A estratégia escolhida para a realização dessa pesquisa foi a de estudo de casos múltiplos em quatro Instituições de Ensino Superior (IES) Privadas. O critério de escolha obedeceu ao seguinte método: 1) Estar entre as vinte maiores instituições de ensino superior no estado de acordo com o número de alunos e o número de cursos autorizados, 2) Disponibilidade em participar da pesquisa, 3) Não haver nenhuma relação profissional entre o pesquisador e a instituição.
O contexto de concorrência e hipercompetição no ensino superior privado foram cruciais para a escolha desse segmento como contexto para estudar a relação entre informação e concorrência. Além disso, levou-se em conta a experiência do pesquisador como dirigente de IES, pois o componente experiencial é considerado fundamental para aprofundar a investigação através do estudo de caso. Para a comunidade de pesquisa qualitativa, o estudo de caso concentra um conhecimento experiencial do caso e aproxima a atenção para as influências sociais, políticas e outros contextos (DENZIN; LINCOLN, 2005). Para quase todas as pesquisas que utilizam o estudo de caso, torna-se necessário observar cinco pontos básicos no processo de investigação: escolha do tema (Tomada de decisão em uma situação de concorrência no ensino superior privado em Minas Gerais), triangulação (comparação entre os resultados obtidos), conhecimento experiencial (segmento de atuação do pesuisador), contexto e atividades (contexto de concorrência) (DENZIN; LINCOLN, 2005).
Estudo de caso é um caminho comum para fazer a pesquisa qualitativa, não é novo nem essencialmente qualitativo. O fato de eles serem mais humanos e, de alguma forma transcendentes, é porque os pesquisadores também o são, não pelo método usado. Segundo Denzin e Lincoln (2005), estudo de caso não é uma escolha
metodológica, mas sim uma escolha do que será estudado. Um caso pode ser estudado analiticamente, holisticamente, hermeneuticamente, organicamente ou culturalmente, e até mesmo misturando-se mais de um método. Os casos estudados neste estudo utilizaram-se da abordagem hermenêutica, na medida em que foram interpretados a partir das respostas dos dirigentes participantes do processo decisório das Instituições de Ensino Superior e pesquisadas.
Para responder à seguinte questão epistemológica: “o que se pode aprender com um caso?” Denzin e Lincoln (2005) descrevem que, para a comunidade de pesquisa, o estudo de caso aperfeiçoa o entendimento através das questões de pesquisa inseridas em seu processo. Com a triangulação das descrições e interpretações, o estudo de caso ganha credibilidade, não em apenas uma etapa, mas continuamente durante o período de estudo. O caso pode ser visto como um sistema que pode ser funcional ou disfuncional, racional ou irracional. É comum reconhecer algumas características dentro desse sistema, algumas dentro do caso e outras fora dos limites do caso. Coerência e sequência são aspectos que podem ser descobertos. Ultimamente tem crescido o interesse em estudos com uma população de casos ou estudos com múltiplos casos que permitam a comparação (DENZIN; LINCOLN, 2005). Entretanto, os autores alertam:
[...] enquanto se está estudando um caso, a pesquisa deve imergir na complexidade daquele caso e tentar entender o seu sistema. Pode-se conduzir, simultaneamente, mais do que um estudo de caso, mas cada estudo de caso requer um esforço concentrado por parte do pesquisador (DENZIN; LINCOLN, 2005, p. 245).
Segundo eles, um estudo de caso é o processo de pesquisa e, ao mesmo tempo, o resultado desse processo. Durante o processo de pesquisa, existe um esforço para construir e identificar o sistema do caso para chegar a um “registro do caso” e, ao final, através da interpretação e métodos de análise, obtém-se um “estudo de caso”. Para Yin (1994) o tipo de questões propostas para distingue os estudos de caso de outras modalidades de pesquisa nas ciências sociais. O autor afirma que a estratégia de estudos de caso é geralmente usada quando o estudo traz questões nas quais o mais importante é saber sobre o como e o porquê; quando o pesquisador tem pouco controle sobre os acontecimentos; e quando o foco se dirige
a um fenômeno contemporâneo em um contexto natural. Segundo Denzin e Lincoln
(2005), os estudos de caso podem ser divididos em dois tipos básicos: intrínseco e instrumental. Existem estudos de caso em que existe um interesse propriamente sobre o caso específico, seja pela sua especificidade, seja pela sua relevância. São chamados de estudo de caso intrínseco, pois o objetivo é o entendimento daquele caso. Existe também o estudo de caso instrumental em que o estudo de caso torna- se um caminho para entender questões maiores. Nessa perspectiva, o caso em si não tem tanta importância e sim o que ele pode revelar. É utilizado para fornecer insight sobre um tema ou para refazer uma generalização. O caso é de interesse secundário e exerce um papel de suporte para o entendimento sobre outra coisa. O estudo continua tendo a mesma profundidade e o contexto também é importante, mas o objetivo é conseguir respostas para questões da pesquisa; o estudo de caso passa a ser o meio pelo qual se investiga o tema proposto.
Para este trabalho, optou-se por escolher o estudo de caso instrumental, já que o interesse maior da pesquisa é entender como a informação sobre o concorrente se transforma em decisão, nas organizações, através do processo de criação de significados. Portanto, a escolha das IES para a realização do estudo de caso levou em consideração não os aspectos intrínsecos, mas, sobretudo, a possibilidade do entendimento e investigação das questões de pesquisa.
Quando existe um interesse menor na particularidade do caso e maior na possibilidade de entendimento de um determinado tema, como nos estudos de caso do tipo instrumental, existe uma tendência a realizar mais de um estudo de caso (DENZIN; LINCOLN, 2005). Nessa situação, esses estudos são denominados por estudo de casos múltiplos:
Estudos de caso múltiplos consistem em um estudo de caso instrumental estendido a vários casos. Os casos escolhidos podem ser similares ou não, podem ter redundância de determinada característica ou variedade, dependendo do interesse de pesquisa. Eles são escolhidos porque acredita- se que o entendimento deles levará a um melhor entendimento, talvez uma melhor teorização, estudando um grupo de casos (DENZIN; LINCOLN, 2005, p. 445).
Neste sentido, como estratégia de escolha dos casos estudados, foi feita a seleção de quatro instituições de ensino superior privadas que estão dentre as vinte maiores IES do estado de Minas Gerais e ofereceram abertura para a pesquisa e ainda que
apresentam características diferentes em relação ao número de alunos, número de cursos e tempo de existência.