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Foto 7 – Aula de Ballet

2 GESTÃO COMPARTILHADA ENTRE ESTADO E SOCIEDADE CIVIL

2.2 Terceiro Setor

O terceiro setor vem inaugurar de uma forma legal e legitima a possibilidade de luta por direitos e participação a partir da sociedade civil organizada. Assim sendo, para fins deste trabalho, optou-se por Coelho (2000, p.17), em sua definição que:

O terceiro setor engloba um conjunto de organizações sociais sem fins lucrativos (associações, fundações, institutos, etc.), presentes desde longa data em nossa sociedade, com uma atuação voltada ao atendimento das necessidades de segmento da população, e unidas por uma mesma legislação reguladora. A literatura internacional, no entanto, denomina esse agrupamento de diferentes maneiras: organizações voluntárias, organizações sem fins lucrativos, organizações não-governamentais (ONGs), terceiro setor.

O processo de construção do que se denomina hoje de terceiro setor emerge da própria dialética social das mudanças do final do século passado. As causas de sua evolução, certamente, fazem parte das recentes transformações sociais ocorridas nos campos político, econômico, histórico e cultural.

O gráfico 1, elaborado pelo IBGE (2006), mostra o percentual de entidades de assistência social privadas sem fins lucrativos nas grandes regiões brasileira.

Como se pode ver, a Região Centro-Oeste tem uma população de cerca de 12 milhões de habitantes e 7,4% das entidades ali se localizam; na Região Nordeste tem uma população superior a 50 milhões de habitantes para apenas 14,8% das entidades do pais.; na Região Norte uma população de 14 milhões de habitantes, tendo 3,4% das entidades lacalizadas nesta região; Já na Região Sudeste sua população é de cerca de 77 milhões de habitantes e estão presentes 51,8 das entidades, enquanto que na Região Sul, sua população é de mais de 26 milhões de habitantes, entretanto, a região sudeste é onde estão 51,8% de entidades de assistencia social. Porém, a mesma não é a região com a população mais carente e, portanto, que necessita de maior amparo assistencial.

No Brasil, o terceiro setor tem ganhado relevância ao longo do tempo e o impacto de suas ações tem contribuído para melhorias sociais, mesmo sendo um ente novo, composto por um conjunto de atores diversificado: famílias, amigos, igrejas, empresas, entidades em geral, que desenvolvem ações filantrópicas e/ou solidárias que chegam, muitas vezes, a resultados bastante positivos em relação aos entes estaduais, federais e municipais na implementação de políticas públicas.

O gráfico 2, do IBGE (2006), mostra que as entidades estão sendo inscritas no Conselho de Assistência Social, tendo uma maior concentração nos municípios e que também o foco de atuação, ainda se concentra no município. O ritmo acelerado do crescimento do número de fundações privadas e associações sem fins lucrativos,

aumentou três vezes no país, considerando o período de 1996 a 2005. No ano de 2008 deve passar de 400 mil, de acordo com as projeções. Cerca de 85% do total, são associações sem fins lucrativos e 15% fundações privadas. Com base na taxa de crescimento de 2002 a 2005 (IBGE, 2006).

Fonte: IBGE, 2006.

A partir do crescimento do terceiro setor e do seu envolvimento com a execução de políticas sociais, necessário se faz conhecê-lo para, assim sendo, construir instrumentos capazes de acompanhamento no que se refere ao planejamento, à execução, ao controle e à avaliação.

Para Dias (2008), foram realizadas pesquisas quanto à sustentabilidade das ONGs no Ceará, pois as organizações articulam-se de forma incipiente, e não garantem a sustentabilidade, recomendada nas literaturas a nível nacional e internacional. Ante o exposto crê-se que existe uma lacuna quanto à cultura da sistematização das atividades e as tendências de uma gestão eficaz.

Gomes (1999) apresenta as finalidades das Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIPs), quando nos esclarece que:

As Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público – OSCIPs são a expressão mais atualizada do crescimento e fortalecimento do chamado terceiro setor no Brasil, regulamentadas pela Lei nº 9.790 de 23/03/99, como entidades privadas, sem fins lucrativos, que ocupam o espaço público não – estatal, em conformidade com os princípios de universalização dos serviços, cujas finalidades estejam voltadas para a promoção de assistência social, cultura, educação, saúde gratuita, segurança alimentar e nutricional, defesa dos direitos e do meio ambiente, promoção da ética, da paz, da cidadania e da democracia, do desenvolvimento econômico e social e combate à pobreza, produção de estudos e pesquisas (GOMES, 1999. p.104).

Coelho (2000) registra as críticas que o sociólogo Francisco de Oliveira, faz ao sistema brasileiro de welfare state. O mesmo afirma, por exemplo, que o que temos é “um Estado de mal-estar social”. Daí registra-se a necessidade do fortalecimento do terceiro setor para ancorar uma política forte de transferência de recursos para a descentralização de programas e projetos para o terceiro setor. Como afirma a autora:

[...] já é hora de retornar às virtudes do autogoverno. Os indivíduos devem adquirir o poder e a responsabilidade de gerenciar sua própria vida, sua família e suas instituições comunitárias sem sentir a mão pesada do governo. Assim propõem a “devolução” do poder (COELHO, 2000, p. 50). A responsabilidade social do terceiro setor passa por várias formas de associação e organização social. Haguette (2008) faz uma reflexão sobre o mesmo: ressalta que será um veículo para lutar pelos interesses, sobreviver e viver melhor, buscando compreender a cidadania, para que a elaboração de políticas públicas sejam capazes de incluir socialmente aqueles que se encontram à margem dos atendimentos e da participação social.

Após o exposto, considera-se aqui que uma cultura de cidadania implica uma perspectiva renovada da democracia, da política, através da ampliação dos espaços de participação na gestão pública, pelo compartilhamento de responsabilidades do Estado com a sociedade, propiciando maior legitimidade, governabilidade e sustentabilidade das ações empreendidas.

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