• Nenhum resultado encontrado

Espaço de formação continuada é sinônimo e garantia de espaço de reflexão e

4 OLHARES DOS PROFESSORES DO MUNICÍPIO DE MACEIÓ EM

4.3 Eixo II – Ponto de vista na fase intermediária da formação

4.3.3 Espaço de formação continuada é sinônimo e garantia de espaço de reflexão e

Cientes da importância de uma formação fundamentada na reflexão e na socialização, de experiências tivemos, a intencionalidade na entrevista de perguntar às 14 professoras se no momento de formação continuada existia espaço de reflexão e troca de experiências entre os professores? Obtivemos que 11 professoras declararam que existia, 1 professora informou que existia, mas fez uma ressalva. Por fim, 2 afirmaram em sua opinião que não existia um espaço aberto na formação continuada para a reflexão e troca de experiências.

Das 11 professoras entrevistadas que afirmaram que existia o espaço para a reflexão e troca de experiências, elas indicaram que:

Com certeza, porque sempre eu percebo que tem. Tem o pessoal que vem dá a palestra, mas também é aberto para que a gente se coloque. Então, acho que sempre tem reflexão e quando não se coloca é porque é opção própria, porque sempre tem o espaço. (Profª Amanda)

Acho que sim, né? O grupo é pequeno, então já facilita a gente tem mais esse diálogo, essa conversa. Em todos esses encontros até agora a gente sempre trocou, partilhou, uma mostrando a realidade da outra, alguma coisa que deu certo. Às vezes não no grande grupo, mais conversando como você viu agora a pouco, a gente conversa uma entre a outra e vai dizendo uma experiência que deu certo e a outra já tenta mudar. Então, está sendo legal. (Profª Waleska)

Sim, porque todo mundo tem a vez de falar. Os professores estão dando abertura para a gente destacar a nossa situação em sala de aula. Eu estou achando muito bom. (Profª Marta)

Existe, e isso é muito importante. Todo mundo coloca a sua experiência que vive em sala de aula e essa troca eu acho que é outro ponto positivo que acontece aqui nesse encontro da gente aqui. (Profª Ana)

Eu acho que existe. Existe quando você vê pessoas dando seus relatos de trabalhos que fazem, você acresce aquilo para o seu trabalho, para sua profissão. De repente você está tendo uma postura, desenvolvendo um trabalho de forma adequada, aí de repente você vê alguém que já fez aquilo que fez de outra forma e que deu um resultado melhor. Então, isso leva a uma reflexão no desenvolvimento do trabalho da gente. (Profª Mirna)

Ah existe, cada um coloca suas dúvidas e obtém respostas, às vezes a gente discute vários assuntos e acaba obtendo várias respostas que você nem imaginava ter. (Profª Sandra)

Com certeza, porque cada um tem um exemplo de sala de aula quem é professor assim no caso. Então, eu se por acaso me perguntarem eu sei falar do meu aluno, como é meu aluno, o que ele avançou, desde que chegou até agora como se encontra meu aluno, em relação ao seu desenvolvimento. O outro, já é outro quadro diferente e pode dar informação dizendo: ‘não é assim, é assim...’, então é essa troca que é bacana. Com certeza, eu acho que está havendo essa troca. (Profª Thamires)

É possível constatar que a formação continuada em análise possibilita espaço de discussão de ideias, experiências e reflexões entre os professores. Utilizar a formação como um espaço diálogo é algo fundamental e imprescindível para ampliar os saberes didáticos e também para que se possa desenvolver o conhecimento, as competências e as habilidades necessárias para o ensino na diversidade.

Destacamos a fala da professora Waleska quando indica que: “a gente conversa uma entre a outra e vai dizendo uma experiência que deu certo e a outra já tenta mudar”.

Neste mesmo raciocínio, a professora Mirna expôs: “quando você vê pessoas dando seus relatos de trabalhos que fazem, você acresce aquilo para o seu trabalho, para sua profissão”.

Sabemos o quanto é necessário garantir um espaço de formação que privilegie a reflexão e a troca de experiências. Para isso, a condução da formação continuada deve estar sempre que possível despertando o interesse dos professores para que tenha a oportunidade de externar suas dúvidas, questionamentos e opiniões.

É importante destacar que:

A análise e reflexão sobre a prática é considerada um valioso instrumento para a formação e um dos mais importantes procedimentos a serem aprendidos pelos futuros professores: portanto, recurso privilegiado para o tratamento dos conteúdos de todos os âmbitos do conhecimento profissional. Trata-se de uma atividade intelectual que se aprende pelo próprio exercício, em situações de reflexão sobre a atuação profissional nas suas diferentes dimensões, e mediante procedimentos de observação, investigação, sistematização e produção de conhecimento pedagógico, construção de propostas de intervenção e de avaliação. (BRASIL, 1999, p. 126)

Em contraposição às afirmativas acima, 2 professoras asseguraram que não existiam esses espaços para reflexão, como pode ser visto nos discursos a seguir.

É isso que eu disse, justamente é essa falta que eu estou sentindo, esse grupo, a formação de grupos, socializar essa troca de experiências. Não está existindo não, estou sentindo falta. Não está tendo o momento. Acho que a equipe precisa ver isso, combinar e ter esse momento, troca de mais estudo, de discussão de textos, mais sugestões, assim mais discussão. (Profª Tânia)

Eu ainda não senti isso não! Até porque a gente chega, não sei se é porque eu não estou na Rede nas escolas eu sinto que existe sim, mas já com as pessoas que se conhecem das escolas. Comigo eu ainda não consegui fazer isso e eu tenho muita necessidade, eu preciso disso, eu fico muito presa quando não encontro alguém que possa interagir, trocar ideias, conhecer, conversar. Mas, acho que é porque eu não estou na escola e não tenha afinidade com algumas pessoas ou com a maioria, talvez seja isso. (Profª Flávia)

Indagando a professora Flávia para saber se estava existindo relatos, trocas de experiências ou se ela achava que estava deixando a desejar, a mesma informou: “Poderia ter bem mais. Talvez pelo espaço de tempo, né? A gente já chega e tem que tá na sala, depois já sai todo mundo correndo para trabalhar. Eu não sinto que exista isso”. (Profª Flávia)

Refletindo sobre estes subsídios sabemos que algumas formações adotam o caráter aligeirado de informações e conteúdos, não permitindo assim o espaço para discussões e debates. Tendo em vista esta ação, sabemos que há um prejuízo em relação a aprendizagem e também a garantia de uma formação docente baseada no processo reflexivo.

Para finalizar, outra professora disse que existia o espaço: “Em alguns momentos sim, outros não. No caso de hoje, pode existir um debate. Mas, acho que em parte dá”. (Profª Clara). No entanto, fez uma ressalva: “Mas há dias que tem tantas informações que fica até difícil você debater até por conta do horário. Então, não há essa grande interação entre os professores. Não há no caso, haver uma palestra e haver uma grande discussão entre todos. Sempre por conta do tempo que é restrito”. (Profª Clara)

Percebemos que a maioria das professoras (11) se sentira à vontade e conceberam o ambiente da formação continuada como um espaço de reflexão e troca de conhecimentos. Fato este que demonstra efetividade na compreensão a respeito da finalidade e dos objetivos da formação continuada, visto que a mesma “propicia atualizações, aprofundamento das temáticas educacionais e apóia-se numa reflexão sobre a prática educativa, promovendo um processo constante de auto-avaliação” (BRASIL, 1999, p. 70).

Nos registros do diário de campo desta pesquisa nem sempre foi observado um momento específico para que as professoras pudessem partilhar seus anseios, suas dúvidas e necessidades. Os momentos de diálogo existentes nessas formações foram pontuais e feitos pelas professoras durante as pausas que existiam entre as exposições dos conteúdos teóricos. Notamos que faltou a iniciativa por parte das formadoras em conduzir um momento específico para relatar casos de alunos com deficiências que já estão incluídos na sala de aula para que as professoras dialogassem sobre o que estavam fazendo, que estratégias

metodológicas estavam realizando e que necessidades estavam sentindo para desenvolver um trabalho na perspectiva da Educação Inclusiva.

4.3.4 Dialogando com os professores em busca de sugestões para o processo de formação