3. LABORATÓRIO DE EXPERIMENTAÇÃO
3.1. Estratégia
A estratégia de projeto é como se evidenciou nos capítulos anteriores uma aproximação aos casos de estudo. Esta ideia engloba os casos de estudo escolhidos prospetivamente
"Entre a Serra e o Mar". A estratégia procura compor um programa de atuação urbano útil para a comunidade, ao serviço do município e das pessoas, enquadrando e caracterizando os casos de estudo tornando possível valorizar o património industrial e reativar a memória dos lugares.
"O projeto estratégico está na tentativa de ir além dos objetos projetados. A escala do projeto não está na dimensão da obra, mas nas relações que ela é capaz de romper. A escala, vamos repetir, é uma medida relativa, uma proporção entre as transformações que propomos para sua incidência na estrutura urbana geral, na compreensão mental de todo o espaço construído." 45)
Assim pretendese produzir efeitos no território a várias escalas através de atuações urbanas, abordando a temática
"Património Industrial" como motivo de projeto e salientando a necessidade de encontrar uma proposta socialmente, económicamente e ambientalmente sustentável.
O Esquema 5 é uma análise SWOT onde se aponta os principais pontos estratégicos. Esta permite fazer uma análise cruzada ( Esquema 6 ).
45) SOLÀMORALES, Manuel de De cosas urbanas.
Editorial Gustavo Gili, SL, Barcelona, 2008. p. 76.
Tradução: César Silva.
87 Pontos fortes
► Património arquitetónico e industrial construido.
► Memória física presente no espaço urbano.
► Lugares significantes.
► Boas acessibilidades viárias.
Pontos fracos
► Abandono e degradação de património arquitetónico.
► Abandono e degradação de edificado.
► Assimetrias no acesso e uso de novas tecnologias.
► Pouca atratividade.
► Dependência do automóvel privado.
► Pouca utilização de meios de deslocação menos poluentes, tais como o comboio, o autocarro, a bicicleta, ou a deslocação pedonal.
Oportunidades
► Sustentabilidade social, economica e ambiental.
► Melhor entendimento do território através da sua herança cultural e patrimonial.
► Turismo.
► Aumentar a atratividade e o conforto urbano.
Ameaças
► Desaparecimento de património construido / esquecimento.
► O uso dos solos, a poluição e delapidação de bacias hidrográficas.
► Alterações Climáticas
Esquema 5 Análise SWOT.
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Pontos fortes x Oportunidades = estratégia ofensiva / desenvolvimento das vantagens competitivas do projeto.
► Consolidar o património arquitetónico e industrial construído, com a sustentabilidade ambiental, social e económica.
► Implementar uma política de turismo, que permita preservar a memória física / presente no espaço urbano.
► Definir claramente como lugares significantes, melhorando o entendimento do território através da sua herança cultural e patrimonial.
► Incentivar o aumento da atratividade e do conforto urbano, mantendo as boas acessibilidades viárias.
Pontos fortes x Ameaças = estratégia de confronto para modificação do ambiente a favor do projeto.
► Valorizar o património arquitetónico e industrial construído, evitando o desaparecimento e consequente esquecimento desse património.
► Optimizar os recursos disponíveis entre a serra e o mar, mantendo o foco no valor da memória física / presente no espaço urbano.
► Fomentar o uso de políticas ambientais adequadas à proteção dos solos, da poluição e da delapidação de bacias hidrográficas, mantendo com boas acessibilidades viárias este lugar significante.
Esquema 6 Análise cruzada do esquema SWOT.
89 Pontos fracos x Oportunidades = estratégia de reforço para poder aproveitar melhor as oportunidades.
► Incentivar um melhor entendimento do território através da sua herança cultural e patrimonial, evitando o abandono e degradação do património arquitetónico e a degradação do edificado.
► Reforçar a sustentabilidade ambiental, social e económica, evitando a dependência do automóvel privado optando por meios de deslocação menos poluentes.
► Investir no turismo aumentando a atratividade e o conforto urbano, incrementado e incentivando o uso de novas tecnologias nas assimetrias entre o passado, o presente e o fututro.
Pontos fracos x Ameaças = estratégia defensiva com possíveis modificações profundas para proteger o projeto.
► Garantir um sólido investimento na atratividade, para evitar o desaparecimento de património construído / esquecimento.
► Potenciar a a utilização de meios de deslocação menos poluentes, racionalizando o uso dos solos, diminuindo a poluição e delapidação de bacias hidrográficas.
► Reforçar o uso de novas tecnologias, atendendo à forma como as alterações climáticas vão influenciar o projeto.
90
Planos Relevantes Existentes
Integrar o estudo no Plano Regional de Ordenamento do Território do Centro ( PROTC ). Os objetivos descritos considerados relevantes para o trabalho são os seguintes:
► Traduzir, em termos espaciais, os grandes objetivos de desenvolvimento económico e social sustentável formulados no plano de desenvolvimento regional;
► Equacionar as medidas tendentes à atenuação das assimetrias de desenvolvimento intraregionais;
► O reforço dos fatores de internacionalização da economia regional e a valorização da posição estratégica da região para a articulação do território nacional e deste com o espaço europeu;
► A proteção, valorização e gestão sustentável dos recursos hídricos e florestais;
► Aproveitamento do potencial turístico, dando projeção internacional ao património natural, cultural e paisagístico;
Integrar o estudo nos planos diretores municipais ( PDM ) dos municípios em questão. As diretivas relevantes são as seguintes:
► Quanto ao vale do rio Lena ( por onde passava o Couto Mineiro do Lena ) é salvaguardada a sua função produtiva agricola tanto no PDM de Porto de Mós como no da Batalha.
► O complexo industrial de produção de cal em Pataias está classificado no PDM de Alcobaça como património.
► A mina do azeche não é referida no PDM de Alcobaça, mas nas praias do concelho são propostos equipamentos turísticos.
91 Fatores de Coesão Territorial
"Entre a Serra e o Mar" como uma visão de conjunto realista que torna possível pensar no espaço arquitetural, na paisagem e nas intervisibilidades. A serra como um elemento que de alguma forma está sempre presente. Paisagem como fator de relevância e unificador desta extensão territorial.
Procurar unificar de algum modo estas estruturas de valor significante para a história local, da região e do país. Abrir portas a outros elementos inseridos na temática. "Património Industrial" como uma continuidade que atravessa o território em estudo.
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Esquisso 8 Em cima à esquerda: vista aérea entre a serra e o mar. Em cima à direita: corte entre a serra e o mar. Em baixo: Escala alargada, visão estratégica de projeto. Desenho do programa.
93 3.2. Programa de Atuação.
O programa de atuação procura obter uma resposta espacial aos desafios enunciados. Está estruturado em unidades operativas de atuação urbanística e a temporalização da proposta é equacionada através de um possível faseamento ( curto e médio prazo ). A proposta apresentada vai de encontro à ideia de aproveitar o potencial e de renovar / trazer de volta estas formas do passado, tendo em vista um futuro próspero e sustentável.
"[ ... ] A inserção de novas estruturas funcionais, estéticas e simbólicas curtocircuita a lógica arquitetónica inicial do edifício e abre inesperadas gamas de experiências emocionais e expressivas.
As configurações arquitetónicas que sobrepõem ingredientes contraditórios projetam uma riqueza sensorial especial e um charme empático. Muitas vezes, o museu, escritório ou espaço residencial mais agradável é aquele que foi instalado em um edifício existente adaptado." 46)
O programa de atuação define os sistemas que se inter
relacionam entre si através de elementos urbanísticos e arquitetónicos, como por exemplo percursos, parques verdes, equipamentos, etc.
46) BORCH, Christian Architectural Atmospheres: On the Experience an Politics of Architecture.
Birkhauser, Basel, 2014, p. 37. Tradução: César Silva.
94 Esquisso 9 Visão estratégica de conjunto.
95 3.3. Unidades Operativas.
As unidades operativas definem o programa de atuação urbanística e pretendem funcionar por um lado autonomamente e por outro em conjunto, sendo o fio condutor a temática
"Património Industrial". As unidades operativas são as seguintes:
► Ligação Ferroviária Martingança Entroncamento;
► Parque Verde Linear e Ecopista junto ao Rio Lena;
► Centro Cívico em Pataias: "Património Industrial";
► Centro de Investigação e Desenvolvimento em Pataias;
► Residência Turística na Praia da Mina.
96 Mapa 10 Linha de ferro Martingança Entroncamento.
Martingança
Entroncamento
97 U.O.1. Ligação Ferroviária Martingança Entroncamento.
Tal como estava pensada a ligação entre a Martingança e o Entroncamento na altura de funcionamento do Couto Mineiro do Lena, esta unidade operativa propõe ( a curto prazo ) o seguinte programa:
► Ligação ferroviária entre a Linha do Oeste e a Linha do Norte ( Martingança Entroncamento ).
No Mapa 10 encontrase representada a rede ferroviária existente e o percurso proposto. À escala territorial / nacional, pretendese promover a coesão territorial e fortalecer as dinâmicas de mobilidade, nomeadamente com o interior do país.
Abrir novas ligações com as praias, como por exemplo São Martinho do Porto, ou com centros urbanos, como Leiria e Marinha Grande. Abrir ainda novas ligações com Pataias onde se desenvolve o programa do Centro Cívico ( Unidade Operativa 3 ) e do Centro de Investigação e Desenvolvimento ( Unidade Operativa 4 ).
Reativar a memória do passado, com uma ideia de futuro, aproveitando as linhas do caminho de ferro como transporte público e turístico.
98
Esquisso 10 Linha de ferro elevada. Hipotese de infraestrutura a considerar para o caminho de ferro.
Esquisso 11 Linha de ferro elevada. Hipotese de infraestrutura a considerar para o caminho de ferro.
99
Esquisso 12 Linha de ferro e relação com o parque verde linear ( Unidade Operativa 2 ).
Esquisso 13 Corte transversal no parque verde linear ( Unidade Operativa 2 ) onde se pode ver o rio Lena, a ecopista proposta e a ligação ferroviária proposta.
100
Mapa 11 Interseção entre o percurso do CML e o percurso do Rio Lena.
Esquisso 14 Ecopista junto ao Rio Lena.
101 U.O.2. Parque Verde Linear / Ecopista.
Esta unidade operativa procura dar continuidade à estratégia, no sentido de aumentar atratividade da região, nomeadamente no que respeita o desporto e o lazer como fator de diferenciação que possibilita e melhora o conforto e qualidade de vida. O programa ( a curto prazo ) é o seguinte:
► Parque verde e ecopista na interseção entre o antigo percurso do Couto Mineiro do Lena e o rio Lena. Espaço verde público destinado a desporto e lazer. Percurso que une a ecopista existente ao parque em Porto de Mós e ao parque da Batalha ( com uma possível ligação a Leiria ).
A unidade operativa busca harmonia com a natureza.
Árvores / bosque como fator de coesão ambiental. Permite salientar a importância dos espaços verdes e da biodiversidade.
Pretendese fortalecer a consciência ambiental e construir um futuro ambientalmente sustentável. Ao mesmo tempo, reforçar a relação com o património industrial, trazer a memória para o território como algo que o explica.
Tal como é referido nos Planos Diretores Municipais da Batalha e Porto de Mós, salvaguardadar a função produtiva agricola do rio Lena.
Esquisso 15 Ecopista junto ao Rio Lena.
102 Mapa 12 Demolições propostas em PataiasGare.
103 U.O.3. Centro Cívico em Pataias.
Esta unidade operativa é essencial para o funcionamento da estratégia, porque se afirma como ponto de remate que dá sentido a todas as outras intervenções e à própria estratégia. Ponto central do plano. Junto à zona do apeadeiro de PataiasGare, devido ao atual estado de degradação do edificado assinalado a amarelo no Mapa 12, sugerese demolir o mesmo ( a curto prazo ), porque este se encontra em ruinas e causa mau aspeto / diminui a atratividade ( Imagem 24 e Imagem 25 ).
Imagem 24 A cor: demolições propostas.
Imagem 25 A cor: demolições propostas.
104 Mapa 13 Construção proposta em PataiasGare.
105 Assinalado a vermelho e laranja no Mapa 13, o novo centro cívico procura afirmar uma centralidade inserida na temática do
"Património Industrial", como o lugar onde se pode descobrir mais sobre a temática. O programa proposto é o seguinte:
► Museu do Património Industrial;
► Arquivo Histórico do Património Industrial;
► Sala polivalente;
► Café e restaurante;
► Reabilitar dois edifícios do outro lado da rua;
► Estação intermodal ( comboio, autocarro e automóvel);
Após as demolições, esta unidade operativa tem como ponto de partida ( curto prazo ) a reutilização do edificado assinalado no Mapa 13 a laranja. A médio prazo, desenhado a vermelho, uma possível expansão, definindo o gaveto. Pretendese fazer a renovação do tecido urbano da zona envolvente ao apeadeiro, reativar o lugar, fortalecer as dinâmicas socio
económicas, aumentar a atratividade, incentivar a internacionalização e melhorar o conforto e o ambiente urbano.
Dar o mote que poderá afetar coisas à volta ( a várias escalas ). Possibilidade de, a uma escala alargada poder englobar mais casos de estudo ( faseamento, construir à medida que se necessite ).
Esquisso 16 Construção proposta em PataiasGare.
106 Esquisso 17 Estudos para o gaveto.
107
Esquisso 18 Estudos para o gaveto.
108 Esquisso 19 Construção proposta em PataiasGare.
Vista exterior.
Esquisso 20 Construção proposta em PataiasGare. 109
Museu no interior.
110
Imagem 26 Demolições propostas em PataiasGare.
Imagem 27 Construção proposta em PataiasGare.
111
Esquisso 21 Construção proposta em PataiasGare.
Esquisso 22 Construção proposta em PataiasGare.
112 Mapa 14 Núcleo de Produção de Cal da Brejoeira.
113 U.O.4. Centro de Investigação e Desenvolvimento em Pataias.
A ideia desta unidade operativa é fortalecer a relação entre o património industrial, as novas empresas e as universidades, motivando a inovação. No Mapa 14 estão representados os elementos que compõem o antigo núcleo de produção de cal da Brejoeira. A ideia desta unidade operativa é dar um novo uso ao "Património Industrial": museológico, encubação de empresas e polo de investigação e desenvolvimento.
Assim, é uma forma do património não se degradar até desaparecer. Preservar através da atribuição de um novo uso. O programa sugerido ( a curto prazo ) é o seguinte:
► Museu ao ar livre, local onde se pode caminhar, passear e descobrir mais sobre a história desta indústria;
► Encubadora de empresas aproveitando e reabilitando o existente. Espaço dedicado à criação de empresas inovadoras, onde a relação com a indústria é um fator relevante;
► Polo de investigação e desenvolvimento.
► Estacionamento.
Pretendese assim reativar a memória, mas agora entendida na contemporaneidade. Potenciar a ligação com a Indústria, a criação de novas empresas e a inovação. Incentivar a internacionalização, aumentar a atratividade. Valorizar a memória do lugar. Reutilizar, aproveitar e reativar o existente.
114 Esquisso 23 Vistas do programa proposto.
115
Esquisso 24 Vista do programa proposto.
Esquisso 25 Corte do programa proposto.
116 Esquisso 26 Vista do programa proposto.
117
Esquisso 27 Vista do programa proposto.
118 Esquisso 28 Vista do programa proposto. Hipótese de cobertura a considerar para a proposta.
Esquisso 29 Vista do programa proposto. Hipótese 119
de cobertura a considerar para a proposta.
120 Mapa 15 Construção proposta na Praia da Mina.
121 U.O.5. Residencia Turistica na Praia da Mina.
Esta unidade operativa localizase na praia da mina do Azeche e o programa proposto ( a curto prazo ) é o seguinte:
► Residência turística;
► Elevador da praia.
► Melhoria do percurso de acesso à mina.
► Estacionamento;
Pretendese potenciar o turismo e o conhecimento da mina.
Esquisso 30 Vista do programa proposto.
122 Esquisso 31 Vista do programa proposto.
123
Esquisso 32 Corte do programa proposto.
Esquisso 33 Vista aérea do programa proposto.