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2.1 GESTÃO ESTRATÉGICA DA LOGÍSTICA

2.1.2 Estocagem

Segundo Alvarenga e Novaes (2000), em uma rede de logística pode-se ter vários tipos de armazenagem, a mais comum são depósitos utilizados para armazenar, estocar e despachar as mercadorias, desde matéria-prima, produto semi-acabado e produto acabado.

Um armazém ou depósito também pode ser chamado de central de distribuição. Se houver conhecimento das demandas pelos produtos vendidos e os produtos forem vendidos instantaneamente, o autor ressalta que não há necessidade de se manter um espaço físico (BALLOU, 1993).

Os depósitos ou armazéns, segundo o autor, tem como função estocar os produtos, devido uma promoção feita pelos fornecedores (melhores preços), ou até mesmo com produtos de sazonalidade. Para Bowersox e Closs (2001), depósito tem a finalidade de guardar ou estocar produtos ou materiais, mas no sistema logístico é considerada uma “instalação de processamento”.

Conforme menciona Moura (1997), a função da estocagem representa uma porcentagem considerável no custo total da distribuição física, porque é sempre objeto de constantes previsões, sendo que a armazenagem pode acontecer sob vários arranjos financeiros e legais.

Ballou (1993), quantifica os custos da estocagem e o manuseio de mercadorias e afirma que estes são componentes essenciais do conjunto de atividades logísticas de uma organização. Os seus custos podem absorver de 12 a 40% das despesas logísticas da firma. A estocagem ocorre, na maior parte das vezes, em determinados locais, sendo que os gastos destas atividades estão intensamente conexos à seleção desses locais.

Os estoques podem diminuir despesas de transporte, pois aceita o uso de volumes maiores e mais econômicos nos lotes de carregamento.

O autor completa ainda que o uso extensivo de estoques deriva-se do fato de que, em média, eles são responsáveis por quase um a dois terços dos gastos logísticos, o que torna a conservação de estoques uma atividade-chave da logística.

Segundo Viana (2000), o processo de estocagem tem como objetivo utilizar a melhor maneira possível os espaços das três dimensões do depósito: comprimento, a largura e a altura. Conforme Lacerda (2000), a estocagem vem sofrendo inúmeras intervenções, com foco em novos investimentos como os sistemas de informações e ao novo modo de gerenciamento dos armazéns. O autor entende que a estrutura de estocagem adequada, é

fundamental para as empresas conseguirem alcançar seus objetivos e suas estruturas de distribuição.

Segundo o autor, existem duas estruturas de distribuição, as escalonadas e as diretas, que são definidas da seguinte maneira:

a) Estruturas escalonadas

As estruturas escalonadas são os sistemas de distribuição mais comum, segundo Fleury, Wanke e Figueiredo (2000). Para os autores os centros de distribuição avançados, são dispostos em diversos elos de uma cadeia de suprimentos. O objetivo, segundo os autores, é atender de maneira instantânea as necessidades dos clientes de um determinado lugar, e que se encontre longe dos centros produtores. Para desenvolver essa agilidade, leva-se os estoques para um ponto próximo aos clientes e os pedidos são então prontamente atendidos por este armazém, a partir do seu próprio estoque. Além de alcançar um atendimento mais acelerado, estes depósitos permitem a aquisição de economias de transporte. Pois nestes armazéns são materializadas as cargas com melhor eficiência.

b) Estruturas diretas

As estruturas diretas de distribuição são dependentes especialmente das estratégicas de transporte. Conforme explica Fleury, Wanke e Figueiredo (2000), essas estruturas podem ser usadas como instalações intermediárias, não para manter estoque, mas para somar o rápido fluxo de produtos a custos inferiores de transporte. Esta instalação difere da visão habitual das instalações de armazenagem. Segundo Fleury, Wanke e Figueiredo (2000) essas instalações são conhecidas como: transit point, cross-docking, e merge in transit.

As instalações do tipo transit point são similares aos armazéns avançados, porém não conservam estoques. Este tipo de instalação localiza-se de maneira a consentir uma determinada área de comércio distante dos depósitos centrais, e opera como uma instalação de acesso, recebendo carregamentos firmados e separando-os para entregas locais a clientes pessoais (FLEURY; WANKE; FIGUEIREDO, 2000).

As acomodações do tipo cross-docking agem sob o mesmo formato que os transit

points, mas se individualizam por abranger diversos fornecedores acolhendo clientes comuns.

Continuam numerosos os padrões de utilização intensiva do cross-docking nas cadeias de varejo. Ainda que seja operacionalmente simples, para que haja sucesso na intervenção de

cross-docking é necessário um elevado grau de organização entre os participantes

transferência de dados por meio eletrônico, como os leitores de código de barra, ou por rádio frequência (FLEURY; WANKE; FIGUEIREDO, 2000).

O merge in transit é uma expansão da definição de cross-docking ajustado aos sistemas just in time (JIT). Ele tem sido implementado na repartição de produtos de alto valor reunido, constituído por multicomponentes que tem suas partes determinadas em diferentes plantas especializadas (FLEURY; WANKE; FIGUEIREDO, 2000).

Segundo Lima (2003), os consumidores foram os responsáveis pelo desenvolvimento da estocagem na última década, onde um dos principais fatores são os prazos de entrega, que estão relacionadas às respostas rápidas ao cliente.

Com isso, o autor completa que a ampliação do volume de entregas diretas aos clientes, e a multiplicidade de elementos, como lançamento de novos produtos, cores, embalagens, etc., gerou oportunidades para as organizações, de forma que as mesmas reestruturassem seu sistema de armazenagem, tornando o tempo de resposta ao consumidor menor.

Para Lacerda (2000), Centro de Distribuição Avançado (CDA) são também chamados de sistemas das estruturas escalonadas ou redes de repartição escalonada. Tem como foco suavizar custos e consentir com que se tenha um instantâneo acolhimento aos clientes. O autor demonstra isso no Quadro 1, onde as novas cobranças para as operações de armazenagem são relatadas, assim como os seus impactos operacionais.

Quadro 1 - Novas exigências

NOVAS REGRAS PARA AS OPERAÇÕES DE ESTOCAGEM  Maior número de pedidos, porém em quantidades menores

 Ciclo do pedido mais curto

Aumento do número de sku´s em estoque  Tolerância zero a erros

 Concorrência fundamentada no ciclo do pedido e na qualidade

IMPACTOS OPERACIONAIS TRAZIDOS PELAS NOVAS EXIGÊNCIAS  Aumento das atividades de recepção e expedição

Aumento da carga de trabalho devido ao número de pickings1

 Ampliação da agilidade do controle de qualidade  Aumento do custo de carregar estoque

Maior necessidade de espaço para estocar um sku´s2  Diminuição da produtividade por empregado

 Aumento dos custos administrativos: maior circulação de informação e necessidade de controle

Fonte: Lacerda (2000, p. 169).

Assim, é relevante abordar que, os níveis de estoque são também importantes para a definição da estratégia logística. Fleury, Wanke e Figueiredo (2000) definem fatores que determinam qual o nível de descentralização dos estoques: giro do material, quanto maior o giro, maior a intenção à descentralização por vários depósitos, pois mínimas são as preocupações com à obsolescência do material. Além disso, deve-se ressaltar que materiais com alto giro representam menores custos fixos de estoque, em comparação aos materiais que não possuem muita saída, também chamado de lead time de resposta, ou seja, quanto maior o período de réplica, desde a instalação do pedido até o atendimento ao cliente final, maior a disposição à descentralização dos estoques para que o atendimento seja auto-suficiente.

1 Picking – funções realizadas no processo de coleta e separação de pedidos conforme a necessidade de cada

cliente (REVISTA LOGMAM, 2004, p. 72).

2 Sku’s – Stock Keeping Unit – representa a unidade para a qual informações de venda e de gestão de estoque são mantidas. Pode ser uma unidade de consumo de um produto ou uma caixa coletiva com diversas unidades do mesmo. Designa os diferentes itens de um estoque com diversas unidades do mesmo.

Apesar da função e dos custos envolvidos no processo de estocagem ser bastante discutidos entre diversos autores, Bowersox e Closs (2001) prioriza a importância da diferenciação da gestão de estoque e do controle de estoque. Para o autor, o primeiro é um processo integrado onde o foco está nas decisões da organização e na cadeia de valor. O segundo é parte mais administrativa do estoque, onde envolve a previsão de demanda e o sistema de reposição de materiais.

Pozo (2001), completa afirmando que os sistemas de controle de estoque são fundamentais para controlar a quantidade e a duração das transações do estoque. O controle do estoque serve para acompanhar o planejamento elaborado pelos gestores com realidade que ocorre. Segundo o autor, é importante esse acompanhamento, pois, se necessárias, mudanças podem ocorrer ao decorrer para readequar o planejamento.

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