3. ORIGEM E HISTÓRIA DAS ARTES MARCIAIS
5.4 Estratégias de Enfrentamento e Anos de Experiência
Tabela 6 – Índices de Correlação (r de Pearson) entre tipos de enfrentamento e anos de prática e ensino no Grupo1 (n = 31).
Tipos de Enfrentamento Anos prática Anos Leciona Escala de Respostas Focado no problema -0,96 -0,80 1 a 5 Focado na Emoção 0,03 -0,90 1 a 5 Focado no pensamento fantasioso/ religioso 0,07 0,31 1 a 5
Focado na busca de suporte social
0,09 0,38* 1 a 5
A Tabela 6 indica que há um índice significativo, ou seja, há uma relação entre os
anos de ensino e busca de suporte social entre os sujeitos do Grupo 1 (formados que
lecionam). Com estes dados, pode-se entender que quanto mais tempo essas pessoas se
dedicam ao ensino, mais estratégias de suporte social elas desenvolvem. De um ponto de
vista lógico, pode-se dizer que esse contato com alunos durante os anos que o sujeito
leciona, pode favorecer um melhor contato social.
Numa linguagem simples e direta, Weiten (2002) em suas contribuições ao ensino
de psicologia geral, aponta que, existem pessoas capazes de suportar melhor o estresse,
implicando no fato de que existem variáveis moderadoras que possam diminuir o impacto
do estresse sobre a saúde física e mental. Entre elas, está o suporte social, que se refere aos
Portanto, há de se pensar que, quando se alude à busca de suporte social, pensa-se
em pessoas que buscam melhores formas de contatos sociais e que ampliam sua rede de
suporte, fato que indica mais amadurecimento. Assim, esses anos de prática no ensino das
artes marciais indicam que esses professores lidam no seu dia-a-dia com o que apontam
Motta, Emuno ( 2004ª; 2004b ; Seidl, (2005) e Borcsik, (2006), que as estratégias de
enfrentamento estão presentes em qualquer situação de risco, atividades da vida diária ou
qualquer situação e atividade humana que exija um controle, excesso somático e/ou
psíquico maior do ser humano. A lida diária com alunos, iniciantes e tudo aquilo que os
envolve no processo ensino aprendizagem, implica em situações geradoras de estresse. De
modo que o uso dessa “busca de suporte social” entre os sujeitos do G2 que lecionam
mostra um amadurecimento e desenvolvimento pessoal importante.
Enfim, baseado nos conceitos anteriormente citados, observa-se que o coping é o
enfrentamento do sujeito ante a uma determinada situação nova ou que lhe produz estresse;
o indivíduo utiliza o enfrentamento a fim de vencer, ultrapassar e se manter superior às
situações estressantes, sejam elas quais forem, ou utilizará formas de enfrentamento menos
amadurecidas. Deste modo, cabe salientar que as estratégias sempre serão utilizadas,
porém, o que irá distinguir a qualidade do enfrentamento será o tipo de estratégia mais
freqüentemente utilizada pelos indivíduos em situações diversas e estressoras. E, conforme
verificado nessa tabela 6, os anos de experiência em ensino das artes marciais pareceram
indicar um desenvolvimento favorável no que diz respeito à ampliação da rede social e
6. CONCLUSÃO
Este trabalho analisou uma amostra de praticantes de artes marciais com o intuito de
verificar estratégias de enfrentamento utilizadas por esses sujeitos e tentar relacioná-las a
pratica de artes marciais.
Para tal estudou-se uma amostra de 94 sujeitos do sexo masculino, praticantes de
(Kung Fu Chinês, Kung Fu Vietnamita (Qwan Ki Do), Taekwondo e Karatê) artes marciais
de contato semelhantes tecnicamente; numa faixa etária de 15 até 56 anos, em maioria
solteiros e com nível de instrução médio e com grande variação de profissões/ ocupações
(desde operários, até indivíduos com profissões de nível superior), distribuídos em dois
grupos. O grupo 1 – 67 praticantes com tempo de pratica superior a 12 meses podendo ser
ou não formados “faixa-preta”, ou seja, aqueles que tiveram experiência, treino e estudo
necessários exigidos dentro de sua modalidade marcial e o grupo 2 - 27 praticantes
chamados iniciantes, com tempo de prática compreendido até 12 meses.
Numa compreensão geral da amostra, pôde-se observar que as estratégias de
enfrentamento chamadas de “focadas no problema” e “busca de suporte social”,
apresentaram maiores médias de utilização entre ambos os grupos, ou seja, os sujeitos
utilizam-nas dentro de um padrão adequado e responderam adequadamente em situações
estressantes.
Em ambos os grupos, independente dos anos de prática ou de experiência com artes
marciais, ou de características específicas de cada grupo, os sujeitos revelaram que
cotidianos (estratégias focalizadas no problema), bem como demonstraram buscar apoio
social ou instrumental para ajudá-los na lida com situações mais estressantes (estratégias de
busca de suporte social).
Outro aspecto interessante que fora revelado, foi o de que esses mesmos sujeitos,
independentemente do grupo em que os classificamos, utilizavam menos as chamadas
“estratégias focadas na emoção” (aquelas que envolvem emoções negativas e recursos
como a esquiva, à negação na resolução de problemas que causam estresse). Fato esse que
demonstrou que esses praticantes de artes marciais utilizavam menos estas estratégias
pouco amadurecidas e, portanto maior controle emocional. Todavia, não podemos afirmar
que esse controle foi de influência das artes marciais, já que ambos os grupos apresentaram
esse mesmo resultado.
Outro dado importante e o único a revelar distinção entre os grupos foi à relação
entre os anos de ensino e busca de suporte social entre os sujeitos do Grupo 1 (formados
que lecionam). Ou seja, pôde-se entender que quanto mais tempo essas pessoas se
dedicavam ao ensino de artes marciais, mais estratégias de suporte social eles
desenvolveram. De um ponto de vista lógico, pode-se dizer que esse contato com alunos
durante os anos que o sujeito leciona, também favorece um melhor contato social, mais se
amplia o universo e a rede de relações.
Embora o estudo tenha possibilitado a verificação do tipo de estratégias de
enfrentamento utilizadas com mais freqüência pelos praticantes de artes marciais, não se
pode dizer, por esses dados que há uma relação entre estratégias de enfrentamento mais
amostra maior, estratificada e que tenha maior controle de variáveis; estudo que sugerimos
seja realizado no futuro, comparando com outros esportes, esportes individuais e esportes
coletivos. Considera-se ainda que o grau de instrução e o nível sócio-econômico-cultural da
amostra foram muito dispersos, revelando uma amostra pouco heterogênea e que também
pode comprometer os resultados. Por isso é que aqui se sugerem estudos futuros com
amostras mais bem definidas e com critérios mais rigorosos e que possam efetivamente
verificam com maior precisão a influência dessas modalidades esportivas no enfrentamento
7. REFERÊNCIAS
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ANEXO I - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO FACULDADE DE PSICOLOGIA E FONOAUDIOLOGIA
Fui informado (a) da pesquisa que tem por objetivo: Verificar as estratégias de
enfrentamento utilizadas por praticantes de artes marciais. Para coleta de dados, será
utilizado o EMEP – Escala Modos de Enfrentar Problemas. Será acrescido ainda uma entrevista com dados pessoais. É importante ressaltar que esses dados serão confidenciais. Este estudo tem caráter acadêmico e será realizado por Orlando Marreiro de Souza
Junior e orientado pela Professora Dr.(a). Marilia Martins Vizzotto da Universidade
Metodista de São Paulo. Declaro, ainda, ter compreendido que não sofrerei nenhum tipo de prejuízo de ordem psicológica ou física e que minha privacidade será preservada. Concordo que os dados sejam publicados para fins acadêmicos ou científicos, desde que seja mantido o sigilo sobre a minha participação. Estou também ciente de que poderei, a qualquer momento, comunicar minha desistência em participar do estudo.
Contatos: marreirojr@uol.com.br
Universidade Metodista/ Mestrado em Psicologia – Fone: 11 4366-5351
Portanto, _________________________________________________________________, consinto em participar da pesquisa acadêmica que tem por objetivo: Verificar as
estratégias de enfrentamento utilizadas por praticantes de artes marciais.
Assinatura do Participante Local e Data. RG/ CPF __________________________________
______________________________________________________________________ Assinaturas: Orlando Marreriro de Souza Junior
ANEXO II – EMEP - Escala Modos de Enfrentamento de Problemas
As pessoas reagem de diferentes maneiras a situações difíceis ou estressantes. Pense em uma situação ou problema atual que esteja produzindo mais estresse para você. Escreva aqui esta situação ou problema:
_________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________
Para responder ao questionário, tenha em mente as coisas que você faz, pensa ou sente para enfrentar esta situação ou problema, no momento atual.
Veja um exemplo:
Eu estou buscando ajuda profissional para enfrentar o meu problema
1 2 3 4 5
Eu nunca faço Eu faço Isso Eu faço Isso Eu faço Isso Eu faço Isso
Isso um pouco às vezes muito sempre
Você deve assinalar a alternativa que corresponde melhor ao que você está fazendo quanto à busca de ajuda profissional para enfrentar o seu problema. Se você não está buscando ajuda profissional, marque com um X ou um círculo o número 1 (nunca faço isso); se você está buscando sempre esse tipo de ajuda, marque o número 5 (eu faço isso sempre). Se a sua busca de ajuda profissional é diferente dessas duas opções, marque 2, 3 ou 4, conforme ela está ocorrendo.
Não há respostas certas ou erradas. O que importa é como você está lidando com a situação. Pedimos que você responda a todas as questões, não deixando nenhuma em branco.
1 2 3 4 5
Eu nunca faço Eu faço isso Eu faço isso Eu faço isso Eu faço isso
isso um pouco às vezes muito sempre
1. Eu levo em conta o lado positivo das coisas.
1 2 3 4 5
2. Eu me culpo
1 2 3 4 5
3. Eu me concentro em alguma coisa boa que pode vir desta situação.
1 2 3 4 5
4. Eu tento guardar meus sentimentos para mim mesmo.
1 2 3 4 5
5. Procuro um culpado para a situação.
1 2 3 4 5
6. Espero que um milagre aconteça.
1 2 3 4 5
7. Peço conselho a um parente ou a um amigo que eu respeite.
1 2 3 4 5
8. Eu rezo/ oro
1 2 3 4 5
10. Eu insisto e luto pelo que eu quero.
1 2 3 4 5
11. Eu me recuso a acreditar que isto esteja acontecendo.
1 2 3 4 5
12. Eu brigo comigo mesmo; eu fico falando comigo mesmo o que devo fazer.
1 2 3 4 5
13. Desconto em outras pessoas.
1 2 3 4 5
14. Encontro diferentes soluções para o meu problema.
1 2 3 4 5
15. Tento ser uma pessoa mais forte e otimista.
1 2 3 4 5
16. Eu tento evitar que os meus sentimentos atrapalhem em outras coisas na minha vida
1 2 3 4 5
17. Eu me concentro nas coisas boas da minha vida.
9. Converso com alguém sobre como estou me sentindo.
1 2 3 4 5
18. Eu desejaria mudar o modo como eu me sinto.
1 2 3 4 5
1 2 3 4 5
Eu nunca faço Eu faço isso Eu faço isso Eu faço isso Eu faço isso
isso um pouco às vezes muito sempre
19. Aceito a simpatia e a compreensão de alguém.
1 2 3 4 5
20. Demonstro raiva para as pessoas que causaram o problema.
1 2 3 4 5
21. Pratico mais a religião desde que tenho esse problema.
1 2 3 4 5
22. Eu percebo que eu mesmo trouxe o problema para mim.
1 2 3 4 5
28. Estou mudando e me tornando uma pessoa mais experiente.
1 2 3 4 5
29. Eu culpo os outros.
1 2 3 4 5
30. Eu fico me lembrando que as coisas poderiam ser piores.
1 2 3 4 5
31. Converso com alguém que possa fazer alguma coisa para resolver o meu problema.
1 2 3 4 5
32. Eu tento não agir tão precipitadamente ou seguir minha primeira idéia.
23. Eu me sinto mal por não ter podido evitar o problema.
1 2 3 4 5
24. Eu sei o que deve ser feito e estou aumentando meus esforços para ser bem sucedido
1 2 3 4 5
25. Eu acho que as pessoas foram injustas comigo.
1 2 3 4 5
26. Eu sonho ou imagino um tempo melhor do que aquele em que estou.
1 2 3 4 5
27. Tento esquecer o problema todo.
1 2 3 4 5
1 2 3 4 5
33. Mudo alguma coisa para que as coisas acabem dando certo.
1 2 3 4 5
34. Procuro me afastar das pessoas em geral.
1 2 3 4 5
35. Eu imagino e tenho desejos sobre como as coisas poderiam acontecer.
1 2 3 4 5
36. Encaro a situação por etapas, fazendo uma coisa de cada vez.
1 2 3 4 5
1 2 3 4 5
Eu nunca faço Eu faço isso Eu faço isso Eu faço isso Eu faço isso
isso um pouco às vezes muito sempre
37. Descubro quem mais é ou foi responsável.
1 2 3 4 5
38. Penso em coisas fantásticas ou irreais (como
uma vingança perfeita ou achar multo dinheiro)
que me fazem sentir melhor.
1 2 3 4 5
Você tem feito alguma outra coisa para enfrentar ou lidar com os seus problemas?
39. Eu sairei dessa experiência melhor do que entrei nela.
1 2 3 4 5
40. Eu digo a mim mesmo o quanto já consegui.
1 2 3 4 5
41. Eu desejaria poder mudar o que aconteceu comigo.
1 2 3 4 5
42. Eu fiz um plano de ação para resolver o meu
problema e o estou cumprindo.
1 2 3 4 5
43. Converso com alguém para obter informações
sobre a situação.
1 2 3 4 5
44. Eu me apego à minha fé para superar esta situação.
1 2 3 4 5
45. Eu tento não fechar portas atrás de mim.
Tento deixar em aberto várias saídas para o
problema.
1 2 3 4 5
Favor verificar se todos os itens foram preenchidos.
ANEXO III - APRESENTAÇÃO DOS ÍTENS DA EMEP SEGUNDO OS FATORES QUE A COMPÕEM
Enfrentamento focalizado no problema
Eu levo em conta o lado positivo das coisas
Eu me concentro em alguma coisa boa que pode vir dessa situação Insisto e luto pelo que eu quero
Encontro diferentes soluções para o meu problema
Eu tento evitar que os meus sentimentos atrapalhem em outras coisas na minha vida. Eu me concentro nas coisas boas da minha vida
Aceito a simpatia e compreensão de alguém
Eu sei o que deve ser feito e estou aumentando meus esforços para ser bem sucedido Estou mudando e me tornando uma pessoa mais experiente
Eu fico me lembrando que as coisas poderiam ser piores
Eu tento não agir tão precipitadamente ou seguir a minha primeira idéia Mudo alguma coisa para que as coisas acabem dando certo
Encaro a situação por etapas, fazendo uma coisa de cada vez Eu sairei dessa experiência melhor do que entrei nela
Eu digo a mim mesmo o quanto já consegui
Eu fiz um plano de ação para resolver o meu problema e estou cumprindo
Eu tento não fechar portas atrás de mim. Tento deixar em aberto várias saídas para o problema.
Enfrentamento focalizado na emoção
Eu me culpo
Procuro um culpado para a situação
Eu me recuso a acreditar que isto esteja acontecendo
Eu brigo comigo mesmo; eu fico falando comigo mesmo o que devo fazer Desconto em outras pessoas
Eu desejaria mudar o modo como eu me sinto
Eu percebo que eu mesmo trouxe o problema para mim Eu me sinto mal por não ter podido evitar o problema Eu acho que as pessoas foram injustas comigo
Eu culpo os outros
Procuro me afastar das pessoas em geral
Eu imagino e tenho desejos sobre como as coisas poderiam acontecer Descubro que mais é ou foi responsável
Penso em coisas fantásticas e irreais (como uma vingança perfeita ou achar muito dinheiro) que me fazem sentir melhor.
Religiosidade e Pensamento Fantasioso
Espero que um milagre aconteça Eu rezo/ oro
Pratico mais a religião desde que tenho este problema