iconográfica: da história de interiores dos escritórios no mundo e da história dos edifícios de escritórios corporativos em São Paulo que foram construídos para serem sede de uma única empresa − ou que sua ocupação principal foi abrigar escritórios de uma mesma empresa. Esta pesquisa foi feita através de livros e revistas especializados em arquitetura de escritórios, dissertações de mestrado sobre o mesmo tema, artigos, periódicos, sites da internet, visitas aos edifícios exemplificados e depoimentos de alguns profissionais que trabalharam nestes projetos.

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CAPÍTULO 1: OS ESPAÇOS DE ESCRITÓRIOS

CAPÍTULO 1: OS ESPAÇOS DE ESCRITÓRIOS

SCRIPTORIUM – Lugar onde eram escritos e iluminados os manuscritos, num mosteiro ou catedral.” (Dicionário de Termos de Arte e Arquitectura, 2005)

Segundo o Dicionário Aurélio, escritório é o lugar onde se faz o expediente relativo a qualquer administração, obra etc., se tratam negócios, se recebem clientes etc. É nesse espaço que o homem exerce funções de leitura e escrita a fim de realizar alguma atividade. O ambiente de trabalho é, portanto, o lugar onde são exercidas funções relacionadas a qualquer empreendimento, que, no caso dos escritórios, é o trabalho administrativo.

Empresas de todo o mundo e de todos os ramos de atividade investem na organização espacial de seus escritórios para que seus funcionários produzam mais e melhor. Para entender a arquitetura dos escritórios, vamos descrever os principais conceitos de organização interna desses espaços, onde, como e por que surgiram, a fim de aplicá-los nesse trabalho e entender como eles influenciaram os escritórios contemporâneos e se continuarão a influenciar nestes espaços no futuro.

Alguns exemplos significativos de edifícios de escritórios destinados a uma única empresa, ou que de alguma forma possam ter influenciado o trabalho do estudo de caso, serão aqui apresentados. Para isso, vamos fazer um breve resumo de como surgiram os escritórios do século XX e os aspectos tecnológicos que os influenciaram.

1.1 ESCRITÓRIOS DO SÉCULO XX E A TECNOLOGIA

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CAPÍTULO 1: OS ESPAÇOS DE ESCRITÓRIOS

O escritório existe, então, desde que o homem criou o móvel de escrivaninha5,

quando esse espaço ainda era bastante individualizado e não havia relação alguma entre o ambiente e a pessoa que o ocupava.

“O termo escritório, assim como bureau, na língua francesa, designa em sua origem etimológica um tipo de móvel – a escrivaninha – inerente a certas atividades ainda hoje ditas “de gabinetes”: atividades de leitura, de escrita, de contabilidade, de cálculo de projeto.” (CALDEIRA, nº9, p.1)

Aos poucos, o homem foi construindo ambientes e edifícios inteiros destinados à função do trabalho administrativo sempre que surgia a necessidade de mudar ou ampliar os espaços em razão de algum fator externo. Na grande maioria das vezes este fator era uma nova ferramenta de trabalho.

No século XIX, as ferramentas que haviam nos escritórios eram, na sua maioria, papéis, canetas, tinteiros e pastas. Os espaços eram caracterizados por grandes mesas escuras onde todos, funcionários ou donos da empresa – somente homens nessa época – trabalhavam no mesmo ambiente. Na medida em que foram surgindo máquinas para auxiliar o trabalho administrativo, os escritórios passaram a sofrer alterações espaciais para receber as novas tecnologias. Primeiro apareceu a calculadora6, mas a grande mudança nos

equipamentos de escritório aconteceu com o surgimento do telefone (1876) e da máquina de escrever7.

Com o telefone, a comunicação a distancia se tornou possível, aumentando conseqüentemente a produtividade nos escritórios, porém as primeiras ligações telefônicas em escritórios ocorreram somente no início do século XX.

5

Escrivaninha: secretária de gavetas secretas com tampo inclinado em forma de carteira. Este móvel é sobretudo flamengo e holandês. Fonte: Dicionário de Termos de Arte e Arquitectura, 2005.

6 Calculadora: instrumento ou dispositivo que realiza cálculos matemáticos.

7 Máquina de escrever: instrumento ou dispositivo mecânico por meio do qual é possível produzir textos em

(21)

CAPÍTULO 1: OS ESPAÇOS DE ESCRITÓRIOS

(1) (2) (3)

Modelos de telefone: (1) Primeira central telefônica – 1917 (2) Magneto de parede – década de1920 (3) Telefone de mesa automático modelo padrão CTB – década de 1940

Fonte: www.anatel.gov.br/BIBLIOTECA/PUBLICACAO/MUSEU_TELEFONE/historia.asp

(4) (5) (6)

Modelos de telefone: (4) Diavox fabricado pela Ericsson – década de 1970 (5) Aparelho de fax fabricado pela Canon – 1988 (6) Telefone celular – 2000

Fontes: (4) e (6) www.anatel.gov.br/BIBLIOTECA/PUBLICACAO/MUSEU_TELEFONE/historia.asp (5) OFFICE: 2001, p.72

As primeiras máquinas de escrever começaram a ser fabricadas pela Remington (1873) e poucos anos depois (1884) o estatístico Herman Hollerith (1860-1929) inventou a Tabuladora Hollerith, “considerada a primeira máquina de processamento de dados8 a ser utilizada para analisar e comparar grandes volumes de informações”. (IBM, 1997, p.3)

Com a máquina de escrever, os trabalhos administrativos passaram a ser realizados de forma mais rápida, ampliando a possibilidade de um trabalhador realizar mais atividades. Isso aumentou a quantidade de profissionais e o fluxo de papéis dentro dos escritórios,

8

(22)

CAPÍTULO 1: OS ESPAÇOS DE ESCRITÓRIOS

abrindo caminho para a contratação de mulheres para exercer, a princípio, funções operacionais – enquanto os homens continuavam a desempenhar funções de chefia.

A IBM foi, e ainda é, uma das grandes fabricantes de máquinas de automação de trabalhos em escritórios. Foi ela que produziu a primeira máquina de escrever elétrica, chamada IBM450, e posteriormente a IBM72, considerada a mais famosa máquina de escrever, devido ao então inovador sistema de esferas, o qual oferecia velocidade na escrita e permitia que documentos fossem datilografados com diferentes tipos de letras.

“A máquina elétrica de contabilidade – a IBM Type 450 , cuja

inovação foi o controle programado de operações, representou, por sua vez, mais um passo na evolução dos equipamentos de escritório.” (IBM, 1997: p.24) “Mas a mais famosa máquina de escrever foi a máquina IBM72, a primeira no mundo a utilizar a esfera de tipos como elemento único de impressão.” (IBM, 1997, p.55)

(1) (2)

Modelos de máquinas de escrever elétricas IBM: (1) Modelo fabricado em 1947 (2) Modelo 12 – 1957

Fonte: Fotos da autora – Máquinas expostas na IBM no espaço Thomas Watson

(3) (4)

Modelos de máquinas de escrever elétricas IBM: (3) Modelo 72 – 1972 (4) Modelo 82 – 1973

(23)

CAPÍTULO 1: OS ESPAÇOS DE ESCRITÓRIOS

Estes foram os primeiros instrumentos mecânicos utilizados no trabalho e em ambientes administrativos do século XX. Com a intenção de mecanizar suas atividades para tornar sua produção mais rápida, as empresas sentiram imediatamente a necessidade de fazer uso desses equipamentos. E a primeira grande conseqüência do surgimento desses instrumentos foi a disposição dos ambientes de trabalho, que começaram a se modificar: o espaço necessário para exercer funções administrativas tornou-se menor, assim como o espaço para arquivamento de papéis.

O uso generalizado destas máquinas (especialmente da máquina de escrever) ocorre no início do século XX, quando principalmente depois da Primeira Guerra Mundial vários fatores contribuíram para o crescimento da força de trabalho administrativo e para o fluxo crescente de papéis. Entre estes fatores destacam-se a Revolução Industrial, com a divisão internacional do trabalho e a conseqüente expansão do setor de serviços; o incremento do comércio e a mudança na escala de produção; o surgimento de novas tecnologias, de novos transportes e novas formas de comunicação; o aumento da concorrência entre as empresas; e por último, mas não menos importante, a inserção definitiva do trabalho feminino nos escritórios, que aumentaram muito a disponibilidade de mão-de-obra trabalhista.

Os primeiros computadores surgiram na década de 1940 nos Estados Unidos e se desenvolveram na década de 1950. Eram grandes processadores de dados, os primeiros eram mecânicos e depois foram se tornando eletrônicos. Entre eles estão os computadores da IBM650, de tamanho mediano para época, e o RAMAC305 (1953), também da IBM, que possuía capacidade de armazenamento de dados muito maior que os demais da mesma época. Ambos ocupavam grandes espaços em áreas fechadas dos edifícios de escritórios.

(1) (2)

Primeiros computadores IBM: (1) Modelo IBM650 – 1953 (2) Modelo RAMAC305 – 1957

(24)

CAPÍTULO 1: OS ESPAÇOS DE ESCRITÓRIOS

A tecnologia de informação mudou bastante durante todo o século XX, especialmente nas décadas de 1980 e 1990, quando a informática teve seu apogeu. O

desktop9 disseminou-se na década de 1980 e a internet começou a se popularizar na

década de 1990 (IBM, 1997); as grandes corporações passaram a requerer redes de computadores para realizar desde os trabalhos mais usuais até os mais complexos.

(1) (2)

Microcomputadores IBM: (1) PC Junior – 1985 (2) PC PS/1 modelo 2011 – 1991

Fonte: Fotos da autora – Máquinas expostas na IBM no espaço Thomas Watson

(3) (4)

Microcomputadores IBM: (3) Laptop PS/2 modelo 8543 L40 SX – 1992 (4) Thinkpad 701 modelo Butterfly – 1995 –- em exposição permanente no Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA) pelo design

Fonte: Fotos da autora – Máquinas expostas na IBM no espaço Thomas Watson

Como conseqüência das constantes transformações da tecnologia, os escritórios sempre precisaram acompanhar as novas tendências, modificando-se, transformando-se para própria sobrevivência das empresas.

9

(25)

CAPÍTULO 1: OS ESPAÇOS DE ESCRITÓRIOS

Equipamentos como telefones, computadores, fax, impressoras etc. são amplamente utilizados em escritórios, e, ao surgirem no mercado, foi preciso adaptar o ambiente de trabalho para recebê-los. Excetuando-se os eletrodomésticos, praticamente todos os outros equipamentos de uso individual são ou podem ser utilizados nos escritórios.

Alguns desses equipamentos trouxeram modificações significativas e definitivas nos ambientes de trabalho, como foi o caso da máquina de escrever e agora do microcomputador.

As novas tecnologias de comunicação também acabaram alterando o local de trabalho, como foi o caso do acesso à internet, à rede de celular, ao acesso à rede de comunicações e telefônica sem fio etc.

(1) (2)

Novas tecnologias: (1) Aparelho telefônico Cisco – 2005 (2) Notebook IBM modelo X41 tablet conversível – 2006

Fontes: (1) Foto da autora (2) www.ibm.com.br

Com todas essas mudanças e com o crescimento populacional nas grandes cidades, o homem começou a sentir a necessidade de se organizar melhor. Inicia-se aí uma certa autonomia entre o desenho da construção de um edifício e o desenho do seu interior, especialmente quando falamos de edifícios de escritórios. Surgem então “doutrinas voltadas para a racionalização e o aumento da eficiência no trabalho fabril e no administrativo”. (CALDEIRA, n°9, p.3)

(26)

CAPÍTULO 1: OS ESPAÇOS DE ESCRITÓRIOS

1.2 ESCRITÓRIOS TAYLORISTAS: DE 1900 A 1940

Frederick Winslow Taylor10 (1856-1915) foi um engenheiro norte-americano

considerado o “Pai da Organização Científica do Trabalho” (TAYLOR, 1990, p.9) por ter contribuído significativamente para o desenvolvimento industrial do século XX ao ter publicado em 1911 o livro Os Princípios de Administração Científica (HARVEY, 1989, p.36). A partir de estudos baseados na sua vivência em fábricas, Taylor descreve nesse livro o conceito para Teoria da Administração Científica, que passou a ser chamado simplesmente de taylorismo.

Através de métodos científicos de observação e experimentação, o taylorismo determinou princípios que previam melhores condições de rendimento do trabalho através do aumento da produtividade dos operários. Para isso era essencial executar o planejamento do trabalho a fim de separá-lo entre funções a serem exercidas e determinar: qual a tarefa a ser executada, como e onde seria realizada, quem exerceria cada função e por fim qual a finalidade de cada trabalho e de cada função.

A importância dessa obra é citada por diversos autores. Entre eles Pavel Gerencer descreve a “Vida e Obra de Taylor” no prefácio da edição brasileira e cita que:

“Com a obra de Taylor, a produção econômica recebe uma base nova. Tentou reduzir cada arte manual, ou ofício, a movimentos elementares que pudessem ser exatamente cronometrados, descritos e ensinados a qualquer pessoa”. (TAYLOR, 1990, p.16) Já David Harvey define Os Princípios de Administração Científica da seguinte forma:

“(...) um influente tratado que descrevia como a produtividade do trabalho podia ser radicalmente aumentada através da decomposição de cada processo de trabalho em movimentos componentes e da organização de tarefas de trabalho fragmentadas segundo padrões rigorosos de tempo e estudo do movimento”.

(HARVEY, 1989, p.121)

10

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CAPÍTULO 1: OS ESPAÇOS DE ESCRITÓRIOS

De acordo com o arquiteto brasileiro Vasco Caldeira, o taylorismo se tornou o principal conceito que norteou a organização do trabalho durante quase meio século. Para Caldeira, esta concepção define um tipo de escritório de grande porte, localizado em um ambiente separado da fábrica e com critérios de organização espacial bastante rígidos que lembram uma linha de montagem industrial como: a segregação espacial para reafirmar a hierarquia, a padronização do mobiliário e a rigidez dos layouts para assegurar disciplina e um processo de trabalho linear.

“Os funcionários formam equipes cujos membros cooperam na execução de uma tarefa global. Não há lugar para a iniciativa individual e os procedimentos de trabalho começam a ser padronizados. Definem-se os tempos ideais para a execução não apenas de cada tarefa, mas de cada gesto: datilografar uma letra, escrever um algarismo, abrir pasta, levantar-se da cadeira, abrir gaveta etc. É instituído o relógio de ponto.” (CALDEIRA, nº 9, p.3) Naquela época – início do século XX – as empresas já eram formadas por organismos burocráticos, ou seja, eram administradas por funcionários sujeitos a hierarquia, rotina e regulamentos inflexíveis. Segundo Cláudio Amaral, o taylorismo aumenta a burocracia, e monta um esquema hierárquico rígido e autoritário:

“O funcionário é desqualificado tecnicamente, sua função é tarefista, executa ordens, operacionaliza ordens superiores. Não existe a preocupação quanto à qualidade do ambiente de trabalho para o funcionário (...). O gerente é ausente do recinto, isolado numa sala fechada, atuando como único ser pensante do departamento. Os supervisores atuam como fiscais, que policiam a velocidade preestabelecida pela gerência ao andamento do trabalho.”

(AMARAL,1987, p.243)

Na mesma época em que o taylorismo surgiu, outros importantes estudos e conceitos de administração começaram a aparecer e a provocar grandes transformações socioeconômicas, além de modificar a forma de organização espacial das indústrias e das empresas com escritórios administrativos. Entre eles vamos destacar dois, em ordem cronológica.

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CAPÍTULO 1: OS ESPAÇOS DE ESCRITÓRIOS

sua finalização, quais as etapas e quais empregados executariam cada função em cada fase. Schulze observou o desenho do fluxo, a duração das etapas de trabalho, as ferramentas utilizadas e as funções necessárias. Através desse estudo ele institui a noção de módulo espacial11 no ambiente do escritório, considerando também as primeiras bases

do conceito de ergonomia (muito diferente do que é hoje). A padronização do layout era sinônimo de eficiência no trabalho: um escritório que fosse planejado com uma coordenação modular seria mais facilmente implantado, e esta modulação espacial seria condição fundamental para a industrialização da produção dos itens do escritório. Pela primeira vez o ambiente e o mobiliário eram pensados e dispostos de acordo com a escala humana12,

levando em consideração: padrões ergonômicos, dimensões dos móveis e salas, disposição dos equipamentos e utensílios de trabalho, disposição de peças decorativas (luminárias, ventiladores etc.) e das peças arquitetônicas (janelas, portas etc.), cores de acabamentos e materiais de revestimento e tudo mais que pudesse ser padronizado.

A importância do estudo de Schulze está principalmente na introdução do módulo espacial com base na escala humana. Segundo Harvey “quanto mais unificado o espaço, tanto mais importantes se tornam as qualidades das fragmentações para a identidade e a ação sociais”. (HARVEY, 1989, p.246)

O segundo conceito de administração é o fordismo, que foi baseado em inovações tecnológicas e organizacionais conseqüentes das mudanças que Henry Ford13 (1863-1947)

introduziu em suas linhas de produção na indústria automobilística em Dearbon, Michigan, EUA – o que ocorreu dois anos após Taylor publicar seu mais famoso livro (HARVEY, 1989, p.36) – e fundamentadas em tendências bem estabelecidas na época. Em 1914, Henry Ford estipulou: o dia de oito horas de trabalho a seus operários (HARVEY, 1989, p.121); várias etapas de fabricação foram distribuídas na linha de montagem e cada empregado teria uma função específica. O trabalho que se tornou repetitivo e cansativo também era bem remunerado.

11

Módulo espacial: no escritório é a unidade dimensional padrão na qual se baseiam as dimensões de todos os elementos do escritório. Exemplo: o quadrado de 1,25m x 1,25m é o módulo dimensional mais adotado atualmente, e por isso luminárias, forros, esquadrias, entre outros elementos, possuem dimensões compatíveis com esta medida.

12 Escala humana: tamanho e proporção de um elemento de edificação ou um espaço, artigo ou móvel em

relação às dimensões estruturais ou funcionais do corpo humano. Fonte: Dicionário Ilustrado de Arquitetura, 2006.

13

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CAPÍTULO 1: OS ESPAÇOS DE ESCRITÓRIOS

Os avanços oferecidos pelo fordismo foram seguidos pelas empresas concorrentes, o que causou um avanço nos setores diretamente relacionados com a fabricação de automóveis: fornecedores de peças, de revendedores e oficinas de reparos; postos de gasolina e estradas asfaltadas se multiplicaram. Para Ford, a espacialização do tempo podia acelerar processos sociais e aumentar as forças produtivas, principalmente quando houvesse uma organização racional do espaço e do tempo. Segundo Harvey, o fordismo

“(...) fragmentou tarefas e as distribuiu no espaço, a fim de maximizar a eficiência e minimizar a fricção do fluxo produtivo. Com efeito, ele usou certa forma de organização espacial para acelerar o tempo de giro do capital produtivo”. (HARVEY, 1989, p.242)

Mas foi o taylorismo que trouxe as maiores mudanças e avanços nas formas como o espaço era planejado dentro das fábricas e dos escritórios: através da divisão do trabalho em funções – gerência, executores, controladores etc. – foi preciso que cada trabalhador

ocupasse um determinado espaço para exercer sua função. Por esse motivo, a seguir vamos destacar as principais características dos escritórios tayloristas.

1. Existe uma clara divisão espacial entre o trabalho manual – aquele que demanda esforço físico do trabalhador – e o trabalho intelectual – aquele que demanda esforço do raciocínio e da inteligência do trabalhador.

2. A hierarquia também é facilmente observada no espaço: funcionários com funções gerenciais ocupam espaços fechados e individuais, enquanto funcionários dos escalões inferiores ocupam um espaço único e conjunto.

3. O espaço do gerente é isolado dentro de quatro paredes, para poder ter privacidade de planejar e policiar o trabalho de seus funcionários.

4. O espaço destinado aos funcionários é organizado com mesas individuais e idênticas, dispostas como salas de aula.

5. No mesmo espaço destinado aos funcionários existem mesas de supervisores dispostas conforme a mesa de um professor em sala de aula e em locais onde fosse possível vigiar as tarefas dos demais.

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CAPÍTULO 1: OS ESPAÇOS DE ESCRITÓRIOS

Para os escalões superiores houve duas vertentes regionalistas. No modelo norte-americano, os chefes ocupavam salas semi-envidraçadas e privativas dispostas ao longo do perímetro do grande salão taylorista, onde estavam os funcionários. Já no modelo europeu, o grande salão dos funcionários encontrava-se totalmente separado dos corredores que abrigavam as pequenas salas individuais dos chefes. As demais características se repetem nos dois modelos, norte-americano e europeu, inclusive e principalmente com relação aos privilégios espaciais oferecidos à gerência e à alta gerência, que sempre ocupam os pavimentos superiores dos edifícios e os locais com melhor vista da paisagem.

Foi nos escritórios tayloristas que pela primeira vez se pensou e foram implantadas nas áreas auxiliares aos escritórios alguns espaços de suporte, como banheiros privativos, salas de reuniões, elevadores e controles de acesso de pessoas aos escritórios. Alguns desses espaços foram conseqüência não só do taylorismo, mas principalmente do avanço tecnológico das edificações da época.

“Existência de facilidades privativas (banheiros, elevadores, salas de reuniões) e do controle do acesso de pessoas são expedientes atualíssimos de um sistema de premiação hierárquica originado nos primórdios do escritório taylorista, e contemporâneo da especialização funcional e do advento dos organogramas.”

(CALDEIRA, nº 9, p.3)

(1) (2)

(1) Interior de escritório como extensão da planta industrial (2) Escritórios com administração taylorista

Fontes: (1) CALDEIRA, n°9, p.4 (2) AMARAL, 1987, p. 243

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CAPÍTULO 1: OS ESPAÇOS DE ESCRITÓRIOS

importantes heranças que refletiram na arquitetura dos edifícios e que tiveram conseqüências para os interiores dos escritórios. Nesta época, a história da cidade de Chicago, nos Estados Unidos, possuía grandes exemplos que contribuíram significativamente para as mudanças e novos conceitos de construção de edifícios.

Em 1871 (FRAMPTON, 1997, p.54) Chicago perdeu várias de suas construções em um grande incêndio e teve que ser reconstruída; como conseqüência profissionais da construção civil aprimoraram as técnicas de construção dos diversos edifícios. Por isso, no final do século XIX arquitetos de Chicago, como Louis Henry Sullivan (1856-1924) e Dankmar Adler (1844-1900), “não tinham outra escolha senão dominar modos de construção avançados, se quisessem continuar ativos” (FRAMPTON, 1997, p.54). A cidade aos poucos foi sendo reconstruída e com ela surgiram novas técnicas de construção e novas invenções; e como decorrência aparecem os primeiros edifícios altos em estrutura de aço e de concreto armado.

Após a Revolução Industrial, o final do século XIX fica marcado por diversas invenções que facilitaram o surgimento dos arranha-céus e permitiram o funcionamento dos escritórios como os conhecemos hoje em dia. Entre elas estão: a difusão do aço (1856), que permitiu construir novas máquinas mais eficientes; a utilização da eletricidade como força motriz (1869); as invenções do telefone (1876), da lâmpada elétrica (1879) e do elevador (1887). (BENEVOLO, 2003, p.615-616)

”O edifício comercial de grande altura surgiu da pressão do preço dos terrenos; o preço dos terrenos da pressão populacional; a pressão populacional, da pressão externa... Mas um edifício de escritórios não podia erguer-se além da altura praticável por escada sem um meio de transporte vertical. Assim a pressão chegou ao cérebro do engenheiro mecânico, cuja imaginação criadora e cujo esforço diligente criaram o elevador de passageiros...” Texto de Louis Sullivan em The Autobiography of an Idea (A Autobiografia de uma Idéia), de 1926. (FRAMPTON, 1997, p.54)

Veremos que o surgimento de algumas dessas tecnologias possibilitaram determinados avanços nas construções: que se tornaram mais altas, com fachadas livres da função estrutural, ampliaram o vão de abertura para maior entrada de iluminação natural nos ambientes internos, aumentaram a área útil da laje etc.

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CAPÍTULO 1: OS ESPAÇOS DE ESCRITÓRIOS

Considerado), que reflete como o surgimento do edifício de escritórios foi inevitável naquela época em Chicago, e que de lá até os dias atuais eles são essenciais por se tratar de lugares indispensáveis para transações e atividades de negócios. Até então, a arquitetura era considerada uma arte para edificar residências.

“The architects of this land and generation are now brought face to face with something new under the sun namely, that evolution

and integration of social conditions, that special grouping of them, that results in a demand for the erection of tall office buildings (…) the design of the tall office building must be recognized and confronted at the outset as a problem to be solved.” (SULLIVAN, 1896). (Os arquitetos dessa terra e dessa geração são trazidos agora, cara a cara, para alguma coisa nova sob o sol – a saber, que a evolução e a integração das circunstâncias sociais, especialmente agrupadas, resultam em uma demanda para o erguimento de edifícios de escritório altos (...) o projeto do edifício de escritório alto deve ser reconhecido e encarado como um problema a ser resolvido.)

O engenheiro William Le Baron Jenney (1832-1907), formado pela Escola Politécnica de Paris, foi o primeiro a utilizar o aço nas estruturas dos edifícios de Chicago, e por isso foi um dos pioneiros na construção de arranha-céus (FRAMPTON, 1997, p.53). Ele desenvolveu um processo que permitiu aumentar a altura do edifício sem sobrecarregar os pilares inferiores, além de possibilitar a abertura de amplas janelas que viriam a trazer mais iluminação aos ambientes internos.

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CAPÍTULO 1: OS ESPAÇOS DE ESCRITÓRIOS

(1) (1) Edifício Leiter, Chicago – 1885 – Fachada

Fonte: (1) BENEVOLO, 2003, p.617

Em 1900 Frank Lloyd Wright14 (1867-1959) já havia se firmado como arquiteto de

residências. Entretanto, de acordo com Kenneth Frampton, ao projetar o edifício de escritórios Larkin Building entre 1902 e 1906 (WESTON, 2003, p.26), localizado em Buffalo, Nova York, para Darwin D. Martin, dono da companhia postal Larkin Mail Order Co., Wright surge com um estilo mais maduro.

Segundo Frampton, Wright inovou em diversas etapas no projeto do edifício Larkin: utilizando articulações quadriculadas em volta de um vazio central, o que permite que o edifício tenha um só espaço interno com iluminação superior e galerias servidas de escadas em cada canto; foi um dos primeiros edifícios de escritórios com ar-condicionado que esfriava e aquecia o ambiente – sistema central de renovação e climatização de ar com dutos embutidos na alvenaria e grelhas de insuflação e retorno; nos cantos do edifício, quatro torres solucionaram as circulações verticais e outros serviços e facilidades; foi o primeiro projeto a utilizar shafts contendo as instalações elétricas e hidráulicas.

Sobre sua ocupação, a inovação do projeto Larkin é igualmente grande: a arquitetura do edifício permitia que todos os funcionários trabalhassem juntos em um só ambiente, sem espaços privados ou fechados. No centro do edifício, no pavimento térreo, ficavam os funcionários do baixo escalão, e ao redor, nos quatro pavimentos superiores que formavam as galerias abertas para o vão central no térreo, localizavam-se as salas privativas dos funcionários do alto escalão. Essa inovação arquitetônica é totalmente baseada no modelo de escritórios taylorista, com espaços rígidos que privilegiam a hierarquia.

14

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CAPÍTULO 1: OS ESPAÇOS DE ESCRITÓRIOS

Wright desenhou não somente o edifício, mas todo o mobiliário, que foi feito de aço especialmente para esses escritórios. As mesas e as cadeiras foram desenhadas levando-se em consideração a função exercida pelo profissional que iria utilizá-las. O arquivamento era feito em armários, também de aço, dispostos lado a lado e localizados no perímetro da construção.

“Os armários para arquivos, por exemplo, foram erguidos do piso – para facilitar a limpeza e não interromper a continuidade do espaço – e embutidos nas paredes sob as aberturas voltadas para o átrio e sob as janelas que davam para o exterior.” (WESTON, 2003, p.26) Foi o primeiro exemplo fora de Chicago que integrou projeto de arquitetura, design

de ambientes e instrumentos de trabalho.

“Seu objetivo, como o de muitos de seus contemporâneos europeus, era a consumação de um ambiente total, abrangendo e afetando toda a sociedade. (...) Isso em parte também explica a decepção de Wright quando, tendo desenhado o mobiliário do escritório de Larkin, não lhe foi permitido redesenhar os telefones. É essa mesma intenção que embeleza a entrada do edifício (...). O mesmo espírito idealista se manifesta no desgosto de Wright diante das mudanças feitas no Larkin Building ao longo de seu uso cotidiano.” (FRAMPTON, 1997, p.66)

(1) (2)

Edifício Larking, Buffalo – 1902-1906 (1) Fachada (2) Interior: vazio central com funcionários trabalhando

(35)

CAPÍTULO 1: OS ESPAÇOS DE ESCRITÓRIOS

(3) Edifício Larking, Buffalo – 1902-1906 (3) Cópia da planta tipo com layout

Fonte: ZEVI, 1995, p.64

(4) Edifício Larking, Buffalo – 1902-1906 (4) Planta baixa do pavimento térreo

Fonte: WETSON, 2003, p.27

(5) Edifício Larking, Buffalo – 1902-1906 (5) Planta baixa do 1º pavimento

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CAPÍTULO 1: OS ESPAÇOS DE ESCRITÓRIOS

(6) Edifício Larking, Buffalo – 1902-1906 (6) Planta baixa do 2º pavimento

Fonte: WETSON, 2003, p.27

(1) (2)

Edifício Larking, Buffalo – 1902-1906 – Mobiliário de aço especialmente desenhado para esses escritórios (1) Escritório de diretores (2) Área de escritórios no pavimento térreo

Fonte: (1) e (2) TASCHEN, 1994, p.60

A obra de Wright, além de inovadora, serviu de exemplo e influenciou muitos outros arquitetos.

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CAPÍTULO 1: OS ESPAÇOS DE ESCRITÓRIOS

Segundo Weston e Frampton, o arranjo de armários em baixo das janelas utilizado no projeto do edifício Larkin foi o precedente para Mies van der Rohe15 (1886-1969) ao

projetar o Edifício de Concreto para Escritórios em Berlim em 1922. Neste projeto, uma estrutura de concreto, executada em balanço, rodeava cada pavimento e formava uma cavidade interna que era utilizada como espaço para arquivos e armários. Na parte de cima desta estrutura uma parede de vidro circulava cada pavimento, e os pilares foram inseridos a 4m da fachada, permitindo a entrada de iluminação natural em todo os pavimentos dos escritórios.

Nessa mesma época, em 1921, Mies havia participado de um concurso na Friedrichstrasse, em Berlim, com o projeto de um edifício de escritórios que utilizou somente o vidro como revestimento da fachada e, segundo Frampton, de forma “ondulada e convexa”. Era a primeira vez que o vidro era utilizado dessa forma. Segundo o próprio autor:

“Coloquei as paredes de vidro separadas por um ligeiro ângulo para evitar a monotonia das superfícies de vidro de grandes dimensões. (...) À primeira vista, o traçado curvo do projeto parece arbitrário. Essas curvas, porém, foram determinadas por três fatores: iluminação suficiente do interior, massa do edifício a partir da rua e, por último, o jogo dos reflexos.” (FRAMPTON, 1997, p.194-195).

(1) (2)

(1) Edifício de Concreto para Escritórios, Berlim – 1922 – Desenho em carvão da fachada (2) Projeto para prédio de escritórios na Friedrichstrasse, Berlim – 1921

Fontes: (1) BLASER, 1996, p.16-17 (2) FRAMPTON, 1997, p.194

15 Ludwig Mies van der Rohe: nasceu em 29 de março de 1886 em Aachen, na Alemanhã. Trabalhou muito em

(38)

CAPÍTULO 1: OS ESPAÇOS DE ESCRITÓRIOS

A obra de Mies van der Rohe sofreu forte influência de Frank Lloyd Wright após 1923 (FRAMPTON, 1997, p.195). Entretanto, a grande diferença entre as obras desses dois grandes arquitetos ao projetarem espaços de escritórios está na utilização da iluminação nos ambientes internos.

Mies cada vez mais utiliza o vidro como acabamento externo de toda a construção e elimina o pilar marcante na fachada, proporcionando uma grande claridade natural ao ambiente de trabalho.

“O edifício de escritórios é uma casa de trabalho (...) de organização, claridade e economia. Salas de trabalho luminosas, amplas, fáceis de supervisionar, divididas apenas da maneira que o exijam as funções específicas. O máximo efeito com o mínimo dispêndio de meios. Os materiais são concreto, ferro e vidro.” (Mies Van der Rohe, in FRAMPTON, 1997, p.195)

Enquanto isso, Wright cria ambientes herméticos, com recursos de iluminação artificial bastante marcantes.

“Frank Lloyd Wright propõe uma nova forma de unidade entre o espaço interior e o aspecto geral do edifício ao estabelecer a realidade vivencial (uso e valor simbólico) dos ambientes como ponto de partida de seus projetos. (...) os materiais locais são incorporados à decoração e ao próprio mobiliário, buscando estabelecer, com o meio, vínculos funcionais e significantes.“ (CALDEIRA, nº8, p.4) Wright continua durante muitos anos sendo um inovador na arquitetura de escritórios. Entre 1936 e 1939 ele projeta o Edifício Administrativo da Johnson Wax (WESTON, 2003, p.82), em Racine, no estado de Wiscounsin, nos EUA, onde continua adotando um partido similar ao edifício Larkin, que também está calcado no conceito taylorista.

(39)

CAPÍTULO 1: OS ESPAÇOS DE ESCRITÓRIOS

vidro, o que proporciona claridade a todo o ambiente dos escritórios. Segundo Weston, este foi um dos primeiros edifícios de escritórios a possuir algumas instalações comunitárias, como a quadra de esportes e o auditório para 250 lugares.

“Planejado, provavelmente, para reuniões, palestras e exibição de filmes, o auditório foi colocado no nível do mezanino e, para marcar sua importância social, ocupava uma posição axial central em relação à ‘catedral’ do trabalho adjacente.” (WESTON, 2003, p.82). Segundo Frampton, nesse projeto Wright utiliza muito as formas orgânicas, observadas na forma do edifício, nas colunas com capitel e em todo o mobiliário.

Ainda em fase de projeto, em 1937, Wright se uniu à empresa Steelcase16, de

móveis para escritórios, e idealizou todo o mobiliário para o edifício Johnson Wax, incluindo a mesa metálica com cantos arredondados, chamada deoval shaped desk (mesa em forma oval). Novamente o mobiliário é disposto de forma rígida em fileiras, conforme determinava o taylorismo.

(1) (2)

Edifício Administrativo Jonhson Wax, Racine – 1936-1939 (1) Fachada (2) Interior do átrio central e mezanino

Fonte: (1) e (2) WESTON, 2003, p.82

16

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CAPÍTULO 1: OS ESPAÇOS DE ESCRITÓRIOS

(3) (4)

Edifício Administrativo Jonhson Wax, Racine – 1936-1939 (3) Detalhe da iluminação no forro (4) Saguão de entrada e hall de elevadores

Fontes: (3) www.greatbuildings.com (4) TASCHEN, 1994, p.142

(5) Edifício Administrativo Jonhson Wax, Racine – 1936-1939 (5) Layout com a disposição original das estações de trabalho

Fonte: (5) DUFFY, 1997, p.25

(6) (7)

Edifício Administrativo Jonhson Wax, Racine – 1936-1939 (6) Planta baixa pavimento térreo (7) Planta baixa mezanino

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CAPÍTULO 1: OS ESPAÇOS DE ESCRITÓRIOS

(8) (9)

Edifício Administrativo Jonhson Wax, Racine – 1936-1939 (8) Oval shaped desk (9) Sala de reunião

Fontes: (8) www.steelcase.com (9) TASCHEN, 1994, p.144

Segundo Amaral, após a Primeira Guerra Mundial, o modelo taylorista entra em crise devido ao aumento da produção de maquinário fabril e de escritórios, o que exige que o funcionário do escritório opere uma máquina, o que o transforma “em controlador da produção, ao invés de produtor direto”. (AMARAL, 1987, p.243) Tem início, então, a automatização das empresas e com isso elas começam a utilizar mecanismos automáticos, quase sem nenhuma interferência do homem para controlar seus negócios.

Para operar as novas tecnologias, as empresas necessitavam de maior interação entre funcionários de diferentes níveis hierárquicos e de maior qualificação técnica. A conseqüência dessa automação é que as empresas não conseguem mais manter a hierarquia linear do taylorismo, com toda sua rigidez no fluxo de informações.

“A era pós-industrial, período que se segue após a Primeira Guerra, inaugura uma fase de abundância e alta produtividade, levando a mudanças nas formas administrativas. É o princípio da automação nas fábricas e escritórios.” (AMARAL, 1987, p.243)

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CAPÍTULO 1: OS ESPAÇOS DE ESCRITÓRIOS

Segundo Amaral, a Escola das Relações Humanas influenciou bastante o surgimento de novas tendências administrativas, incluindo o trabalho do behaviorista17 Douglas

McGregor iniciado em “1957 e culmina com o livro O Lado Humano da Empresa(AMARAL, 1987, p.243) – que também é mais uma crítica ao modelo taylorista. McGregor estimula: o trabalho em equipe, a participação criativa, a auto-satisfação de seus funcionários como estímulo ao trabalho e à responsabilidade. Ele procura

“por intermédio de estímulos, adaptar o indivíduo ao meio, sem transformar o meio. O escritório é um desses estímulos, na medida em que ele dá suporte operacional a essa nova fórmula gerencial. Ao se tirar o gerente da sala fechada e localizá-lo no meio de seus funcionários, está se pretendendo adotar uma postura democrática, onde o poder hierárquico fica diluído. Os funcionários ficam dispostos em formação de equipes, respeitando a conotação de que o trabalho é grupal e não individual”. (AMARAL, 1987, p.244)

Essa forma de pensar a administração impulsiona o aparecimento de uma nova forma de organização espacial: o escritório panorâmico.

1.3 ESCRITÓRIOS PANORÂMICOS E DE PLANTA LIVRE: DE 1950 A 1960

Em meio ao cenário da crise do modelo taylorista, juntamente com uma nova psicologia social, nas décadas de 1950 e 1960 começa-se a ouvir falar no escritório

landscape, ou open office18, ou ainda escritórios panorâmicos. Esse conceito é a base do

conceito de escritório que conhecemos hoje, e foi a partir daí que os espaços internos dos edifícios de escritório passaram a receber maior atenção – antes as preocupações maiores estavam voltadas para a solução de problemas técnicos e para o surgimento de novas formas arquitetônicas.

Alguns defensores do escritório panorâmico identificavam a seguir quatro aspectos inovadores, em comparação às formas de ocupação anteriores:

17

(43)

CAPÍTULO 1: OS ESPAÇOS DE ESCRITÓRIOS

1. “era um trabalho em equipe que atendia às exigências e à crença do movimento behaviorista;

2. era uma forma de fazer frente às necessidades futuras, já que muitas mudanças estavam acontecendo no contexto social e econômico;

3. acreditavam que possibilitaria melhoras organizacionais e no próprio desenho do edifício;

4. acreditavam que poderiam criar regras concretas para o desenho do edifício, baseadas nas modernas teorias organizacionais”. (SAMPAIO, 2003, p.48)

O escritório panorâmico foi pela primeira vez apresentado em Hamburgo, na Alemanha, pelos irmãos Eberhard e Wolfgang Schenelle da empresa de consultoria administrativa Quickborner Team. Vários estudos foram realizados antes de implementá-lo e para isso se basearam na Escola das Relações Humanas de Elton Mayo. O objetivo do escritório alemão era aliar tecnologia aplicada à concepção dos edifícios, introduzindo sistemas e mobiliário que permitissem ambientes de escritórios mais confortáveis, integrados e adequados à produção intelectual. Posteriormente surgiu nos Estados Unidos o sistema de mobiliário integrado para escritórios, através da empresa moveleira Herman Miller19 (veremos mais detalhes à frente).

Os layouts eram formados por mais de um tipo de local de trabalho, distribuídos de forma modular e “segundo uma malha hexagonal que permitia a configuração de células semi-isoladas à imagem de colméia”. (CALDEIRA, nº9, p.7). Nesse tipo de ocupação espacial, os departamentos funcionam como equipes de trabalho e a disposição final do mobiliário no espaço está diretamente relacionada com o fluxo de informações, por essa razão esse é um layout tipicamente orgânico – que às vezes chega a parecer caótico.

A seguir vamos destacar as principais características dos layouts dos escritórios panorâmicos:

18 Landscape: é o escritório paisagem. Open office é o escritório aberto. Ambos são termos em inglês que

significam e nomeiam o escritório panorâmico.

19 Herman Miller: empresa de fabricação de mobiliário para escritórios. Fundada em 1923, em Michigan, EUA,

(44)

CAPÍTULO 1: OS ESPAÇOS DE ESCRITÓRIOS

1. os espaços de trabalho são totalmente abertos, sem barreiras visuais e físicas (paredes, circulações etc.) entre diferentes departamentos ou entre chefes e subordinados;

2. a segregação hierárquica permanece de forma sutil, apesar de parecer diluída pelo convívio em um mesmo espaço de chefes e chefiados;

3. o espaço dos funcionários é organizado em ilhas multifuncionais20, de acordo com a

complementaridade de suas tarefas e com a necessidade de trabalharem em equipe; 4. o espaço do gerente é localizado junto ao de seus subordinados;

5. o arquivamento é diferenciado entre os modelos europeu e norte-americano: no esquema alemão os armários são centralizados e no norte-americano os armários são distribuídos no espaço vertical dos painéis e dentro de cada departamento;

6. era usual a existência de áreas destinadas ao uso comum, como salas de estar isoladas e salas de reuniões (fechadas ou integradas no espaço aberto);

7. a utilização de plantas ornamentais e obras de arte eram comuns e deixavam o ambiente mais humano e informal.

O conceito foi amplamente difundido na Alemanha, porém em outros países europeus ainda predominava a rigidez hierárquica do taylorismo. Especificamente no modelo europeu a típica distribuição do layout era organizada da seguinte forma:

1. as ilhas multifuncionais possuíam mobiliário composto por mesas autoportantes retangulares, ou em forma de “L”, dispostas conforme a necessidade do fluxo de informações;

2. os painéis eram utilizados como biombos que dividiam os departamentos;

3. dentro dos departamentos não existiam divisórias separatórias entre funcionários;

4. os gerentes utilizavam salas fechadas para a gerência (principalmente até a década de 1970);

20

Referências

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