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4 CENTROS E SERVIÇOS DE INFORMAÇÃO SOBRE MEDICAMENTOS

4.1 ESTRUTURAÇÃO DE UM CIM/SIM HOSPITALAR

A implementação de um SIM em instituições hospitalares deve ocorrer de forma progressiva, tendo como base um diagnóstico situacional do serviço no estabelecimento de saúde, seguido da coleta de dados estatísticos e outros que apoiem a sua implementação. Como parte integrante dos serviços farmacêuticos, o SIM deve ser apoiado pelos CIM de âmbito nacional e regional (VIDOTTI et al., 2000).

Um CIM/SIM deve estar estruturado de modo a contemplar dois aspectos básicos: i) contar com um farmacêutico especialista em informação sobre medicamentos, com treinamento e experiência clínica, além de deter as competências e habilidades recomendadas para a atividade: ii) dispor de acesso à bibliografia sobre medicamentos, atualizada e reconhecida internacionalmente.

Um SIM hospitalar deve contar com um profissional farmacêutico especialista em informação sobre medicamentos, sendo desejável que possua conhecimento e experiência em farmacologia e terapêutica, além de conhecimento de idiomas como inglês e espanhol e estar devidamente capacitado no manejo dos recursos tecnológicos e na avaliação crítica da literatura científica, conforme diretrizes específicas. O serviço deve, ainda, contar com o apoio administrativo e de informática quando necessário. A localização do SIM deve garantir o fácil acesso aos usuários e dispor de espaço adequado para acomodação do mobiliário e recursos necessários ao seu funcionamento. O número de profissionais irá depender da cobertura e do grau de desenvolvimento do serviço. A presença do profissional farmacêutico no SIM é imprescindível para fornecer serviços de informação sobre medicamentos sustentada em fontes científicas, atualizadas e independentes (OPAS, 1995).

Fornecer informações eficazes sobre medicamentos está entre as responsabilidades mais fundamentais dos farmacêuticos. São muitas as oportunidades para que possam usar as suas habilidades para fornecer informação sobre medicamentos em todos os ambientes de prática, inclusive no ambiente hospitalar, onde pode atuar tanto como generalista como em uma clínica específica. A informação fornecida pode estar direcionada a um paciente específico, pode ser utilizada para fins acadêmicos ou para auxiliar a tomada de decisão na avaliação do uso de medicamentos em uma determinada população de pacientes, como é o caso dos protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas (GHAIBI; IPEMA; GABAY, 2015).

Em um ambiente hospitalar, os farmacêuticos especialistas em informação sobre medicamentos frequentemente realizam atividades nessa área que se sobrepõem a outros farmacêuticos e profissionais de saúde, pelo seu treinamento avançado e experiência para recuperar, avaliar e disseminar informações com mais eficiência. Além disso, podem estar envolvidos em atividades de segurança no uso de medicamentos e colaborar com especialistas em informática. Outra atividade relevante no ambiente hospitalar, consiste em prover informações quando não houver tempo suficiente para outros profissionais de saúde investigarem adequadamente a questão da informação sobre medicamentos, quando houver uma lacuna de conhecimento ou quando a questão exigir uma pesquisa mais minuciosa (GHAIBI; IPEMA; GABAY, 2015).

Nesse sentido, para ser um fornecedor eficaz de informação sobre medicamentos, o farmacêutico deve demonstrar habilidades para antecipar e avaliar as necessidades dos pacientes e profissionais de saúde, adotando uma abordagem sistemática para responder às solicitações de informação, conforme as diretrizes da American Society of Health-System

Pharmacists (ASHP) sobre o papel do farmacêutico no fornecimento de informação sobre

medicamentos (GHAIBI; IPEMA; GABAY, 2015).

As habilidades desejáveis para o farmacêutico especialista em informação sobre medicamentos são descritas no Quadro 4.

Quadro 4 - Habilidades do farmacêutico especialista em informação sobre medicamentos

Fonte: Adaptado de Vidotti, Silva e Hoefler (2017). Principais

Habilidades do Farmacêutico

de um CIM:

Habilidade e competência para a seleção, utilização e avaliação crítica a da literatura.

Habilidade e competência para apresentação da máxima informação relevante com um mínimo de documentação de suporte.

Conhecimento de disponibilidade de literatura, assim como de bibliotecas, centros de documentação, etc.

Capacidade de comunicar-se sobre farmacoterapia nas formas oral e escrita.

Destreza no processamento eletrônico dos dados.

Habilidade e competência para participar em comissões técnicas, tais como a Comissão de Farmácia e Terapêutica.

As fontes de informação sobre medicamentos utilizadas tanto para o fornecimento de informação, como para o adequado funcionamento de um CIM/SIM devem ser de alta qualidade, imparciais, confiáveis e relevantes ao contexto. Da mesma forma, é fundamental que o profissional envolvido nesse processo desenvolva habilidades para analisar criticamente as evidências científicas disponíveis e sua oportuna aplicabilidade. As fontes de informação sobre medicamentos podem ser classificadas de forma didática como: primárias, secundárias e terciárias (Quadro 5).

Quadro 5 - Classificação das fontes de informação sobre medicamentos

Fonte: Adaptado de Vidotti, Silva e Hoefler (2017).

Além dessa classificação existem as fontes alternativas de informação sobre medicamentos, tais como sites ou portais de publicação científica na internet, organizações profissionais, agências regulatórias, entre outras.

As principais fontes de informação terciárias e primárias recomendadas para um CIM encontram-se listadas no Quadro 6, acompanhadas da classificação quanto ao seu grau de importância: essencial, recomendada e útil.

Primária

São constituídas por artigos científicos, que apresentam dados originais de trabalhos de investigação, e que são publicados em revistas científicas. Apresentam como vantagem a presença de informações mais recentes, que são utilizadas para fundamentar outros tipos de fontes de informação.

Secundária São aquelas que resumem, indexam, classificam, agrupam ou ordenam as

informações de fontes primárias em forma de resumo, tais como as bases de dados científicas.

Terciária Contêm informações avaliadas e verificadas pelo autor ou editor para

fornecer um resumo rápido e fácil sobre um tema. São compostas por livros, compêndios, formulários, artigos de revisão, entre outras.

Quadro 6 - Fontes de informação recomendadas para um CIM

FONTES TERCIÁRIAS CLASSIFICAÇÃO

ASHP – AHFS Drug Information

Essencial British National Formulary

Dorland’s Medical Dictionary Farmacologia Clínica

Formulário Terapêutico Nacional Martindale – The Extra Pharmacopoeia Medicina Interna

Trissel – Handbook on Injectable Drugs Briggs – Drugs in Pregnancy and Lactation

Recomendada Drugs and Comparisons

Farmacologia

Aronson – Meyler’s side efects of drugs Stockley – Drug Interactions

Remington – A Ciência e a Prática da Farmácia Rowe – Handbook of Pharmaceutical Excipients Farmacopéia Brasileira

Útil Guia de Especialidades Farmacêuticas

The Merck Index

FONTES PRIMÁRIAS

American Journal of Health-System Pharmacists British Medical Journal

Journal of American Medical Association New England Journal of Medicine The Lancet

Fonte: Adaptado de Vidotti, Silva e Hoefler (2017).

As fontes de informação primárias são consideradas mais úteis para atividades relacionadas às pesquisas, elaboração de diretrizes ou quando há a necessidade de informação mais recente para a prática clínica, porém requer uma análise crítica da literatura e a validação dos resultados. Já a busca nas bases secundárias é mais ágil e serve aos profissionais para aplicação prática, posto que não requer tempo para a seleção e avaliação crítica da qualidade das informações. Como principal exemplo de bases de dados secundárias que veiculam informações baseadas em evidências científicas, pode ser citado o UpToDate® (BERNARDO;

NOBRE; JATENE, 2004). As fontes terciárias, embora sejam mais condensadas e apresentem informações de consenso, possuem a desvantagem de não serem constantemente atualizadas.

As funções atribuídas a um CIM/SIM, bem como as atividades exercidas são apresentadas no tópico seguinte.

4.2 FUNÇÕES E ATIVIDADES DE UM CENTRO OU SERVIÇO DE INFORMAÇÃO