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GIRO DE EIXO

2.2 ESPECIFICAÇÕES NORMATIVAS

Assim como toda parte que compõe uma obra, as esquadrias também estão sujeitas a uma série de normas técnicas impostas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) a fim de garantir um padrão mínimo. Em seu escopo, a norma fala: “Esta norma visa assegurar ao consumidor o recebimento do produto com condições mínimas exigíveis de desempenho” (NBR 10821-1 ABNT, 2017, p. 1). Desta maneira, projetistas, fabricantes e representantes que participam do processo devem levá-la em consideração, já que se houver alguma manifestação patológica inesperada, essa poderá ser usada como parâmetro de qualidade.

Essas normas trazem toda a informação e padronização que as esquadrias deverão seguir. Já de início, a NBR 10821 (ABNT, 2017) traz as nomenclaturas tanto do tipo de esquadrias, como de partes e componentes das esquadrias em geral.

Os perfis de alumínio que moldam a estrutura das esquadrias podem ser pintados ou anodizados. Nos pintados, é fixada uma camada de tinta ao alumínio sem alterar sua composição, devendo atender os resultados mínimos de espessura de revestimento orgânico, aderência, aderência úmida e corrosão acelerada, conforme previsto pela NBR 14125 (ABNT, 2016). A anodização é um processo eletrolítico que cria uma proteção, por meio da oxidação da superfície e acabamento de pintura por resinas, fazendo com que as esquadrias mantenham seu padrão de acabamento por mais tempo. A Associação Nacional de Fabricantes de Esquadrias de Alumínio (AFEAL) determina os padrões mínimos para os perfis com base nas normas NBR 12609 (ABNT, 2017) e NBR 14125 (ABNT, 2016), sendo esses: camada anódica, selagem anódica e corrosão por exposição à névoa salina acética (CBIC, 2017). De acordo com a NBR 10821-2 (2017) os parafusos utilizados precisam ser de aço inoxidável ou atenderem ao desempenho da classe 4, passando 240 horas em uma câmara de nevoa salina neutra.

O conjunto de materiais formam as esquadrias de alumínio, que quando fabricadas devem ter um funcionamento e uma boa vedação, a fim de proporcionar estanqueidade e não permitir a entrada de água por nenhuma parte. Para isso, a NBR 10821-2 (ABNT, 2017) recomenda que as esquadrias sejam submetidas aos ensaios de vazão de água e pressão para classificá-las com níveis de desempenho, sendo eles: Mínimo (M), quando há passagem de água porém não chegam a parte interna da parede; Intermediário (I), quando há acúmulo de água apenas no perfil inferior do marco; e Superior (S), que deve ter vedação de 100%, não tendo acúmulo algum em qualquer parte da esquadria.

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A norma ainda expõe que para atender os requisitos mínimos de estanqueidade à água, as janelas devem obedecer a parâmetros distintos de alguns tópicos, sendo eles:

• Resistência as cargas uniformemente distribuídas; • Resistência às operações de manuseio;

• Manutenção de segurança durante os ensaios de resistência às operações de manuseio;

• Ensaio cíclico acelerado de corrosão;

Sendo que cada um desses tópicos deve obedecer aos requisitos impostos pela NBR 10821-3 (ABNT, 2017).

Todos os ensaios de desempenho descritos pela NBR 10821-2 (ABNT, 2017) devem obedecer a uma sequência de ensaios com dois ou três corpos de provas distintos. Para janelas, usa-se:

a) Primeiro corpo de prova – permeabilidade ao ar, estanqueidade à água, resistência as cargas uniformemente distribuídas e permeabilidade ao ar sendo nessa sequência respectivamente;

b) Segundo corpo de prova – resistência às operações de manuseio e Manutenção de segurança durante os ensaios de resistência às operações de manuseio, sendo nessa sequência respectivamente;

c) Terceiro corpo de prova – ciclos acelerados de corrosão;

Para a resistência das cargas uniformemente distribuídas deve-se seguir o procedimento de ensaio explicado pela NBR 10821-3 (ABNT, 2017), que divide-se em pressão de ensaio, que é a diferença de pressão especificada entre a face externa e interna do corpo de prova, e a pressão de segurança, que é 150% da pressão de ensaio. Para que os requisitos mínimos sejam atendidos, ao fazer a análise da pressão de ensaio, deve-se observar a pressão em que a sua região está submetida, conforme mostrado na figura 12.

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Figura 12 - Gráfico das isopletas da velocidade básica do vento (V0), em m/s, no Brasil, conforme a NBR 6123 (ABNT, 1988)

Fonte: NBR 10821-2 (ABNT, 2017, p. 8).

Quando submetida a pressão proposta para sua região, a esquadria não deve apresentar: qualquer ruptura ou colapso de seus elementos – incluindo vidro; déficit em seu movimento de abertura acima do previsto em norma; ter nível de desempenho de permeabilidade ao ar acima do esperado; deflexão máxima instantânea maior do comprimento do perfil em questão, dividido por 175; e deformação residual acima de 0,40% do comprimento do perfil em questão. Quando o ensaio ocorrer na pressão de segurança, independe o dano que o ensaio ocasionou, porém não pode haver desprendimento de nenhuma de suas partes.

Para resistência às operações de manuseio, a janela deve suportar os ensaios sem que haja deformação residual superior à 4% do vão, fissura ou ruptura dos vidros, deterioração de sua estrutura e qualquer alteração em seu movimento de origem, onde cada tipologia tem seus ensaios específicos. Por exemplo, a janela projetante deve resistir ao esforço torsor.

A manutenção de segurança durante os ensaios de resistência às operações de manuseio, as esquadrias deverão resistir sem que haja ruptura ou queda de qualquer componente, ruptura dos vidros e arrombamento da folha da porta de giro. Há ainda algumas considerações que são toleradas, como afrouxamentos dos componentes, deformação nos perfis

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que compõem a esquadria e queda de acabamentos das esquadrias. Cada tipologia tem seu respectivo teste e requisito mínimo.

Por fim, o ensaio cíclico acelerado de corrosão, que ao término do ensaio todos os corpos de prova devem estar isentos de ferrugem e grau de empolamento, sendo a NBR 5841 (ABNT, 2015) responsável pelos padrões mínimos aceitos.

Esses ensaios têm como resultados os valores de pressão, vazão e tempo de aparecimento, assim como o registro com foto de todo vazamento ao longo da prática e se ocorreu escoamento. Por último, é feita a classificação e é analisado se as esquadrias irão suprir as necessidades requisitadas pelo projeto. Para a análise de classificação e atendimento ao projeto, são utilizadas as tabelas 1 e 2. A Tabela 1 apresenta os valores relacionados às pressões do ensaio de resistência das cargas uniformemente distribuídas citado acima.

Tabela 1 - Valores de pressão de vento conforme a região do país e o número de pavimentos da edificação (Continua) Quantidade de pavimentos Altura máxima Região do país Pressão de ensaio (Pe) positiva e negativa Pe= Pp x 1,2 Pressão de segurança (Ps) positiva e negativa Ps= Pe x 1,5 Pressão de água (Pa) Pa= Pp x 0,20 02 6 m I 350 520 60 II 470 700 80 III 610 920 100 IV 770 1160 130 V 950 1430 160 05 15 m I 420 640 70 II 580 860 100 III 750 1130 130 IV 950 1430 160 V 1180 1760 200 10 30 m I 500 750 80 II 680 1030 110 III 890 1340 150 IV 1130 1700 190 V 1400 2090 230

36 (Conclusão) 20 60 m I 600 900 100 II 815 1220 140 III 1060 1600 180 IV 1350 2020 220 V 1660 2500 280 30 90 m I 660 980 110 II 890 1340 150 III 1170 1750 200 IV 1480 2210 250 V 1820 2730 300 Fonte: NBR 10821-2 (ABNT, 2017, p. 9).

A Tabela 2 apresenta os requisitos relacionados aos outros ensaios citados neste item.

Tabela 2 - Níveis de desempenho das esquadrias quanto ao seu uso (janelas)

(Continua)

ENSAIO DESEMPENHO

Mínimo (M) Intermediário (I) Superior (S)

Permeabilidade ao ar

Ver figura B.1ª Vazão por área 62,45 m³/h x m²a 163,52 m³/h x m2 Vazão por comprimento 15,61 m³/h x m a 40,88 m³/h x m Ver figura B.1 Vazão por área 6,66 m³/h x m²a 62,44 m³/h x m² Vazão por comprimento 1,66 m³/h x m a 15,60 m³/h x m Ver figura B.1 Vazão por área < 6,65 m³/h x m² Vazão por comprimento < 1,65 m³/h x m Estanqueidade à água É permitido PI, conforme 3.7 da ABNT NBR 10821- 3:2017, Figura 1. É permitida a presença de água no perfil inferior do marco ou originada do PI, desde

que ocorra escoamento após o término da aplicação

Não é permitido PI, conforme 3.7 da ABNT

NBR 10821-3:2017, Figura 1. É permitida a

presença de água no perfil inferior do marco, desde que ocorra escoamento,

após o término da aplicação da vazão de água com pressão. Não

Não é permitido PI, conforme ABNT NBR 10821-3:2017, 3.7 e Figura 1. Não é permitida a presença de água na face interna da esquadria.

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(Conclusão)

Estanqueidade à água

da vazão de água com pressão. Não é permitido que a água

ultrapasse o plano interno do marco.

é permitido que a água ultrapasse o plano interno do marco. Resistencia às cargas uniformemente distribuídas

Ver os valores de pressão de acordo com altura da edificação e região do país da edificação – Tabela 1

Operações de manuseio

Esforço aplicado conforme a ABNT NBR 10821-3, com avaliação da deformação residual obtida.

Segurança nas operações de

manuseio

Esforço aplicado conforme a ABNT NBR 10821-3, sem avaliação da deformação obtida, apenas da ruptura e queda de componentes da

esquadria.

ª Não aplicável a esquadrias instaladas em edificações localizadas na Região I, conforme a figura 3.

NOTA 1 No ensaio de estanqueidade à água, desde que não esteja especificado em contrato e/ou a esquadria não seja intalada em ambientes condicionados, é permitida a ocorrência de permeabilidade inicial (PI), conforme definido na ABNT NBR 10821-3.

NOTA 2 O contratante deve determina antes do ensaio, qual desempenho que deseja ensaiar.

Fonte: NBR 10821-2 (ABNT, 2017, p. 10).

A qualidade do sistema de esquadrias está condicionada à realização dos ensaios citados e atendimento dos requisitos mínimos preconizados na NBR 10821 (ABNT, 2017) em todas as suas partes.

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