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A) Evolução: Tratando-se da busca histórica da origem do Estado, ou dos Estados, têm-se diferentes opiniões e pontos de partida. Por exemplo, para Friedrich Engels o Estado origina-se de forma embrionária já na formação das tribos germânicas antecedentes alguns séculos às civilizações gregas e romanas, tribos estas que se originaram nas gens primitivas.1

Para Joseph R. Strayer é necessário que se estabeleça critérios para que se possa de forma mais aproximada possível identificar cronologicamente na história o surgimento da sociedade na forma de Estado.

[...] o aparecimento de unidades políticas persistentes no tempo e geograficamente estáveis, o desenvolvimento de instituições permanentes e impessoais, o consenso em relação à necessidade de uma autoridade suprema e a aceitação da idéia de que esta autoridade deve ser objeto da lealdade básica dos seus súditos.2

Com base nos critérios acima dispostos o autor entende que, não obstante a existência de “Estados” anteriores aos da era medieval (1100 à 1600), tais como, o império Han, na China, e o império Romano, tais Estados por exercerem sua legitimação basicamente pelo poderio militar, sem ter por atividade principal o interesse pelo bem estar social, não são exemplos de Estados, modernamente falando. 3

1

ENGELS, Friedrich. A origem da família, da propriedade privada e do estado. Trabalho relacionado com as investigações de L. H. Morgan. Tradução de Leandro Konder. 16 ed. Rio de Janeiro: Bertrand, 2002, passim.

2

STRAYER, Joseph R., As origens medievais do estado moderno. Tradução Carlos da Veiga Ferreira. rev. Gradiva: [19--?]. p. 16.

3

No mesmo sentido, de que são necessárias características mínimas para se entender um organismo como Estado, destaca-se os ensinamentos de Figueiredo, que afirma serem elementos de um Estado, por exemplo, a sociedade, a organização jurídica e política, ordenamento de normas e a soberania. 4

Entende-se, portanto, que a construção do conceito de Estado na forma que se aceita hoje vem se perfazendo ao longo da história humana, surgindo pela primeira vez na idade média.

B) Conceitos: A partir da evolução histórica do Estado, têm-se atualmente muitos conceitos de Estado, partindo-se dos mais variados pontos de vista, quer seja, político, social, jurídico, econômico ou social.

Para Figueiredo,

(...) o Estado é pessoa política e jurídica, fenômeno que pode ser estudado sociologicamente ou juridicamente. O Estado é o poder institucionalizado que deve sempre garantir a liberdade do homem, de acordo com seus desejos legítimos, mediante regras preestabelecidas pelo homem. É igualmente centro de decisões e de comportamentos ou impulsos, visando à realização das finalidades humanas. Deve sobretudo ser controlado pelo homem e não o contrário. Em sua dinâmica deve procurar o equilíbrio entre o desenvolvimento e a paz, a tecnologia e o humanismo, sem prevalência da burocracia. 5

Já quanto à origem etimológica da palavra “Estado”, Bobbio esclarece o seguinte:

É fora de discussão que a palavra “Estado” se impôs através da difusão e pelo prestígio do Príncipe de Maquiavel. A obra começa, como se sabe, com estas palavras: „Todos os estados, todos os domínios que imperaram e imperam sobre os homens, foram e são ou repúblicas ou principados‟ [1513, ed. 1977,p. 5]. Isto não quer dizer que a palavra tenha sido introduzida por Maquiavel. Minuciosas e amplas pesquisas sobre o uso de “Estado” na linguagem do Quatrocentos e do Quinhentos mostram que a passagem do significado corrente do termo status de “situação” para “Estado” no sentido moderno da palavra, já ocorrera, através do isolamento do primeiro termo da expressão clássica status rei publicae. O próprio Maquiavel não poderia ter escrito aquela frase exatamente no início da obra se a palavra em questão já não fosse de uso corrente. 6

Como foi mencionado em momento anterior, o conceito de Estado pode ser construído a partir de concepções das mais diversas, pois, concebe-se como ente detentor do poder público, apenas como sinônimo de país soberano, administrador público ou simplesmente governo ou também pessoa jurídica de direito público. O Estado, de forma geral, é a materialização da necessidade da

4

FIGUEIREDO, Marcelo. Teoria geral do estado. São Paulo: Atlas, 1993. p. 43-45.

5

Ibid., p. 45-46.

6

BOBBIO, Norberto. Estado, governo, sociedade para uma teoria geral da política. Tradução Marco Aurélio Nogueira. rev. Rio de Janeiro: Paz e terra, 1987. p. 65-66.

sociedade em se manter organizada, tanto, administrativa, como jurídica e economicamente, estando, desta maneira, legitimado para exercer o poder sobre a sociedade em geral.

Neste sentido Sauwen Filho afirma: “O estado não é uma mera ficção, mas a coletividade humana politicamente organizada em corpo independente. Assim a sua concepção transcende à simples noção de governo e até mesmo à sua independência jurídica.‟‟7

Característica principal do Estado é que o poder passa da pessoa particular, do individual, para as mãos do coletivo institucionalizado.

C) Elementos de formação: É pacífico o entendimento de que dentre os vários elementos tidos como formadores de um Estado, os principais são: Território, povo e soberania.

Em relação ao território, entendido aqui como espaço territorial delimitado por suas fronteiras onde o Estado exerce sua soberania, é assim comentado por Dallari:

Não existe Estado sem território. No momento mesmo de sua constituição o Estado integra num conjunto indissociável, entre outros elementos, um território, de que não pode ser privado sob pena de não mais ser Estado. A perda temporária do território, entretanto, não desnatura o Estado, que continua a existir enquanto não se tornar definitiva a impossibilidade de se reintegrar o território com os demais elementos. O mesmo se dá com as perdas parciais de território, não havendo qualquer regra quanto ao mínimo de extensão territorial.8

A soberania é o poder, a autoridade, a força legitimada que o Estado exerce sobre seu território e seu povo. Acerca da busca pela melhor compreensão da concepção de soberania, extrai-se também da lição de Figueiredo:

Para entender o núcleo central da questão da soberania, é preciso considerar um fato presente através dos tempos. Quem detém o poder necessita sempre de uma justificação político-jurídica que alicerce sua pretensão. Abstraindo por um momento a qualidade ou substância do governante, seja ele o monarca, o tirano, o democrata etc., todos eles necessitam de um título, de uma organização, de uma teoria, de um poder de fato, conectado com um poder jurídico para o exercício de suas funções. Esta tentativa teórica consistente em conciliar o quanto possível o poder de fato com o poder de direito, aproxima-nos à idéia ou a concepção de “soberania”.9

7

SAUWEN FILHO, João Francisco. Da responsabilidade civil do estado. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2001. p. 35.

8

DALLARI, Dalmo de Abreu. Elementos de teoria geral do estado. 28. ed. São Paulo: Saraiva, 2009. p. 89.

9

Por fim, tem-se o povo como o terceiro elemento constitutivo do Estado. De forma simplória, o povo são as pessoas sobre as quais o Estado exerce seu poder em um determinado território.

Pela grande importância deste último elemento formador do Estado, cujo bem estar social deveria ser totalmente priorizado por todos os Estados, opta-se pelo conceito de povo elaborado por Zippelius, que o define no sentido sociológico, pois, afastando-se da terminologia técnica, busca uma compreensão mais humanista.

Pode designar-se povo em sentido sociológico a totalidade de indivíduos que se sente ligada por um sentimento de afinidade nacional, que, por seu turno, está fundada numa pluralidade de fatores, p. ex., o parentesco rácico, a cultura comum (especialmente a língua e a religião), e o destino político comum.10

Certamente muito mais poderia ser dito quanto à temática do Estado, sua origem, características, formação, etc., porém, para efeito de informação no contexto deste trabalho, basta este comentário acerca dos elementos do Estado.

É importante comentar que, em relação ao Estado têm-se, ainda, as formas de governo citadas por Maquiavel em sua histórica obra O Príncipe, as quais são por ele identificadas como monarquia e república,11 entendimento que é seguido até os dias atuais por outros autores, a exemplo de Figueiredo.12

Também tem relevância lembrar que dentro da forma de governo república, existe o presidencialismo e o parlamentarismo, já nas monarquias apesar da figura do rei, em alguns países pode haver o parlamentarismo.

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