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Exemplos Internacionais

No documento Espaços privados com áreas coletivas (páginas 43-51)

CAPÍTULO 1 O ESPAÇO PÚBLICO

1.2 Exemplos Internacionais

A seguir, apresentam-se três exemplos de edifícios internacionais com áreas coletivas. Estes exemplos são de vital importância para entendermos o tratamento dado ao térreo dos edifícios em outros países.

Chicago Federal Center

O edifício foi projetado por Mies Van der Rohe em 1959, sendo o término da construção em 1974.

O arquiteto teve sensibilidade para proporcionar o detalhe estrutural e a escala organizacional, para dar ao complexo uma presença urbana monumental.

O complexo é formado por três prédios, uma torre de escritórios de 42 andares, uma outra para o Tribunal de Justiça de 30 andares e um prédio de um andar para serviço dos correios.10

O projeto simples, geométrico e de proporções perfeitas utilizou materiais e tecnologia novos na época, quais sejam: o vidro e o aço.

Tornou-se um complexo de edifícios elegante, com simplicidade na forma e ilustre na composição espacial. As paredes de cortina de vidro exteriores são definidas pela estrutura de aço coberta com a pintura de cor preta.11

A grande área coletiva aberta em seu embasamento dá permeabilidade ao térreo da quadra, tornando-a pública.

Nos anos de 1970, a administração geral dos edifícios introduziu a escultura metálica vermelha ao conjunto, intitulada de Flamingo, de Alexander Calder; ela fornece um contraste impressionante ao aço e às paredes de cortina de vidro escura. Além de proporcionar uma característica simbólica aos edifícios e criar mais um anteparo de intermediação entre o pedestre e as torres.

(11) www.galinsky.com/buildings/federalcenter/index.htm

Tokyo International Fórum

O projeto de 1989, de autoria do arquiteto Rafael Viñoly, foi realizado através de um grande concurso internacional, do qual foi vencedor, em virtude de o seu projeto não apresentar “excessos formais”. A conclusão da obra deu-se em 1996.

Localizado na região central de Tóquio, junto à Tokyio JR Station, este complexo abrange uma área de 27 mil metros quadrados. Anteriormente, havia neste local a Prefeitura Municipal de Tóquio, construída em 1956 por Kenzo Tange.

O edifício simbólico tornou-se um monumento. O Fórum Internacional de Tóquio é o maior e mais importante centro cultural e de congressos do Japão. Apresenta forma geométrica marcante, que surge da intersecção de duas elipses de vidro e aço que encerram no seu interior o enorme átrio central, um

hall envidraçado de 191m de comprimento, 30 de largura e 57 de altura, além

de comportar um teatro com capacidade para cinco mil lugares.

Vista aérea do conjunto, com a malha ferroviária. http://www.yannarthusbertrand.com

Nos espaços livres entre os edifícios, o cuidado com o paisagismo integra as curvas do hall e as caixas geométricas das áreas funcionais.

Segundo, Sabbag, Haifa Yazigi: “... ocupando o interior do complexo como uma plataforma que lembra o trem...", a praça, peça importante desse quebra- cabeça, funciona como um centro urbano, servida por biblioteca, teatro multimídia, restaurantes, cafés, lojas e galerias de arte. 12

A circulação dos pedestres que anteriormente beirava a via férrea é feita agora pela praça localizada no interior do edifício, uma passagem que estende a rua através do prédio.

O edifício conta com um centro cultural, um outro de convenções, auditórios, salas, estúdios e escritórios. Ajustando-se completamente ao seu entorno, ele respeita a escala dos pedestres e o seu principal volume de vidro em curva, acompanhando as formas da ferrovia, cria um anteparo anti-ruídos voltado para o seu interior.

Vista da rua interna. http://www.yannarthusbertrand.com

Potsdamer Platz, Berlim

Nos anos de 1920 e 1930, a área de Potsdamer era uma das mais freqüentadas da Europa, possuía transporte público, cafés, bares e cinemas. Durante a Segunda Guerra Mundial, Potsdamer foi totalmente destruída, ficando em ruínas. Passados alguns anos, a área novamente sofre com uma outra guerra, que culmina na construção do Muro de Berlim em 1961, o qual passava pelo meio da área, todas as conexões de transporte foram interrompidas e Potsdamer ficou esquecida por décadas.

Após a queda deste Muro , em 1989, Potsdamer Platz tornou-se a área com o maior número de projetos e construções da Europa. Com a grande maioria das edificações destruídas, restaram apenas ruínas de dois exemplares da arquitetura da época, e os antigos “estabelecimentos sobrevivem hoje na memória popular”. 13

Fonte: www.potsdamerplatz.de

Intervenções urbanisticamente conservadoras, respeitando a forma tradicional da cidade, a área de Potsdamer Platz é central e um ponto estratégico para a (13)www.potsdamerplatz.de/en/history.html

cidade. Entretanto, este respeito à forma tradicional caracterizou-se somente através da configuração de seu sistema viário e de algumas áreas resgatadas. A maioria das intervenções, segundo Evelyn Furquim Werneck Lima, transformou-se em um “verdadeiro museu a céu aberto”. E ainda afirma:

“As relações sociais urbanas foram substituídas por uma seleção de imagens da arquitetura cenográfica onde os indivíduos são meros contempladores unidimensionais que, por força da propaganda da renovação urbana apenas aparentam ser uma comunidade. Com algumas raras exceções, a verdadeira troca de sociabilidade que existia nas antigas praças, nos mercados e até mesmo nas ruas passa a ser apenas uma ilusão de encontros”. 14

O plano para suas intervenções foi definido em vários concursos, para garantir uma variedade na arquitetura. A área, ganhou, com a queda do Muro de Berlim, complexos projetos com programas multifuncionais, os edifícios na área de DaimlerChrysler, em Potsdamer Platz, foram projetados por equipes internacionais sob a liderança de Renzo Piano.

A recuperação da centralidade, intervenções estratégicas e incentivos construtivos, possibilitaram um elemento ordenador das intervenções ocorridas em Berlim a área quase vazia, com um grande número de referências históricas, as exceções ficam por conta de dois edifícios que sobreviveram a Segunda Guerra Mundial.

Em relação aos projetos, a área de DaimlerChrysler devia ser homogênea visualmente; quase todos os edifícios têm arcadas no nível da rua e com bastante espaço para eventos ao ar livre. O embasamento dos edifícios foi considerado como um espaço público, com esculturas que permeiam toda a área, estando dispostas de tal modo que qualquer pedestre sempre encontre uma escultura, a maioria dos térreos dos edifícios é permeável. Entretanto, o surgimento de grandes edifícios em um local que permanece com suas referências históricas na memória dos antigos moradores, quem nunca ouviu falar da história do local não percebe a grandiosidade da área. Parece que apagaram este capítulo da história e criaram uma área que anula completamente seu passado.

“Este processo consolida a museificação e espetacularização da cidade, através da construção de grandes museus e centros culturais orientados primordialmente para o turismo”.15

E foi exatamente o que ocorreu com a área, pois, com a inauguração da DaimlerChrysler, em outubro de 1998, a área de Potsdamer Platz é visitada diariamente por aproximadamente 70 mil pessoas, sendo que 10 mil delas trabalham no local. O acesso para a área pode ser feito de carro ou por meio de transporte público, seja por bonde seja pela estrada de ferro urbana. Sessenta por cento das viagens são feitas por transporte público e 40% por carro.

(15)Evelyn Furquim Werneck Lima. Configurações urbanas cenográficas e o fenômeno da “gentrificação”. Arquitextos_046_03.

No documento Espaços privados com áreas coletivas (páginas 43-51)

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