• Nenhum resultado encontrado

III CAPITULO

3. RETÁBULOS

3.2 ESTILOS ARTÍSTICOS NO BRASIL NOS SÉCULOS

A prática de decorar as igrejas, com gigantescos retábulos de madeira dourada foi importado de Flandres e da Alemanha para a Espanha por artistas nórdicos 1983), sendo este conhecimento absorvido posteriormente por Portugal e repassado às suas colónias. A produção artística no período colonial brasileiro esteve associada à produção religiosa, objetivando a orientação e salvação da população.

A talha existente nas igrejas do Brasil no século XVII aporta características da arte jesuítica, a exemplo da Igreja de Nossa Senhora do Embu. No século XVIII predomina o estilo barroco, sendo que o seu término ocorre por volta de 1760, período em que se inicia o rococó (OLIVEIRA, 2003), em Minas Gerais. Posterior a estes, surge, no século XIX, o estilo neoclássico.

Salienta-se que, normalmente, quando um novo estilo ornamental surge há um período de transição onde, segundo Bazin (1983), é difícil acompanhar a linha evolutiva da talha, pois normalmente é possível encontrar-se em um mesmo objeto a incorporação de características do período anterior.

Considera-se que o barroco esteve relacionado à maneira de viver da nova sociedade que demonstrou seu poder, também, por meio da construção de templos e de retábulos. O ouro

tornou-se parte fundamental, não apenas como luxo, mas também se

relacionou ao sagrado. Nas então colónias portuguesas e espanholas produziram-se padrões diferentes do existente em Portugal e Espanha, com a inserção de novas cores e temas em suas criações.

A origem do termo barroco ao sentido de pedra irregular e seu surgimento à Contra-reforma20 religiosa e à expansão mercantilista. O período barroco na Europa durou

aproximadamente até 1750, com o barroco tardio. Em se tratando do rococó, conforme Oliveira (2003), os termos franceses e rococó tem a mesma raiz semântica, ambos derivam de roc usualmente empregado para expressar o uso de conchas e rochas na decoração de jardins no século XVIII. de um estilo surgido por volta de 1730 na França e foi relacionado às chamadas artes decorativas e ornamentais. O rococó pode ser associado à apreciação visual das formas, ao belo e ao agradável, antes do simbólico e do sagrado.

Não é objetivo desta pesquisa discorrer acerca de correntes estilísticas existentes no Brasil. Entretanto, para a compreensão da análise formal dos retábulos em estudo, faz-se necessário abordar alguns aspectos relacionados ao barroco e ao rococó, já que foram encontradas características relativas a estes.

A Contra-reforma encontrou na arte o meio para a propagação da Igreja Católica, por meio da catequização, educação e imposição de conceitos morais e sociais.

3.2.1 Estilo Barroco

A primeira fase diz respeito ao estilo Nacional Português e a segunda, ao estilo Dom João V.

3.2.1.1 Estilo Nacional Português

A talha é caracterizada por expandir-se às paredes produzindo um dinâmico ao conjunto. É composta por colunas torsas ou salomônicas inteiramente espiraladas contendo sulcos preenchidos com elementos a exemplo de folhas de acanto, parreira ou cachos de uva, ornatos entre estes, a fénix e antropomorfos (anjos). O movimento helicoidal produzido pelas colunas é reproduzido às concêntricas que compõem o coroamento do retábulo.

São representantes deste período a Capela Dourada ou Capela dos Noviços da Ordem Terceira de São Francisco de Assis, no Recife, Pernambuco, 1696 (Ilustração 11) e a Igreja da Ordem Terceira de São Francisco da Penitência (1723-1782), Salvador (Ilustração 12).

anjo Coluna salomônica Folha de acanto Pássaro

Ilustração 11 - Capela Dourada, Recife. Fonte:

Ilustração 12 - Detalhe Da talha da Igreja de São Francisco, Salvador. Foto da autora.

3.2.1.2 Estilo Dom João V

O retábulo continua apresentando colunas torsas ou salomônicas, entretanto, com o terço inferior ou fuste, em estrias diagonais. Os movimentos ornamentais são mais simplificados. Folhas, flores e anjos compõem a decoração em dourado integral ou agregado ao branco. Estes elementos ornamentais normalmente estão inseridos nas pilastras e no coroamento.

No coroamento ou remate ao invés do fechamento em tem-se o dossel. Observa-se que as alterações das características da talha do estilo Dom João V ou "Joanino" surgiram a partir de Francisco Xavier de Brito. Segundo Ávila et (1996) este fato fez com que surgisse um identificado como "Brito".

São exemplos deste estilo o da Igreja de Nossa Senhora do Pilar, em Ouro Preto e retábulo-mor da Igreja de São Francisco da Penitência, Rio de Janeiro (Ilustração 13). Bazin (1983) considera, que apesar deste retábulo ter sido executado no Brasil, o mesmo pode ser considerado como obra-prima lisboeta. Para o autor de uma obra onde se observa a excelência no ritmo decorativo da talha e de sua beleza formal.

Trono

Ilustração 13 - Retábulo-mor da Igreja de São Francisco da Penitência, Rio de Janeiro. Fonte: (1986).

3.2.2 Estilo Rococó

Com relação à talha, algumas características diferenciam os estilos barroco e rococó, entre estas: o acúmulo de elementos da talha barroca cede lugar aos espaços vazios do rococó, produzindo maior leveza ao conjunto, ou seja, ocorre predominância das áreas planas,

zonas de claro escuro, comuns no barroco.

Há a supressão do douramento integral e, em contrapartida, surge o douramento parcial, para destacar a talha do conjunto. No lugar do douramento integral nos espaços vazios, o branco produz a unidade ao fundo. Ávila et (1996) mencionam que este douramento pode ser aplicado, além do fundo branco, sobre o azul e vermelho, formando composições assimétricas. São eliminados os elementos antropomorfos, e as colunas torsas do tipo salomônico, próprias dos retábulos barroco. Surgem as colunas retas, as rocalhas e os arranjos florais.

Considera-se a Igreja da Ordem Terceira de São Francisco de Assis, em Ouro Preto, com seu frontispício, os retábulos laterais, o (Ilustração 14) e os púlpitos, de autoria de António Francisco Lisboa (Aleijadinho), como um dos melhores exemplos do rococó no Brasil. Além deste, o retábulo-mor da Igreja do Carmo, em de autoria de Francisco Vieira Serva.

Coluna reta

Ilustração 14 - Retábulo-mor da Igreja de São Francisco de Assis, Ouro Preto. Fonte:

3.2.3 Estilo Neoclássico

No século XIX as linhas neoclássicas com a simplificação das linhas de colunas e pilastras.