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Estação Ecológica do Seridó

No documento pesquisa e preservação (páginas 142-148)

4.8 RIO GRANDE DO NORTE

4.8.1 Estação Ecológica do Seridó

Localizada na região sudoeste do Estado do Rio Grande do Norte, no município de Serra Negra do Norte, a Estação Ecológica do Seridó foi criada pelo Decreto nº 87.222, de 31 de maio de 1982. Segundo seu ato legal de criação, ela protege aproximadamente 1.100 hectares no bioma Caatinga. É considerada uma ESEC de pequeno porte, quando comparada ao tamanho médio de outras unidades de conservação (aprox. 41 mil hectares) da mesma categoria de manejo, localizadas nesse bioma.

De acordo com seu Plano de Manejo, a criação da ESEC do Seridó é fruto da mobilização da comunidade científica e conservacionista, que propôs que parte da região do Seridó se tornasse uma área protegida, durante o primeiro Encontro Nordestino de Ecologia, ocorrido em setembro de 1979, na cidade de Recife, Pernambuco 252.

Distante aproximadamente 310 km da capital do Estado, a Estação Ecológica do Seridó tem sua entrada no quilômetro 128 da BR-427. O acesso à unidade se dá por essa rodovia, que está asfaltada. Da entrada da unidade até a sede deve-se percorrer 4 km de estrada de terra.

O clima em que está inserida é seco, muito quente e com estação chuvosa no verão. O relevo é suavemente ondulado. Observa-se a formação de inselbergs

253 distribuídos pela unidade.

Os principais atrativos da unidade são a Serra Verde, principal acidente geográfico, o lajedo da Serra Verde e duas lagoas temporárias, que não são comuns na região 254. A visitação realizada na unidade é de cunho educacional. Assim, não há cobrança de tarifa para visitá-la.

252 MMA/IBAMA. Plano de Manejo da Estação Ecológica do Seridó. Brasília: dez, 2004. Pu-blicado pela Portaria IBAMA nº 1, de 7 de janeiro de 2005. Disponível em: <http://www. icmbio.gov.br/portal/biodiversidade/unidades-de-conservacao/biomas-brasileiros/caatinga/ unidades-de-conservacao-caatinga/2118-ESEC-do-serido> Acesso em: 26mai2012.

253 Termo da geociência derivado da língua alemã que quer dizer “montanha rochosa”. É uma formação rochosa típica do semiárido, que apresenta morros residuais onde houve erosão eólica. É uma elevação que se destaca isoladamente em uma superfície plana, formando um relevo residual. O Pão de Açúcar, localizado no Rio de Janeiro é um inselberg. Cf. Dicionário Livre de Geociências. Disponível em: http://www.dicionario.pro.br/dicionario/index.php/In-selberg. Acesso em: 31jul2012.

254 MMA/IBAMA. Plano de Manejo da Estação Ecológica do Seridó. Brasília: dez, 2004. Pu-blicado pela Portaria IBAMA nº 1, de 7 de janeiro de 2005. Disponível em: <http://www. icmbio.gov.br/portal/biodiversidade/unidades-de-conservacao/biomas-brasileiros/caatinga/ unidades-de-conservacao-caatinga/2118-ESEC-do-serido>. Acesso em: 26mai2012.

Segundo informação do chefe da ESEC do Seridó, anualmente a unidade recebe cerca de 500 a 600 visitantes provenientes de escolas da região, inclusive de outros Estados, pesquisadores, bem como estudantes universitários. As visitas são programadas por meio de agendamento com a equipe da unidade, que conta somente com um analista ambiental, oito vigilantes e dois auxiliares de serviços gerais 255.

As visitas realizadas constituem-se em atividades de educação ambiental. Durante cada visita é realizada uma apresentação da unidade, em forma de palestra, e em seguida os visitantes são acompanhados para que possam percorrer uma pequena trilha de 400m (a Trilha da Caveira) e conhecer um pouco da flora da região. A comunidade local se envolve com a unidade, na medida em que estudantes das escolas próximas realizam a visitação. Não há outro tipo de interação 256.

A infraestrutura conta com uma casa, localizada na entrada da unidade, que abriga os vigilantes, um alojamento para os servidores com quatro quartos, um escritório com três salas, garagem, um galpão, um prédio onde fica a sala de palestras (para aproximadamente 25 pessoas), um herbário e uma biblioteca. Há, ainda, uma casa onde reside um policial ambiental, uma casa para o gestor, que se encontra desabitada, e um alojamento para pesquisadores com laboratório, cozinha e quatro quartos. Nesse local podem ser alojadas até 20 pessoas. Não há infraestrutura típica de hospedagem para visitação de cunho turístico, até mesmo porque esta categoria de manejo não permite esse tipo de uso público 257.

Seu Plano de Manejo, que começou a ser elaborado em 2003, tendo sido concluído em 2004, foi custeado por recursos de compensação ambiental decorrentes da implantação da Usina Hidrelétrica (UHE) Luiz Gonzaga, empreendimento da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (CHESF) 258.

Segundo dados do Cadastro Nacional de Unidades de Conservação, a ESEC do Seridó é uma das 17 unidades de conservação localizadas no Estado do

255 Informação fornecida por email pelo Chefe interino da ESEC do Seridó, George Stephenson Batista, em 9ago2012.

256 Informação fornecida por email pelo Chefe interino da ESEC do Seridó, George Stephenson Batista, em 9ago2012.

257 Informação fornecida por email pelo Chefe interino da ESEC do Seridó, George Stephenson Batista, em 9ago2012.

258 A CHESF é uma sociedade anônima de capital aberto e de economia mista que atua no Brasil e no exterior na área de produção de energia. Ela foi criada pelo Decreto-Lei nº 8.031, de 3 de outubro de 1945.

Rio Grande do Norte, sendo a única Estação Ecológica 259.

A unidade não possui problemas de regularização fundiária, o que para uma unidade de proteção integral muito restritiva, como uma Estação Ecológica, pode facilitar seu planejamento e gestão. Suas terras pertencem à União.

Inserida na região conhecida como Seridó, a mais atingida pelo processo de desertificação no Rio Grande do Norte e um dos principais centros críticos a sofrer com esse fenômeno no País, a ESEC do Seridó protege a Savana Hiperxerófila. Além disso, a unidade é rica em outros ecossistemas, tais como savanas abertas e florestas decíduas, abrigando também lagoas e ambientes rupestres. Na região do entorno da ESEC do Seridó, verifica-se a ocorrência de locais onde o solo é extremamente frágil, ficando mais vulnerável ao processo de desertificação 260.

A região do Seridó é considerada uma das áreas com importância biológica “extremamente alta”. Por sua pequena extensão em comparação à necessidade de proteção do bioma Caatinga, essa ESEC pode ser considerada pouco representativa, fator agravado inclusive por seu isolamento e baixa conectividade com outras áreas protegidas 261.

A Unidade de Conservação mais próxima é a Flona de Açú, distante aproximadamente 120 km. No entanto, a existência de poucas unidades de conservação nesse bioma faz crescer a importância dessa unidade sob o ponto de vista do planejamento de outras áreas protegidas para a região. Outro ponto importante, abordado no Plano de Manejo da unidade é a necessidade de uma adequada gestão ambiental em sua zona de amortecimento 262.

259 MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE. Cadastro Nacional de Unidades de Conservação--CNUC. Relatório Parametrizado – Unidade de Conservação. Estação Ecológica do Seridó. Disponível em: <http://sistemas.mma.gov.br/cnuc/index.php?ido=relatorioparametrizado. exibeRelatorio&relatorioPadrao=true&idUc=69>. Acesso em: 25mai2013.

260 MMA/IBAMA. Plano de Manejo da Estação Ecológica do Seridó. Brasília: dez, 2004. Pu-blicado pela Portaria IBAMA nº 1, de 7 de janeiro de 2005. Disponível em: <http://www. icmbio.gov.br/portal/biodiversidade/unidades-de-conservacao/biomas-brasileiros/caatinga/ unidades-de-conservacao-caatinga/2118-ESEC-do-serido>. Acesso em: 26mai2012. 261 MMA/IBAMA. Plano de Manejo da Estação Ecológica do Seridó. Brasília: dez, 2004.

Pu-blicado pela Portaria IBAMA nº 1, de 7 de janeiro de 2005. Disponível em: <http://www. icmbio.gov.br/portal/biodiversidade/unidades-de-conservacao/biomas-brasileiros/caatinga/ unidades-de-conservacao-caatinga/2118-ESEC-do-serido> Acesso em: 26mai2012.

262 MMA/IBAMA. Plano de Manejo da Estação Ecológica do Seridó. Brasília: dez, 2004. Dis-ponível em: <http://www.icmbio.gov.br/portal/biodiversidade/unidades-de-conservacao/ biomas-brasileiros/caatinga/unidades-de-conservacao-caatinga/2118-ESEC-do-serido>. Acesso em: maio de 2012.

Além dos objetivos gerais da categoria de manejo, ou seja, preservação da natureza e realização de pesquisas científicas (art. 9º, da Lei nº 9.985/00), a ESEC do Seridó possui objetivos específicos, que consideram as principais espécies da flora e da fauna brasileiras protegidas na unidade, bem como as peculiaridades da região onde está localizada. De acordo com seu Plano de Manejo, os objetivos específicos da ESEC do Seridó são:

1. Preservar a diversidade biológica e os recursos genéticos contidos em amostras do Bioma Caatinga, característicos da região do Seridó.

2. Proteger espécies da flora raras e/ou ameaçadas de ex-tinção no âmbito regional, a exemplo de: aroeira Myracro-druon urundeuva, mulungu Erythrina velutina, imbiratanha

Pseudobombax marginatum, ipê-roxo Tabebuia impetigino-sa, oiticica Licania rigida, timbaúba, dentre outras.

3. Proteger as espécies da fauna raras e/ou ameaçadas de extinção no âmbito regional e nacional, a exemplo de: perereca Corythomantis greeningi, lagartixas Phyllopezus periosus e Hemidactylus agrius, ema Rhea a. americana, pica-pau-anão-de-Pernambuco Picumnus fulvescens, joão--chique-chique Gyalophylax hellmayri, canário-da-terra

Sicalis flaveola, Gato do- mato-pequeno Leopardus tigrina, mocó Kerodon rupestris, tamanduá-mirim Tamandua tetra-dactyla, gato-morisco Herpaylurus yagouaroundi, guaxinim

Procyon cancrivorous, dentre outras.

4. Proteger as espécies da fauna ainda pouco conhecidas, a exemplo de: perereca-preguiçosa Phyllomedusa spn., cobra--cega Leptotyphlops sp., sapo-de-chifre Proceratophys sp., dentre outras.

5. Contribuir para a proteção dos sítios de reprodução e ali-mentação da arribação ou avoante Zenaida auriculata.

6. Contribuir para o conhecimento do uso dos recursos na-turais para o desenvolvimento sustentável da região. 7. Assegurar a proteção das características relevantes de na-tureza geológica e geomorfológica da Serra Verde.

8. Proteger as nascentes do tributário do Rio Bento Corrêa e contribuir para a proteção dos demais recursos hídricos situados à margem esquerda do Rio Sabugi e à margem di-reita do Rio Espinharas, localizados na Zona de Amorteci-mento da ESEC.

9. Proteger porções de solo do tipo massapê presentes no interior da ESEC.

10. Favorecer e/ou promover a recuperação de ecossistemas degradados por meio de pesquisas experimentais e do de-senvolvimento tecnológico.

11. Proporcionar os meios e incentivos para implemen-tar as atividades de pesquisa científica e monitoramento ambiental.

12. Favorecer as condições para a promoção de atividades de educação ambiental.

13. Propiciar o monitoramento climatológico da região. 14. Valorizar o conhecimento das comunidades locais, difundindo-o em ações de educação e sensibilização am-biental.263

Devido à pequena extensão, à suscetibilidade do ecossistema protegido e à pressão antrópica no entorno da unidade, a existência de um plano de manejo e o estabelecimento e gestão na zona de amortecimento podem representar um diferencial importante para a gestão da área protegida. As pressões antrópicas são causadas principalmente pelo uso do solo para fins de agricultura, por atividades de caça, pesca, visitação, pela proximidade a uma rodovia e a invasão por espécies exóticas 264.

O Plano de Manejo da ESEC do Seridó dispõe sobre a zona de amortecimento da unidade, onde as atividades humanas referentes ao uso dos recursos naturais estariam sujeitas a normas e restrições específicas. A zona de amortecimento para a ESEC Seridó proposta no Plano de manejo possui uma extensão de aproximadamente 78 mil hectares265, ou seja, 78 vezes maior que a área da unidade (de aproximadamente mil hectares). Até o momento, ela ainda não foi instituída por ato legal de criação específico, o que pode significar um ponto fraco para a gestão efetiva da UC, considerando sua pequena extensão a sujeição a pressões antrópicas no entorno.

A unidade possui um Conselho Gestor, criado pela Portaria IBAMA nº

263 MMA/IBAMA. Plano de Manejo da Estação Ecológica do Seridó. Brasília: dez, 2004. Pu-blicado pela Portaria IBAMA nº 1, de 7 de janeiro de 2005. Disponível em: <http://www. icmbio.gov.br/portal/biodiversidade/unidades-de-conservacao/biomas-brasileiros/caatinga/ unidades-de-conservacao-caatinga/2118-ESEC-do-serido>. Acesso em: 26mai2012. 264 MMA/IBAMA. Plano de Manejo da Estação Ecológica do Seridó. Brasília: dez, 2004.

Pu-blicado pela Portaria IBAMA nº 1, de 7 de janeiro de 2005. Disponível em: <http://www. icmbio.gov.br/portal/biodiversidade/unidades-de-conservacao/biomas-brasileiros/caatinga/ unidades-de-conservacao-caatinga/2118-ESEC-do-serido>. Acesso em: 26mai2012. 265 MMA/IBAMA. Plano de Manejo da Estação Ecológica do Seridó. Brasília: dez, 2004.

Pu-blicado pela Portaria IBAMA nº 1, de 7 de janeiro de 2005. Disponível em: <http://www. icmbio.gov.br/portal/biodiversidade/unidades-de-conservacao/biomas-brasileiros/caatinga/ unidades-de-conservacao-caatinga/2118-ESEC-do-serido>. Acesso em: 26mai2012.

84, de 6 de novembro de 2006. Esse conselho é presidido pelo Chefe da unidade de conservação e é composto por representantes de empresas de pesquisa e extensão agropecuárias da região, da polícia militar do Estado, das Prefeituras, Câmaras Municipais, Sindicatos de Trabalhadores Rurais dos Municípios de Caiacó, Serra Negra do Norte, Timbaúba dos Batistas, São João da Sabugi; da Federação dos Trabalhadores da Agricultura do Rio Grande do Norte; da Agência de Desenvolvimento do Seridó; do Sebrae do Rio Grande do Norte; do Serviço de Apoio a Projetos Comunitários da região e da Associação Mata Cinzenta.

O gestor relatou problemas em reunir o Conselho. São 18 membros e há a dificuldade de conseguir quórum para as reuniões. No ano de 2012, houve apenas uma reunião do Conselho, na qual foram tratados assuntos relativos à fiscalização de caça nos arredores na UC e possibilidades de acessar recursos de compensação ambiental, por exemplo 266.

Não há parcerias com organizações não-governamentais para a gestão da unidade, embora exista uma associação que integre o Conselho Gestor267.

Segundo o seu chefe, a ESEC do Seridó possui uma ótima estrutura para pesquisa268, sendo que, em 2011, o Programa de Pós-Graduação em Ecologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte publicou os resultados de pesquisas realizadas na ESEC por vários pesquisadores e alunos de mestrado e doutorado na área de Ecologia269.

Segundo dados do Sistema de Autorização e Informação em Biodiversidade-Sisbio, reestruturado pela Portaria nº 336, de 8 de agosto de 2008270, foram concedidas entre junho de 2008 e maio de 2012, 41 autorizações

266 Informação fornecida por email pelo Chefe interino da ESEC do Seridó, George Stephenson Batista, em 9ago2012.

267 Informação fornecida por email pelo Chefe interino da ESEC do Seridó, George Stephenson Batista, em 9ago2012.

268 Cf. ICMBio. Comunicação. Disponível em: http://www.icmbio.gov.br/portal/comunicacao/ noticias/20-geral/1684-publicado-livro-com-pesquisas-sobre-a-caatinga-na-ESEC-do-seri-do.html.

269 Cf. ICMBio. Comunicação. Disponível em: <http://www.icmbio.gov.br/portal/images/sto-ries/comunicacao/livroserido.pdf>. Acesso em: 9set2012.

270 O Sisbio é um sistema de atendimento à distância que permite a pesquisadores solicitarem autorizações para coleta de material biológico e para a realização de pesquisa em unidades de conservação federais e cavernas. É administrado pelo ICMBio, conforme o disposto no art. 32, § 2º da Lei 9.985/00.

de pesquisa na ESEC do Seridó. Atualmente, há uma única solicitação de autorização para pesquisa nessa unidade, sob análise do ICMBio271. Das autorizações concedidas272, quatro foram destinadas à realização de atividades de cunho didático no ensino superior, e 37 para realização de atividades com finalidade científica.

Seguem os dados do gestor da unidade de conservação, que prestou informações via email:

Nome do Responsável: George Stephenson Batista Função: Gestor Interino

Endereço: Rua Adélia Marinho, 47 – Bairro/Paraíba CEP.59.300-000 – Caicó/RN.

Telefone: (84) 3417-1904

email: george.batista@icmbio.gov.br

No documento pesquisa e preservação (páginas 142-148)