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7. Desenvolvimento do produto

7.3 Estrutura do vídeo

Após passar pela edição o vídeo do episódio piloto ficou com duração de 11 minutos. No primeiro momento do vídeo foi inserido um off – termo jornalístico utilizado em roteiros de edição de vídeo para conteúdo de vídeo que visa inserir apenas a fala do jornalista, com imagens de apoio ao fundo.

As imagens de apoio utilizadas foram de capturas de drone, cedidas pela empresa Bju Produções, de pontos da cidade. Inicialmente, foi introduzido uma imagem de um espaço habitacional com casas e rodovias de trânsito.

Figura 15

Em seguida, o plano muda para imagens de áreas arborizadas, com semelhança a plantação presente na Comunidade Catu. A última sequência mostra o contraponto entre árvores, verde e uma indústria, para mostrar o impacto do ser humano na natureza. A partir daí, insere-se imagens de Luiz Katu, o entrevistado, para reforçar que os índios foram os primeiros habitantes da terra que lhe é hoje em muitas vezes, negada.

Foram considerados relevantes para se adequar a proposta do vídeo os seguintes momentos da entrevista: fala em que Luiz Katu dá uma breve contextualização sobre o histórico da comunidade Catu, como surgiu, quem eram os primeiros habitantes e como a comunidade está atualmente.

Em seguida a entrevista parte para o momento em que é descrito como e quando aconteceram invasões nos locais, por parte de pessoas não-indígenas, que culminaram no desmatamento para a plantação de cana-de-açúcar, como isso afetou a moradia da comunidade, que precisou reinventar seu modo de vivência e seus hábitos de sustentação como a caça, que precisou ser parada para não contribuir ainda mais com o impacto no ambiente habitado.

Após essa primeira parte do vídeo, inicia-se o debate central sobre a problemática direito à residência. A partir da pergunta de como é a situação da Comunidade Catu, chegamos na problemática de que não existem terras indígenas demarcadas no Rio Grande do Norte, e como isso é alvo de luta desses povos.

Foi visto também a necessidade de uma passagem, momento em que o apresentador ou repórter introduz uma fala sobre o assunto abordado, que falou de um âmbito nacional quais as atualidades da pauta indígena desde o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (2003 – 2010), passando pelo governo de Dilma Rousseff (2011 – 2016), até o atual governo de Jair Bolsonaro.

Figura 16

O texto aborda as baixas nas demarcações até então, e classifica o atual presidente como o pior cenário já vivido, e como isso já era dito por ele antes de iniciado à presidência. Após a passagem, viu-se a necessidade de comprovar tal promessa, inserindo um trecho do vídeo de seu discurso contra demarcação em 2017.

Figura 17

Outro ponto abordado foi a PL 490, fortemente repreendida pela sua proposta de alteração em regras de demarcações de terras indígenas. Essa conversa veio logo em seguida à passagem, e levantou as indagações sobre como é viver debaixo de um governo que promete não cumprir com as responsabilidades previstas em leis.

Outra problemática contra a demarcação que conhecemos hoje é o Marco Temporal, que também foi abordado no vídeo como um projeto que pretende inviabilizar os direitos da comunidade indígena.

Ao fim de tudo a frase escolhida para fechar a entrevista foi: “Um povo que resiste, ele não morre.”. A escolha foi feita para dar a impressão de continuação de tudo que foi falado, nesse caso para mostrar que as reivindicações da comunidade, não só local mas também nacional, não são em vão, e que a geração de seus antepassados, mesmo que não mais presentes, não perderam sua importância nessa luta de anos de passagem.

Figura 18

Com base nos tópicos abordados no momento da entrevista com Luiz Katu, promoveu-se o objetivo do canal que é mostrar vivamente por que tal direito é nosso, e o que o impede de ser plenamente efetivado.

A realidade das comunidades indígenas, mesmo que apanhadas por leis, ainda estão distantes de serem respeitas e isso envolve camadas históricas de desrespeito em esferas, sociais e políticas.

No âmbito social podemos destacar a falta de apreço por parte da população não-indígena com a cultura e ancestralidade desses grupos originários. Quando se fala em política, as intervenções mostram que projetos como o Marco Temporal, e PL-490/2007 são parte da camada de uma insatisfação.

Para Baniwa (2007), um exemplo desse desprezo pode ser compreendido como o que aconteceu no início dos anos 2000, quando algumas organizações indígenas passaram a ocupar funções públicas, o que resultou em conflitos:

No início da década de 2000 ocorre a consolidação de espaços de representação do movimento indígena, por meio de suas organizações, nas esferas públicas, com a internalização e a gestão de recursos governamentais e de várias lideranças de organizações indígenas que passaram a ocupar funções públicas e políticas na esfera da Administração Pública, trazendo novas conquistas (ações), mas também novos desafios (conflitos, luta pelo poder, subserviência ideológica e identitária, etc.) Deste modo, foi se consolidando uma nova relação do Estado com as

organizações indígenas, sendo que em muitos casos, estas últimas assumiram cada vez mais o papel de executoras de ações do Estado (...) s. É vergonhoso do ponto de vista político, técnico, administrativo e, principalmente, ético submeter a agenda do histórico movimento indígena à agenda discriminatória do governo, em troca de alguns milhares de reais que servem para minimizar os próprios erros e incapacidades do Estado. É anti-educativo para não dizer imoral perceber nossas organizações indígenas perderem suas coerências políticas, quando passam ao mesmo tempo exercer, ilusoriamente, as funções de executoras, controladoras (de controle social) e fiscalizadoras dos recursos e das políticas públicas. (BANIWA, 2007; p. 140).

Vê-se que ter um lugar onde residir é amparado pela Declaração Universal dos Direitos Humanos há 73 anos, e mesmo aliado a demais decretos específicos para essa comunidade, ainda sofre repressões.

Falar sobre direitos humanos se torna uma responsabilidade do jornalismo, desde quando esses direitos começam a ser alvos de destituição, como é o caso de muitos hoje. Com um espaço democrático como a internet pode ser hoje em dia, esse debate pode ser visto e revisto por diversas vezes, em diferentes anos.

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