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CAPITULO III – PROJETO PRÁTICO

1- ESTADO DA ARTE

O mercado publicitário evoluiu e diversificou-se consideravelmente ao longo dos anos com o advento das novas tecnologias e sua constante evolução, assim como a utilização de diversas plataformas. Contudo, a publicidade impressa possui um carácter de grande importância, se não central, em diversas campanhas publicitárias. Neste formato imperam duas formas imagéticas comunicativas: a ilustração e a fotografia.

No início, as primeiras peças publicitárias eram compostas por ilustrações feitas à mão. Após superadas as limitações tecnológicas, a fotografia passou a ser parte importante nos materiais publicitários. Hoje é praticamente impossível pensarmos na publicidade impressa sem associarmos à imagem, seja ela fotográfica ou ilustrada.

Figura 2 – Publicidade através de ilustração a bebida energética.

Relembramos de seguida apenas alguns autores, que identificamos na parte teórica do projeto, que tem afirmações que pensamos serem relevantes na passagem para o projeto prático.

Joan Costa, no seu livro “A imagem da marca. Um fenómeno social”, de 2008, aborda a questão

da comunicação das marcas através da publicidade. O autor defende que através da imagem publicitária é possível às marcas inserirem-se nas subjetividades individuais e no imaginário social, apresentando valores e aspirações com os quais os sujeitos se identificam. Segundo Costa (2008), a imagem da marca é uma construção mental que resulta da interação entre os estímulos oferecidos de forma simbólica aos sentidos e o contexto socioeconómico do público. Para tal, as marcas procuram conhecer e compreender as necessidades dos consumidores, promovendo uma identificação entre o produto e o público, de maneira a corresponder as suas aspirações.

Muitos autores defendem que a ilustração traz a possibilidade da criação de uma imagem aparentemente mais original, num contexto saturado de imagens fotográficas pelos meios de comunicação.

Joaquim Fonseca (1990) escreve:

“ A ilustração adiciona à mensagem escrita um forte poder de atração, estimulando a imaginação e valorizando esteticamente a aparência visual de qualquer texto. É também uma forma visual de esclarecer palpavelmente para o leitor conceitos que, escritos, podem parecer abstratos.” (Fonseca, 1990, pg. 57).

Assim compreende-se que a ilustração pode ampliar o potencial informativo de um texto, acrescentando uma dimensão reservada ao campo imagético, multiplicando as possibilidades de interpretação.

“A ilustração é cada vez mais uma técnica muito explorada como recurso comunicacional no mercado, em virtude dos seus atributos representativos e polissémicos, propriedades fundamentais à função persuasiva da mensagem publicitária.” (Dall’Alba, 2010, pg.8).

Gavin Ambrose e Paul Harris (2006), referem que uma ilustração pode expressar mais do que uma imagem fotográfica pois exibe ideias mais objetivamente, com maior destaque para o estilo, ou personalidade da imagem.

De seguida enumeramos uma série de exemplos a nível de ilustração no desporto, com a consciência que são marcas com uma escala incomparável, tratam-se apenas de exemplos a nível

técnico, nos quais a ilustração tem já um papel de destaque nas suas estratégias de marketing.

Caso de nike, nba, espn, são apenas alguns exemplos de marcas a nível mundial que utilizam ilustração regularmente para fazer as mais diversas publicidades.

Figura 3 - Publicidade através de ilustração para a marca Nike.

Figura 4 - Publicidade através de ilustração para a marca ESPN.

Autores como Florian Nicolle, David Despau, Alexis Marcou, têm já o seu nome associado a grandes marcas desportivas, e os seus trabalhos estão predominantemente relacionados com o desporto. Estes autores foram tidos como grande referência, não só pela temática, mas também a nível técnico.

Neste mundo do desporto e de marcas de renome a nível mundial podemos encontrar um

português, Ricardo Drumond, arquiteto de 30 anos, foi contactado pela NBA no passado mês de

Setembro para fazer parte da equipa de artistas que durante a presente época fazem vários

trabalhos para os media sociais para promover eventos ou destacar jogadores.

Figura 7 – Ilustrações de Ricardo Drumond

Continuando em território nacional, a ilustração assume o papel principal em vários projetos.

Exemplo disso mesmo é o projeto “Kampion card game”, um projeto recente que começou pela

cabeça e mãos de Lourenço Cunha Ferreira, criativo na área de comunicação e marketing. O projeto consiste em fazer um jogo de cartas com as figuras lendárias do desporto rei. Lourenço começou por lançar o desafio a artistas conhecidos para criar várias ilustrações, e de um arranque vagaroso com algumas dificuldades, o projeto conta neste momento com mais de 150 ilustradores em 57 países diferentes.

Figura 8 – Exemplos de cromos do projeto “Kampion card game”.

Ao observarmos o projeto de Lourenço, facilmente somos transportados para as famosas coleções de cromos de futebol. O formato, as imagens de jogadores de plano de rosto são dois dos fatores que nos remetem para essa linguagem dos cromos.

Figura 9 – Exemplos de coleções de cromos de futebol.

Figura 9 – Exemplos de coleções de cromos de futebol.

O Futebol Clube do Porto lançou na época 2013/2014, um álbum ilustrado intitulado “Futebol Clube do Porto: Clube Guide”, que contou com as ilustrações de Joel Faria, para fazer a apresentação do Clube, da sua história, equipa, palmarés e instalações às equipas estrangeiras. Este projeto será uma das principais referências, dada a proximidade em termos de formato com o nosso projeto.

Figura 10 – Imagens do álbum ilustrado intitulado “Futebol Clube do Porto: Clube

Guide”, por Joel Faria.

Tendo estes casos como referências, constata-se, como já referido anteriormente, que a imagem ilustrada está cada vez mais a par da fotografia no que diz respeito à publicidade no desporto. Até agora foram referidos exemplos a nível mundial, servindo estes exemplos apenas como uma

breve contextualização do estado atual a nível global, partindo à posteriori para a realidade onde

o projeto visa atuar.

A questão da comunicação através da ilustração na área do desporto foi o objeto de estudo central neste projeto, tendo a perceção do contexto onde este se insere, procurando assim contribuir para uma maior e mais eficaz divulgação da marca associada ao projeto.

Após as pesquisas realizadas e levantamento junto da direção do Clube Desportivo de Cerveira, verificamos que as iniciativas realizadas por marcas/associações que enfrentam maiores obstáculos a nível financeiro estão maioritariamente ligadas à fotografia. A principal razão para que assim seja será o menor custo de produção.

Mais especificamente no âmbito do futebol, muitas são as equipas que já esgotaram as iniciativas mais tradicionais, sendo as típicas cadernetas de cromos um projeto já explorado por muitos

clubes de pequenas dimensões. Assim como as simples montagens fotográficas dos atletas que apenas são adquiridas pelos próprios.

Todas estas iniciativas acabam por cumprir o seu propósito, a angariação de fundos, porém ficam aquém no que respeita à divulgação dos clubes, pecando por se tratarem de projetos muito direcionados apenas aos atletas ou familiares.

No caso específico do Clube Desportivo de Cerveira é um clube de pequenas dimensões. Como a grande maioria dos clubes locais, este enfrenta uma realidade com limitações orçamentais, condicionando as iniciativas que possam promover o mesmo. Com efeito, as iniciativas para levar a imagem do clube mais longe não são muitas, sendo maioritariamente projetos que dão algum lucro, mas que ficam praticamente dentro de portas, ou seja, o público-alvo normalmente é reduzido apenas aos atletas integrantes e às respetivas famílias.

Fazendo um levantamento dessas mesmas iniciativas, e da política adaptada pela direção do clube, constata-se que optam por uma posição mais segura, não fazendo quaisquer investimentos iniciais, preferindo lucrar uma menor percentagem, mas salvaguardando assim eventuais prejuízos. As iniciativas criadas no clube até agora, passaram pelo lançamento das tradicionais

cadernetas de cromos (2012/2013), posters de jogadores, pequenos livros de fotografias, e

caricaturas na época de 2013/2014.

Segundo fontes do clube, o projeto das cadernetas de cromos foi um sucesso, que contrastou com os da época seguinte que ficaram claramente aquém das previsões.

Assim sendo, será uma mais-valia para o projeto proposto o facto de se diferenciar dos restantes já realizados, pois poderá abranger um público mais vasto, uma vez que se trata de um objeto de arte. A criação de um álbum ilustrado para o clube será uma inovação, que responde às necessidades orçamentais, assim como, vai mais longe na comunicação com todos os simpatizantes.

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