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V. Abordagem Proposta

6.3 Vertente Conceptual do Protótipo

6.3.1 Especificação de Requisitos

Na elaboração do sistema foram encontradas várias soluções com vista a proporcionar uma experiência estética funcional. Foram destacados alguns requisitos necessários para a percepção da relação da pintura com a música:

 Ao nível do processamento de imagem compreendeu-se ser necessária

a detecção do movimento entre as frames do vídeo, gravado ou em tempo real, de modo a se poder extrair o movimento visual da imagem, através da subtracção de frames;

 Garantir a estabilidade do sinal, de forma que a detecção do

movimento da imagem não seja perturbado pelo ruído proveniente da instabilidade de recepção do próprio sensor. Para o efeito convencionou-se que a possibilidade de personalizar a interpolação do sinal seria uma solução viável para obter uma subtracção entre frames mais grosseira, adquirindo mais estabilidade;

 Ainda na captura do sinal e tendo em conta a especialização do sistema

para análise de situações de pintura performativa, considerou-se a hipótese de existir uma forma de capturar o fundo, ou a tela, de modo a garantir que estes não intervenham no sinal;

 Da mesma forma que se pode definir o suporte da pintura (o fundo),

também se percebeu que definir um formato era essencial, pois este é o responsável por determinar as relações espaciais da pintura. A opção de seleccionar, através da opção crop, uma porção da imagem que se pretende analisar adivinhou-se a solução mais apropriada;

 A necessidade de detecção de cor e forma foi um dos requisitos

essenciais, dada a grande importância destas na configuração formal da pintura e na potencialização de estados de espírito. A possibilidade de uma filtragem de cor foi o princípio que estipulou a capacidade do sistema em distinguir cores frias de cores quentes e as cores claras das escuras;

 A sincronia na percepção da imagem e do som é um dos requisitos

essenciais para se entender a pintura e o som indissociáveis, uma vez que a percepção de uma é afectada pela outra. Os timings e a capacidade de resposta são críticos quando a imagem e o som operam em conjunto designando o mesmo objecto artístico. Assim sendo, a interacção deve ser flexível e o timing preciso. Diz Roger B. Dannenberg (Dannenberg, 2005) que há diferenças fundamentais na percepção auditiva e visual e por isso são requeridos timings diferentes, salientando que a computação áudio não deve ter um atraso superior a poucos milissegundos, enquanto o vídeo suporta um atraso de uma frame (cerca de 15 a 40 milissegundos). Acrescentando a isto, há a necessidade de fazer coincidir a ausência de movimento (quando a imagem está parada) com o silêncio, pois assim enfatiza-se a sincronia temporal.

 No que respeita ao som gerado, uma das principais preocupações foi a fluidez do som e a procura em se conseguir uma unidade coesa através da continuidade musical. A hipótese do sistema poder servir-se de samples de música previamente gravados, em loop, foi uma das formas reflectidas para a criação de blocos sonoros que mantivessem a música una. As transições entre as amostras garantiriam a continuidade musical necessária;

 Outro requisito, não menos importante, foi a preocupação em se evitar

picos de som, uma vez que a geração de som através de manipulação de áudio e a utilização do protocolo MIDI permitem o recurso a qualquer nota, incluindo notas musicais cuja frequência pode ser perturbadora para o ouvido humano. A definição de intervalos de frequências através de envolventes sonoras ou de um espectro de notas musicais, ou seja, uma escala que determine os valores máximos e mínimos da altura do som, foram as duas principais hipóteses de resposta a este problema;

 A interpolação de notas musicais foi outra forma de se conseguir um

efeito sonoro mais próximo da ideia de intervalos musicais, de forma a possibilitar uma pauta mais discretizada que permitisse a clara identificação da evolução da música;

 A marcação de um ritmo foi outra preocupação relevante, pois o ritmo é

um dos principais responsáveis para a determinação da dinâmica da música. Obter-se a capacidade de se poder adaptar a velocidade da música à velocidade do movimento visual da pintura e, consequentemente ao tipo de estado emocional correspondente, foi uma das soluções pensadas para a manipulação do ritmo. A repetição de loops de blocos sonoros também poderia ser uma forma de se instaurar um ritmo mais controlado, ao mesmo tempo que este “encheria” o teor da música.

 O facto de se poder “encher” a música, ou seja, ter v|rios níveis

funcionais de criação de som em simultâneo foi outro requisito a ter em consideração, uma vez que assim era possível determinar-se o grau de complexidade musical e fazê-lo coincidir com o grau de complexidade visual. Uma vez mais, a possibilidade de se ter vários loops em simultâneo foi uma das primeiras opções a ser experimentada, por ser de fácil controlo. Contudo, a faculdade de se manipular várias notas simultâneas, com diferentes velocidades, através de MDI, mostrou-se mais interessante por oferecer mais possibilidades de sonoridades diferentes, quebrando a monotonia dos loops das amostras.

 A flexibilidade e o alcance do sistema em criar sons diferentes e ricos foi

uma das preocupações mais presentes na concepção do som. Uma vez mais, o recurso a MIDI mostrou ser a solução ideal, por permitir alguma liberdade na criação dos sons e efeitos sonoros, tais como a panorâmica e, simultaneamente, conseguir-se algum controlo e previsão de resultados, que com a manipulação áudio se adivinhava um problema mais complexo de se ultrapassar. Com MIDI também se alcançou outro objectivo que era poder-se seleccionar vários timbres e tocá-los em simultâneo.

Estes foram os principais requisitos funcionais do protótipo. Foram já apontadas algumas das soluções tomadas e outras que, com o desenvolvimento e experimentação do protótipo foram abandonadas, por razões práticas de tempo, desempenho e capacidade performativa do próprio computador e simplificação da arquitectura do sistema.