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DIDÁTICOS DE HISTÓRIA (2001 2014)

4.4 O ESPAÇO ESCOLAR E A DEFINIÇÃO DO LIVRO DIDÁTICO NOS EDITAIS DO PNLD (2004 2016)

Da mesma forma que não existe um instante específico em que se apontasse o que estava compreendido como educação, não há um momento do texto que trate de definir o que é livro didático. Nesse sentido, operou-se um processo de busca e captura, registrando todas as menções em que se apresentou o que era um livro didático.

O resultado de tal processo pode ser observado no gráfico a seguir:

Fonte: BRASIL/MEC. Edital do PNLD 2004 (2001), 2005 (2002), 2007 (2004), 2008 (2006), 2010 (2008), 2011

(2009), 2013 (2010), 2014 (2011) e 2016 (2014). Sistematização do autor (2017).

É possível observar como ao longo dos editais três definições se tornaram hegemônicas, de forma que duas delas correspondem ao que de fato o programa quer

33% 30% 7% 3% 23% 2% 2%

Gráfico 16 - Definição de livro didático a partir dos editais do PNLD (2004-2016)

Ferramenta de trabalho

Organizador de práticas docentes, metodologias e conteúdos Objeto de promoção da cidadania

Suporte

Objeto de produção do conhecimento significativo

Instrumento para consolidação do letramento e alfabetização Instrumento de aproximação dos alunos as areas do conhecimento

estabelecer como livro didático, são elas: Ferramenta de trabalho e objeto de produção do conhecimento significativo. Já a terceira definição aparece como uma constatação e perspectiva a ser superada, a de livro didático como organizador das práticas docentes, metodologias e conteúdos. Essa inferência já havia sido feita desde o documento de 1994 e foi reafirmada ao longo do material analisado. A apresentação desta última característica implica em uma necessidade ainda em aberto, mas que está associada à cristalização de um modelo de livro didático, apresentado no documento de 2001, Recomendações para uma política pública de

Livros Didáticos. Tal fato permite inferir que existe uma resistência na transformação do

referencial de livro didático presente no espaço escolar.

Quando se parte para a análise dessas definições por edição, é possível localizar pontos de transformação:

Fonte: BRASIL/MEC. Edital do PNLD 2004 (2001), 2005 (2002), 2007 (2004), 2008 (2006), 2010 (2008), 2011 (2009), 2013 (2010), 2014 (2011) e 2016 (2014). Sistematização do autor (2017).

É possível notar como não existe uma homogeneidade em relação a essas menções. Fica bastante nítido como entre 2004 e 2011 existe todo um esforço para dar um caráter de especificidade ao livro didático. Isso é feito através da relação entre objeto e a função que lhe é atribuída. Novamente é possível verificar a dimensão prática sendo chamada à baila pela economia escriturística63do espaço escolar.

63 Ver nota 27. 3 1 2 3 4 1 0 0 0 3 0 4 3 3 0 0 0 0 0 0 0 2 1 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 2 4 1 3 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 1 2 0 0 4 2 0 0 5 2 0 0 7 2 0 0 8 2 0 1 0 2 0 1 1 2 0 1 3 2 0 1 4 2 0 1 6 G r á f i c o 1 7 - D e f i n i ç ã o d e l i v r o d i d á t i c o p o r e d i ç ã o ( 2 0 0 4 - 2 0 1 6 ) Ferramenta de trabalho

Organizador de práticas docentes, metodologias e conteúdos Objeto de promoção da cidadania

Suporte

Objeto de produção do conhecimento significativo

Instrumento para consolidação do letramento e alfabetização Instrumento de aproximação dos alunos com áreas do conhecimento

Outro elemento que fica bastante visível é a presença da definição a ser superada de livro didático apresentada anteriormente e que aparece nas edições 2004, 2007, 2008 e 2010.

A partir de 2005 houve a inclusão da ideia de livro didático na qualidade de ferramenta para a construção do conhecimento significativo. Esse elemento vai ser reforçado até o PNLD 2010, juntamente com a ideia de livro didático como ferramenta de trabalho do professor. Tais elementos são reflexos das colocações estabelecidas no documento de 2001, o qual já apontava para a necessidade do uso da autonomia do professor para atender de forma mais coerente as necessidades dos alunos e suas comunidades, o que implicaria, inclusive, na elaboração de materiais de trabalho próprios.

Na edição 2008, surgiu o terceiro elemento para compor a definição do que é o livro didático para o PNLD, passando a ser apontado como objeto de promoção da cidadania. Tal processo representa uma transformação gradual do livro didático e das qualidades a ele atribuídas, modificações que estão relacionadas à mudança da base de governo no Brasil e à concepção que esta edição do PNLD possuía para a educação, mencionada em outros momentos do texto. Basta lembrar que o documento tem sua elaboração no ano de 2005 e que representa um aprofundamento se comparado com a edição 2007, primeira edição em que tratou-se de forma criteriosa o tratamento das minorias sociais. Apresentar o livro nessa perspectiva representou a construção de uma definição que unisse todos os aspectos relacionados à vivência social republicana, inclusive a correção de suas distorções.

A partir do PNLD 2011 passa a haver uma transformação, os editais passam a não mencionar diretamente o que é o livro didático, isso ocorre porque tal definição passa a ser feita por intermédio de seus critérios eliminatórios, ou seja, qualquer material que não se enquadrar naqueles parâmetros não pode ser adquirido pelo estado brasileiro como livro didático. Mais uma vez a edição 2011 aparece como marcada por aspectos que se diferenciam das edições anteriores.

É somente com uma nova transformação do cenário educacional, com a publicação de documentos como o Pacto Nacional para a Alfabetização na idade certa e as Orientações para inclusão das crianças no ensino fundamental de 9 anos, que as avaliações do PNLD passam a tratar novamente de uma característica específica aos livros a serem adotados. Essas transformações são vistas na edição 2016, que acrescenta, para além das características já elencadas, que o livro didático deveria ser instrumento para consolidação do letramento e alfabetização e instrumento de aproximação dos alunos com áreas do conhecimento.

Em síntese, a definição de livro didático apresentada possui uma dimensão bricolada, em que as características atribuídas aos livros didáticos se associam na medida em que novas necessidades são chamadas ao palco, e torna-se necessário atribuir-lhe novas funções ou enfatizar outras. Fato que permite afirmar que o espaço escolar possui um referencial marcado pelas experiências e definições que foram, ao longo do caminho, sendo atribuídas a ele.

4.5 APONTANDO QUALIDADES: OS EDITAIS DO PNLD PÓS ANOS 2000 E A IDEIA

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