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Estratégias de Enfrentamento

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3. ORIGEM E HISTÓRIA DAS ARTES MARCIAIS

5.3 Estratégias de Enfrentamento

Cabe destacar que não encontramos diferenças significativas entre os grupos 1 e 2

quanto à utilização de estratégias de enfrentamento quanto fizemos correlações entre os

grupos. Ou seja, tanto iniciantes quanto veteranos apresentaram respostas muito similares.

Assim, pode-se dizer que os achados do presente estudo puderam demonstrar com clareza

as afirmações de autores como Ballone (2005); Ramires, Carapeta, Felgueiras e Viana

(2001) e mesmo aquelas situações descritas por Lima, Samulski e Vilani (2004), pois

todos esses autores consideram que os atletas, devido à disciplina que o esporte

proporciona, têm uma capacidade maior de controle sobre a ansiedade e o estresse. E mais,

um atleta praticante enfrenta seus problemas com mais destreza ao entender a vida

compreensão da prática do esporte para controlar as suas expectativas bem como nas

situações da vida diária.

Ora, para afirmar essas posições ante os achados do presente estudo, haveríamos de

ter encontrado diferenças marcantes, significativas em ambos os grupos, fato que não

ocorreu. Porém, quando se analisam os resultados pelo ponto médio da escala,

encontramos resultados interessantes. De modo que, a seguir são apresentadas as

estratégias de enfrentamento utilizadas pelos sujeitos, buscando-se apresentá-las quanto às

categorias ou estratégias distribuídas conforme a EMEP nos grupos 1 e 2 conforme a

média.

Tabela 5 – Estratégias de Enfrentamento segundo os grupos iniciantes e formados.

Estratégias Grupos Média Desvio Padrão Escala de Respostas Focadas no problema G1 G2 3,88 3,96 0,77 0,75 1 a 5 Focadas na Emoção G1 G2 2,39 2,41 0,51 0,51 1 a 5 Focadas no pensamento fantasioso/ religioso G1 G2 2,93 3,00 0,12 0,10 1 a 5 Focadas na busca de suporte social G1 G2 2,98 3,31 0,09 0,12 1 a 5

A Tabela 5 mostra os tipos de enfrentamento utilizados pelos praticantes de Artes

Marciais em diferentes situações da vida, conforme a EMEP, analisados conforme o ponto

médio da escala. Por esta tabela pode-se observar similaridade entre os dois diferentes

que as estratégias de enfrentamento “focadas no problema” e “busca de suporte social”,

foram apresentadas pelos sujeitos de ambos os grupos como formas de enfrentamento

adequadas. Isso significa que os sujeitos utilizam-nas dentro de um padrão adequado e

positivo em ambos os grupos.

Relembramos que estratégias ou processos de coping (ANTONIAZZI,

DELL’AGLIO e BANDEIRA, 1998; , RAY, LINDOP e GIBSON, 1982) são os esforços

de controle, sem considerar as conseqüências, ou seja, respondem ou enfrentam o estresse

(comportamental ou cognitiva) com a finalidade de reduzir as suas qualidades aversivas.

Quanto às estratégias “estratégias focalizadas no problema” e as “estratégias de

busca de suporte social” aqui utilizadas tendo como referencial a escala de modos de

enfrentamento, são entendidas como: “estratégias focalizadas no problema” - esforços para

mudar determinado aspecto do estressor e as “estratégias de busca de suporte social” são

aquelas que possibilitam a busca de apoio social emocional ou instrumental para ajudar a

lidar com a situação causadora do stress (SEIDEL, 2005; SEIDEL, TRÓCCOLI e

ZANNON, 2005).

Portanto, pode-se dizer que são estratégias de enfrentamento mais amadurecidas.

Para Lazarus e Folkman (1984 apud BORCSIK, 2006), o enfrentamento mais amadurecido

seria então aquele que ao invés de atrair o estado estressante e alterar a emoção diante da

situação, o indivíduo buscará reduzir a sensação desagradável causada pelo estresse,

conseguindo um equilíbrio psicológico prático e adequado para qualquer tipo de situação

sem risco algum.

formas de enfrentamento adequadas em ambos os grupos.

Reafirmando essa posição, é interessante também observar pela mesma tabela 5, que

com relação às “estratégias focadas na emoção”, estas estão entre as menores médias

apresentadas. Essas “estratégias focadas na emoção” são aquelas que envolvem

pensamentos e ações para manejar as emoções perturbadoras que surgem dos encontros

estressantes. São as estratégias cognitivas e comportamentais que representam

comportamentos de esquiva ou negação, expressão de emoções negativas, irrealistas

voltadas para a solução mágica do problema, auto-culpa e ou culpabilização dos outros.

Isto significa que os sujeitos praticantes de artes marciais de ambos os grupos

utilizam menos estas estratégias consideradas negativas, denotando melhor controle

emocional.

Assim, verificamos que ambos os grupos obedecem a um padrão de enfrentamento

mais positivo porém similar. Ao identificarmos esses aspectos positivos com aqueles

descritos por Ballone (2005); Ramires, Carapeta, Felgueiras e Viana (2001) e Lima,

Samulski e Vilani (2004) observamos que ambos grupos de praticantes de artes marciais

igualmente enfrentam seus problemas com mais destreza, porém não se pode dizer que

isto se dá por pela disciplina alcançada pelo esporte ou mesmo pelo fato de que a essa

disciplina auxilia-os na compreensão e controle de suas expectativas e situações da vida

diária. Nesse sentido, o grupo 2 haveria de ter de apresentar estratégias focadas no

problema em maior quantidade do que o grupo dos iniciantes. Entretanto, essa contribuição

do autor talvez só fosse possível de ser dita se o presente estudo tivesse avaliado

num estudo longitudinal em que se pudessem avaliar estratégias antes do início da prática e

seu desenvolvimento ao longo do tempo. Porém, existem muitas variáveis intervenientes

que circundam a natureza humana e que se tornam muitas vezes impossíveis de serem

verificadas com tamanha precisão e controle. Considera-se ainda que o grau de instrução e

o nível sócio-econômico-cultural da amostra foram muito dispersos, revelando uma

amostra pouco heterogênea e que também pode comprometer os resultados. Por isso é que

aqui se sugerimos estudos futuros com amostras mais bem definidas, estratificadas e com

critérios mais rigorosos e que possam efetivamente verificar com maior precisão a

influência dessas modalidades esportivas no enfrentamento do sujeito.

É interessante lembrar que o enfrentamento (BORCSIK, 2006) é o conjunto dos

esforços cognitivos e de conduta destinados a controlar, reduzir ou tolerar as exigências

internas ou externas que ameaçam cognitiva ou afetivamente um indivíduo. A idéia de

coping diz respeito ao empenho em vencer os obstáculos; no caso do atleta, se refere à

exigência adaptativa diante de seus objetivos. E, sem dúvida, no presente estudo a amostra

mostra-se bem adaptada. O fato aqui demonstrado é que os sujeitos de ambos os grupos

apresentam menos estratégias voltadas para emoções - aquelas imediatistas e que envolvem

pensamentos e ações para manejar as emoções perturbadoras mas que exigem muito

esforço cognitivo e afetivo, muitas vezes em vão; aquelas relacionadas à esquiva, ou

negação e que são a expressão de emoções negativas. Outrossim, os sujeitos tenderam a

maior utilização de estratégias focadas no problema e busca de suporte social – revelando

melhor capacidade cognitivo-afetiva no enfrentamento de situações problema em suas

vidas. Todavia, não se pode atribuir essa utilização à prática de artes marciais, dado ao fato

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