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1.3 Espécies de Penas aplicadas no Brasil

1.3.3 Penas Alternativas

1.3.3.2 Espécies

Atualmente, o ordenamento pátrio contempla dez sanções alternativas: a prestação pecuniária em favor da vítima; prestação de serviços à comunidade; limitação de fim de semana; quatro interdições temporárias de direito (proibição de exercício de cargo, função pública ou mandato eletivo; proibição do exercício de profissão ou atividade; suspensão da habilitação para dirigir veículo e proibição de

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Capez, Fernando. Curso de Direito Penal – Parte Geral - Volume 1. 11 ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 2007, p. 391.

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PRADO, Luiz Regis, op. cit., p. 588

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freqüentar determinados lugares); pena pecuniária; prestação pecuniária inominada; perda de bens e valores.62

A primeira espécie a ser tratada é a prestação pecuniária em favor da vítima (art. 45, §§ 1º e 3º, CP). Consiste esta no pagamento em dinheiro à vítima, a seus dependentes ou entidade pública ou privada com finalidade social. O valor a ser pago deverá ser fixado pelo magistrado, que não pode ser inferior a um salário mínimo nem superior a trezentos e sessenta salários mínimos. Caso a prestação pecuniária não seja adimplida pelo devedor, deve ser esta convertida em pena privativa de liberdade.

A prestação de serviços à comunidade ou a entidade pública (art. 46, CP) versa na atribuição de tarefas de cunho gratuito ao condenado, que deverá realizá- las em entidades assistenciais, hospitais, escolas, orfanatos, dentre outros estabelecimentos similares, em programas comunitários ou estatais, ou em benefício de entidades públicas. Rogério Felipeto traz a seguinte observação:

A prestação de serviços à comunidade não implica, porém, em trabalho forçado, dado que a gratuidade, in casu, constitui ônus para o condenado, assumindo aí o seu caráter retributivo ou expiatório, sem o qual a prestação de serviços à comunidade não seria uma pena propriamente dita.63

Referidas tarefas serão determinadas de acordo com as aptidões do condenado, devendo ser cumpridas á razão de uma hora de tarefa por dia de condenação64. Tal penalidade só é aplicável nos casos de condenação superior a seis meses de privação de liberdade.

A prestação inominada (art. 45, §2º, CP) surge quando, com a concordância do beneficiário, a prestação pecuniária é substituída por prestação de outra natureza. Pode ser inserida nessa categoria de prestação “inominada” ou “de outra natureza” a entrega de coisa, a execução de uma atividade, entre outras.

Durante a aplicação de limitação de fim de semana (art. 48, CP) deve permanecer, aos sábados e domingos, por cinco horas diárias, em Casa de Albergado ou outro estabelecimento adequado. Durante esse período deverão ser ministrados ao condenado cursos e palestras ou atribuídas atividades educativas. O

62 Redação do art. 43 do CP: “Art. 43 - As penas restritivas de direitos são: I - prestação pecuniária; II

- perda de bens e valores; III - (vetado); IV - prestação de serviços à comunidade ou à entidades públicas; V - interdição temporária de direitos; VI - limitação de fim de semana.”

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FELIPETO, Rogério apud PRADO, Luiz Regis, op. cit., p. 596.

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As horas serão fixadas de modo a não prejudicar a jornada de trabalho normal (art. 46, §§ 1º, 2º e 3º, CP). Todavia, caso a pena seja superior a um ano de condenação, pode o condenado cumprir a pena em menor tempo, nunca inferior à metade da pena privativa de liberdade fixada.

estabelecimento designado irá encaminhar ao juiz da execução um relatório, bem como comunicará a ausência ou falta disciplinar do condenado.

A interdição temporária de direitos (art. 47, CP) deverá ter a mesma duração da pena privativa de liberdade substituída. A primeira interdição tratada no referido artigo é a proibição de exercício, cargo, função ou atividade pública, bem como de mandato eletivo (art. 47, I, CP). Será aplicada a substituição quando for anteriormente aplicada pena privativa de liberdade por tempo igual ou superior a um ano, por crimes praticados com abuso de poder ou violação de dever para com a Administração Pública.

A proibição do exercício de profissão, atividade ou ofício que dependam de habilitação especial, de licença ou autorização do poder público é a segunda hipótese de interdição temporária de direitos (art. 47, II, CP). Ocorre quando a profissão, atividade ou ofício exigem para o seu regular exercício o preenchimento de certos requisitos, pois tais atividades devem ser rigorosamente fiscalizadas.

A suspensão de autorização ou habilitação para dirigir veículo (art. 47, III, CP) será cabível apenas como substituição quando a infração penal cometida for de natureza culposa e interligada com a condução de veículo automotor. Todavia, se o veículo automotor for utilizado durante a prática do delito, não terá aplicação tal modalidade de interdição temporária de direitos, pois o atual Código de Trânsito brasileiro (arts. 302 e 303) cominou a pena de suspensão ou proibição de se obter a autorização ou habilitação para dirigir, cumulada com a pena privativa de liberdade, nos casos de homicídio e lesão corporal culposa praticada na direção de veículo automotor. Em relação à essa espécie de pena, observa Júlio Fabbrini Mirabete:

[...] diante da edição do Código de Trânsito Brasileiro, a suspensão de autorização e habilitação para dirigir veículo prevista no Código Penal só poderá ser aplicada, nos crimes culposos de trânsito, em substituição à pena privativa de liberdade, quando não se tratar de infração praticada com o veículo automotor. Ela continua cominada, assim, para o agente que, habilitado para dirigir veículo, pratica crime culposo de trânsito na condução de veículo de tração humana ou animal (bicicletas, carroças etc).65

Com a proibição de freqüentar determinados lugares (art. 47, IV, CP), busca- se impossibilitar o condenado de freqüentar casas de jogos, prostíbulos, bares, ente outros locais que o possam impelir ao cometimento de delitos ou outros atos anti- sociais. Tal medida vem sendo duramente criticada pela doutrina, ante a quase total impossibilidade de fiscalização do seu cumprimento pelo condenado.

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MIRABETE, Júlio Fabbrini. Manual de Direito Penal. 19. ed. rev. e atual São Paulo: Atlas, 2004. v.1, p. 274.

A perda de bens e valores (art. 45, §3º, CP) será realizada em favor do Fundo Penitenciário Nacional. Seu valor será determinado conforme o prejuízo causado ou o montante obtido pelo agente ou por terceiro em conseqüência da prática de um crime. Diferencia-se do confisco, pois este só incide sobre os instrumentos do crime, dos produtos do crime ou do proveito obtido com ele. A multa ou pena pecuniária pode ser aplicada de duas formas: seja isoladamente, no caso de crimes cuja pena aplicada for inferior a um ano, seja cumulativamente com outra pena restritiva de direitos, nas demais hipóteses.

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