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3 METODOLOGIA

3.2 O Modelo REGIA (Inter-regional General Equilibrium Model for the Brazilian

3.2.2 A Estrutura dos Dados do Modelo REGIA

A Figura 5 é a representação esquemática da base de dados do modelo REGIA. Os retângulos indicam as matrizes de fluxos, as matrizes principais são apresentadas em negrito e as outras matrizes podem ser calculadas a partir dessas duas. As dimensões das matrizes são indicadas por índices (c, s, i, m, etc.) que correspondem aos conjuntos apresentados na Tabela 1. Os conjuntos DST, ORG e PRD são os mesmos, apenas nomeados de acordo com o contexto de sua utilização.

Tabela 1 - Principais conjuntos do modelo REGIA

Fonte: Elaboração própria

As matrizes na Figura 5 mostram o valor dos fluxos de acordo com três métodos:

i) Preço básico = preços da produção (para bens produzidos domesticamente), ou preços CIF42 (para importados);

ii) Preço “de entrega” = preço básico + margens;

iii) Preço “de compra” = preço básico + margens + impostos = preço “de entrega” + impostos.

42 CIF é a abreviatura da expressão em inglês “Cost Insurance Freight”, que em português significa Custo, Seguro e Frete. Neste caso, o fornecedor se responsabiliza pelo seguro e pelo frete até ao local de destino, indicado pelo comprador.

Figura 5 - Fluxograma da base de dados do REGIA

Fonte: Elaboração própria com base em Horridge (2012)

As matrizes do lado esquerdo da Figura 5 se assemelham (para cada região) a uma matriz convencional de insumo-produto. Por exemplo, a matriz USE do lado esquerdo mostra o preço de entrega da demanda por cada produto (c em COM) se doméstico ou importado (s in SRC) em cada região de destino (DST) para cada usuário (USER, que compreende as

indústrias, IND; e os quatro demandantes finais - famílias, investimento, governo, e exportações). Alguns elementos de USE mostram:

 USE(„alimentos‟, „dom‟, „têxtil‟, „Sudeste do Pará‟): alimento produzido domesticamente usado pela indústria têxtil no Sudeste do Pará.

 USE(„alimentos‟, „imp‟, „HOU‟, „Norte de Amazonas‟): alimento importado usado pelas famílias no Norte de Amazonas.

 USE(„carne‟, „dom‟, „EXP‟, „Metropolitana de Belém‟): carne produzida domesticamente exportada de um porto de Metropolitana de Belém. Parte dessa carne pode ter sido produzida em outra região.

 USE(„carne‟, „imp‟, „EXP‟, „Metropolitana de Belém‟): carne importada re-exportada de um porto de Metropolitana de Belém.

Como o último exemplo mostra, a estrutura dos dados permite que os produtos sejam re- exportados. Todos os valores de USE são preços de entrega: eles incluem o valor de qualquer margem de transporte ou comércio usado para entregar o produto ao usuário. Nota-se que a matriz USE não contém nenhuma informação da origem dos produtos, que será representada na matriz TRADE.

A matriz TAX de receitas de impostos por produto contém um elemento correspondente a cada elemento de USE. Junto com as matrizes de custos de fatores primários e impostos sobre a produção, estes adicionam os custos de produção (ou valor do produto) de cada indústria regional. A matriz MAKE mostra o valor da produção de cada produto por cada indústria em cada região. Um subtotal de MAKE, MAKE_I, mostra a produção total de cada produto (c em COM) em cada região d.

O modelo REGIA reconhece as mudanças nos estoques de uma maneira limitada. Primeiro, as mudanças nos estoques de importados são ignoradas. Para a produção doméstica, as mudanças nos estoques são consideradas como um destino para a indústria doméstica (ou seja, são de dimensão IND).

O lado direito da Figura 5 mostra o mecanismo de oferta regional. A matriz chave é denominada TRADE, que mostra o valor do comércio inter-regional por origem (r em ORG) e destino (d em DST) para cada produto (c em COM), doméstico ou importado (s em SRC). A diagonal dessa matriz (r = d) mostra o valor do uso local que é de origem local. Para os bens importados (s = „imp‟), o subscrito de origem regional r (em ORG) representa o porto de

entrada. A matriz IMPORT, mostra a entrada total de importados por cada porto, e é simplesmente uma adição (sobre d em DST) da parte importada de TRADE.

A matriz TRADMAR mostra, para cada célula da matriz TRADE, o valor da margem m (m em MAR) necessária para facilitar aquele fluxo. Combinando as matrizes TRADE e TRADMAR, tem-se DELIVRD, o preço de entrega (básico + margens) de todos os fluxos de produtos intra e entre regiões. Note que TRADMAR não apresenta nenhuma suposição sobre onde o fluxo de margem é produzido (o subscrito r se refere à origem do fluxo básico subjacente).

A matriz SUPPMAR mostra onde as margens são produzidas (p em PRD). Não apresenta os subscritos c (COM) nem s (SRC), indicando que, para o uso total de produtos de margem m usados para transportar qualquer produto da região r para a região d, a mesma proporção de m é produzida na região p. A soma de SUPPMAR sobre o subscrito p (em PRD) produz a matriz SUPPMAR_P que deve ser idêntica ao subtotal de TRADMAR (sobre c em COM e s em SRC), TRADMAR_CS. No modelo, TRADMAR_CS é uma agregação CES (elasticidade de substituição constante) de SUPPMAR: margens (para um dado produto e rota) que são fornecidas de acordo com o preço daquela margem nas várias regiões (p em PRD).

O REGIA assume que os usuários de um determinado produto (c,s) em uma dada região (d) apresenta o mesmo mix de origem (r). Assume-se substituição de Armington: a matriz DELIVRD_R é um composto CES (sobre r em ORG) da matriz DELIVRD.

Para haver um equilíbrio na base de dados do REGIA, a soma de USE, USE_U (de dimensão

c em COM, s em SRC, e d em DST) deve ser igual à soma da matriz DELIVRD,

DELIVRD_R. Deve-se conectar a oferta e demanda por produtos produzidos domesticamente. Na Figura 5, a conexão é feita por setas que ligam a matriz MAKE_I com as matrizes TRADE e SUPPMAR. Para os produtos que não são margens, a parte doméstica da matriz TRADE deve somar (sobre d em DST) ao elemento correspondente na matriz MAKE_I de oferta de commodities. Para os bens de margens, deve-se ter em conta ambos os requerimentos de margem SUPPMAR_RD como a demanda direta TRADE_D.

A matriz INVEST (de dimensão c em COM, i em IND e d em DST) divide o investimento de acordo com a indústria de destino ou ponto de entrada de importações no território: porto, aeroporto, ferrovia ou rodovia. Ela permite distinguir a composição do produto de investimento de acordo com a indústria: por exemplo, espera-se que o investimento na

agricultura vai usar mais máquinas (e menos construção) do que o investimento em habitações.

Por fim, o REGIA distingue quatro demandantes finais em cada região: a) HOU: a família representativa;

b) INV: formação de capital; c) GOV: a demanda do governo43;

d) EXP: a demanda por exportações;