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3 ASPECTOS METODOLÓGICOS

3.1 Estratégia de pesquisa 



3 ASPECTOS METODOLÓGICOS

Esta seção caracteriza o presente trabalho em relação aos seus aspectos metodológicos, destacando os procedimentos adotados ao decorrer do estudo para atender ao objetivo de analisar como os processos de integração interfuncional podem ser praticados de modo a dar suporte às iniciativas de resiliência na cadeia de suprimentos.

Tem-se que a gestão da resiliência na cadeia de suprimentos é uma temática recente, a qual ainda apresenta estudos introdutórios no Brasil, tais como: Pereira e Silva (2013), Graeml e Peinado (2014), Pereira, Christopher e Silva (2014), Bradaschia e Pereira (2015) e Costa (2016). A partir disso, em razão da natureza do problema de pesquisa, optou-se por uma abordagem qualitativa, a qual se preocupa em interpretar realidades sociais (BAUER; GASKELL, 2002). Ao adotar essa abordagem, procura-se, então, investigar o assunto disposto em profundidade e de modo subjetivo, considerando-se diversos pontos de vista, como sugere Flick (2009).

No que se refere aos objetivos, este estudo é considerado exploratório. Isso, pois, esse tipo de pesquisa é adequado quando se tem pouco conhecimento em relação ao fenômeno (GIL, 1999), de modo que possibilita o aumento de informações e experiência acerca deste (TRIVIÑOS, 1995). Conforme Gil (1999), ao buscar maiores esclarecimentos sobre o tema, um procedimento comumente utilizado é o estudo de caso, o qual será adotado para realizar a investigação proposta, conforme consta no subtópico 3.1.

3.1 Estratégia de pesquisa 

Inicialmente, foi realizada uma revisão da literatura sobre Gestão da Cadeia de Suprimentos, Resiliência na Cadeia de Suprimentos e Integração Interfuncional para embasar a pesquisa. Após essa etapa, propõe-se uma pesquisa de campo com a adoção do estudo de caso de uma cadeia de suprimentos como procedimento de coleta de dados. A pesquisa de campo é focada em um único grupo, atentando-se às interações que ocorrem entre as pessoas que o compõe (GIL, 1999). Dessa forma, geralmente há um contato mais próximo do pesquisador com os sujeitos de pesquisa (FLICK, 2009).

O estudo de caso, por sua vez, permite o aprofundamento em determinado fenômeno (SANTOS, 2001), visando a responder perguntas do tipo “como” e “por que”, segundo Yin (2001). O mesmo autor diz que essa estratégia de pesquisa lida com diversas evidências,

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dentre as quais estão as entrevistas e os documentos. Assim, para este estudo utilizou-se essas duas evidências, conduzindo-o conforme a técnica de triangulação.

De acordo com Triviños (1995), a técnica de triangulação busca a maior amplitude possível na descrição, explicação e compreensão do que é investigado. Assim, é um conjunto de diversas abordagens metodológicas em um único estudo (DENZIN; LINCOLN, 2005). Portanto, por meio do uso da triangulação, são amenizadas eventuais adversidades acerca da credibilidade do estudo, afinal as informações serão obtidas de modos variados.

No que se refere à cadeia de suprimentos que participou do estudo, ela é do setor automotivo e os critérios para a sua definição envolveram:

a) Existência de fatores de integração nas organizações: este foi um critério essencial para o alcance dos objetivos, uma vez que, se as organizações não tivessem integração interfuncional, a pesquisa se tornaria inviabilizada. Assim, estipulou-se que cada empresa deveria apresentar, ao menos, dois fatores de integração, de modo que houvesse funções que trabalhassem de forma integrada nos processos, o que foi verificado em um contato prévio com gestores de cada organização;

b) Setor: para os fins deste estudo, estipulou-se que uma cadeia de suprimentos adequada seria a que operasse em ambientes mais turbulentos e com certo nível de risco, seja devido ao tamanho da cadeia de suprimentos ou ao tipo de produto/serviço que comercializa. Isso, pois, parte-se do pressuposto de que a cadeia tende a buscar a resiliência quando há maior risco de rupturas. E, para Kahn e Mentzer (1996), a atuação em ambientes mais turbulentos implica na necessidade de haver níveis elevados de integração interfuncional nas organizações.

A partir dessas considerações, optou-se por realizar a pesquisa na cadeia de suprimentos automotiva, contando com seis organizações. Uma delas é a Indústria Focal, a qual é uma organização multinacional fornecedora automotiva; as demais são duas empresas fornecedoras da Indústria Focal e três montadoras, as quais são clientes da desta. O setor automotivo foi escolhido por ser relevante para a economia brasileira e global e por possuir uma cadeia de suprimentos complexa, em que os problemas que uma organização ou que dois elos da cadeia de suprimentos enfrentam podem impactar os demais se não forem solucionados antes de causarem ruptura(s).

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3.2 Coleta de dados 

A coleta de dados ocorreu entre agosto e dezembro de 2017. Primeiramente, entrou-se em contato com um dos gestores da Indústria Focal para entender melhor o funcionamento da organização e sua cadeia de suprimentos, bem como verificar se havia fatores de integração interfuncional na organização. Após este contato inicial, foi realizada a entrevista em profundidade com gestores que fazem parte de áreas da integração interfuncional: Produção, Logística e departamentos relacionados. Isso, pois, conforme Santos (2001), em pesquisas exploratórias é comum utilizar como fonte de informação, entre outros, entrevistas realizadas com profissionais da área de interesse, a fim de buscar uma maior familiarização com o assunto.

É válido ressaltar que as entrevistas foram a principal fonte de coleta de dados, mas também se analisou os websites institucionais e documentos disponibilizados pelas organizações, tais como slides de apresentação e organogramas, a fim de caracterizar as empresas que fazem parte da cadeia de suprimentos estudada. Durante as entrevistas na Indústria Focal, foi solicitado a cada entrevistado que indicasse outros colegas de trabalho que conhecessem bastante a cadeia de suprimentos automotiva. Assim, este estudo fez uso do método snowball sampling (GOODMAN, 1961).

Ainda sobre os entrevistados da Indústria Focal, foi solicitado para os gestores da área de Compras e Supply Chain que indicassem, respectivamente, pessoas que trabalhassem em empresas fornecedoras e clientes. Devido à localização e disponibilidade dos entrevistados, a maioria das entrevistas foi realizada por telefone, sendo que apenas três foram presenciais.

Para as entrevistas foi utilizado um roteiro de entrevista (Apêndice I) único, com base na teoria, que foi aplicado em todos os participantes. Esse roteiro também tem apoio de um formulário (Anexo 1), que é fundamentado nos fatores de integração expostos no Quadro 5, do referencial teórico, e também já foi utilizado no estudo de Freitas (2017), o qual fez parte do mesmo projeto desta dissertação. Neste formulário presente no estudo de Freitas (2017), foram realizadas algumas adequações a fim de melhor organizar as informações para análise, modificando-se a ordem das perguntas e padronizando-se os itens de avaliação de 1 a 5 em todas as questões.

As entrevistas duraram em média uma hora, sendo realizadas conforme a disponibilidade dos sujeitos. Nesta pesquisa não houve um número definido de entrevistas, pois elas foram realizadas até que houvesse, como sugerem Bauer e Gaskell (2002), uma saturação de elementos encontrados. Mas, conforme os autores, na pesquisa qualitativa há a