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3.3 Obtenção e análise dos dados

3.3.1 Estado nutricional

Para a análise do estado nutricional foi realizada avaliação antropométrica dos alunos integrantes da amostra. Para determinação do peso corporal foi utilizada balança eletrônica do tipo plataforma, com capacidade para 150 kilogramas e sensibilidade de 100 gramas, marca CAMRY (ED-309). Os alunos foram medidos com roupas leves e descalços. Para a coleta dos dados de altura foi utilizado estadiômetro portátil, com escala em milímetros, fixado em suporte de madeira apropriado, sendo este firmemente apoiado à parede, assegurando-se que a criança encontrava-se em posição correta para a leitura e registro da altura obtida.

Empregando-se o software Epi – Info 2000 (CDC, 2000) foi construído banco de dados, visando-se à elaboração dos cálculos e análises dos indicadores antropométricos. Utilizou-se, como referência, o padrão antropométrico do Center for Disease Control and Prevention – CDC de 2000 (CDC, 2002) para o cálculo dos indicadores de altura para idade – escore ZAI e Índice de Massa Corporal (IMC).

O critério de classificação adotado, com base no escore Z de altura para idade (ZAI), envolveu três intervalos: menor que –2 (indicador de comprometimento do estado nutricional), de –2 a menos que –1 (indicativo de risco de comprometimento do estado nutricional) e pelo menos igual a –1 (indicador de eutrofia). É esperada em uma população de referência, que desfruta de

boas condições de saúde, 2,3% dos indivíduos geneticamente baixos (ZAI < −2), 13,6% em situação de risco (−2 ≤ ZAI < −1) e 84,1% eutróficos (ZAI ≥ −1).

Merece destaque que o critério para classificação com base nas unidades de desvio padrão ou escores Z (obtidos mediante o valor da variável observada referente ao indivíduo, subtraído do valor médio de referência esperado, dividido pelo desvio padrão da população de referência) é considerado o índice mais apropriado para definir os pontos de corte na avaliação do crescimento e evolução nutricional durante a infância (WORLD HEALTH ORGANIZATION – WHO, 1995).

Usualmente as crianças consideradas eutróficas distam até dois escores Z da mediana da população de referência. A criança será considerada com déficit se apresentar-se abaixo de –2 desvios-padrão do valor mediano para idade e gênero (WATERLOW et al., 1977). Déficits de altura-para-idade revelam retardo do crescimento linear da criança e indicam desnutrição de longa duração, seja decorrente de deficiência de energia, de macro ou de micronutrientes. Déficits de peso-para-idade, por sua vez, denotam retardo do crescimento linear e ou acúmulo insuficiente de massa corporal ou catabolismo dos tecidos, representando uma medida sintética de várias formas de desnutrição (IBGE, 2006).

Para avaliação do estado nutricional por meio do Índice de Massa Corporal (IMC = peso (kg)/estatura (m)2) foi utilizada a distribuição em percentis (P) empregando-se, como referência, a curva americana do CDC (2000).

No caso do Índice de Massa Corporal – IMC, devido à ausência de consenso sobre o uso de uma curva de referência de origem distinta da população analisada, como a curva americana do CDC (2000), foi adotada, também, nesta dissertação, a curva de referência nacional elaborada por Conde e Monteiro (2006), com base nos dados da Pesquisa Nacional Sobre Saúde e Nutrição – PNSN, de 1989. Dessa forma, as análises do IMC, tendo por base o padrão do CDC (2000), possibilitarão a comparação com expressivo volume de estudos, nacionais e internacionais, disponível. O uso da curva nacional permitirá o diagnóstico mais preciso da situação nutricional da população avaliada, evitando o efeito de sub/superestimações de medidas de prevalências de baixo peso ou excesso de peso quando do emprego de curvas internacionais (CONDE, 2004).

A curva de referência elaborada por Conde e Monteiro (2006) propõe valores de corte do IMC, com base no inquérito da PNSN, de 1989, equivalentes na infância e adolescência aos valores de corte do IMC tradicionalmente utilizados para diagnosticar baixo peso, sobrepeso e obesidade em adultos. Estes níveis de corte são equivalentes aos percentis 3, 85 e 95 da

distribuição do IMC que correspondem, na idade de 20 anos, ao IMC de 17,5 kg/m2, 25 kg/m2 e 30 kg/m2, respectivamente.

Para definição dos percentis que caracterizam o estado nutricional foram adotados, conforme preconizado pela WHO (1995), os seguintes intervalos: IMC < 5o P (indicativo de baixo peso), 5o P ≤ IMC < 85o P (situação de eutrofia), 85o P ≤ IMC < 95o P (indicativo de sobrepeso) e IMC ≥ 95o P (obesidade). No entanto, como o critério adotado por Conde e Monteiro (2006) para definição de baixo peso foi o IMC ≤ 3o P, este intervalo também foi especificado nas tabelas que reúnem os resultados.

De acordo com documento publicado pelo CDC (2003), o IMC pode ser usado para avaliação tanto de baixo peso quanto do excesso de peso em crianças e adolescentes. Diversos pesquisadores salientam que o uso do IMC justifica-se por sua correlação positiva com a gordura corporal total dos adolescentes (COCETTI, 2001; CONDE, 2004; GAMBA; BARROS JÚNIOR, 1999), com a pressão arterial e com o perfil lipídico sérico tanto na adolescência quanto na vida adulta (ANDRADE; PEREIRA; SICHIERI, 2003). Além disso, também confirmam que é um método de avaliação nutricional de baixo custo, fácil realização e que permite a comparação com inúmeros estudos disponíveis (GAMBA; BARROS JÚNIOR, 1999), mesmo que apresente como limitação a não distinção dos diferentes componentes da massa corporal, ou seja, água, massa muscular e massa adiposa (ANDRADE; PEREIRA; SICHIERI, 2003; COCETTI, 2001).

Gokhale e Kirschner (2003) registram que medidas consecutivas do IMC podem ser bastante úteis para identificar indivíduos, principalmente a partir de 7 anos de idade, com risco de se tornarem obesas na vida adulta.

Um fator que deve ser considerado na avaliação do estado nutricional, particularmente entre os escolares com idade entre 10 e 14 anos, é o estágio de maturação sexual. Nesta pesquisa, este aspecto foi indicado pelos escolares com idade pelo menos igual a 10 anos (n = 212) por meio de auto-avaliação, utilizando-se as planilhas demonstrativas, em desenhos, dos estágios de desenvolvimento sexual, segundo os critérios de Tanner (TANNER, 1962). Para classificação dos escolares em pré-púberes ou púberes adotou-se o proposto pela World Health Organization (1995): foram consideradas, tendo por base o desenvolvimento das mamas, pré-púberes as meninas no estágio 1 e púberes a partir do estágio 2. Os meninos foram identificados, de acordo com o desenvolvimento da genitália, como pré-púberes quando se encontravam nos estágios 1 e 2, e púberes a partir do estágio 3.

Avaliou-se, também, a percepção corporal dos escolares por meio de instrumento específico (ANEXO A).