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A Formação Vocal do Ator em Cursos de Graduação em Teatro no Brasil

2.1 Disciplinas Relativas à Formação Vocal do Ator

2.2.1 Estrutura Curricular:

O curso de Graduação em Teatro, pertencente à Escola de Belas Artes da UFMG, foi fundado no ano de 1998 e é vinculado ao Departamento de Fotografia, Teatro e Cinema. Oferece as habilitações Licenciatura e Bacharelado em Interpretação Teatral. De acordo com o site da EBA, as habilitações oferecidas têm como objetivo:

[...] formar profissionais que possam responder, com competência e criatividade, às exigências específicas de sua área de atuação, contribuindo, também, social e culturalmente, para as demandas do contexto em que se inserem. Os cursos contemplam a pesquisa e a prática das mais relevantes concepções sobre a representação teatral do século XX, a investigação sobre a história e as teorias teatrais, ao lado da práxis artístico-pedagógica dessa arte no processo de ensino/aprendizagem. O elenco de disciplinas proposto alia conteúdos gerais e específicos integrando o conhecimento teórico e historiográfico mais amplo às práticas e metodologias inerentes a cada curso. O concurso de Unidades e Departamentos Acadêmicos afins na oferta de disciplinas obrigatórias, optativas e eletivas, amplia a possibilidade de o aluno exercer o necessário trânsito por diversas áreas.47

Um estudo a respeito dos egressos do curso de Teatro da EBA/UFMG foi publicado recentemente, pelas professoras Rita Gusmão e Mariana Muniz. Nessa publicação, intitulada Teatro, Formação e Mercado de Trabalho: um

Retrato da Atuação Profissional do Egresso da Graduação em Teatro da Escola de Belas Artes da UFMG (2002/2009), estão reunidos dados sobre o

curso e sua estrutura, que servirão como base de informações para este subcapítulo.

De acordo com os dados levantados pelas professoras, as cargas horárias das habilitações estão organizadas da seguinte forma:

47 Disponível em

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No caso do currículo praticado pela EBA/UFMG atualmente, a Licenciatura em Teatro é integralizada com 3.015 horas e 201 créditos, sendo 2.295 horas de disciplinas obrigatórias, 510 horas de optativas e 210 horas de atividades acadêmicas, conforme recomendações específicas da área, sendo estas inseridas no rol de ofertas das optativas. Para o Bacharelado em Interpretação Teatral, a integralização, respeitando a legislação vigente, se dá com 2.430 horas e 162 créditos, sendo 1.425 horas de disciplinas obrigatórias e 1.005 horas de optativas; em ambos os casos, o profissional em formação disporá de 120 horas (08 créditos) para sua Formação Livre, e de, no mínimo, 360 horas (24 créditos) para sua Formação Complementar, contidos na sua carga horária de Optativas. (GUSMÃO, MUNIZ. 2012, p. 27)

As estruturas curriculares de ambas as habilitações podem ser analisadas através dos diagramas a seguir:

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Figura 1: Diagrama do Currículo do Curso de Bacharelado em Interpretação Teatral da EBA/UFMG48

48 Disponível em http://eba.ufmg.br/graduacao/teatro/Diagrama_Teatro_EBA-UFMG- Bacharelado_maio13.pdf. Acesso em 03/06/2013.

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Figura 2: Diagrama do Currículo do Curso de Licenciatura em Teatro da EBA/UFMG49

49 Disponível em http://eba.ufmg.br/graduacao/teatro/Diagrama_Teatro_EBA-UFMG- Licenciatura_maio13.pdf. Acesso em 03/06/2013.

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Ao entrevistar os alunos egressos do curso de Graduação em Teatro da UFMG, as referidas professoras constataram algumas questões relativas ao currículo antigo do curso, expostos na tabela abaixo:

TABELA VI

Realização parcial do objetivo inicial para o ingresso na graduação – Teatro – Problemas relativos ao curso em si

a) O currículo antigo não era satisfatório, por ser defasado pedagogicamente; b) A formação universitária de bacharelado não ter carga prática suficiente;

c) Gostaria de ter tido contato com outras áreas das artes cênicas durante o curso; d) O curso não aprofundou o aprendizado de nenhum dos conteúdos oferecidos;

e) O rigor acadêmico do curso não dá abertura ao mercado tradicional das novelas e das grandes indústrias cinematográficas internacionais.

Figura 3: Tabela VI - Problemas relativos ao curso de Graduação em Teatro da UFMG na opinião de alunos egressos (GUSMÃO, MUNIZ. 2012, p. 61).

Percebo, enquanto aluna egressa do curso, que os problemas da falta de carga prática no bacharelado e a falta de aprofundamento de conteúdos se referem também à formação vocal do ator. Nos últimos anos o curso passou por uma reforma curricular, em que um dos objetivos era o de ampliar a carga horária das disciplinas referentes à formação vocal. A respeito da diferença entre as cargas horárias no currículo antigo e a reestruturação proposta pelo currículo novo, as pesquisadoras afirmam:

E quanto à dimensão das diferenças percebidas pelos entrevistados entre as áreas de expressão corporal e formação vocal, esta última tem sido transformada pela entrada no corpo docente de mais professores pesquisadores da voz para a cena e do treinamento vocal voltado para o ator/atriz. O currículo atual também contém um maior número de componentes para os estudos vocais e musicais, que ampliam a perspectiva adotada pelo projeto de criação do curso, que era de aprendizado do canto e da projeção da voz; esta última permanece como componente realizado por professores da área de Música. A nova perspectiva pode ser percebida nas ementas dos novos componentes curriculares da área de formação vocal, [...] e também na reivindicação dos atuais docentes da área de que os estudos vocais e musicais sejam vistos como processos de aprendizado múltiplos, onde estão incluídos o corpo e o movimento. (Idem, p. 170)

Apesar da ampliação, é possível notar, através da análise dos currículos expostos acima, que ainda existe uma diferença da carga horária de disciplinas

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obrigatórias da área de voz em relação à carga horária dos estudos corporais. No bacharelado, as disciplinas obrigatórias relativas à voz somam 195 h/a; na licenciatura, 90 h/a. Já as disciplinas da área de estudos corporais somam, no bacharelado, uma carga horária de 225 h/a e, na licenciatura, de 135 h/a.

A criação de mais disciplinas optativas relativas aos estudos vocais já melhora este quadro; porém, a falta de professores da área ainda é uma dificuldade enfrentada pelo curso, pois dificulta a oferta dessas disciplinas. As professoras do curso apontam:

[...] ainda se faz necessária a ampliação numérica do corpo docente, para que seja possível abranger a multiplicidade das Artes Cênicas de modo mais consistente, e este é um dos pontos os quais o Curso pretende atacar, ora em diante, com a previsão da criação do Departamento de Artes Cênicas. (Idem, p. 62)

No próximo subcapítulo, as disciplinas da área de estudos vocais da graduação em Teatro da EBA/UFMG serão expostas através de suas ementas e planos de curso.

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