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A investigação que nos propusemos realizar considerou um grupo-alvo de 20 crianças com idades compreendidas entre os 6 e os 7 anos.

A implementação do projeto e consequente recolha de dados ocorreu durante o período de 1-12-2011 e 3-01-2012, desenvolvendo-se, maioritariamente, em sala de aula9. A opção por

este espaço prendeu-se com o facto de este espaço ser considerado como o mais familiar ao grupo de alunos em questão, revelando-se assim a melhor opção para o desenvolvimento das intervenções.

No entanto, ainda que familiar, era nossa intenção que os alunos se abstraíssem da ideia de “sala de aula”, de modo a possibilitar a realização de um trabalho tão autêntico quanto possível. Assim, a par da utilização de uma estratégia imagética (onde era pedido às crianças para olharem para as ilustrações da obra e relatarem o que viam, construindo, assim, uma narrativa) foram, ainda, adotadas um conjunto de estratégias pedagógicas tendo em vista não apenas a mediação do processo de ensino-aprendizagem, como também a criação de uma atmosfera onde os alunos se sentissem livres para se expressarem abertamente. As referidas estratégias implicaram portanto:

- a criação de um ambiente de respeito e aceitação mútuas, onde os alunos pudessem elaborar e teste hipóteses, discordar, propor interpretações alternativas, partilhar opiniões, avaliar criticamente situações, factos, ideias…

- o favorecimento de um clima de confiança e uma atitude de respeito face às questões levantadas pelos alunos;

- a disponibilização de tempo ao aluno para que pense e exponha as suas ideias, desenvolvendo a sua imaginação;

- a interação contínua junto dos alunos, através da observação e do apoio direto prestado no momento da intervenção com vista a motivar, entusiasmar e colmatar eventuais dificuldades.

O trabalho que seguidamente daremos a conhecer foi orientado por um conjunto de planificações abertas e flexíveis contemplando o desenvolvimento de estratégias de ensino- aprendizagem pautadas pela diferenciação pedagógica, nomeadamente através da

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individualização das interações, de modo a que os alunos pudessem, mais facilmente, desenvolver a sua consciência literária e linguística.

O trabalho desenvolvido pelos professores/investigadores possibilitou ainda um desenho curricular onde todos os alunos tivessem a possibilidade de partilhar os seus conhecimentos, criando, para tal, diferentes modos de interação de acordo com o tipo de atividade a realizar e as potencialidades e limitações do espaço disponível.

Assim, através da implementação de dinâmicas que privilegiassem o grupo enquanto lugar de partilha de experiências, fator de enriquecimento e motor dinamizador, foram implementados, essencialmente, dois grandes momentos de trabalho: um em grande grupo e um outro em pequenos grupos, sendo o primeiro adotado para o estabelecimento de objetivos, organização das tarefas e posterior avaliação das mesmas; e o segundo, escolhido por favorecer as interações cooperativas, promover a participação de todos os membros da turma e rentabilizar a ajuda pedagógica prestada.

O trabalho desenvolvido em pequeno grupo baseou-se na leitura e interpretação de Narrativas Visuais, cuja eleição se revelou, de todo, importante, neste que é um período fulcral de aquisição e desenvolvimento da competência de leitura para os destinatários da intervenção.

Podendo as obras selecionadas constituir elementos potencializadores da interação das crianças com a leitura, foi necessário eleger as que poderiam ser melhor aceites pelas crianças do nível etário com que iriamos trabalhar.

Assim, de entre o universo diversificado de obras com as quais contactamos ao longo da preparação do projeto, foram selecionadas apenas 4 – número que cremos ser aceitável dado o período de intervenção disponível.

Como critérios de seleção apontam-se os seguintes aspetos:

- Possuir qualidade literária e estética – (princípio base na seleção das obras) no sentido em que, para além de responderem às expectativas, interesses e motivações das crianças, comportem também ilustrações criativas capazes de intrigar, despertar o imaginário, reter a atenção e propor uma nova leitura e uma nova visão da realidade estética, psicológica e social;

- Ter, na sua composição, uma capa sugestiva que provoque curiosidade;

- Ser graficamente explícito mas, simultaneamente, deixar uma larga margem para a criatividade;

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- Comportar uma variedade de temas - pois estando o grupo, a priori, aberto a um vasto conjunto de propostas, uma seleção diversificada permitirá responder a um maior número de necessidades;

- Ser portador de um caráter lúdico – sendo o livro entendido como um brinquedo, deverá fazer rir, surpreender e proporcionar prazer e novas descobertas;

- Contribuir para a formação do aluno - contendo narrativas que abordem valores essenciais à formação de cada cidadão;

- Abordar temas que provoquem nos alunos uma identificação e envolvimento com as personagens das histórias;

- Transportar cargas emocionais diretamente ligadas às vivências dos alunos;

- Favorecer o trabalho em torno da oralidade – através do estímulo ao diálogo, ao debate, à discussão coletiva, à capacidade de argumentação e à partilha de conhecimentos;

No presente projeto, pretendeu-se, ainda, valorizar a avaliação contínua, numa perspetiva eminentemente formativa, do percurso dos alunos em cada exercício criativo. Como tal, recorreu-se a este ato, após a conclusão de cada intervenção de modo a proceder-se a uma análise retrospetiva que pudesse (re)orientar as intervenções futuras através de uma adaptação, gradual, das intervenções às necessidades dos alunos.

A referida recolha de informação ocorreu ciclicamente em dois momentos: um primeiro junto das crianças implicadas na investigação (no momento de pós-leitura) e, um segundo, junto dos mediadores do processo (após concluída cada intervenção).

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Capítulo IV

DESENVOLVIMENTO E AVALIAÇÃO DA

INTERVENÇÃO

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