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Percentagem de fraturas por comprimento

5.2.2. Estratigrafia Regional e Local

A coluna estratigráfica da área de estudo encontra-se constituída por sedimentos aluvionares inconsolidados (Quaternário), rochas vulcânicas da Formação Serra Geral (Cretáceo), arenitos eólicos das formações Botucatu (Jurássico) e Pirambóia (Permiano), assim como por pelitos da Formação Rio do Rasto (Permiano). Desta forma, considerando a coluna estratigráfica (Figura 5.2.9) proposta por CPRM (2008), constata-se a ausência das unidades Triássicas. Este hiato no registro estratigráfico pode ser atribuído à erosão ou mesmo a não sedimentação em decorrência do bloco Leste do SAG ter-se comportado como um alto estrutural. A seguir são caracterizadas, a partir de dados regionais e locais, as unidades estratigráficas da área de estudo:

Sedimentos Recentes (Quaternário)

Os sedimentos inconsolidados quaternários encontram-se depositados na calha do Arroio Feitoria e arroios das cidades de Estância Velha e Ivoti. Esse pacote sedimentar é constituído por areias, siltes e argilas em combinações diversas, encontrando-se predominantemente saturado e com níveis de água próximos da superfície. Não há uma avaliação da espessura destes sedimentos.

Formação Serra Geral (Cretáceo)

A Formação Serra Geral, segundo Schneider et al., (1974), resultante de intenso vulcanismo fissural, iniciado quando ainda perduravam as condições desérticas de sedimentação da Formação Botucatu, tem sua idade radiométrica atribuída ao Cretáceo Inferior (120-130 M.a.). Na área de estudo esta formação está representada por rochas basálticas de cor cinza a cinza clara (Figura 5.2.10), com horizontes vesiculares e intercalações com arenitos eólicos lenticulares.

São ainda observadas intrusões, como diques e sills de diabásio, freqüentemente fortemente alterados. O contato entre a Formação Serra Geral e os arenitos da Formação Botucatu são discordantes (Figura 5.2.11), podendo apresentar metamorfismo térmico dos arenitos, fenômeno que pode variar desde alguns centímetros até mais de um metro de espessura.

P A L E O Z Ó I C O %

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Figura 5.2.10.- Rochas basálticas da Formação Serra Geral em Ivoti - RS, (coordenadas de campo UTM= 483747/6722471).

Figura 5.2.11.- Contato entre a Formação Serra Geral e a Formação Botucatu em Ivoti – RS, (Coordenadas de campo UTM= 484959/6719762).

As rochas basálticas apresentam comumente textura afanítica, sendo que no topo e base dos derrames predomina a textura amigdaloidal. Os derrames basálticos apresentam um grande desenvolvimento de juntas verticais e horizontais, estas últimas principalmente na parte basal Schneider et al., (1974).

Formação Botucatu (Jurássico)

A Formação Botucatu designa os arenitos que constituem a serra de mesmo nome no Estado de São Paulo (Campos, 1889), incluindo originalmente os sedimentos atualmente pertencentes à Formação Pirambóia Schneider et. al., (1974). A Formação Botucatu é constituída por um pacote homogêneo de arenitos finos a grossos, avermelhados bimodais, com grãos arredondados na fração grossa e subangulares a arredondados na fração fina Caetano-Chang, Wu (1992). No Estado do Rio Grande do Sul, segundo CPRM (2008), esta formação é composta por arenitos médios a finos, bimodais, com deposição continental eólica e com estratificação cruzada de grande porte e laminação plana paralela, as quais são características na área de estudo, (Figura 5.2.12).

As estratificações cruzadas são de médio a grande porte, atingindo 15m de altura, representando paleodunas de ambiente essencialmente desértico Scherer et al., (2000). Os dados de paleocorrentes no Rio Grande do Sul, segundo (Bigarella & Salamuni 1961; Faccini 1989; e Scherer 1998), indicam um sentido de transporte para o nordeste, sugerindo a existência de uma área-fonte a W - SW, possivelmente o retrabalhamento de um amplo sistema de leques aluvionais nas encostas das cadeias de montanhas ao longo da borda do Gonduana.

A melhor referência cronológica para esta unidade provém das rochas vulcânicas da Formação Serra Geral, datadas em 132 Ma pelo método Argônio/Argônio (40Ar/39Ar), por (Renne, 1992, 1996; e Turner et al., 1994). Esta idade corresponderia ao fim da deposição da Formação Botucatu no Rio Grande do Sul, Scherer et al., (2000).

Formação Pirambóia (Permiano)

A Formação Pirambóia é constituída por arenitos finos, argilosos e micáceos, siltosos com estratificação cruzada e laminação plano paralela, cuja gênese é atribuída a ambiente continental eólico, CPRM (2008). Na área de estudo, esta formação caracteriza-se pela granulometria fina, cimento carbonático em amostras de calha, cores avermelhadas e laminações plano-paralelas, (Figura 5.2.13).

Figura 5.2.12.- Formação Botucatu em Ivoti - RS com estratificação cruzada de grande porte, próxima ao contato com a Formação Serra Geral. (coordenadas de campo UTM= 477407/6727701).

Figura 5.2.13.- Formação Pirambóia no município de Lindolfo Collor - RS (coordenadas de campo em UTM= 480382/6724446).

Os arenitos da Formação Pirambóia, segundo Schneider et al., (1974), apresentam granulometria média a muito fina, coloração variando de esbranquiçada a amarelada ou avermelhada, bem como grãos polidos subangulares a subarredondados. Ocorrem também intercalações de finas camadas de argilitos e siltitos.

Alguns autores, como Lavina et al., (1993), encontraram que a Formação Pirambóia, juntamente com a parte inferior da Formação Sanga do Cabral, correspondem a uma mesma unidade litoestratigráfica, esta depositada do final do Permiano ao início do Triássico.

A coluna estratigráfica do SAG na área de estudo (Figura 5.2.14), constituída pelas unidades Botucatu e Pirambóia, portanto com a ausência do registro Triássico correspondente às formações Sanga do Cabral, Santa Maria, e Caturrita, tiveram a sua espessura total avaliada em 240m (poços COR IV-28 e COR CP-09).

Em alguns poços no Vale do Rio dos Sinos (Figura 5.2.15), a Formação Pirambóia atinge 100m de espessura, entretanto, há uma grande variação de espessuras do conjunto Botucatu/Pirambóia, a distâncias relativamente pequenas.

Uma visão das variações de espessura do SAG, na Bacia do Rio dos Sinos pode ser obtida pela correlação de poços tubulares dos quais foram recuperados as perfilagens geofísicas. Tomando com Datum a base da Formação Pirambóia Goldberg (2005). As espessuras observadas, com variações significativas a curtas distâncias, podem estar associadas ao paleo-relevo e a movimentações dos blocos tectônicos do Permiano ao Cretáceo.

Figura 5.2.14.-Coluna estratigráfica da área de estudo em Ivoti - RS. Modificada de (Faccini, 2000 e Giardin & Faccini, 2002

Figura 5.2.15.- Seção Geológica E -W da Bacia Hidrográfica do Rio dos Sinos, observando-se as variações de espessura das formações Botucatu e Pirambóia. Modificada de Goldbeg (2005).

0GAPI 1 50 10 20 30 40 50 6 0 70 80 90 1 00 110 120 130 1 40 1 50 16 0 170 180 IV 28 CP 09

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