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Capítulo I Estratégias de leitura literária fundamentadas na Literatura Comparada

6. Introdução

6.2. Estratégia motivacional

Primeiramente, consideramos que o ponto de partida para concretização de um vasto leque de estratégias está, em primeiro lugar, na criação de um espaço aula motivacional. Sobre este mesmo assunto, Jocye & Weil (1980) afirmam que a estratégia te a fi alidade de p opo io a u p o esso de ap e de e ofe e e u li a so ial que influencia, em grande medida, o comportamento dos alunos entre si e com o professor e que afectará, no futuro, as suas atitudes para com os outros (Ribeiro & Ribeiro 1990:439).

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Nessa sequência, a motivação para a leitura literária está intimamente articulada com as relações afetivas que o aluno cria com a leitura. Estes entrecruzamentos afetivos com a leitura apresentam o predicado de i ulaç o positi a , como observa Isabel Solé (2008:92). No entanto, esta afinidade deve ser desenvolvida na escola e, por este motivo, requer do professor o constante testemunho do seu gosto pela leitura, operando como modelo de efetivação da leitura literária junto do aluno (ibidem). De igual modo, é fundamental que o aluno sinta que é capaz de realizar as tarefas propostas. Com este propósito, o professor/ monitor de leitura será a base de apoio, visto que incentiva e coadjuva o aluno em situações de maior complexidade literária. Podemos, assim, afirmar que estes fatores contribuem para um maior envolvimento do aluno na leitura literária e estimulam o desejo de desbravar as obras literárias (Solé, 2008:91).

Nunca é demais destacar a importância de um ambiente motivador da leitura, para que se estabeleça a interação comunicativa entre os intervenientes do ato educativo; como refere Franco, o professor deve a edita o alu o e efo ça , se p e! : . Evidenciamos, também, o reforço positivo como um estímulo que proporciona a expansão da capacidade de leitura por meio do trabalho com afinco. Como bem sabemos, o gosto pela leitura literária não é inato, edifica-se, pratica-se, como enuncia Paula M. Coelho: Se fala atu al, le e es e e o o s o, e ige e si o e p ti a 11:289).

Ainda sobre o mesmo assunto, consideramos que as experiências proporcionadoras de um bom clima, no espaço aula, poderão não ser a condição suficiente para a motivação para leitura literária. Mas, na nossa opinião, tornam-se indispensáveis na abordagem literária, principalmente na po ti a ue …p essup e, desde logo, um cuidado especial na sua aprese taç o F a o, : . Desta a ei a, e para que o poema seja antes de mais uma aproximação à vida real dos alunos, deverá prevalecer no espaço aula o diálogo livre de juízos de valor; o o afi a Geo ge Jea , o ais importante não será tanto a prática de uma pedagogia específica, mas o saber como on entre en poésie (Franco, 2012:67).

Neste panorama de pré-leitura, para que se efetive a estratégia de motivação de leitura, devem ser privilegiados os conhecimentos prévios do aluno, articulados com o

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corpus textual em estudo. De acordo com este ponto de vista, as temáticas serão relacionadas com a experiência pessoal dos alunos (Solé, 2008:105).

Dentro deste prisma, evidenciamos que na atual realidade sociocultural, como já foi também referido, os alunos estão muito direcionados para as novas tecnologias, inclusive os do pré-escolar, que ainda não dominam os grafemas e fonemas da alfabetização, mas já sabem como abrir e fechar o computador. Por este motivo, julgamos pertinente humanizar as novas tecnologias, empregando-as em situações de leitura literária. É, entretanto, curioso o posicionamento de Leonor Cadório, que conduziu um estudo intitulado O gosto pela Leitura, no qual manifestou que as novas tecnologias utilizadas

…com adequação, moderação e e uilí io s pode edu da e su esso : . É, precisamente, essa a via que pretendemos seguir: a do uso das novas tecnologias para desencadear a curiosidade pelas obras literárias. Como já reportamos, o público-alvo deste estudo é muito heterogéneo no que concerne ao nível de desenvolvimento psicológico e cognitivo. Por isso, em alguns casos, os meios digitais terão um impacto diferente, principalmente nos alunos que dominam esses recursos desde tenra idade.

Pretende-se, de igual modo, associar a leitura ao som e à imagem, para emitirem, emoções, sentimentos e opiniões. Assim, os meios digitais também podem servir como forma de abertura à leitura literária. Além disso, também permitem o diagnóstico da situação em que os alunos se encontram, isto é, se os alunos conhecem ou não as obras apresentadas, se relacionam as imagens com o corpus textual apresentado, e, ainda, pretende-se diagnosticar os conhecimentos prévios dos alunos … o que sabem, pensam ou sentem sobre o que é proposto) Ribeiro & Ribeiro, 1990:440). Nesta lógica de ideias, os meios digitais terão a simples função de nortear o aluno na direção da leitura literária. Por outro lado, a motivação para leitura literária deverá ser realizada tendo em conta os usos reais e o gosto dos alunos (Solé, 2008:92).

Na fase de antecipação da leitura, o professor consegue aferir sobre a bagagem cultural do discente, uma vez que desafia o aluno a expor o que sabe sobre o tema. Esta ação desafiadora colabora no progresso da compreensão leitora, na medida em que o aluno transpõe a dimensão de mero espectador inativo e granjeia um papel ativo no processo de leitura literária (Solé, 2008: 106). A este propósito, Cooper (1990) realça a

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pertinência da discussão ou debate em grupo sobre as significações subjacentes ao corpus textual e destaca que essa discussão tem como tónica dominante ativar os conhecimentos prévios do leitor (Solé, 2008:107). Nessa continuação, na sessão de pré- leitura são definidas as ideias gerais sobre o texto que, por seu turno, consistem num

i e ti o ao dese ol i e to da leitu a íti a Chall (1979) apud Solé, 2008:95). Do es o po to de ista, Ca los Ceia, uito sa ia e te, es e eu ue todo o leito pode se de algu a fo a, e algu o e to, po algu oti o u íti o 9:99). Porém, para criticar e emitir a sua opinião, o leitor tem de se apropriar do texto, não há outra forma de ler (Aguiar e Silva, 2010:183).

Ainda na sessão de pré-leitura, o professor orienta o aluno por meio de pistas, para que elabore a apreciação global do texto e a noção de superestrutura textual e de outros aspetos relevantes que fornecem ao leitor informações sobre as tarefas que irá realizar (Solé, 2008: 105). As pistas literárias que permitem monitorizar a leitura são designadas de estratégias de previsão de leitura. No entanto, essas não se limitam, exclusivamente, à fase da pré-leitura, pois também são fundamentais durante a leitura e depois da leitura.

Também avançamos que todo esse planeamento estratégico pressupõe a construção de o te tos mentais o pa tilhados , o o elata Edwards & Mercer (Solé, 2008:105). Nestes contextos compartilhados, os alunos, em grupo/ turma, expõem a suas emoções e opiniões sobre o corpus textual em análise.