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2.6 Resultados

2.6.2 Estimativas e An´alises

Esta estimativa da probabilidade de default em opera¸c˜oes de firmas individuais ou empres´arios utiliza o modelo de riscos proporcionais de Cox estendido para o caso de covari´aveis dependentes do tempo, tal como sugerido em Divino, Lima e Orrillo (2009).

No per´ıodo analisado, a amostra revela que algo em torno de 89% dos dados s˜ao censurados, devido a sa´ıda da firma da base de dados dispon´ıvel para teste ou em fun¸c˜ao da data de finaliza¸c˜ao do experimento, ou seja, a propor¸c˜ao entre a quantidade de contratos que atingiram default e a quantidade de dados censurados n˜ao se mostra balanceada.

Em fun¸c˜ao desta ausˆencia de balanceamento da amostra optou-se por seguir Rocha (1999), que sugere a realiza¸c˜ao de um exerc´ıcio com todas as alternativas dispon´ıveis para regress˜ao com o intuito de investigar se a sele¸c˜ao de covari´aveis se mostra sens´ıvel ao procedimento de amostragem. Logo, neste trabalho ser˜ao utilizadas as seguintes alternativas para realiza¸c˜ao desta an´alise com dados de sobrevivˆencia:

29

- uma primeira regress˜ao utilizando toda amostra dispon´ıvel com 79.728 observa¸c˜oes, ou seja, uma escolha do procedimento de amostragem com base na disponibilidade dos dados 30;

- uma segunda regress˜ao utilizando uma amostra balanceada com 20 mil observa¸c˜oes, composta por todos os contratos que atingiram default no per´ıodo proposto para o experimento, 9.767 observa¸c˜oes, e o complemento estratificado de forma aleat´oria do conjunto dados censurados 31, e;

- uma terceira regress˜ao utilizando uma amostra casada com 10 mil observa¸c˜oes, estratificada de forma aleat´oria em ambos dados, censurados e default 32.

Para simplificar, estas trˆes alternativas de regress˜ao s˜ao representadas daqui por diante como: toda amostra, amostra balanceada e amostra estratificada, respectivamente.

Quanto a defini¸c˜ao do prazo que determina se um contrato ser´a considerado na situa¸c˜ao de default nesta estimativa, levou-se em conta dois crit´erios. Um experimental, baseado em uma matriz de migra¸c˜ao, calculada com dados relativos ao ano de 2008 e apresentada na tabela 2.1 a seguir, a qual revela que o ponto de corte para defini¸c˜ao do default ´e de 90 dias, assumindo que mais de 95% dos contratos que atingem a faixa de 90 − 129 dias migram para faixas de atrasos superiores 33. Outro normativo, em fun¸c˜ao de requerimentos de capital exigidos para

opera¸c˜oes de empr´estimos concedidos a pequenas empresas que apresentam atrasos superiores a 90 dias, relacionado com riscos sistˆemicos e sugest˜oes do Acordo de Basil´eia II anteriormente referenciados.

Logo, o tempo de sobrevivˆencia considerado neste experimento com dados de sobrevivˆencia ´e definido como o prazo em dias corridos resultante da diferen¸ca entre a data de ocorrˆencia de default e a data de ingresso no experimento.

30

Este crit´erio segue Rocha (1999), que utiliza o modelo riscos proporcionais de Cox para sugerir um modelo de insolvˆencia banc´aria para o caso brasileiro.

31

Esta alternativa segue Whalen (1991), que utiliza o modelo de riscos proporcionais de Cox para analisar o caso falˆencias de bancos americanos ocorridas no final da d´ecada de 1980. Acrescenta-se que Divino, Lima e Orrillo (2009) tamb´em utilizam uma amostra balanceada composta de todos os dados utilizados no experimento com o modelo de Cox ajustado para covari´aveis dependentes de tempo.

32

A alternativa de uma regress˜ao com uma amostra casada segue Lane, Looney e Wansley (1986), que observam que aquela alternativa pode ser considerada uma t´ecnica inferior a utiliza¸c˜ao de uma amostra aleat´oria, por´em, consideram que esta poderia conduzir para uma sele¸c˜ao pequena dos casos de falha e limitar a utiliza¸c˜ao do modelo de Cox. A d´uvida que remanesce neste ponto ´e quanto ao tamanho da amostra adequado para realiza¸c˜ao da estimativa, mas, este ´e um ponto que foge ao escopo proposto nesta pesquisa. Especificamente para este teste emp´ırico, optou-se por verificar o poder explicativo da amostra casada utilizada em rela¸c˜ao a amostra total, por meio da fun¸c˜ao ”Sampsi”dispon´ıvel no pacote estat´ıstico Stata.

33

Nota-se que modelos te´oricos podem sugerir n´ıveis de confian¸ca distintos. Ent˜ao, uma an´alise de sensibilidade em rela¸c˜ao a este crit´erio se mostra como uma possibilidade de avan¸co em estudos futuros.

Tabela 2.1 - Matriz de Migra¸c˜ao Classes 0-29 30-59 60-89 90-119 120-149 150-179 180-209 ≥ 210 0-29 24,9 % 75,1 % 0,0 % 0,0 % 0,0 % 0,0 % 0,0 % 0,0 % 30-59 4,9 % 9,6 % 85,4 % 0,0 % 0,0 % 0,0 % 0,0 % 0,0 % 60-89 0,6 % 2,1 % 3,5 % 93,8 % 0,0 % 0,0 % 0,0 % 0,0 % 90-119 0,5 % 0,4 % 0,8 % 1,3 % 97,1 % 0,0 % 0,0 % 0,0 % 120-149 0,0 % 0,1 % 0,1 % 0,5 % 2,6 % 96,7 % 0,0 % 0,0 % 150-179 0,2 % 0,3 % 0,3 % 0,1 % 0,2 % 1,2 % 97,7 % 0,0 % 180-209 0,0 % 0,1 % 0,00 % 0,0 % 0,1 % 0,2 % 0,5 % 99,0 % ≥ 210 0,0 % 0,0 % 0,0 % 0,0 % 0,0 % 0,0 % 0,0 % 100,0 %

Nota: O intervalo de tempo considerado em cada classe ´e medido em dias corridos. Diferentemente, os contratos que n˜ao atingiram aquela situa¸c˜ao de default s˜ao censurados. Neste caso, o tempo de sobrevivˆencia de um contrato ´e igual a quantidade de dias entre, a data de in´ıcio do experimento e a data de evento em que foi observada sua ausˆencia na base de dados ou entre a data final do experimento. Um resumo da distribui¸c˜ao dos dados de sobrevivˆencia da amostra utilizada neste teste emp´ırico, em intervalos anuais, ´e feito na tabela 2.2 a seguir.

Tabela 2.2 - Distribui¸c˜ao de Dados de Sobrevivˆencia Intervalo de Tempo de Sobrevivˆencia Default Censurados

[0;365) 49 832

[366;730) 83 1.698

[731;1095) 608 2.442

[1096;1461) 9.027 64.989

Totais 9.767 69.961

Nota: Intervalo de tempo de sobrevivˆencia em dias corridos.

A tabula¸c˜ao de dados foi feita em ambiente de banco de dados e planilha eletrˆonica utilizando os softwares Microsoft Office Access e Excel e, as estimativas com dados de sobrevivˆencia foram feitas utilizando o pacote estat´ıstico Stata e a fun¸c˜ao ”stcox”, na qual os coeficientes da regress˜ao s˜ao estimados por m´axima verossimilhan¸ca parcial.

Para inclus˜ao de covari´aveis em cada amostra estimada utilizou-se a t´ecnica stepwise, na qual covari´aveis s˜ao testadas uma a uma e permanecem ou n˜ao no modelo econom´etrico de

acordo com um n´ıvel de confian¸ca estabelecido, sob a hip´otese nula de que o coeficiente de uma dada covari´avel i n˜ao ´e estatisticamente significante, ou seja, H0 : βi = 0, considerando um

n´ıvel de significˆancia estat´ıstica de 5%.

A escolha entre duas possibilidades de modelos dentro de cada amostra testada ´e feita utilizando os crit´erios AIC e BIC, do inglˆes Akaike Information Criterion e Bayesian Information Criterion, respectivamente.

Em resumo, o procedimento de teste utiliza os seguintes passos:

passo 1 - ap´os a aplica¸c˜ao da t´ecnica stepwise em cada uma das alternativas de regress˜ao acima descritas, testam-se diversas combina¸c˜oes de modelos com as covari´aveis que foram selecionadas de acordo esta t´ecnica;

passo 2- seleciona o modelo mais adequado ao conjunto de dados de cada amostra utilizando os mencionados crit´erios AIC e BIC;

passo 3 - investiga se a sele¸c˜ao de covari´aveis e os sinais dos coeficientes estimados se mostram sens´ıveis em rela¸c˜ao ao referido procedimento de amostragem;

passo 4- aplica os resultados emp´ıricos na amostra de controle do experimento e verifica a qualidade de ajustamento do melhor modelo obtido em cada uma das mencionadas alternativas;

passo 5 - com base nos crit´erios AIC e BIC e, tamb´em, no percentual de acerto conforme item anterior, seleciona o melhor modelo, para o qual tamb´em ´e verificada a qualidade de ajustamento em rela¸c˜ao a amostra total;

passo 6 - analisa as evidˆencias emp´ıricas considerando apenas os parˆametros constantes do melhor modelo e, verifica coerˆencia destas com resultados anteriores da literatura, e;

passo 7 - verifica a sensibilidade do modelo mais adequado ao conjunto de dados dispon´ıvel para teste em rela¸c˜ao ao crit´erio de porte estabelecido pela mencionada Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas.

Seguindo os trˆes primeiros passos acima, os resultados emp´ıricos obtidos, constantes das tabelas 2.3 a 2.5 a seguir, revelam que a sele¸c˜ao de covari´aveis que explicam a sobrevivˆencia de empres´arios, condicionada `as informa¸c˜oes constantes da base de dados dispon´ıvel para teste no per´ıodo proposto para an´alise, n˜ao se mostrou sens´ıvel ao procedimento de amostragem. No

entanto, nota-se que h´a divergˆencias em sinais e magnitude de coeficientes de covari´aveis, mais notadamente entre aqueles obtidos na estimativa com toda amostra em rela¸c˜ao aos obtidos nas outras duas alternativas de regress˜ao, balanceada e estratificada.

Logo, em fun¸c˜ao desta sensibilidade evidenciada quanto a sinais e magnitude de parˆametros em rela¸c˜ao ao procedimento de amostragem adotado, optou-se neste exerc´ıcio por utilizar para escolha do melhor modelo, al´em dos crit´erios AIC e BIC, uma avalia¸c˜ao de desempenho de cada um dos modelos selecionados nas trˆes alternativas de regress˜ao.

Tabela 2.3 - Estimativa do Modelo de Cox: Toda Amostra

Vari´avel Coeficiente P-value Raz˜aoRisco EfeitoSY Idade2 at´e 2 0.095764 < .0001 1.100500 10.0%

Idade2 de2a10 −0.001924 < .0001 0.998077 −0.2%

Idade2 acima20 −0.000525 < .0001 .9994745 −0.1%

Taxa Real de Juros −0.738054 < .0001 0.478043 -52.2% S1*TaxaDesemprego 0.075188 < .0001 1.078087 7.8% S2*TaxaDesemprego 0.078079 < .0001 1.081209 8.1% Taxa Juros Contrato 0.480163 < .0001 1.616339 61.6% Valor do Contrato 7.01e − 06 < .0001 1.000007 < 0.01% Nota: Amostra contendo 79.728 obs.

Observa-se que na estimativa constante da tabela 2.3 acima a propor¸c˜ao entre dados que atingiram a situa¸c˜ao de default e censurados ´e de 12.25% e 87.75%, respectivamente.

Tabela 2.4 - Estimativa do Modelo de Cox: Amostra Balanceada Vari´avel Coeficiente P-value Raz˜aoRisco EfeitoSY Idade2 at´e 2 0.186725 < .0001 1.205296 20.5%

Idade2 de2a10 0.010583 < .0001 1.010640 1.0%

Idade2 acima20 −0.001160 < .0001 0.998840 −0.2%

Taxa Real de Juros −0.540155 < .0001 0.582657 −41.8% S1*TaxaDesemprego 0.015358 < .0001 1.015477 1.5% S2*TaxaDesemprego 0.056044 < .0001 1.057645 5.7% Taxa Juros Contrato 0.386538 < .0001 1.471877 47.1% Valor do Contrato 6.04e − 06 < .0001 1.000006 < .01% Nota: Amostra contendo 20.000 obs.

Nota-se que na estimativa constante da tabela 2.4 acima a propor¸c˜ao entre dados que atingiram a situa¸c˜ao de default e censurados ´e de 48.84% e 51.16%, respectivamente.

Tabela 2.5 - Estimativa do Modelo de Cox: Amostra Estratificada Vari´avel Coeficiente P-value Raz˜aoRisco EfeitoSY Idade2 at´e 2 0.087702 < .0001 1.091664 9.1%

Idade2 de2a10 0.005571 < .0001 1.005586 0.5%

Idade2 acima20 −0.003340 < .0001 0.996664 −0.4%

Taxa Real de Juros −0.453186 < .0001 0.635599 −36.5% S1*TaxaDesemprego 0.030624 < .0001 1.031098 3.1% S2*TaxaDesemprego .058719 < .0001 1.060478 6.0% Taxa Juros Contrato 0.292742 < .0001 1.340098 34.0% Valor do Contrato 6.07e − 06 < .0001 1.000006 < .01% Nota: Amostra contendo 10.000 obs.

Nota-se que na estimativa constante da tabela 2.5 a propor¸c˜ao entre dados que atingiram a situa¸c˜ao de default e censurados ´e de 49.84% e 50.16%, respectivamente.

Observa-se tamb´em que nas trˆes regress˜oes, constantes das tabelas 2.3 a 2.5 acima, n˜ao foram utilizadas todas dummies de inclina¸c˜ao referentes a idade ao quadrado e segmento econˆomico, em fun¸c˜ao de que este procedimento afeta o n´ıvel de significˆancia estat´ıstica de parˆametros ou a especifica¸c˜ao funcional. Com efeito, na sele¸c˜ao do melhor modelo foi utilizado um grupo de controle para cada uma das mencionadas covari´aveis.

Nota-se ainda que a terceira coluna constante das trˆes tabelas anteriores apresenta a raz˜ao de risco para cada covari´avel, a qual ´e assim calculada: RR = exp(βi) e usualmente indica

uma eleva¸c˜ao ou redu¸c˜ao na probabilidade de sobrevivˆencia do contrato se a covari´avel sob an´alise ´e aumentada em uma unidade e considerando que todas demais covari´aveis permanecem constantes.

Seguindo o quinto passo, com o intuito de verificar o desempenho dos modelos ou o ´ındice de acerto destes utilizou-se o seguinte procedimento:

• observou-se a probabilidade de sobrevivˆencia de contratos de empr´estimos banc´arios de curto prazo no horizonte de tempo de 6 meses;

dois pontos de corte, 50% e 60% como poss´ıvel default no referido horizonte de tempo 34;

• comparou-se as listas de contratos obtidas com este ´ultimo crit´erio com aqueles que de fato atingiram default na modalidade de cr´edito escolhida para controle da modelagem;

• analisou-se quest˜oes relacionadas ao erro Tipo I, que ocorre quando o modelo classifica, para um dado ponto de corte, como n˜ao default um contrato que atinge aquela condi¸c˜ao no horizonte de tempo considerado para avalia¸c˜ao da probabilidade de sobrevivˆencia, e;

• analisou-se quest˜oes relacionadas ao Erro Tipo II, que ocorre quando o modelo classifica, dado um ponto de corte, como poss´ıvel default um contrato que n˜ao atinge esta situa¸c˜ao no mencionado horizonte de tempo.

Logo, neste experimento e para cada uma das alternativas de amostras estimadas foram observados em rela¸c˜ao aqueles tipos de erro os percentuais constantes da tabela 2.6 a seguir:

Tabela 2.6 - An´alise de Ajuste de Modelos Emp´ıricos Amostra Ponto de Corte Erro Tipo I Erro Tipo II Toda Amostra 50% 33.5% 3.7% 60% 32.4% 4.1% Balanceada 50% 21.1% 5.2% 60% 16.2% 5.6% Estratificada 50% 10.9% 7.1% 60% 4.7% 15.0%

Nota: Toda = 79.728, Balanceada = 20mil e, Estrat. = 10mil obs.

Observa-se que n˜ao h´a uma distˆancia relevante entre os percentuais de erro nas trˆes estimativas em rela¸c˜ao ao erro tipo II, sendo que a amostra estratificada revela pior desempenho. No entanto, pondera-se que este tipo de erro se mostra mais pass´ıvel de aceita¸c˜ao por uma institui¸c˜ao financeira, pois, o modelo classifica a priori como poss´ıvel default uma empresa individual que n˜ao escolher´a aquela situa¸c˜ao.

34

Considerando que a defini¸c˜ao de condi¸c˜oes operacionais e respectivos limites de cr´edito variam de acordo com o apetite ao risco e normativos confidenciais estabelecidos em modelos propriet´arios em cada institui¸c˜ao financeira, este trabalho n˜ao tem a pretens˜ao de identificar qual seria o percentual adequado para o referido ponto de corte.

Por outro lado, considerando o ponto de corte bin´ario, nota-se uma baixa qualidade de ajustamento dos trˆes modelos em rela¸c˜ao ao erro tipo I, sendo que a regress˜ao com toda amostra apresenta o pior desempenho, ou seja, indica que algo em torno de 30% dos contratos de cr´edito classificados para n˜ao atingirem default de fato atingiram esta condi¸c˜ao35.

Entretanto, em que se pese uma poss´ıvel cr´ıtica relacionada com ausˆencia de covari´aveis nos modelos estimados, observa-se que aquele baixo desempenho em rela¸c˜ao ao erro tipo I pode estar relacionado com a ocorrˆencia do cl´assico problema de sele¸c˜ao adversa no relacionamento de empr´estimos banco-empres´arios, o que tamb´em pode afetar desempenho de modelos propriet´arios no mundo real. Nesse sentido, pondera-se que na pr´atica quando um banco escolhe uma aloca¸c˜ao de cr´edito sem exigˆencia de garantias, al´em do risco de cr´edito, ele tamb´em se exp˜oe a poss´ıveis eleva¸c˜oes inesperadas em requerimentos de capital regulat´orio 36.

Logo, seguindo o sexto passo e com base tanto nos crit´erios AIC e BIC quanto no crit´erio de qualidade de ajustamento mencionados anteriormente, observa-se que as evidˆencias emp´ıricas indicam que o modelo constante da tabela 2.5 acima, o qual se refere ao procedimento de amostragem utilizando uma amostra estratificada de forma aleat´oria para ambos conjuntos de dados, default e censura, mostra-se como o modelo mais adequado para realiza¸c˜ao desta an´alise emp´ırica, no per´ıodo proposto para an´alise e nas condi¸c˜oes dos passos 1 a 6 anteriores. Adicionalmente, foi avaliado o desempenho deste modelo aplicado a toda amostra dispon´ıvel para teste onde, utilizando um ponto de corte de 50%, observou-se os seguintes percentuais em rela¸c˜ao aos erros tipo I e II, 5.1% e 35.3%, respectivamente, o que corrobora a escolha daquele modelo mais adequado, denominado daqui por diante melhor modelo.

Preliminarmente, observa-se que os resultados emp´ıricos do melhor modelo, constantes da tabela 2.5 acima, subsidiam as an´alises feitas a seguir, considerando que ao se avaliar o impacto de uma covari´avel sobre taxas de default as demais permanecem constantes e admitindo um n´ıvel de significˆancia estat´ıstica de 5%, no per´ıodo proposto para an´alise.

Exemplificando, as evidˆencias emp´ıricas indicam que uma eleva¸c˜ao de 0.1% na taxa real de juros do ativo com risco tenderia a elevar a probabilidade de default daquela carteira de cr´edito de curto prazo em 3.4%. Diferentemente, tais evidˆencias indicam que a taxas de juros real

35

Ent˜ao, a utiliza¸c˜ao de bases de dados mais amplas e a inclus˜ao de covari´aveis relacionadas com caracter´ısticas cadastrais e econˆomico-financeiras de agentes se mostram como poss´ıveis pontos para avan¸co em trabalhos futuros. Neste ´ultimo sentido, ver Altman e Sabato (2007).

36

Neste contexto, nota-se que tamb´em existe espa¸co para melhorias em modelos, te´oricos e pr´aticos, que se destinem a previs˜ao de default no relacionamento de empr´estimos banco-empres´arios e minimiza¸c˜ao de efeitos de riscos sistˆemicos.

da economia se relaciona de maneira inversa com taxas de default de empr´estimos banc´arios, ou seja, uma redu¸c˜ao de 0.1% na taxa m´edia selic em termos reais tende a elevar aquela probabilidade de default em 3.5%37.

Quanto ao efeito conjunto de desemprego e segmentos econˆomicos, com´ercio S1 e ind´ustria S2, sobre taxas de default, observa-se que uma eleva¸c˜ao na taxa de desemprego nestes segmentos tende a impactar positivamente a probabilidade de default daquela carteira de curto prazo, se comparado esse efeito em rela¸c˜ao ao segmento de presta¸c˜ao de servi¸cos utilizado como controle neste experimento. Uma poss´ıvel interpreta¸c˜ao econˆomica para esta evidˆencia pode ser proveniente de um efeito indireto, qual seja, uma eleva¸c˜ao em taxas de desemprego pode significar um poss´ıvel desaquecimento no setor econˆomico de atua¸c˜ao do empres´ario, o que indiretamente poderia conduzir para redu¸c˜ao de receitas financeiras da firma individual e, por consequˆencia, impactar positivamente a mencionada probabilidade 38.

Quanto aos coeficientes de idade ao quadrado, constantes da tabela 2.5, as evidˆencias emp´ıricas indicam a existˆencia de uma ambiguidade quanto ao sinal do relacionamento entre experiˆencia empresarial e impactos na probabilidade de default. Por exemplo, indicam a existˆencia de um relacionamento positivo enquanto o empres´ario est´a realizando investimentos em sua forma¸c˜ao empresarial, de 0 a 2 anos, ou seja, nesta faixa o efeito de experiˆencia empresarial tende a elevar em 9% a probabilidade de default, se comparado com a faixa de experiˆencia empresarial, entre 10 e 20 anos, utilizada como controle neste teste emp´ırico. Diferentemente, aquelas evidˆencias indicam que empres´arios com mais de 20 anos de atua¸c˜ao na atividade empresarial tendem a reduzir a probabilidade de default em 0.5%, tamb´em em rela¸c˜ao ao mencionado controle39.

No entanto, embora este seja apenas um primeiro ensaio emp´ırico que revela um poss´ıvel relacionamento amb´ıguo entre experiˆencia empresarial e taxas de default em uma economia empresarial com mercados incompletos, observa-se que esta an´alise se mostra limitada em v´arias dire¸c˜oes40. Dentre elas, ser´a que o ponto de revers˜ao da dire¸c˜ao do mencionado relacionamento

37

Observa-se que aquelas evidˆencias permitem corroborar sinais derivados em uma vers˜ao especial do modelo te´orico sugerido nesta pesquisa e tamb´em resultados anteriores de Divino, Lima e Orrillo (2009).

38

De certa forma, este relacionamento positivo entre as mencionadas taxas, mesmo que indireto, tamb´em sugere a corrobora¸c˜ao de resultado anterior de Divino, Lima e Orrillo (2009).

39

Tais evidˆencias sugerem a corrobora¸c˜ao da hip´otese de n˜ao-linearidade usualmente feita em estudos de empreendedorismo, dentre eles Bosma et. al (2004) e Ucbasaran, Westhead e Wright (2009).

40

Vale observar que a aproxima¸c˜ao utilizada para investigar efeitos de experiˆencia empresarial neste exerc´ıcio se mostra como a mais simples poss´ıvel. Ent˜ao, na pr´atica, pondera-se que o diagn´ostico de habilidades e capacidades t´ecnico-administrativas que comp˜oem a experiˆencia de um empres´ario, consideradas essenciais para desempenho de determinada atividade econˆomica, requer o desenvolvimento de m´etodos e procedimentos adequados, assim como, interveniˆencia de outras ´areas do conhecimento humano.

´e o mesmo para todos os segmentos e possibilidades de atividade econˆomicas? Se n˜ao, quais s˜ao as caracter´ısticas pessoais do empres´ario ou do neg´ocio que aceleram ou retardam esse efeito? Por´em, estas e outras poss´ıveis quest˜oes neste sentido se mostram muito abrangentes e fogem

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