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Fonte: Acervo da pesquisadora

O Espaço Nordeste de Pedro II, foi implantado em 2009, com o nome de Espaço Sociocultural e de Negócios, resultado do esforço entre o Banco do Nordeste, INEC e dois parceiros, a Loja Maçônica e a Fundação Cultural Grande Pedro II, organização não governamental que promove ações para preservação do meio ambiente e do patrimônio cultural da cidade onde o Espaço está inserido (MARINHO, 2013).

A escolha do município sede do Espaço foi uma etapa de grande valia. Em primeiro lugar foi realizados estudos e exercícios para estabelecer critérios de seleção do município, de posse dos critérios, o Banco do Nordeste em conjunto com o INEC selecionou Pedro II. O passo seguinte seria procurar parceiros estratégicos dentro do próprio município. Foi encontrado dois parceiros, o primeiro a loja maçônica, que cedeu a estrutura física, o prédio, as salas e o segundo parceiro a Fundação Cultural Grande Pedro II, que entrou com toda a estrutura logística e equipamentos.

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“...Então, os computadores foram adquiridos por esse projeto da Fundação Grande Pedro II que comprou os computadores e também a ilha de edição do Espaço Nordeste Pedro II. E, durante dois anos – em 2009 e 2010 – a Fundação Grande Pedro II foi que manteve a Sala de Inclusão” (Assessor Cultural, 2013).

Institucionalizado como um Programa, o Espaço Nordeste além de oferecer produtos bancários, passou a desenvolver ações de inclusão social, cultural e de negócios. As ações desenvolvidas dentro da dimensão cultural acabaram se transformando em uma alternativa de lazer e socialização entre os indivíduos participantes, principalmente para os jovens. T ornaram-se um espaço cultural e um centro de convivência, assumindo uma centralidade na comunidade, um ponto de encontro e de referência para o município.

Entre os quatros parceiros foi celebrado o termo de parceria, nesse documento estavam estabelecidas responsabilidades individuais, do Banco como órgão financiador, do INEC responsável pela implantação, operacionalização e de prestar assessoria aos Espaços nordeste para o desenvolvimento das atividades atinentes as três dimensões já citadas, das lojas maçônicas pela conservação da infraestrutura do prédio e por ultimo da Fundação Grande Pedro II responsável pela estrutura lógica e equipamentos do Espaço.

A Fundação Grande Pedro II ficou responsável ainda, pela estruturação e manutenção de equipamento do Projeto de Inclusão Digital. Para arcar com o compromisso assumido por meio do termo de parceria, utilizou a verba dos Programas de Pontos de Cultura do Governo Federal. Como não tinha recurso previsto no termo, logo acabou a verba utilizada pela fundação. A partir daí o projeto ficou no limbo, não ficou claro em documento qual seria o parceiro responsável pela parte orçamentária, tal fato ocasionou vários problemas inclusive numa confusão no que se refere à identidade do Espaço Nordeste, pois segundo o Assessor Cultural até hoje não se sabe ao certo a quem ele pertence (MARINHO, 2013). O Assessor cultural relata que “O Espaço Nordeste tem um problema de identidade muito grande, ninguém sabe se é banco, se é INEC, se é parceiro local.”

Podemos citar como objetivos específicos do programa: a) Aumentar a capilaridade do Banco do Nordeste em sua área de atuação; b) Potencializar a geração de novos negócios; c) Fortalecer a imagem institucional do Banco do Nordeste; d) Melhorar o atendimento aos clientes com a redução de deslocamentos; e) Fortalecimento das relações institucionais – poder público municipal, estadual e federal; f) Melhoria no gerenciamento das carteiras de clientes com foco no atendimento em MPE, microempreendedores urbanos e rurais; g) Contribuir para o fortalecimento da identidade cultural; h) Inclusão bancária, social,

cultural e digital; i) Contribuir para a geração de trabalho e renda nos municípios contemplados (INEC, 2012).

Para atingir os objetivos propostos, o programa Espaço Nordeste prevê atividades divididas em dois segmentos mais gerais: a) a atuação empresarial, com um atendimento similar ao das atuais agências, tais como pretas informações, efetuar cadastro, coleta de documentos, administração de crédito, prestação integral de serviços de microfinanças rurais e urbanas e b) atuação sociocultural, com prestação de serviços como inclusão digital, oficinas de arte e cultura, cursos sobre produção de objetos característicos de cada localidade para comercialização, capacitação envolvendo temas como empreendedorismo e exibição de vídeos educativos e culturais. Todas essas atividades então envoltas a projetos que abrangem as três dimensões social, cultural e economia ou de negócio (INEC, 2012).

Dentro da dimensão social, são desenvolvidos alguns projetos, tais como: Espaço Leitura, Arte- identidade e o Projeto de Inclusão Digital é o segmento que trata da atuação das atividades sociocultural do espaço. Esse segmento desenvolve ações de inclusão digital, oficinas de arte e cultura, cursos sobre produção de objetos característicos de cada localidade para comercialização, capacitação envolvendo temas como empreendedorismo e exibição de vídeos educativos e culturais. Tais projetos são regidos pela tríade arte, identidade e cidadania.

Na dimensão econômica, o Espaço Nordeste prevê uma segmentação voltada para

as “microfinanças, com foco no atendimento aos microempreendedores urbanos e rurais e micro e pequenas empresas”, ou seja, um público predominantemente classificado como de

baixa renda (BANCO DO NORDESTE, 2012).

Já na dimensão cultural, cabe ao Ambiente de Gestão da Cultura cuidar da sua programação cultural. Este, por sua vez, define para os Espaços Nordeste, a programação dos eventos culturais nos mesmos moldes da programação pautada para os Centros Culturais, que, atualmente, são segmentados em áreas como cinema, artes visuais, música, teatro, literatura, atividades infantis.

Quanto ao funcionamento do Espaço Nordeste, é prevista uma equipe de profissionais em cada unidade, tendo em sua estrutura a seguinte composição: um assessor social, um assessor cultural, um supervisor administrativo, um auxiliar para serviços gerais e dois bolsistas, alunos em fase de conclusão de curso e preferencialmente da rede pública de ensino. A essa estrutura são somadas as equipes de assessores do Crediamigo e do Agroamigo que atendem à região de abrangência do Espaço Nordeste do município, além da visita

periódica de uma equipe da agência do Banco do Nordeste à qual o Espaço Nordeste é vinculado37

(MARINHO, 2013).

O Assessor social é um profissional da área de Serviço Social, Sociologia, Psicologia ou áreas relacionadas aos trabalhos sociais, é responsável pela programação de projetos sociais e educacionais, como também, à articulação de parcerias junta às instituições e organismos que trabalham no contexto social dentro da sua área de abrangência. (MARINHO, 2013)

O Assessor Cultural é o profissional pela programação cultural, dentre as ações desenvolvidas é responsável pela articulação entre os diversos segmentos da cultura do município sede e dos municípios próximos, de forma a identificar as possibilidades de realização de programação artística e pelo diálogo com o Centro Cultural do Banco do Nordeste objetivando a construção e acompanhamento da programação cultural mensal. (MARINHO, 2013)

O supervisor administrativo é o profissional responsável pela administração do prédio onde é instalado o Espaço Nordeste, envolvendo toda gestão da infraestrutura e pela coordenação de equipes de trabalho. (MARINHO, 2013)

O auxiliar de serviços gerais é o profissional responsável pela conservação, manutenção e limpeza geral e diária de todas as dependências internas e externas do prédio onde fica localizado o Espaço, responsável também pela classificação e arquivo de documentos. (MARINHO, 2013)

A equipe de trabalho do Espaço Nordeste é composta também por dois bolsistas, um no período da manhã e outro no período vespertino, são alunos do Ensino Médio ou nível superior, selecionados pelo INEC, com o objetivo de aprimorar o seu aprendizado no Espaço Nordeste. (MARINHO, 2013)

O Banco espera com este programa: a) Aumento da sua capilaridade, conferindo maior presença do Banco em sua área de atuação; b) Potencial para geração de novos negócios; c) Fortalecimento da sua imagem institucional; d) Melhor atendimento aos clientes com a redução de deslocamentos; Fortalecimento das relações institucionais com os poderes públicos municipal, estadual e federal; e Melhoria no gerenciamento das carteiras de clientes com foco no atendimento a MPE, microempreendedores urbanos e rurais. (BANCO DO NORDESTE, 2012).

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Os programas de microfinanças do Banco do Nordeste são operacionalizados pelo INEC, por meio de seus assessores de crédito. No desenho do Espaço Nordeste, esses assessores ocupam a parte destinada aos negócios, atendendo a esse público específico (INEC, 2012).

Como vemos, para o banco o Programa Espaço Nordeste não significa apenas uma ação de cunho social, econômico e cultural, é também uma ação que visa render benefícios de imagem e resultados econômicos a referida instituição bancária.

Assim como o Banco do Nordeste muitas outras organizações estão realizando ações de cunho social visando esse duplo significado. É algo que, de um tempo pra cá, apresentou notável expansão em escala mundial, e tornou-se incorporada ao discurso organizacional e até mesmo institucional de organizações públicas e privadas.

Contudo, se faz necessário que estejamos atentos, com certos tipos de instituições que se dizem trabalhar com ações voltadas para o social, mas na verdade a ação social não passa de um ato puramente econômico, com dimensões sociais e políticas, no sentido de estar orientada para os interesses da própria instituição e para seus objetivos de lucros.

O pressuposto aqui é a de que as ações de cunho social não devem ser estimuladas como uma atuação impregnada pelo sentimento de favor, em que qualquer coisa que se faça em prol dos desfavorecido é melhor do que nada. Muito ao contrário, ela deve se desenvolver no âmbito de uma atuação transformadora da realidade social, marcada pela cultura de resultados, como ocorre na esfera dos negócios.

A expectativa é de que a ação social possa vir a ser uma estratégia de compartilhamento de responsabilidade entre a esfera governamental, sociedade civil e até mesmo a iniciativa privada, em vista ao rompimento da situação de pobreza e exclusão social que grassa no país.