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O termo adaptabilidade refere-se à capacidade de os genótipos aproveitarem vantajosamente o estímulo do ambiente, enquanto estabilidade refere-se à capacidade de os genótipos mostrarem um comportamento altamente previsível em função do estímulo do ambiente (COSTA et al, 1999, p. 07).

Portanto, a adaptabilidade e a estabilidade de uma variedade dependem da sua constituição genética, isto é, do número de genótipos que a constitui e do nível de heterozigose dos genótipos. A adaptabilidade e a estabilidade são características da variedade e lhe permitem responder aos fatores limitantes do ambiente e usufruir os fatores favoráveis. Assim, uma variedade de sucesso deve apresentar, em diferentes condições de ambiente, alta produtividade, e sua alta produtividade deve ser estável (VENCOVSKY & BARRIGA, 1992, p. 117).

Existe uma corrente que prefere utilizar o termo adaptabilidade para designar adaptação ecológica a diferentes ambientes, como locais ou outras condições geográficas. O termo estabilidade, por outro lado, é então empregado para se referir a maior ou menor habilidade de genótipos se adaptarem a flutuações climáticas, ao longo de anos agrícolas, dentro de um dado local ou ecossistema. De fato, é esta última que mais interessa ao agricultor (idem, p. 241).

O estudo de adaptabilidade e estabilidade de cultivares tem grande importância nos programas de melhoramento vegetal (COSTA et al, 1999, p. 07). Dentro desse contexto, é interessante que os materiais superiores apresentem, além de bom potencial produtivo, maior estabilidade possível frente às variações ambientais, sendo a adaptabilidade e a estabilidade ferramentas importantes na de avaliação e recomendação de cultivares (FARIAS NETO, 2001, p. 01).

No tomate a metodologia principal ou mais tradicional para a estimação de paramentos de estabilidade e de adaptabilidade baseia-se em investigar a variabilidade do caráter, entre os ambientes, para cada cultivar. Importa, no caso, não só a grandeza dessa variabilidade, mas o padrão ou organização da interação, para cada tratamento. Pelas metodologias existentes, portanto, cada tratamento é classificado não só pelo seu desempenho médio nos ensaios, mas também pela sua estabilidade ou adaptabilidade (OLIVEIRA, 1976; SANTOS et al, 1981

apud VENCOVSKY & BARRIGA, 1992, p. 241).

Estudos de adaptabilidade e estabilidade têm sido realizados em várias espécies: arroz, feijão, algodão e milho. Independentes das metodologias empregadas, as informações obtidas nesses estudos, classificaram as cultivares quanto à adaptabilidade e a estabilidade, identificando as mais apropriadas para determinada condição ambiental ou região (COSTA et

al, 1999, p. 08).

Gualberto et al (2002, p. 87), trabalhando com cultivares de tomate verificaram que os cultivares Carmem, Donador e Vita, tiveram rendimentos médios superiores aos da média geral, adaptabilidade geral e comportamento previsível em todos os ambientes, sendo indicados para cultivo na região de Marilia, São Paulo. Vendruscolo et al (2001, p. 129), trabalhando com milho-pipoca verificaram que o cultivar GO 100P foi o que se destacou apresentando melhor adaptado para ambientes favoráveis. Costa et al (1999, p.11), trabalhando com cultivares de milho verificaram que os genótipos BR 5109 e BR 201

apresentaram ampla adaptabilidade e previsibilidade, sendo portanto, os mais indicados para cultivo no Acre.

Existem vários métodos desenvolvidos para a caracterização de genótipos quanto à adaptabilidade e estabilidade (FINLAY & WILKINSON, 1963; EBERHART & RUSSELL, 1966; LIN & BINNS, 1988; CRUZ et al, 1989; ANNICCHIARICO, 1992 apud GUALBERTO et al, 2002, p. 82) que têm como fundamento a interação genótipo x ambientes, que se distingue nos conceitos de estabilidade adotados em certos princípios estatísticos empregados (idem).

Atualmente, os métodos de Finlay & Wilkinson e de Eberhart & Russell são os mais utilizados para o estudo de adaptabilidade e estabilidade, ambos são eficientes para descrever o comportamento dos genótipos frente às variações ambientais. A diferença entre os métodos sugeridos origina-se nos próprios conceitos da estabilidade e nos procedimentos biométricos empregados para medi-la (VENCOVSKY & BARRIGA, 1992, p. 241). O método de Eberhart & Russell, por utilizar escala aritmética, facilita a interpretação biológica dos resultados (DUARTE, 1988 apud PEIXOTO et al, 2002, p. 616). E por se basear em regressão linear, se destaca pela simplicidade dos cálculos e informações fornecidas (MIRANDA,1993; VERONESI, 1995 apud COSTA et al, 1999, p. 08).

Na interpretação das análises biométricas de dados experimentais é de grande importância considerarmos a natureza do modelo que fundamenta as observações. Isto fica mais realçado na análise conjunta de experimentos repetidos em diferentes locais e, ou anos ou épocas. Quando um conjunto de materiais genéticos é avaliado num certo número de ambientes e as conclusões da pesquisa se referirem apenas a esses materiais, nessas condições específicas, estamos diante de um modelo fixo. Se os ambientes forem, por exemplo, em diferentes localidades pré-escolhidas, que não representam uma região ecológica, esses efeitos de localidades serão, igualmente, fixos. Se tivermos ensaios em diferentes anos, o modelo será

fixo para anos se estes forem atípicos, diante das considerações prevalecentes. Em caso contrário, poderemos considerar aleatórios esses efeitos de anos (VENCOVSKY & BARRIGA, 1992, p. 241).

Segundo Vencovsky & Barriga (1992, p. 241), apesar da diversidade de modelos estatísticos comumente empregados para a análise das interações de genótipos com ambientes, todos têm em comum o fato de pressuporem uma aditividade dos efeitos que os compõem. Tais modelos são também lineares em seus parâmetros. Um modelo geral, para descrever o comportamento de materiais genéticos submetidos a diferentes ambientes, pode ser apresentado como:

Ўij = M + Gi + Aj + (GA)ij + Σ ij

Ўij = o valor fenotípico médio do caráter Y, medido no material genético i, no ambiente j.

Considera-se média porque normalmente são tomados vários dados, em diferentes repetições;

M = média geral paramétrica dos dados em estudo; Gi = efeito do genótipo ou material genético i; Aj = efeito do ambiente j;

(GA)ij = I ij : efeito da interação do genótipo i com o ambiente j. A simbologia dupla GA é

usada apenas para caracterizar o tipo da interação; na verdade trata-se de um efeito com características próprias, independente (I ij) que nada tem a ver com o produto G por A;

Σij = erro médio associado à observação. Resulta do fato de se ter várias repetições; envolve

efeitos de variação microambiental.

O valor (IJ) é o índice ambiental. Para que o estudo da estabilidade faça sentido é

necessário que, inicialmente, se tenha a análise conjunta dos dados e que o valor F da interação cultivares x localidades acuse significância.

a) Índice ambiental: mede a qualidade ambiental de cada local, usando os próprios dados de

Onde:

I1 = índice ambiental do local 1;

Y1 = produção de todas as cultivares do local 1;

Y = total da produção de todas as cultivares nos diferentes locais.

b) Parâmetros de estabilidade:

- Coeficiente de regressão linear: toma-se a média de cada cultivar (genótipo) como a variável Y e os índices Ij como a variável X, para o cálculo do coeficiente de regressão linear,

para cada cultivar.

- Desvio de regressão; coeficiente de determinação (R2): deve-se inicialmente avaliar a

variação observada no rendimento entre os locais, para cada cultivar. - Teste de significância adicionais: teste t e teste F.

3 METODOLOGIA

A avaliação da adaptabilidade de genótipos de tomateiros foi realizada por meio de quatro ensaios, medindo cada um 240 m², sendo dois instalados em área de terra firme e dois em área de várzea.

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