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CAPÍTULO II Organização, distribuição e institucionalização da

3. A esfera de atuação dos CCBs e ICs

Os textos de apresentação da RBEx, reunidos no quadro 1, indicam que as ações dos CCBs e dos ICs abrangem diversas outras além daquelas relacionadas ao ensino de língua portuguesa. Com efeito, os sites dos diferentes CCBs e ICs, bem como textos relativos à sua atuação, mostram o leque de atividades por eles desenvolvidas. Esse é o caso do recorte abaixo, referente a um artigo escrito por Tiago de Oliveira Pinto, ex-diretor do antigo Instituto Cultural Brasil-Alemanha (ICBRA):

Além dos cursos de português do Brasil, o ICBRA tem, portanto, realizado uma vasta gama de atividades de promoção cultural

e científica do Brasil. Resumindo, nestes últimos quatro anos o

ICBRA organizou centenas de eventos sobre a cultura brasileira, incentivando também o intercâmbio e o entendimento entre o Brasil e a Alemanha. Ressaltam-se aqui alguns números: foram realizadas 26 exposições de arte com 147 artistas, 21 leituras com 27 escritores, 29 palestras e simpósios com 111 palestrantes, 13 mostras de cinema brasileiro com 72 filmes (curtas, longas e documentários) e 35 vídeos. Houve ainda 5 festivais brasileiros com várias bandas e grupos regionais, além de concertos entre clássicos e populares, com ou sem orquestra; apresentações de teatro e dança. Em seu programa de publicações, o ICBRA promoveu 13 lançamentos inéditos entre CDs, livros e catálogos. Nos cursos de língua portuguesa, elemento essencial para a divulgação da cultura brasileira, até meados de 1999 passaram 324 alunos pelos cursos de português ministrados por uma equipe de 11 professores, sem incluir os cursos de literatura, culinária, economia, história, música, cartografia e percussão brasileiras, bem como cinema e cursos de alemão para brasileiros (PINTO, 2008) [grifo nosso].

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De maneira análoga, a ex-diretora do Centro Cultural Brasil-Chile, menciona diversas atividades promovidas ou apoiadas pelo então denominado CEB-Santiago, e que ocorreram em escolas, universidades e salas de projeção de diferentes lugares do Chile, dentre outros espaços 80:

Entre outras atividades, o CEB promove ou contribui para a promoção de exposições de artes visuais, espetáculos musicais e teatrais, distribui material informativo sobre o Brasil trabalhando em parceria com o setor de Turismo da Embaixada no Chile, difunde a música erudita e popular, organiza palestras e seminários sobre temas relacionados com a civilização e a atualidade brasileiras.

O CEB-Santiago dispõe de uma Biblioteca com aproximadamente 7.800 títulos sobre o Brasil no Chile e 8.500 exemplares. A coleção está composta de uma grande variedade de obras de referência, livros e publicações periódicas. O CEB dispõe também de um setor Audiovisual com um número bastante expressivo de cds e dvds com produções brasileiras ou sobre o Brasil, disponíveis ao público mediante empréstimo. Por meio desse acervo audiovisual, o setor cultural da Embaixada e o CEB vem promovendo mostras de cinema brasileiro em escolas, universidades e salas de projeção em todo o Chile. Quanto ao apoio institucional, o CEB brinda sua contribuição a várias Prefeituras locais e entidades diversas, colaborando com atividades relacionadas à divulgação da cultura brasileira, através do empréstimo de fantasias típicas; material de divulgação sobre o Brasil, mostra de capoeira entre outras.

Os eventos culturais promovidos pelo CEB contam com grande receptividade do público chileno. Os esforços, no sentido de atender a crescente e ampla demanda nos últimos anos, estiveram pautados pela realização de iniciativas internas que tiveram o respaldo de entidades culturais locais (centros culturais, universidades, bibliotecas públicas, escolas dos diferentes municípios da grande Santiago, entre outros). Ressalto que o CEB conta com o apoio do setor cultural da embaixada do Brasil para a realização das suas atividades. Graças à multiplicação de iniciativas inéditas nos campos da literatura (edições de livros bilíngües), cinema, artes plásticas e música, o Brasil é hoje mais

conhecido nos ambientes culturais da capital chilena e de

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Especialmente interessante nos parece a parceria do CEB de Santiago com o setor de Turismo, o que parece evidenciar o funcionamento do discurso de que as atividades de difusão da língua portuguesa e cultura brasileira promovidas pelos CCBs podem contribuir para o crescimento do turismo de estrangeiros no Brasil.

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outras importantes cidades do país (LOPES, 2008) [grifo

nosso].

Os CCBs e ICs desenvolvem, portanto, atividades que têm como público-alvo outras pessoas que não apenas seus próprios alunos. São frequentes atividades gratuitas, o que pode contribuir para a participação daqueles que não têm vínculo estudantil ou empregatício com essas entidades. Isso aparece destacado em diferentes recortes, a exemplo do seguinte, relativo a uma matéria publicada no portal do Universo Online (UOL), especificamente, no UOL Educação:

O prédio do CEB está localizado em Pétionville, área nobre da capital Porto Príncipe. E, para se inscrever no curso de língua portuguesa, os interessados terão de pagar uma taxa equivalente a cerca de US$ 30 na moeda local, o gourde. Isso limita, e muito, o público que deverá assistir às aulas, em um país no qual a miséria ainda impera. No entanto, não é apenas a questão financeira que conta, mas também a educação, já que grande parte da população é analfabeta. [...]

O público em geral terá acesso às atividades culturais, que serão gratuitas. "Quando houver exibição de filmes, faremos uma divulgação ampla nas rádios (principal meio de comunicação no país) e nas escolas. Não vejo o local como um centro elitista, de forma alguma", ressaltou (ANDRADE, 2008).

Devido a esse amplo espectro de atividades, os CCBs e ICs, não raras vezes, são caracterizados como um “prolongamento” do Brasil no exterior. No recorte abaixo, o Centro Cultural Brasil-República Dominicana, por exemplo, é caracterizado, na posição a partir da qual enuncia sua diretora, como “o universo acadêmico e cultural do Brasil”.

Sean ustedes los bienvenidos en el universo académico y

cultural de Brasil. A partir del 25 de marzo, funcionarios y

profesores de este Centro Cultural [Centro Cultural Brasil- República Dominicana] recibirán inscripciones para clases de portugués, de conversación y de capoeira a un precio especial de inauguración. Dentro de algunas semanas, el centro ya instalado como escuela de portugués, varios eventos culturales formarán

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parte de nuestra programación, muchos de ellos con entrada libre, como proyección de películas brasileñas y noches de música y poesía brasileña (GRANDO, 2009b) [grifo nosso]81.

Semelhantemente, em sua página de apresentação na rede social

Orkut82, o Instituto Cultural Brasil-Itália é definido como “o principal centro de

cultura brasileira do norte da Itália”, de forma que participar de suas atividades significaria se aproximar do Brasil.

Bem vindo à COMUNIDADE OFICIAL do IBRIT no Orkut

Fundado em 1997, o Instituto Brasil Itália de Milão é hoje o

principal centro de cultura brasileira do norte da Itália. Com

uma programação intensa de concertos, palestras, projeções cinematográficas, mostras, seminários e cursos, o IBRIT possui também uma ampla biblioteca com cerca de 9.000 livros de literatura, história e cultura, além de dvds e cds de cinema e música brasileira.

Nossa missão é a difusão da cultura brasileira na Itália e a reunião dos imigrantes brasileiros em torno de suas raízes culturais. Para isso trabalhamos em estreita colaboração com o Consulado Geral do Brasil em Milão.

Venha nos conhecer.

O IBRIT é o Brasil perto de você!

O IBRIT tem sua sede no centro de Milão (Via Borgogna 3, perto da Praça San Babila, a duzentos metros do Consulado Brasileiro) [grifos nossos].

No recorte abaixo, também relativo ao artigo publicado pelo ex-diretor do Instituto Cultural Brasil-Alemanha, mais do que caracterizados como os principais centros de cultura brasileira de uma determinada região ou país, alguns CCBs e ICs – especificamente, os de países latino-americanos – são vistos como os principais centros culturais do local. Esse imaginário dá indícios de uma

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“Sejam bem-vindos ao universo acadêmico e cultural do Brasil. A partir de 25 de março, funcionários e professores deste Centro Cultural [Centro Cultural Brasil-República Dominicana] receberão inscrições para aulas de português, de conversação e de capoeira por um preço especial de inauguração. Dentro de algumas semanas, o centro já instalado como escola de português, vários eventos culturais farão parte de nossa programação, muitos deles com entrada livre, como projeção de filmes brasileiros e noites de música e poesia brasileira” [tradução nossa].

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Disponível em: <www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=27802929>. Acesso em 01 fev. 2010.

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posição europeia-colonizadora, que apaga o intenso movimento cultural de cidades como Lima, Buenos Aires e Ciudad de México.

A situação nos países latino-americanos, onde há vários CEBs transformados em Institutos, difere do panorama alemão. Lá a

presença de uma entidade cultural brasileira é tão forte, que em algumas cidades o Instituto Brasileiro chega a ser um dos principais centros culturais do local.

Já em Berlim, uma das grandes metrópoles culturais do mundo, o ICBRA é apenas uma no cenário das entidades de cultura, embora apresente algumas prerrogativas, que lhe dão destaque: é o primeiro instituto independente de um país do hemisfério sul e o terceiro de um país não europeu, depois dos EUA e do Japão. Na

Alemanha Institutos Culturais, levam fama de serem

empreendimentos de países europeus. A representação cultural do Brasil na Alemanha está, portanto, entre os institutos de países do chamado 1º mundo (PINTO, 2008). [grifo nosso]

Em resumo, a imagem dos CCBs e os ICs é construída, em grande medida, por sua programação cultural, de tal forma que a não-ocorrência de eventos dessa natureza chega a ser justificada, como no caso do Centro Cultural Brasil - Suriname:

Cursos - A cada trimestre iniciam-se cursos de língua portuguesa

divididos em 4 níveis.

Eventos culturais - No ano de 2000, devido ao espaço exíguo e

ao mal estado em que se encontravam as antigas instalações, não se realizou qualquer evento cultural no âmbito do Centro. Entre 2001 e março de 2002, o Centro esteve envolvido com as reformas das instalações da atual sede83.

Em alguns recortes, nota-se inclusive certo apagamento das atividades diretamente relacionadas ao ensino de língua portuguesa, em favor de outras desenvolvidas nos CCBs. Tal fato pode ser observado no texto de apresentação da página da comunidade do Instituto Cultural Brasil-Itália no Orkut, anteriormente

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Texto retirado da antiga página Centro Cultural Brasil-Suriname. Disponível em: <http://www2.mre.gov.br/suriname/ceb.asp>. Acesso em: 10 jun. 2009. A nova página desse centro encontra-se alojada no site da Embaixada do Brasil no Suriname: <http://www.brasil.org.sr/pt/centro-cultural-brasilsuriname->. Acesso em: 15 fev. 2010.

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transcrito. De maneira semelhante, na notícia abaixo reproduzida, faz-se menção às “manifestações culturais”, “ações culturais” e “iniciativas no âmbito cultural e académico”, mas não aos cursos de língua portuguesa que certamente passariam a ser ministrados no então denominado Centro de Estudos Brasileiros de Cabo Verde.

Embaixada do Brasil abre Centro de Estudos na Praia

Praia, 12 Fev (Inforpress) - A Embaixada do Brasil em Cabo Verde vai abrir no próximo mês de Abril, na Praia, um Centro de Estudos, que passará a acolher as manifestações culturais programadas por essa instituição.

Uma fonte daquela Missão Diplomática garantiu à Inforpress, que tudo está a postos para a concretização do referido projecto, em Abril, devendo a respectiva inauguração aguardar, contudo, pela aprovação do orçamento por parte do governo brasileiro.

“Nós já agendamos uma lista de actividades e remetemos à Brasília para avalizarem o orçamento e estamos à espera da resposta”, frisou a fonte, manifestando o desejo de ver tudo resolvido até Abril, “para que possamos dar início às acções

culturais já programadas”.

Conforme apurou a Inforpress, o Centro de Estudos Brasileiros em Cabo Verde irá desenvolver várias iniciativas de âmbito cultural

e académico.

Refira-se, que o estabelecimento das relações diplomáticas entre Brasil e Cabo Verde aconteceu logo após a proclamação da Independência do arquipélago a 5 de Julho de 1975 (INFORPRESS, 2008) [grifos nossos].

Os diferentes recortes apresentados até aqui mostram a construção e estabilização de certos sentidos – em detrimento de outros – para o que é e como deve atuar um Centro Cultural Brasileiro ou um Instituto Cultural Bilateral. Em um gesto institucional que resulta na legitimação de alguns desses sentidos – e no apagamento de outros –, a DPLP determinou, em setembro de 2008, a mudança na designação “Centro de Estudos Brasileiros” (CEB), conforme atesta o relatório de gestão da DPLP referente àquele ano:

Os CEBs, para refletir seu crescente papel como difusores não só da língua, como também da cultura brasileira, passaram a ser

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denominados Centro Cultural Brasil – País Sede (BRASIL, 2009a) [grifo nosso].

A designação CEBs é, portanto, modificada para Centro Cultural Brasil-

País Sede. Nos casos em que se alude de uma maneira geral aos diversos

centros, a designação mais frequente passa a ser Centros Culturais Brasileiros, como registrado em outros textos oficiais da DPLP (cf. quadro 1). Detenhamo-nos, então, nesse ato de nomeação, dada a importância simbólica que ele parece assumir. Afinal, se o nome “Centro de Estudos Brasileiros” foi empregado durante algumas décadas para se referir a essas instituições apoiadas pelo Itamaraty – a tal ponto que a sigla “CEB” estabilizou-se como maneira de particularizá-las –, que condições de produção estariam associadas à “necessidade” de se estabelecer uma nova designação? Que efeitos de sentido passam a ser produzidos pela nova designação, a partir de um ato de nomeação que, neste caso, se dá a partir do Estado brasileiro?

Antes de respondermos a essas perguntas, cumpre, em primeiro lugar, explicar que, baseando-nos no trabalho de Guimarães (2002), definimos “nomeação” como “o funcionamento simbólico pelo qual algo recebe algum nome” e “designação” como a significação de um nome enquanto uma “relação lingüística (simbólica) remetida ao real” (ibidem, p. 9) Nessa perspectiva, o ato da designação é concebido como um processo cujo fundamento não é sua propriedade referencial, a qual se constitui como uma exterioridade produzida pela linguagem. Nas palavras de Guimarães (ibidem, p. 40),

O processo enunciativo da designação significa, então, na medida em que se dá como um confronto de lugares enunciativos pela própria temporalidade do acontecimento. Este confronto recorta e assim constitui um campo de “objetos”. Se se mudam os lugares enunciativos em confronto, recorta-se um outro memorável, um outro campo de “objetos” relativos a um dizer.

O processo sócio-histórico da designação é, portanto, instável, não sendo possível fixar o sentido do referente, já que uma constante (re-)significação

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é produzida no embate entre os distintos lugares enunciativos. Poderíamos dizer, então, que, através do ato de nomeação em questão, recorta-se outro memorável em relação àqueles que são conhecidos como “o principal instrumento de execução da nossa política cultural no exterior” (cf. quadro 1), e, consequentemente, identifica-se “a realidade” de outra maneira. Que efeitos de sentido passam a ser produzidos pela designação “Centro Cultural Brasil-País Sede”? Que efeitos de sentido são silenciados com o apagamento do nome “Centro de Estudos Brasileiros”?

Observemos, em primeiro lugar, que “Centro de Estudos” significa o centro pelo discurso acadêmico, dando destaque para a formação intelectual de sujeitos que se interessam por questões referentes ao Brasil. Por outro lado, a nova designação traz para primeiro plano o cultural, aproximando-se, nesse sentido, do funcionamento do nome “Instituto Cultural Bilateral. Retomando os recortes anteriores, vemos, por exemplo, que “Instituto Brasil-Itália” é, em sua página de apresentação no Orkut, reescriturado84 por um “centro de cultura brasileira”, e “Instituto Cultural Brasil-Alemanha”, por uma “entidade cultural” (PINTO, 2008)85.

A fim de trazer outros elementos que nos permitam analisar os efeitos de sentido produzidos pela mudança da designação Centro de Estudos Brasileiros para Centros Culturais Brasileiros / Centro Cultural Brasil-País Sede, retomemos, por ora, o recorte referente ao relatório de gestão da DPLP (BRASIL, 2009a), que reproduzimos novamente abaixo:

Os CEBs, para refletir seu crescente papel como difusores não só da língua, como também da cultura brasileira, passaram a ser denominados Centro Cultural Brasil – País Sede [grifo nosso].

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Segundo Guimarães (2002), a anáfora, catáfora, repetição, substituição e elipse, dentre outros, são procedimentos de deriva de sentidos, sem os quais não há texto. “Quando uma forma se dá como igual/correspondente a outra”, afirma o autor (ibidem, p. 28), “o sentido está se fazendo como diferença e constitui textualidade”. A esse mecanismo através do qual algo do texto é interpretado como diferente a si próprio o autor denomina reescrituração.

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No discurso de inauguração do Centro Cultural Brasil – República Dominicana, essa instituição é apresentada, simultaneamente, como “o universo acadêmico e cultural do Brasil”, conforme recorte anteriormente analisado (GRANDO, 2009a).

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Considerando, a partir de Guimarães (1985, p. 99), que “é o interdiscurso que constitui o sentido da argumentação”, sustentando-lhe a diretividade, gostaríamos de nos deter no já-dito que o operador argumentativo “não só.... mas também” coloca em cena. Nas palavras do autor,

A partir da caracterização do não só... mas também como polifônico, podemos dizer que pensar como se constrói, ou construiu, a expressão em estudo é pensar em que relação com outro dizer ela se constitui. Então a questão não é de escopo de operador, nem tão pouco componencial, mas de relação interdiscursiva numa situação de enunciação. Ou seja, que dizer do outro o uso de não só... mas também representa ou resgata

(ibidem, p. 99).

Por meio da primeira parte do operador argumentativo em questão (“não só”), nega-se o argumento de que os Centros em questão sejam difusores apenas do português. Essa negação, em conjunto com o argumento introduzido pela segunda parte do operador (“como também”), orientam o enunciado para a conclusão de que é necessário modificar o nome “Centro de Estudos Brasileiros” para “Centro Cultural Brasil-País Sede”. Um encadeamento argumentativo semelhante pode ser observado no recorte abaixo, referente ao discurso de inauguração do Centro Cultural Brasil-República Dominicana:

Queremos invitarlos a conocer el Centro Cultural Brasil-República Dominicana. Aquí no apenas impartimos clases de lengua portuguesa y cultura brasileña, culinaria, samba y capoeira. Tenemos variados espacios culturales: la Biblioteca Hilda Hilst, el Café Literario Machado de Assis, la Cocina Adélia Prado, la Sala de Cinema Glauber Rocha (GRANDO, 2009b)86.

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“Queremos convidá-los a conhecer o Centro Cultural Brasil-República Dominicana. Aqui não apenas ministramos aulas de língua portuguesa e cultura brasileira, culinária, samba e capoeira. Temos espaços culturais variados: a Biblioteca Hilda Hilst, o Café Literário Machado de Assis, a Cozinha Adélia Prado, a Sala de Cinema Glauber Rocha” [tradução nossa].

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Novamente, a diretividade argumentativa é efeito de uma posição- sujeito que nega um já-dito que, possivelmente, se estabilizou ao longo da história dos CCBs: o de que suas atividades se restringem ao ensino87. É esse discurso que a orientação argumentativa dos recortes anteriores procura silenciar, significando os Centros a partir de outros sentidos. Cabe ressaltar que, mesmo em textos escritos antes de setembro de 2008, fala-se de uma ampliação no escopo das atividades desenvolvidas pelos CEBs, sinalizando, possivelmente, mudanças na institucionalização das atividades desenvolvidas por esses centros. Esse é o caso do texto seguinte, retirado da página de apresentação do atual Centro Cultural do Brasil em Barcelona88:

O CENTRO CULTURAL DO BRASIL em Barcelona (ex-Centro de Estudos Brasileiros) foi fundado em 1963, funcionando então na Biblioteca da sede do Consulado-Geral do Brasil, na Calle Junqueras, com uma só atividade: o ensino de português.

Em 1974, o CEB passou a ocupar sua sede atual, na Casa Amatller [...]. Desde então, ampliou suas atividades, e passou a atuar como um centro de informações culturais do Brasil, sobretudo com a ampliação de sua biblioteca, atualmente uma "mediateca" que conta com mais de 4 mil livros, centenas de CDs de música brasileira, dezenas de CD-Roms, uma videoteca com mais de 800 títulos brasileiros (no sistema PAL), revistas, arquivos de artigos sobre temas do Brasil. Os cursos regulares de língua

portuguesa e cultura do Brasil, organizados em seis níveis e

ministrados por professores brasileiros, são aplicados em dois períodos anuais (de setembro a janeiro e de fevereiro a junho) [grifos nossos].

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Também se notam discursos segundo os quais as atividades dos CEBs devem se concentrar nas atividades mais diretamente relacionadas à docência. Esse parece ser o caso de Pacheco (2006, p. 285-286), que faz uma crítica a certas atividades de que participam professores dos CEBs: “A falta de definição clara da política de ensino de PLE [português língua estrangeira] nos CEBs (e no Brasil como já demonstramos) permite a ocorrência de situações inusitadas. Muitas vezes, nas embaixadas a que estão subordinados, os professores, a pedido dos embaixadores, ficam responsáveis também pela organização de shows culturais, pela edição de livros (coletâneas de textos de autores brasileiros), em eventos promovidos na/pela própria embaixada. Suas

funções ficam, assim, bastante pulverizadas e indefinidas” [grifo nosso]. 88

Conforme atesta o recorte apresentado, a instituição em questão, embora também tenha deixado de se chamar “Centro de Estudos Brasileiros” após a determinação da DPLP (BRASIL,