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São Paulo – Espaços de Uso Coletivo Abertos, de Permanência Entende-se aqui como espaços coletivos de permanência os locais e prédios

No documento Espaços privados com áreas coletivas (páginas 61-83)

CAPÍTULO 1 O ESPAÇO PÚBLICO

1.4 São Paulo – Espaços de Uso Coletivo Abertos, de Permanência Entende-se aqui como espaços coletivos de permanência os locais e prédios

que permitam a circulação de pessoas no interior de seu edifício, espaços abertos, que permitam a interligação de ruas através de seu lote, constituídos por praças internas que dão continuidade à rua, se abrem para o pedestre. Com este estudo, não se pretende anular os espaços públicos da cidade, os quais são um direito do cidadão e um dever da cidade. A eles cabe uma revisão de projeto e um cuidado maior do Poder Público; mais sim, estudar a cidade para que os espaços privados também contribuam para uma malha mais interligada.

Os espaços privados que interagem de sua área privativa para a população merecem destaque em um século onde as pessoas se guardam em espaços hermeticamente fechados em nome de uma segurança ilusória. Os shopping centers e os condomínios fechados são exemplos indiscutíveis da negação da sociabilização da cidade, com seus muros altos e cercas elétricas. É a negação da cidade.

Os projetos coletivos apresentados a seguir interagem com o meio onde estão localizados, com o bairro e com os lotes vizinhos. O lote abre-se e abrange a cidade, com meios de desenho e projetos planejados para a área exclusiva onde se implanta, ou seja, é um projeto para estar naquele lugar e não dentro de um muro que poderia se localizar em qualquer outro ponto da cidade.

O que se considera importante nestes estudos de caso são os espaços permanentemente abertos, de uso da população, misturados realmente à malha pública, onde um pedestre não consegue distinguir de imediato o espaço público do privado.

Os Sescs são exemplos de espaços de uso coletivo, pois são acessíveis para a população em geral utilizá-los, porém não entram neste estudo por serem fechados à noite. E a recém-construída Praça Amauri, nas imediações da Avenida Nove de Julho, também é um exemplo de espaço coletivo, mas com algumas ressalvas, já que é fechado quando o comércio da rua se fecha e a permeabilidade em seu terreno não é tão relevante quanto os projetos a serem estudados, pois não interliga quarteirões.

Apresenta-se, ao lado, trecho do mapa de São Paulo, indicando os locais da cidade onde estão os projetos estudados contendo espaços de uso coletivos.

Os três estudos de caso estão inseridos próximo ao quadrilátero formado pela Linha Norte-Sul do Metrô em azul, as Avenidas Paulista, Faria Lima e Luís Carlos Berrini e a Rua Augusta em amarelo e as Avenidas Bandeirantes e Ricardo Jafet em branco. Nos capítulos seguintes, serão apresentados estudos de espaços privados com áreas coletivas na cidade de São Paulo, contemplando o bairro de inserção, a importância destes espaços na cidade, o período do projeto e de sua construção e a análise das obras.

Serão discutidos os exemplos deste convívio sadio entre espaços privados e áreas coletivas e a responsabilidade em que os arquitetos implantam o projeto com compromisso na esfera pública da cidade.

CAPÍTULO 2

Edifício Cetenco Plaza

A área em estudo está localizada na Avenida Paulista, compreendendo, além da própria Avenida, as Ruas Ministro Rocha Azevedo e Frei Caneca.

O projeto está localizado na região da Subprefeitura da Sé, situada na área central de São Paulo, sendo composta por oito distritos, incluindo a Consolação (bairro do projeto), ocupando uma área bruta de 2 620 hectares e uma

população de aproximadamente 374 mil habitantes, onde a Prefeitura realizou um estudo para as intervenções futuras na região.1

A subprefeitura contém oito distritos, que são bairros próximos à Praça da Sé, no centro expandido de São Paulo. Por ser uma região central, abrange bairros com características bem distintas entre si, como, por exemplo, a predominância do padrão vertical das edificações, incluindo, assim, maior densidade, fato que ocorre nos Distritos da Sé, República e Consolação. Contudo, na área próxima à Avenida Paulista, a densidade populacional é menor devido ao grande número de escritórios.

Área de estudo e foto aérea da Avenida Paulista

Na área da Avenida Paulista, o único espaço público é o Parque Trianon, sem mais passagens ou praças públicas para a população. As únicas quebras de espaços existentes são privadas, como as galerias, o projeto estudado e uma pequena passagem ao lado do banco real. A área do Trianon não está inserida na Subprefeitura da Sé, e sim na Subprefeitura de Pinheiros, onde tem um estudo de uma passagem subterrânea que liga o Museu de Arte de São Paulo (Masp) ao Trianon.

Nos cadernos dos Planos Estratégicos da Prefeitura de São Paulo, foram estudados alguns projetos e diretrizes futuras, como, “... priorizar programas de arborização urbana e de implantação de parques, praças e caminhos verdes.” Na área da Avenida Paulista, a preocupação está com o passeio público, onde uma grande intervenção deverá ser feita em agosto ou setembro de 2007, padronizando as calçadas e substituindo o ladrilho português por peças intertravadas. No entanto, os caminhos verdes propostos pela Prefeitura não abrangem a região da Avenida Paulista.

Segundo o Plano Diretor Estratégico (PDE), um de seus princípios é “... a

a transformação dos espaços públicos da cidade, quando for de interesse público.”.2

E realmente, nos últimos anos, cresceu o número de intervenções nos setores públicos, seja por parte de órgãos públicos, seja por Parcerias Público-Privado (PPPs). Neste segundo caso, foi implantado pela Prefeitura de São Paulo um programa de recuperação da área central da cidade, o chamado Ação Centro. São características deste programa, entre outras, “... garantir o uso adequado de espaços públicos e privados, resgatar o espaço público para apropriação coletiva e estimular a abertura de espaços para apropriação coletiva interna e externa nos espaços comerciais e de prestação de serviços”.3

(2),(3),(*)Prefeitura do Município São Paulo,Planos Regionais Estratégicos:

Município de São Paulo Subprefeitura Sé. Mapa da região da Subprefeitura Sé, contendo os caminhos verdes

Nas outras áreas, o centro expandido, é objetivo da Prefeitura ampliar as áreas verdes, com praças, parques e nova arborização, estimulando o aumento dos espaços públicos e de apropriação coletiva. Estes projetos serão implantados com a criação de caminhos verdes.

Entre os projetos criados, nas imediações da Avenida Paulista, estão a integração do Masp com o Parque Trianon e a criação de acesso entre as Avenidas Paulista e Nove de Julho para os pedestres, utilizando os equipamentos existentes dos setores de saúde, educação e cultura.

Quanto ao uso e ocupação do solo, a área está localizada na Zona Centralidade Polar (ZCPb) de densidades demográficas e construtivas altas. “A Zonas Centralidades Polares são porções do território da Zona Mista, são destinadas à localização de atividades típicas de áreas centrais ou de

subcentros regionais, caracterizados pela coexistência entre usos não residenciais e habitação, com predominância dos usos não-residenciais.”4 (4) idem

Em algumas áreas das zonas mistas, como próximo a rios ou córregos, os empreendimentos que aumentarem os recuos das edificações ou criarem espaços coletivos no interior do lote, tem o direito dobrar a metragem desta área coletiva e utilizá-la no mesmo lote.

Todavia, apesar de estas leis estimularem uma parceria do setor público com o privado, elas são ainda bem restritas, sendo tratadas pontualmente. A liberação do uso térreo para a apropriação coletiva – como as galerias, as passagens de interligação dos quarteirões para o proprietário do imóvel sofrer algum benefício, como construir o equivalente ao dobro da área do lote destinada a cada uma dessas galerias,– é possível em poucos bairros. Este estímulo da Prefeitura ainda é muito tímido, não conseguindo abranger áreas da cidade que têm um potencial maior para construções mais altas e espaços livres de melhor qualidade; e assim regulamentar estes espaços coletivos para que sejam tratados como parte da cidade e de uso da população.

O Projeto

Compreende dois edifícios do Cetenco Plaza, projeto dos arquitetos Rubens Carneiro Vianna e Ricardo Sievers. Há também uma ligação no edifício ao lado, projetado pelos arquitetos José Magalhães Junior e Samuel Szpigel, que, aproveitando bem a grande praça, projetaram um acesso à área livre.

O projeto da década de 1970 e término da construção em 1981, interliga os edifícios a uma praça seca de 10 000m², com acesso pela Avenida Paulista e Ruas Frei Caneca e Ministro Rocha Azevedo, ocasionando uma conexão entre elas através da quadra privada.

Cenário da cidade de São Paulo, estes edifícios destacam-se pelo espaço público, que dá permeabilidade ao interior do terreno.

Pioneiro na concepção de espaço coletivo no Brasil, este projeto tão empreendedor dá início à discussão do conceito da propriedade dos terrenos em nosso país e da concepção dos projetos sempre fechados e murados.

Os edifícios projetados formam com o espaço urbano uma composição uniforme. As duas torres de vidros têm em seu embasamento a grande praça seca, com uma sutil marquise na entrada de cada um dos prédios. O espaço foi projetado com os edifícios isolados e uma independência clara de acessos.

A área basicamente compõe-se de dois eixos:

• um constando de uma plataforma ao nível da Avenida Paulista, em pavimento de granito apicoado na cor cinza, contrapondo com um eixo de vegetação com um espelho d´água;

• e outro que abrange a Rua Frei Caneca, atravessando entre os edifícios e chegando à Rua Ministro Rocha Azevedo, também com a uniformidade de pavimentos na cor cinza, mas abrange uma transposição de nível feito por uma escadaria na Rua Frei Caneca; na proximidade da Rua Ministro rocha Azevedo, há uma permeabilidade maior do terreno, transformando a grande praça seca, que dá o embasamento dos prédios em canteiros maiores, com grama e outros tipos de vegetações.

Acesso pela Avenida Paulista.

Nota-se além das duas torres o edifício projetado pelos arquitetos José Magalhães Junior e Samuel Szpigel, à esquerda.

Na concepção do projeto, o espaço era inteiramente aberto, sem barreiras nas entradas, mas em 2001 passou por uma reformulação e foram construídos pórticos de entrada e guaritas de fiscalização. Ainda assim, é um espaço aberto com características de público; entretanto, as atividades ficaram restritas e hoje não se pode mais andar de esqueite ou bicicleta em seu interior.

Os grupos sociais que freqüentam o local se diferem bastante se comparados os dias úteis aos finais de semana.

Antigamente, havia alguns bancos ao longo do eixo lateral do terreno, mas foram relocados para outras áreas. Em dias de semana, a circulação entre os prédios é intensa, seja por quem está a trabalho no local, seja por quem está fazendo uma conexão com outra rua.

Nos finais de semana, o espaço passou a ser fechado por grades baixas, não sendo permitido transitar ou fotografar a área, pois em um dos prédios funciona uma unidade do Tribunal Federal.

Detalhe da escultura vermelha, uma marca na paisagem.

De acordo com os seguranças da área, as medidas foram tomadas por “segurança do local”: um lugar em que antes havia vida e circulação de pessoas agora está absolutamente desértico.

O mobiliário urbano, a vegetação e a água corrente dão a sensação de um oásis em uma das avenidas mais movimentadas do País. Há áreas para se sentar, mas não fazem sombra.

O conjunto tem características bastante semelhantes ao Chicago Federal Center de Mies Van der Rohe, tanto pela concepção dos edifícios, quanto pelo espaço público que permeia o projeto. Há também uma semelhança artística e simbólica, a escultura vermelha que compõe os projetos.

Porém, a quebra visual das paredes de edifícios da Avenida Paulista foi gradativamente mudando ao longo da última década, com o pórtico de entrada e uma segregação primária em um espaço que a cidade já havia absorvido como sendo dela. Caracteriza-se um descaso total com a Avenida e seus pedestres, os usuários do local.

Ao lado, acesso pela Rua Ministro Rocha Azevedo, e acima,

A praça é rodeada de edifícios altos, o piso, que é na altura da rua e que convidava o pedestre a entrar na grande praça, foi demarcado pelo pórtico. À noite, o espaço é utilizado somente na Rua Ministro Rocha Azevedo, pois funciona um restaurante no local.

Na foto a cima, feita em fevereiro deste ano notam-se ainda os bancos ao longo do muro, que foram relocados para a entrada pela Rua Frei Caneca e ao redor da fonte, na Rua Ministro Rocha Azevedo. No segundo semestre de 2007, conforme fotografia central, percebe-se uma grade baixa, que fecha o local. À direita, acesso pela Rua Frei Caneca. Todas as fotografias foram

tiradas em finais de semana, pois nos dias de semana há proibição por parte dos seguranças.

Um espaço que sempre foi de apropriação coletiva está se transformando aos poucos em um local fechado, tendo em vista que não existem leis que regulamentem estas áreas em benefício da população – um espaço que reservou uma parte de seu lote para a vida pública, durante anos, agora se fecha.

Dados do projeto:

Memorial Descritivo de Acabamentos e Instalações do Edifício Cetenco Plaza - Torre Norte

Esplanada

? Maior área livre da Avenida Paulista, são 10.000 m² de jardins e fontes. ? Revestimento de granito apicoado.

Acessos

Recepção Paulista

? Pisos de Granito Dourado Carioca e paredes de Mármore Travertino da Bahia em ambiente moderno e funcional.

? Possibilita o acesso a todas as pessoas que chegam a pé pela Av. Paulista. ? Atende aos visitantes e funcionários dos condôminos que venham a pé ou

motorizados.

Recepção Ministro Rocha Azevedo

? Projetada para atender as pessoas que trabalham no edifício e que possuam vaga na garagem.

? Não é permitido o tráfego de pessoas a pé. Garagens

? Cada andar tem direito a 16 vagas, sendo 04 fixas no 1º subsolo e 12 rotativas no 2º e 3º subsolos.

Administração

? Situada no 1º subsolo, próximo a Recepção Frei Caneca. Hall dos andares

? Piso de Granito Dourado Carioca, Mármore Travertino da Bahia nas paredes e portas de vidro para acesso aos andares.

Fachada

? Cortina em perfis de alumínio anodizado com gaxetas de neoprene e cristal Ray-Ban, revestidos por película de controle solar.

? Possui gôndola motorizada para limpeza e manutenção externas das fachadas.

Heliponto

? 18 X 18 Conc 3t.

? Lat 23º 33min 27seg Sul. ? Long: 046º 39min 25seg W. ? Homologado. Prefixo SDHT. Elevadores

? Recentemente modernizados (2002); a antiga marca foi substituída por 8 elevadores FUJITEC, com capacidade para 1.680 KG ou 24 passageiros cada.

? Nesta modernização foram consideradas as economias no consumo de energia elétrica através da adoção de conversores estáticos e pela racionalização no uso do equipamento com a adoção do controlador DC MILLENIUM II que por auto aprendizagem e controle de grupo inteligente garante o menor tempo de espera ao usuário.

? Possui ainda Sistema de Monitoramento e Comando, que verifica o

funcionamento de todos os elevadores, em tempo real, através um monitor instalado na sala de segurança.

Sistema central de Ar condicionado e Exaustão

? Sistema centralizado de água gelada composto de duas unidades centrífugas e bombas no 3º subsolo, e quatro torres de resfriamento na cobertura.

? Condicionadores tipo "fan-coil" em número de doze para as lojas do térreo e oito para cada pavimento de escritórios. Sistema de pressurização das escadas internas, com dois ventiladores na cobertura.

? Sistema de exaustão para a copa e sanitários das lojas e escritórios, com quatro ventiladores na cobertura. Sistema de exaustão para as garagens do 2º e 3º subsolos, com dois ventiladores localizados no 1º subsolo.

Sistema de Prevenção de Combate a incêndio

? Instalação de sprinklers na totalidade da área coberta. Rede de hidrantes, com reservatório elevado independente.

? Extintores. Sistema centralizado de comunicação com alto-falantes nos halls, lojas, escritórios e garagens.

? Dispositivo para colocar rapidamente a serviço dos bombeiros qualquer um dos elevadores em uso no edifício.

? Duas escadas independentes e isoladas por portas corta-fogo e dotadas de sistema de pressurização de ar para impedir a entrada de fumaça.

Iluminação de emergência.

? Gerador atendendo aos elevadores, iluminação de emergência,

pressurização das escadas, bombas do sistema de sprinklers e sistema de comunicação.

? Heliponto sobre as caixas de água elevadas, 11,40 m acima da laje de cobertura, afastado das fachadas e isolado destas por platibanda de concreto de 7,30 m de altura.

Controle de acesso

? Totalmente informatizado, controlando o acesso de usuários e visitantes através de cartões de proximidade.

? Cartões personalizados com o logotipo da empresa e possibilidade de diferenciar os horários em que é permitido o acesso.

? Emissão de relatórios de acesso de funcionários ou visitantes, de acordo com a necessidade da empresa.

Comunicações

? Rede para telefones externos com fiação instalada para 200 linhas para cada pavimento.

? Shafts apropriados para cabos de comunicação, inclusive fibra ótica. ? Acesso em fibra de diversas operadoras (Embratel, AT&T, MetroRED,

Impsat, Telefônica, etc.), possibilitando ao condômino liberdade de escolha daquela que melhor lhe atender.

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