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Foto 7 – Aula de Ballet

1.2 Estado e Políticas Públicas

De acordo com Dagnino (2004), dentro desse universo de inquietações depreende-se como um tema instigante, a relação entre Estado e Políticas Públicas, daí porque a referida autora foi escolhida para nortear essa discussão teórica. A esse respeito, ela afirma que:

[...] como parte da estratégia do Estado para a implementação do ajuste neoliberal, há a emergência de um projeto de Estado mínimo que se isenta progressivamente de seu papel de garantidor de direitos, através do encolhimento de suas responsabilidades sociais e sua transferência para a sociedade civil. Este projeto constitui o núcleo duro do bem conhecido processo global de adequação das sociedades ao modelo neoliberal produzido pelo Consenso de Washington (DAGNINO, 2004, p.197).

Analisando Dagnino (2004), vê-se o quanto é preocupante o modelo neoliberal, pois o Estado tem como papel norteador, garantir os direitos e responsabilidades sociais. A preocupação se dá, quase que exclusivamente, com as relações do mercado, adequando o social, nessa dinâmica de relações de dominação e poder. Entretanto, o mercado é uma realidade posta, exigindo a alocação de recursos e benefícios sob o imperativo da eficiência capitalista, racionalizadora na técnica organizacional, produtiva e acumuladora de riquezas.

A autorregulação do mercado, no modelo neoliberal, não é suficiente para amenizar os problemas sociais de um país. Segundo Moreira (2002), o papel da ação pública ainda se faz necessário para a redistribuição de rendas ou bem-estar social, fator essencial para equilíbrio e coesão social, pois:

[...] em um regime de acumulação sob dominância financeira. Essa nova configuração possui impactos sobre o potencial e o modo de desenvolvimento desses países em uma lógica que privilegia o financeiro e o comercial frente ao produtivo e ao social (MOREIRA, 2002, p.49).

O autor aqui citado, ao se referir aos países da América Latina, referencia o modelo econômico que prevalece e a quem realmente o capitalismo privilegia, tornando assim uma convivência praticamente intolerável entre o mercado e a „sociedade civil‟, pois o Estado nasce a partir da necessidade de equilibrar o capital e a sociedade, tendo ao longo da história privilegiado o capital, sendo, ainda, que o Estado de Direito e o Estado Social não foram, até hoje, totalmente implantados no Brasil.

enfraquecimento da desigualdade econômica, mas é fundamental, também, a socialização do poder. Isso significa que a consolidação de uma ordem justa e igualitária requer a ampliação da responsabilidade e da participação de seus cidadãos. Assim, assumir responsabilidades é compartilhar do poder de decidir os rumos da sociedade.

Sobre a questão do poder é importante atentar para as considerações de Faoro (2000, p. 240):

As inquietações urbanas, as angústias européias da elite, a sede de mando de civis e militares, a demagogia inquieta e impaciente – tudo se amortece e paralisa diante de uma muralha apagada e inerte. O Senhor da soberania, o povo que vota e decide, cala e obedece, permanece mudo ao apelo da palavra.

A herança do processo democrático brasileiro é que ao povo foi dado o ensinamento de obedecer, calar, ter um sentimento de cordialidade e uma postura de agradecimento, como cita Faoro (2000). O processo de construção da democracia, que é muito bem descrito pelo autor aqui referido, ao que tudo indica, vai demandar um longo tempo. O autor referido menciona, nesse sentido, a situação de indignação do silenciar e dos desmandos dos que estão no poder para a construção da democracia. Percebe-se, portanto, da parte da sociedade civil, a necessidade de um maior conhecimento do sistema político-histórico e que essa se fortaleça no tocante a se mobilizar e assim assumir uma postura reivindicatória dos direitos garantidos na Constituição Federal.

A lógica democrática, a partir da nova Constituição Federativa do Brasil, prevê um projeto ético-político que se comprometa com a perspectiva do homem integral, senhor de sua história.

Aplicar corretamente os recursos é uma questão de coerência, pois são muitos os problemas a serem contemplados para o volume dos recursos. Assim sendo, o planejamento dos programas, projetos e ações são de grande importância.

Tendo em vista a problemática aqui relatada, é fundamental pensar um melhor modo de capacitar os profissionais envolvidos nas políticas públicas, para uma maior compreensão da necessidade de trabalhar em harmonia o planejamento, o monitoramento e as avaliações dos programas.

Para Holanda (2006) o monitoramento e a avaliação são imprescindíveis para o desenvolvimento de uma política social, como instrumento de gestão:

Nos países emergentes ainda é preciso avançar muito para incorporar à administração pública os elementos culturais e institucionais favoráveis à transparência, à accountability, à ética do serviço público e, por consequência, ao monitoramento e avaliação como instrumentos de gestão. (HOLANDA, 2006, p. 149).

Como ocorreu em outros países, observou-se que a reforma do estado seguiu estratégias diversas e até contraditórias: numa primeira direção, com a reforma dos sistemas orçamentários e o claro propósito de controle de gastos e redução do tamanho do estado; numa segunda orientação, com o esforço da capacidade institucional do estado para melhor cumprir suas funções (HOLANDA, 2006. p. 151).

Diz ainda o autor citado:

O total dos gastos sociais representa 16% do PIB (só a previdência representa 10% desse agregado), um percentual não desprezível. Observa- se, no entanto, que tem sido praticamente nulo o impacto desses gastos para a redução da pobreza no Brasil (HOLANDA, 2006, p. 160).

Primeiro, não há dinheiro suficiente para fazer tudo o que é necessário e, segundo, ainda que o dinheiro fosse suficiente, é preciso mais do que dinheiro para resolver os complexos problemas sociais e humanos (HOLANDA, 2006, p.143).

Mesmo reconhecendo a importância do que trata Holanda (2006), é preocupante a afirmação aqui apresentada, pois parece prevalecer mais a lógica do mercado, uma vez que o Estado deve ter responsabilidade em oferecer serviços de qualidade para a população que se encontra na pobreza ou na indigência e prestar um atendimento capaz de superar o estágio de exclusão social. A lógica do Estado mínimo é fazer mais com o mínimo de recurso, sendo, entretanto, necessário um volume de recursos compatível com o tamanho do problema a ser enfrentado que é a exclusão social, embora necessite, também, de recursos humanos capacitados e políticas públicas coerentes.

Tendo em vista essa problemática, no que se refere à distribuição e/ou escassez de recursos para desenvolver políticas públicas que sejam capazes de apresentar resultados de inclusão social da população de baixa renda, o Estado busca, assim, contemplar a relação custo-benefício dos programas e projetos realizados. A esse respeito, Holanda (2006) questiona o efeito do impacto, no que se refere à aplicação dos recursos em programas, projetos e ações que sejam de relevância no que se refere a minimizar a pobreza.

Portanto, a elaboração e operacionalização de Políticas públicas deve integrar: planejamento, monitoramento e a avaliação dentro das instituições, nas diversas esferas dos setores públicos e privados, pois assim sendo haverá um maior impacto no que se refere à inclusão social. A lei nº. 14.053, de 07 de janeiro de 2008 instituiu o Plano Plurianual do Estado do Ceará, 2008-2011.

A participação dos cidadãos na definição de prioridades e controle público da gestão governamental é essencial e indispensável para o desenvolvimento de uma sociedade democrática.

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