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Capítulo I – Jardim de Infância: contextos de ação e aprendizagens realizadas

3. Espaço exterior no Jardim de Infância

Durante a minha Prática Pedagógica em ambos os contextos, as crianças usufruíram do

espaço exterior sempre que possível e quando não era possível a deslocação ao exterior,

por exemplo por causa do mau tempo, sentia-se uma grande agitação por parte das

crianças.

De acordo com o Despacho Conjunto nº 268/97, de 25 de Agosto, o espaço exterior

deverá estar organizado de forma a oferecer ambientes diversificados para a realização

de atividade lúdicas e educativas e deverá conter uma área coberta. Deverá, ainda, ser um

espaço que assegure a segurança na realização de atividades, devendo estar delimitado,

por exemplo, por uma vedação ou sebe natural. Na sala onde realizei a minha Prática

Pedagógica – contexto jardim de infância I, existia um espaço exterior, disponível para

as crianças de duas salas, a “Sala da Criatividade” e a “Sala da Amizade” proporcionando,

assim, o contacto com crianças de diferentes idades. Estava dividido em duas zonas

distintas: o parque, onde se encontravam vários baloiços, uma casinha de plástico e

triciclos e a floresta, onde as crianças só tinham acesso na presença do adulto responsável.

Em termos comportamentais das crianças, o espaço exterior permitiu sentir diferenças nas

crianças, como referi na reflexão 3 – contexto jardim de infância I (ver anexo 16) e na

reflexão 12 – contexto jardim de infância I (ver anexo 17):

“(…) A alegria das crianças neste espaço fez-me pensar no quão importante é a

exploração do espaço exterior. O correr, o gritar, o espreitar para o outro lado da vedação

são ações que transmitem esta alegria. Existem vários momentos educativos possíveis de

relatar: um espaço livre, mais amplo, possíveis brincadeiras com crianças e adultos de

outras salas, exploração da natureza, brincadeiras em grande grupo…”.

“(…) é um momento em que estas [as crianças] têm um espaço mais amplo, sem muitos

obstáculos, permitindo assim que se expressem e ainda para estarem junto de outras

crianças que não têm oportunidade quando estão dentro da sala. Assim sendo o espaço

exterior é essencial para a criança se expressar, aprender e se desenvolver. Neste espaço

as crianças desenvolvem também, atividades lúdicas vigorosas, mais barulhentas, e

prolongam as brincadeiras realizadas no interior para um espaço mais expansivo, o

exterior (Sousa, 2012)”.

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No outro contexto da minha PP – jardim de infância II, o espaço onde as crianças

brincavam maioritariamente era no campo de futebol e no parque infantil e tinham

contacto com as crianças da “Sala 1” e também com as crianças do 1º CEB. Era um espaço

de interação com outras crianças e adultos, como referi na reflexão 7 – contexto jardim

de infância II (ver anexo 18):

“Por exemplo L. (5 anos) e A. (5 anos) enquanto brincavam no exterior comunicavam

com uma das crianças do 1º CEB, chamando-o várias vezes. Este espaço exterior é muito

estimulante no que diz respeito à prática social e afetividade com intervenientes variados

a nível da faixa etária. Para além deste exemplo, por vezes as crianças que tem irmãos no

1ºCEB também se deslocam até eles para brincarem (G., 5 anos) ou apenas para dar um

abraço ou um beijinho (B.L., 4 anos). Como Alves (2011) estas relações e momentos de

brincadeira são fundamentais para a aprendizagem entre crianças, têm oportunidade de

vivenciar a fantasia, a criatividade, através do desenvolvimento de regras e da resolução

de conflitos. Completando esta ideia, Cadete, Martins, Vasconcelos e Xavier (2003)

indicam que estas interações de crianças que partilham o mesmo ambiente, não só servem

de base e de construção de aprendizagens, como também a nível das dimensões de ser, de

pensar, de agir e de conhecer. «Esta interação favorece o crescimento e o

desenvolvimento físico e mental saudável da criança.» (p. 45)”.

Este espaço oferecia às crianças momentos de alegria, de desenvolvimento e

aprendizagem. Albuquerque (2007, p.20) ressalta que “As crianças tanto aprendem dentro

como fora da sala. As atividades no exterior não se limitam apenas a exercitar os

músculos, elas aprendem a observar, interagir, explorar e experimentar.”

Para além das características referidas anteriormente, este espaço proporcionava

oportunidade para brincadeiras sociais. Como Honmann e Weikart (2004) referem, as

crianças juntam-se na casinha, nos baloiços que comportam mais do que uma criança,

causando um efeito socializador entre elas, “respiram ar fresco, absorvem vitaminas do

sol, exercitam o coração, pulmões e músculos, e vêem horizontes mais abertos” (p.433).

Reconhecendo o papel do espaço exterior no desenvolvimento e aprendizagem da criança,

planifiquei vários momentos de brincadeira livre no espaço exterior, em ambos os

contextos de jardim de infância, por exemplo, em contexto de jardim de infância I (ver 2ª

planificação, do dia 4 de abril de 2016 - anexo 19).

No contexto de jardim de infância II, as crianças todos os dias, sempre que o tempo

meteorológico permitia, após o lanche, brincavam livremente no espaço exterior.

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O contacto com a natureza é a grande diferença entre o espaço interior e o espaço exterior.

Como mencionei na reflexão 12 – contexto jardim de infância I (ver anexo 17):

“(…) as crianças brincarem no exterior, na natureza, permite que se tornem mais imunes,

ao brincarem com outras crianças, com terra, que façam aventuras (…) e cada vez mais

isso está a terminar, porque cada vez mais existem «espaços sociais condicionados,

arquitetados e controlados pelos adultos» (Vale, 2013, p. 11)”.

Este espaço exterior permitia a exploração de diversos tipos de brinquedos (de plástico e

naturais, como paus, folhas). Tal como referi na reflexão 12 – contexto jardim de infância

I (ver anexo 17):

“(…) como Kishimoto (1997), citado por Sousa (2012) afirma que os brinquedos são

classificados como estruturados (brinquedos adquiridos prontos, por exemplo carros e

bonecas) e não estruturados (brinquedos não industrializados, mas sim simples, como por

exemplo paus e pedras) que se transformam num outro brinquedo perante as crianças”.

As brincadeiras com os diversos brinquedos eram notórias neste espaço, tal como

observei e referi na reflexão 7 – contexto jardim de infância II (ver anexo 18):

“No decorrer destes dois dias foi possível as crianças brincarem no espaço exterior, de

estarem em contacto com a natureza, com a luminosidade solar, com as pedras, onde

realizavam conjuntos de pedras e folhas no muro, estiveram ainda no parque”.

Sendo um espaço amplo, o educador deverá ter atenção ao que está a acontecer e interagir

com as crianças, tal como referi na reflexão 3 – contexto jardim de infância I (ver anexo

16):

“(…) como é referido nas Orientações Curriculares para a Educação Pré-Escolar

(Ministério da Educação, 1997) o educador deverá manter-se atento, observador e um ser

que interaja com as crianças de modo a enriquecer as suas atividades”.

Considerando estas evidências, hoje reconheço que o espaço exterior é um local

privilegiado para as crianças aprenderem de forma natural e espontânea, estando de

acordo com Moyles (2006) quando refere que o local influencia as brincadeiras. Para

Teixeira e Volpini (2014), as crianças deverão conviver em ambientes com oportunidade

para manipular objetos, brinquedos e interagir com as crianças, uma vez que brincar

constitui uma importante forma de comunicação. Desta forma, este espaço permite às

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crianças o contacto com crianças de outras idades, a convivência e o respeito de limites

impostos pelo outro (Homem, 2009).