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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES CCHLA DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL. Milka Gomes de Moura

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES – CCHLA

DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL

Milka Gomes de Moura

É direito meu?

Um canal de entrevistas sobre direitos humanos

Natal, RN 2021

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É direito meu?

Um canal de entrevistas sobre direitos humanos

Relatório técnico apresentado em cumprimento parcial às exigências do Curso de Jornalismo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, para obtenção do diploma de graduação. Orientação: Prof. Dr. Antonino Condorelli

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Um canal de entrevistas sobre direitos humanos

Relatório técnico apresentado em cumprimento parcial às exigências do Curso de Jornalismo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, para obtenção do diploma de graduação.

Aprovado em _____ de __________ de 2021.

BANCA EXAMINADORA

________________________________________________ Prof. Doutor Antonino Condorelli, orientador, UFRN

_________________________________________________ Prof. Doutor Adriano Medeiros Costa, UFRN

__________________________________________________ Ms. Carmem Daniella Spínola Da Hora

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Moura, Milka Gomes de.

É direito meu? Um canal de entrevistas sobre Direitos Humanos / Milka Gomes de Moura. - Natal, 2021.

57f.: il. color.

Relatório (graduação em Jornalismo) - Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2021.

Orientador: Prof. Dr. Antonino Condorelli.

1. Declaração Universal dos Direitos Humanos - Relatório. 2. YouTube - Relatório. 3. Entrevista - Relatório. 4. Direitos humanos - Relatório. 5. Jornalismo - Relatório. I. Condorelli, Antonino. II. Título.

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Para todas as pessoas que sofrem diretamente com a anulação de direitos humanos básicos de sobrevivência.

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Agradeço as minhas amigas, Anaís Favero pelo companheirismo intenso.

Maria Luiza Guimarães, Tatiane Alves e Eliza Hikary, por caminharem juntamente comigo na jornada que foi essa faculdade.

E ao meu professor orientador Antonino Condorelli, que tão bravamente se dispõe a ministrar aulas sobre direitos humanos, e que me fez despertar o interesse pelo jornalismo mais humano.

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“Gostaria de agradecer aos meus ancestrais, pois toda vez que me lembro que seu sangue corre em minhas veias, sou lembrada de que não posso perder.”

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direito meu?”, um canal na plataforma YouTube, em formato de programa de entrevistas, com o tema central em direitos humanos, mais especificamente da Declaração Universal dos Direitos Humanos proclamada em 1948. O presente trabalho irá discorrer acerca das etapas do processo criativo do produto, os desafios da produção do canal, seguindo até a finalização do canal que tem o objetivo de, através do jornalismo, tornar o tema citado informativo e acessível. Além de possibilitar debates necessários entre os inscritos e visitantes da plataforma, que possui uma poderosa fonte de informação a apenas um ‘clique’ de distância.

Palavras-chave: Direitos humanos. YouTube. Entrevista. Declaração Universal dos Direitos Humanos. Jornalismo.

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a channel on the YouTube platform, in a talk show format, with the central theme in human rights, more specifically in the Universal Declaration of Human Rights proclaimed in 1948. This paper will discuss the stages of the product's creative process, the challenges of the channel's production, continuing until the end of the channel, which aims, through journalism, to make the aforementioned theme informative and accessible. In addition to enabling necessary debates between subscribers and visitors to the platform, which has a powerful source of information just a 'click' away.

Keywords: Human rights. YouTube. Interview. Universal Declaration of Human Rights. Journalism.

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1. INTRODUÇÃO ... 8

2. DESENVOLVIMENTO ... 9

2.1 Desenvolvimento teórico ... 9

2.2 Direitos humanos ... 9

2.2 Declaração Universal dos Direitos Humanos... 10

2.4 Contexto nacional ... 12

3. YouTube e novas possibilidades no jornalismo: linguagens e conteúdo ... 13

3.1 Algoritmo do YouTube ... 16

4. Critérios de noticiabilidade ... 18

4.1 O que muda com o jornalismo digital? ... 19

5. Metodologia... 20

6. Pauta indígena ... 23

6.1 Luta contínua ... 24

6.2 Cenário estadual ... 25

6.3 Comunidade Indígena Catu ... 27

7. Desenvolvimento do produto ... 30

7.1 Apresentação do canal ... 35

7.2 episódio piloto: residência, é direito meu? ... 38

7.3 Estrutura do vídeo ... 39

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Figura 1: pesquisa realizada pela We Are Social e Hootsuite. ... 14

Figura 2: entrevista com Luiz Katu, em Canguaretama ... 23

Figura 3: Entrada da cidade de Canguaratema, um dos municípios fronteiras com a Comunidade Catu ... 28

Figura 4: Luiz Katu andando em sua comunidade ... 29

Figura 5: Etapa 1 da vinheta de apresentação ... 33

Figura 6: Etapa 2 da vinheta de apresentação ... 33

Figura 7: Etapa final da vinheta do vídeo principal ... 33

Figura 8: Etapa 1 da vinheta de abertura do episódio piloto ... 34

Figura 9: Etapa 2 da vinheta de abertura do episódio piloto ... 34

Figura 10: Etapa final da vinheta de abertura do episódio piloto ... 35

Figura 11: Banner e descrição do canal no YouTube ... 36

Figura 12: Imagem do vídeo de apresentação do canal “é direito meu?” ... 37

Figura 13: Capa (ou banner) do canal “E direito meu?” ... 38

Figura 14: Mapa do trajeto captado via satélite ... 39

Figura 15: Imagem de apoio utilizada na composição do episódio piloto mostrando a divisão entre cidade e natureza ... 41

Figura 16: Momento de passagem ... 42

Figura 17: Filmagem da entrevista, à esquerda Milka Moura e à direita Luiz Katu ... 43

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1. INTRODUÇÃO

No Brasil, seis em cada dez brasileiros acreditam que a concepção de direitos humanos serve apenas para beneficiar ‘criminosos ou terroristas’, é o que apontou a pesquisa Human Rights in 2018: A Global Advisor Survey, publica pelo Instituto Ipsos, em 2018. Mesmo proclamada em 1948, a declaração universal que dispõe de diversos dogmas acerca das garantias básicas de todo ser humano, ainda é desconhecida pela população a que se destina.

A pesquisa contou com a participação de 23,2 mil pessoas de 28 países diferentes que responderam de forma online perguntas, ou afirmações, como: “o que você sabe sobre direitos humanos?”, “não existe isso de direitos humanos”, “direitos humanos não possuem importância no meu dia a dia”. O resultado final da pesquisa apontou que 37% dos entrevistados concordam que direitos humanos apenas beneficiam criminosos ou terroristas, e 65% acreditam que algumas pessoas tiram proveito desses direitos.

Com base neste cenário, este trabalho promove a criação de um canal na plataforma YouTube, em formato de entrevistas, com o tema central em discutir artigos da Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948. Trata-se de um produto que não é comum de ser encontrado na rede social citada. Apesar de existirem vários vídeos acerca do tema, a presença de canais específicos voltados apenas para esse debate, através da entrevista, é rara.

O canal ‘é direito meu?’1 foi criado com o intuito de ter vídeos de 10 a 15 minutos, que é o

limite máximo disponibilizado pela plataforma para canais em início de criação. A escolha do nome do canal foi pensada para indagar os telespectadores e diminuir a distância entre a Declaração e nós. “É direito meu?”, no fim de cada vídeo, como marca de identidade da criação, os entrevistados são convidados a responderem: sim, é direito meu.

A escolha do canal de compartilhamento ser o YouTube foi decidido através de três pontos: a facilidade de inserção, o alcance do espaço com o público e o poder de escolha de quem assiste. O YouTube foi classificado pelos pesquisadores Jean Burgess e Joshua Green como uma ‘mídia de massa já presente na cultura popular contemporânea’ (YouTube e revolução digital, 2009) pela sua transformação na sociedade.

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A grande diferença da televisão e do YouTube, e talvez o maior acerto, é a sensação de controle do telespectador. Hoje, não se precisa mais esperar para assistir a programação que deseja, tudo pode ser resolvido através de um clique, uma busca.

A potencialidade do canal é exatamente criar nichos e bolhas de públicos, que sabem o que querem consumir e que certamente irão retornar depois. Isso cria uma troca de frequência e diálogo com o público. Você sabe o que quer produzir, encontra pessoas que querem assistir e que estão abertas a opinar sobre o próximo vídeo, tirar dúvidas e outras interações.

Segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 82,7% dos domicílios brasileiros possuem acesso à internet. O aparelho celular é o meio mais comum desse acesso, com 99,5% dos aparelhos conectados.

Esse cenário é favorável para que o jornalismo continue pensando em como incluir seu trabalho nesse novos formatos. Promover o debate acerca de direitos humanos nunca deveria deixar de ocupar as pautas diárias dos jornais.

O objetivo de se ter o projeto “é direito meu?” em ativa, é de conseguir informar ao público, através de exemplos atuais o que são direitos humanos. Isso acontece a partir da explanação de um artigo da declaração por vez, com um entrevistado que se assemelhe ao ponto citado e que possa dizer o motivo de aquele direito ser de todos e, através disso, promover o conhecimento e o empoderamento das classes.

2. DESENVOLVIMENTO 2.1 Desenvolvimento teórico

2.2 Direitos humanos

Os direitos humanos são os direitos básicos inerentes a cada pessoa existente. De acordo com a Declaração Universal dos Direitos Humanos esses direitos são destinados a todos desde o seu nascimento. Nascer livre, inclusive, é um direito humano. Porém, antes de sua criação em 1948, as civilizações anteriores a nossa já viviam se organizando em leis que buscassem estabelecer o entendimento de cidadania da época.

Segundo Jaceguara Dantas da Silva Passos essa necessidade de se estabelecer está presente na sociedade desde o código de Hamurabi, no século XVIII a.C. Outro exemplo que pode ser usado, a partir de uma constatação pessoal, pode ser os Dez Mandamentos, inseridos no contexto bíblico, quando Moisés recebeu as escrituras do próprio Deus e orientou o povo de Israel em sua saída do Egito.

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No entanto, esses tratados apesar de importantes para se entender o contexto histórico e social das épocas vividas, não abrangiam a todos. Os Dez Mandamentos, por exemplo, foram destinados inicialmente apenas ao povo que Deus escolheu e estava guiando à terra prometida (Bíblia Sagrada, Êxodo 12:31).

Com o passar do tempo essa relação mudou. De acordo com Jaceguara Passos, a noção de igualdade entre todos passa por três fases: nivelação entre indivíduos e o poder do Estado; afirmação do conceito de pessoa humana e por fim, a ideia de pessoa sujeita de direitos, (PASSOS, 1992).

Desta feita, a lei passou a se constituir em fator nivelador a regular a relação entre os indivíduos e ainda limitador do agir do Estado, eis que a igualdade se constitui valor essencial a norma. (...) Comparato prossegue mencionando que a segunda fase, decisiva para a firmação do conceito de pessoa humana, deu-se no início do século VI, sendo que no período medieval foi que se iniciou propriamente dita a elaboração do princípio da igualdade a par das diferenças existentes. (...) Já a terceira fase pode ser tida como contributo fundamental para a ideia da pessoa enquanto sujeito de direito.

2.2 Declaração Universal dos Direitos Humanos

É partindo desse princípio de que todos os homens são sujeitos com direitos que se embasa a Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH). Após o período de segunda guerra mundial (1939 – 1945) e os horrores do governo fascista de Adolf Hitler que pregava, entre outras coisas, a soberania ariana, a Organização das Nações Unidas foi criada em 1945 com o intuito de promover o respeito entre as nações e evitar uma terceira guerra mundial.

Três anos depois viria a Declaração Universal dos Direitos Humanos como conhecemos, destinada a todo ser vivente e ansiosa por uma sociedade desconforme os efeitos da pós-guerra: todos são livres e devem ter acesso à educação, segurança, trabalho, lazer, segurança. Os 30 artigos constatados foram assinados por 58 Estados, na época, a União Soviética, Arábia Saudita e África do Sul se abstiveram da aprovação.

O documento foi elaborado pela presidente da comissão Eleonor Roosevelt, viúva do ex-presidente dos Estados Unidos Franklin Roosevelt, e o texto final foi redigido por René Cassin, jurista francês.

Segundo Ozon, a Declaração é atualmente ratificada por 80% dos países:

Os princípios enunciados na Declaração (universalidade, interdependência, indivisibilidade, igualdade e não-discriminação)

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atribuíram aos Estados signatários, em 1948, obrigações que exprimem de forma concreta a universalidade e internacionalidade da DUDH. Hoje, ela é ratificada por 80% dos países, assegurando direitos a cada homem sob sua proteção, por meio de legislação que integra os tratados aos seus sistemas jurídicos internos (OZON, 2017).

No entendimento da doutora Flávia Piovesan, mestre direito constitucional, essa criação inovou o que se conhecia até então sobre direitos humanos, já que os assegura a partir do nascimento de qualquer pessoa, e também responde: quem tem direitos, por que, e quais são eles? (PIOVESAN, 2009).

Quem tem direitos? Responde a Declaração que os direitos humanos são universais porque clama, ela, pela extensão universal desses direitos sob a crença de que a condição de pessoa é o requisito único e exclusivo para a titularidade de direitos. O ser humano é um ser essencialmente moral, dotado de unicidade existencial e dignidade como um valor intrínseco à condição humana. Aqui o rechaço a equação nazista, que entendia que era apena sujeito de direito aquele que pertencesse à raça pura ariana. Não, o valor da dignidade humana é um valor intrínseco à condição humana e não um valor extrínseco, a depender da minha condição social, econômica, religiosa, nacional ou qualquer outro critério. Quais direitos? A Declaração afirma a indivisibilidade dos direitos humanos. Nos seus 30 artigos, parte deles traduzem direitos civis e políticos, parte deles traduzem direitos econômicos, sociais e culturais. E o que vem a declaração a impactar na linguagem dos direitos humanos? Vem a dizer: tão importantes quanto os blue rights – os direitos civis e políticos – são os red rights. Os direitos econômicos, sociais e culturais estão em paridade, em grau de importância. Tão importante quanto a liberdade de expressão é o acesso à saúde, à educação e ao trabalho. Tão grave quanto morrer sob tortura é morrer de fome.

Ainda segundo Passos, outro ponto de destaque e importância da Declaração de 1948 é a criação de medidas que preveem evitar fatos impiedosos como o que antecedeu a criação da ONU.

A Declaração de 1948 foi o encaminhamento jurídico encontrado pela comunidade internacional para eleger os direitos tidos como essenciais no intuito de preservar a dignidade do ser humano. A doutrina contemporânea classifica como aludida Declaração como um verdadeiro libelo contra o totalitarismo. Seus 30 artigos têm como objetivo principal evitar que o ser humano seja tratado como objeto descartável, procurando criar condições concretas para evitar a repetição de fatos que marcaram de forma indelével a história da humanidade. (PASSOS, 1992. p. 237).

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2.4 Contexto nacional

Os países que assinaram estarem em acordo com a Declaração, se comprometeram a cumprir nacionalmente com o que foi acordado. No Brasil, no entanto, o golpe militar seguido da instauração do regime militar (1964 – 1985), impediu o cumprimento de qualquer decência e respeito pela democracia e vida humana.

Somente em 1988 o Brasil instaurou a Constituição Federal e pôde dar seguimento ao que foi proposto em Paris, 40 anos antes. Para Fernanda Linhares Pereira, esse novo processo de instituição foi tão traumático quanto os fatos que antecederam a Declaração Universal.

No âmbito nacional a população vinha sofrendo uma continua perda de direitos e garantias desde o dia 31 de março 1964, quando os tanques de guerra do Exército se dirigiam ao Rio de Janeiro, onde estava o presidente João Goulart. Após essa ofensiva ele foi para o Rio Grande do Sul buscar apoio, nesse tempo, o seu cargo foi declarado vacante pelo Congresso Nacional. Assim, no dia 3 de abril, o general Castelo Branco já era o novo presidente do Brasil e Jango tinha partido para o exílio, sem apresentar grandes resistências ao Golpe de Estado que acabara de sofrer. Dessa maneira, por meio da força militar eles tomaram o poder e assumiram o controle do executivo fechando o Congresso Nacional. (PEREIRA, 2021).

As semelhanças entre a Constituição Federal e o documento de 1948 são enumeradas pela autora em seu artigo: “A Declaração Universal dos Direitos Humanos e a Constituição da República Federativa do Brasil: a historicidade do código jurídico e o seu legado” (PEREIRA, 2021).

Na comparação é possível ter ciência de que a Constituição que conhecemos e vivemos banhou-se em diversos dos 30 artigos dispostos mundialmente. Começando pela ciência de que “homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações” (Art. 5º - I). O artigo 5º - III, também faz menção a trechos da Declaração quando diz que “ninguém será submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante.”

Outros pontos ainda são apontados por Pereira como banhados na Declaração Universal:

O 120 artigo da DUDH remete ao direito à intimidade ou a privacidade, estabelecendo que: “ninguém será sujeito a interferências na sua vida privada, na sua família, no seu lar ou na sua correspondência, nem a ataques à sua honra e reputação. Todo homem tem direito à proteção da lei contra tais interferências ou ataques.” (DUDH, 1948). Já a Constituição trata o mesmo direito nos termos de inviolabilidade, como descrito no Art. 5º, X – “são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o direito

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à indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação” (CF, 1988). (...) A discussão central do Artigo 140 da DUDH diz respeito aos direitos dos refugiados, (...) Já o corresponde a esse artigo está previsto tanto no Art. 5º, LI – “nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes da naturalização ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei” (CF, 1988), quanto no Art. 5º, LII – “não será concedida a extradição de estrangeiro por crime político ou de opinião” (CF, 1988). (PEREIRA, 2021).

A partir dessa constatação se pode ver que a Declaração Universal dos Direitos Humanos foi importante não somente no período que correspondeu sua criação, quando todos puderam descobrir os horrores da guerra e do que o homem é capaz de fazer em razão de seu poder, mas também auxiliou na construção de códigos e direitos de outros países, como o Brasil.

Os assuntos relacionados a Direitos Humanos poderiam ser abordados em diferentes pontos quando se pensa em jornalismo. O direito à informação é um deles, e o direito a liberdade de expressão também, sendo um dos que mais geram debates no dias atuais em que confundem a liberdade com discursos de ódio.

O jornalismo nos permite abordar essas temáticas que são questões importantes e relevantes para a sociedade atual. Com a chegada da era digital, a abordagem dessas pautas ganha novos espaços, sendo a internet um dos maiores lugares de disseminação dessas notícias. Além dos site com domínios jornalísticos, as redes sociais também estão sendo utilizadas para se fazer jornalismo.

3. YouTube e novas possibilidades no jornalismo: linguagens e conteúdo

Quando ‘nasceu’, em 2005, a função primordial do YouTube era ser um canal de compartilhamento de vídeos com amigos. Criadas pelos Chad Hurley, Steve Chen e Jawed Karim, a empresa que começou em uma garagem no Estado de São Francisco, Estados Unidos da América, foi comprada no ano seguinte por $ 1,65 bilhão de dólares (Burgess, Green; 2009).

A plataforma inovou no segmento de apresentar funções que mudassem o compartilhamento de vídeos pelas redes já existentes, e também chegou sem limites para o

upload de vídeos com os seus usuários (Burgess, Green; 2009).

Hoje, o YouTube vai além dos vídeos para divertimento próprio, chegando a virar profissão, que se denomina ‘youtubers’. Essa classificação é referente a pessoas que utilizam a plataforma e ganham dinheiro de acordo com as publicações e alcance dos vídeos.

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Segundo a pesquisa da We Are Social e Hootsuite sobre o uso de mídias sociais no Brasil em 2021, o YouTube lidera o ranking com 96,4% de uso pela população. Em seguida vem o Whatsapp (91,7%) e em terceiro o Facebook (89,8%).

Figura 1

O sucesso e alcance da plataforma proporciona novas práticas profissionais no jornalismo, levando grandes mídias jornalísticas para essa rede, como a BBC Brasil, CNN Brasil e Estadão. Nessa nova era, muitas notícias vão atreladas aos vídeos como um segundo gancho jornalístico proporcionando ao leitor mais uma possibilidade de informação.

Para as pesquisadoras Albertine e Pereira (2018), os canais no YouTube deixaram de ser apenas uma rede de compartilhamento e se tornaram um espaço de profissionalização que fez com que diversos jornalistas, saindo de espaços tradicionais de mídia, adotassem a plataforma.

Se no início o Youtube era usado apenas para compartilhar vídeos com os amigos, a partir de 2009 teve início um processo de profissionalização de muitos canais. Nos últimos anos, muitos jornalistas ao deixarem um veículo de comunicação tradicional – por demissão voluntária ou involuntária –, investiram em carreiras ligadas ao Youtube. (ALBERTINE; PEREIRA, 2018, p. 2).

Lobo (2018) em seu estudo sobre a inserção da BBC explica como esse processo acontece. A BBC Brasil é uma das empresas jornalísticas mais tradicionais do mundo e agora

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se lança nas redes de compartilhamento de vídeos com interlocutores jovens e com uma linguagem moderna e acessível.

Possivelmente em um futuro próximo esse momento de adaptação não precise acontecer, já que os novos veículos já irão nascer inseridos nessa realidade, como é o caso do produto deste trabalho, o canal: “é direito meu?”.

No entanto, com o passar do tempo, as empresas que se propuseram a migrar para essa nova possibilidade digital tiveram que pensar no conteúdo exclusivamente para a rede. Isso porque, neste cenário, não apenas basta apenas copiar e colar o vídeo que já era feito anteriormente para a mídia e inseri-lo na plataforma. É preciso criá-lo exclusivamente para essa plataforma.

Outro fator que marca a relação Youtube x Jornalismo são os assuntos factuais. A cobertura jornalística no dia a dia e divulgada em sites de notícia e telejornais batem recorde de minutos, para que na próxima hora já não seja algo tão novo assim. Diante dessa realidade se demarca outra necessidade do jornalismo característico para o Youtube: “O que produzir? Há necessidade de inserir o jornal ‘velho’ de horas atrás nesse canal de comunicação?”. Definitivamente não. A saída para essa instantaneidade seria, segundo Keske (2017), utilizar de vídeos aprofundados sobre o determinado assunto, como uma ‘reportagem especializada:’

Ao destacar as principais funções e vantagens oferecidas pelo Youtube, bem como a problemática da transposição de mídias – prática mais comum entre jornalistas e veículos da imprensa tradicional – compreende-se que não há como, simplesmente, adaptar um formato antigo às funcionalidades da plataforma. Todo conteúdo deve ser pensado e planejado com foco no veículo em que será transmitido e, ainda mais importante, no seu público alvo. É preciso ter em mente que o internauta já não consome a informação como antes. Se, com os telejornais e programas de rádio diários, tínhamos o interesse popular naquilo que era factual ou passageiro, o foco agora é na reportagem especializada. Em virtude de um mercado composto por vários nichos de interesses, a abordagem de temáticas mais abrangentes ou, ainda, diversas editorias num só canal, ganha muito pouca expressão com o público online. (KESKE, Rafael Dill. 2017; p. 41).

A exemplo dessa nova expressão, encaixa-se muito bem o canal da BBC Brasil, que além das reportagens como conhecemos, embarca em criar vídeos explicativos, que possui

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amplo interesse do público. Tal como os vídeos: ‘Por que está tudo tão caro?’2, e, ‘O que é o

Talebã?’3 foram disponibilizados em momentos de grande discussão, e obtiveram 830 mil e 1

milhão de visualizações respectivamente.

É fato que os canais de humor e entretenimento ainda possuem a maior popularidade do público brasileiro. A exemplo do ator e comediante Whindersson Nunes, que é atração do público para esse tipo de conteúdo. O seu canal conta com 43 milhões de inscritos.

No entanto, mesmo com a dominância, o jornalismo na plataforma alça bons vôos até então. Para Keske (2017), esses caminhos tecnológicos serão em pouco tempo dominantes: “Ainda que uma mídia não elimine a outra, os dados comprovam que, em pouco tempo, a Internet assumirá o monopólio da informação, tornando quase obsoletas as formas tradicionais de se consumir notícias”.

Por fim, a linguagem é um dos fatores que também acompanham essa mudança. O público não quer decifrar o que está sendo dito e sim o entender facilmente. A instantaneidade das redes sociais faz com que qualquer conteúdo que não nos chame a atenção de imediato, seja descartado, e sempre haverá outro canal que corresponda a isso.

É interessante valorizar a característica ‘conversa’, mesmo que na hora da gravação não se possa ver quem está recebendo esse conteúdo. Utilizar vocativos na primeira pessoa, como: ‘você que está assistindo’, ‘você me pediu esse conteúdo’, ‘você sabe o que isso significa?’, são estratégias usadas que conseguem atrair o público e garantir que esse público retorne. 3.1 Algoritmo do YouTube

O sucesso do YouTube dá-se também a como o algoritmo da empresa promove os vídeos disponíveis. Mas antes de focar no método especifico desse programa, é necessário entender o que se caracteriza como algoritmo.

A palavra algoritmo vem do nome Abu Abdullah Mohammad Ibn Musa al-Khawarizmi, um matemático iraniano que viveu durante o século XVII. Sua influência foi relevante para o crescimento da ciência, com ênfase na matemática, geografia e astronomia (MEDINA; MARCO, 2006).

2https://www.youtube.com/watch?v=R39K5Ddv06Q 3https://www.youtube.com/watch?v=l6WFaKIgJf0&t=10s

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O termo 'algoritmo' é definido por Medina e Marco (2006) de duas formas: "um procedimento passo a passo para a solução de um problema" e "uma sequência detalhada de ações a serem executadas para realizar alguma tarefa.”. Os autores exemplificam essa descrição com uma receita de comida, onde são disponibilizado ingredientes e o modo de fazer, para no fim chegar-se ao resultado final e esperado.

Na plataforma YouTube, os critérios de recomendação consideram: o que os usuários assistem; o que não assistem; quanto tempo passam assistindo; o que gostam e não gostam; feedback como "não tenho interesse" e pesquisas de satisfação4.

Sendo assim, à medida em que o usuário pesquise os conteúdos que quer assistir, a plataforma gera mais vídeos com o mesmo tópico ou assunto, criando um nicho (também chamado de bolha), para cada pessoa que acessar.

Quanto maior o consumo pelo conteúdo de interesse daquela pessoa, maior será a recomendação sobre vídeos que abordam o mesmo assunto. Ou seja, se uma pessoa possui interesse nos vídeos jornalísticos de empresas midiáticas, ao consumir um desses vídeos, a plataforma sempre irá lhe recomendar na página inicial mais vídeos com propostas semelhantes.

A parte positiva é que, em comparação a veiculação usual de programas jornalísticos, com o YouTube, o usuário, ou telespectador, não precisa mais passar minutos presos ao controle remoto da televisão, ou esperar determinado horário para assistir a programação que lhe convém. Esse acesso agora é simplificado e disponível a qualquer momento.

Por outro lado, essa forma de disponibilização do site gera questionamentos como os apontados por Loyola (2018), de que quando mais essa ‘bolha’ é alimentada pelo algoritmos, maior se perde a chance de diálogo sobre assuntos pertinentes, já que os vídeos apresentados serão sempre com base nos interesses de quem está à procura. Para Loyola:

A maior crítica aos algoritmos, que justifica uma grande parte dos estudos relacionados a esse assunto é a possível radicalização política que eles causam. O medo é de que diálogos que sempre reforçam aquilo que os usuários acreditam, somados com o pouco contato com notícias com conteúdo transversal, acabem levando a um maior extremismo e intolerância. É possível ver que há uma certa polarização, mas não é possível ver claramente se há alguma relação entre esses dois fatores. (LOYOLA, 2018. p. 47).

4 Dados do YouTube disponíveis em:

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Outro ponto de destaque principalmente quando se fala do campo jornalístico e sua inserção no YouTube, é a relação dos canais de conteúdo jornalísticos e seu papel de informação, mediante o algoritmo. Para o autor, essa particularidade é uma questão ética:

(...) Esbarramos em uma questão ética, sobre o direito de acesso à informação. Em casos assim, é possível que um conjunto de informações sejam filtradas e não exibidas para alguns usuários, ainda que estejam disponíveis no site, e sendo exibidas para outros. Se em um jornal há, ainda que idealmente, uma prática de tentar ouvir os diversos envolvidos em um caso para mostrar os diversos ângulos das notícias, o mesmo não é necessariamente uma prática na internet. E por causa disso é possível que nem todos tenham acesso a informações completas, já que elas podem circular apenas em grupos específicos, um problema que eventualmente pode se tornar cada vez mais complicado à medida que a rede cresce e ganha adeptos. (LOYOLA, 2018, p. 13).

4. Critérios de noticiabilidade

Os critérios de noticiabilidade, aspecto amplamente discutido no jornalismo, levantam discussões há quase um século entre a imprensa. No geral, eles podem ser entendidos como os critérios que definem o que é notícia e o que vale ser veiculado.

Para Wolf (1999), essa teoria pode ser classificada a partir do seguinte questionamento: “quais os acontecimentos que são considerados suficientemente interessantes, significativos e relevantes para serem transformados em notícias?”. Ainda, segundo o autor, esse processo não está restrito à escolha da pauta do dia, ele também atravessa as etapas e inclui a produção e redação:

Na seleção dos acontecimentos a transformar em notícias, os critérios de relevância funcionam conjuntamente, «em pacotes»: são as diferentes relações e combinações que se estabelecem entre diferentes valores/notícia, que «recomendam» a selecção de um facto. Um segundo aspecto geral é que os valores/notícia são critérios de relevância espalhados ao longo de todo o processo de produção; isto é, não estão presentes apenas na selecção das notícias, participam também nas operações posteriores, embora com um relevo diferente. Os valores/notícia utilizam-se de duas maneiras. São critérios de selecção dos elementos dignos de serem incluídos no produto final, desde o material disponível até à redacção. Em segundo lugar, funcionam como linhas-guia para a apresentação do material, sugerindo o que deve ser realçado, o que deve ser omitido, o que deve ser prioritário na preparação das notícias a apresentar ao público. (WOLF, 1999, p. 202-203).

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A pesquisadora Gislene Silva discorre o seguinte quando se fala em critérios de notícia no Brasil:

É reducionista, portanto, definir noticiabilidade ou somente como conjunto de elementos por meio dos quais a empresa jornalística controla e administra a quantidade e o tipo de acontecimentos ou apenas como o conjunto de elementos intrínsecos que demonstram a aptidão ou potencial de um evento para ser transformado em notícia. Noticiabilidade seria a soma desses dois conjuntos, acrescentada daquele terceiro que trata de questões ético epistemológicas. Preferível será localizar tal aptidão do fato em si no campo dos valores-notícia, entendidos aqui como atributos que orientam principalmente a seleção primária dos fatos, e, claro, que também interferem na seleção hierárquica desses fatos na hora do tratamento do material dentro das redações. Antes, porém, retomemos o conceito de seleção de notícias. A necessidade de se pensar sobre critérios de noticiabilidade surge diante da constatação prática de que não há espaço nos veículos informativos para a publicação ou veiculação da infinidade de acontecimentos que ocorrem no dia-a-dia. Frente a volume tão grande de matéria-prima, é preciso estratificar para escolher qual acontecimento é mais merecedor de adquirir existência pública como notícia. (SILVA, 2014).

O conhecimento sobre o que define notícia começa a ser difundido entre os profissionais de imprensa ainda na faculdade. Depois da formação e inserção no mercado de trabalho, esses critérios noticiosos já são presentes em nossa vida quase que de forma natural. No entanto, conforme o surgimento das novas possibilidades de comunicação, e plataformas sociais, sentiu-se a necessidade de novas definições dessentiu-ses critérios.

4.1 O que muda com o jornalismo digital?

Antes de citar os novos critérios do que é notícia no ambiente digital, é de importância ressaltar o que é considerado uma nova mídia. De acordo com Dalmonte e Ferreira (2008), essa resolução pode ser encarada como algo que “abre novos caminhos estéticos e permite criar estratégias de produção, circulação e recepção de sentido, mas que também pode dialogar com as que a precederam.”.

Ainda segundo os pesquisadores, com o advento da internet, e no caso especifico do estudo desse projeto, o YouTube, a maior classificação para o que é notícia nos tempos de instantaneidade são ‘a novidade e o atual’.

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Essa urgência pelo que está acontecendo é importante pois coloca o telespectador no centro da notícia. Ele está acompanhando tudo com a mesma urgência do que está acontecendo. Para os pesquisadores:

Se a novidade e o atual estão no cerne dos critérios de noticiabilidade, no Webjornalismo esses são os valores fundamentais, no que diz respeito aos desejos operacionalizados pelas inovações tecnológicas. A ideia de notícia em fluxo contínuo é portadora de expectativas basilares para a consolidação do efeito de sentido, específico dessa modalidade discursiva na Web. O efeito de sentido de real despertado pelo Webjornalismo, por sua vez, atua decisivamente para que o leitor entre no processo comunicacional, pois a mídia é vista como sendo capaz de colocá-lo em contato com os fatos; mais do que um mero expectador, ele acredita poder interagir com a realidade.” (DALMONTE; FERREIRA. 2008; p. 132).

Portanto, cientes de que o atual e novo são os critérios principais para essa adaptação do jornalismo, o conteúdo do presente projeto buscou relações com os critérios de notícia que são apropriados para a internet: pautas atuais, com exemplificação de assuntos que nos cercam diariamente, e a novidade na forma de sua divulgação.

Esse da fenômeno da instantaneidade mudou a linha de produção das empresas de jornais, e agora acontece em simultaneidade com a divulgação dos fatos (BRADSHAWN, 2014). Acerca disso, o autor cita que:

Para estar apto a competir num ambiente multiplataforma – ou, ao menos, defender o território de potenciais concorrentes – as empresas de comunicação começaram a adotar as primeiras estratégias web. Os jornalistas do impresso tiveram de se adaptar para produzir cobertura ao vivo, enquanto os de televisão se transformaram em bloggers – ambos ainda estão tentando encontrar uma maneira de combinar a demanda de preencher um boletim de meia hora ou uma página dupla com o espaço elástico proporcionado pela Web e pelas propriedades dos dispositivos móveis. O desafio fundamental é que agora as notícias estão a ser produzidas sem as limitações do espaço físico que sustentava a organização das redações. A captação de notícias, a produção e distribuição podem, agora, ocorrer simultaneamente – e serem potencializadas. (BRADSHAWN, 2014; p. 115 – 116).

Para além da rapidez e agilidade, também é importante pensar no aprofundamento dos assuntos trabalhados, que pode ser realizado no momento da cobertura, ou posteriormente como visto no exemplo da BBC Brasil.

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Para criar o primeiro episódio do “É direito meu?” a metodologia utilizada foi a entrevista. Essa que é uma das características mais comuns do jornalismo, e que nos acompanha em toda a formação e desenvolvimento da profissão.

Citando Caputo (2006), a entrevista é “uma aproximação que o jornalista, o pesquisador (ou outro profissional) faz, em uma dada realidade, a partir de um determinado assunto e também a partir de seu próprio olhar, utilizando como instrumento perguntas dirigidas a um ou mais indivíduos”.

O momento de entrevistar é o ponto crucial para a obtenção de informações que irá ajudar posteriormente na edição de uma matéria, escrita ou televisiva. É o momento em que podemos ser curiosos, questionadores e nos desapegar das certezas. Nada se sabe na hora da entrevista, nem somos especialistas em coisa alguma, o entrevistado que irá dizer sobre o assunto abordado.

Após o conhecimento da pauta, parte-se para o que é classificado por Caputo (2006) como a ‘construção ativa da entrevista’. A lógica criada pela escritora classifica esse momento como o ponto em que pensamos: ‘Por que estou escrevendo isso?’. Esse é o momento no qual o profissional se dá conta de como poderá buscar a informação desejada e repassá-la para o público.

De acordo com Lage (2001), em outro conceito para descrever a entrevista, o método pode ser considerado como uma expansão da checagem com fontes e o principal procedimento de apuração no jornalismo. O autor ainda classifica que essa apuração pode ser dividida em oito tipos: rituais, temáticas, testemunhais, e em profundidade (LAGE, 2001; p. 32 – 34):

Entrevistas rituais: Essas abordagens são tidas por Lage como entrevistas que mais possuem interesse no entrevistado, e não no que ele tem a dizer. Esse exemplo pode ser usado para entrevistas com figuras públicas ou jogadores de futebol. Trazendo para o cotidiano é comum que os veículos de mídia consultem figuras de importância, após um caso de ampla repercussão. Um exemplo atual foi após a divulgação da morte do ex-jogador da Argentina Diego Maradona. Após a notícia todos os portais estavam voltados para ouvir o que Pelé, considerado rei do futebol brasileiro que também foi amigo de Maradona, tinha a dizer.

Entrevistas temáticas: essa classificação diz respeito as entrevistas com fontes que tenham autoridade para abordar o assunto.

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Entrevistas testemunhais: como o nome já sugere, as entrevistas testemunhais acontecem quando a pessoa entrevistada oferece um relato de algum fato que ele presenciou. Lage acrescenta também que esse método pode ser visto como uma 'reconstituição.'

Entrevistas em profundidade: essa característica se dá quando o tema importante da pauta é a fonte, a pessoa que está cedendo a entrevista.

Lage (2001) também classifica em seu ensaio as circunstâncias que levam a realização da entrevista. Neste caso, quatro ocasiões são destacadas pelo jornalista (p. 33 – 34):

Ocasionais: quando as entrevistas não são marcadas previamente, mas as respostas de quem foi questionado são interessantes e rendem pauta.

Confrontos: essa característica acontece quando o repórter assume o lugar de juiz, e suas perguntas possuem caráter acusatório. Lage é assertivo ao classificar esse tipo de entrevista como um espaço onde não há “condições razoáveis do entrevistado expor seu ponto de vista.”. Coletivas: as coletivas de imprensa são as entrevistas marcadas com figuras importantes, geralmente, por sua assessoria de imprensa que comunica os canais de imprensa para se fazerem presente. Usualmente acontecem quando o entrevistado, pessoa física ou órgãos do governo tem algo importante para falar para a sociedade. Sua prática é comum também em eventos esportivos, como jogos de futebol, onde após a partida técnico e alguns jogadores se reúnem para conversar com a imprensa.

Dialogais: são as pautas marcadas com antecedência, e que prevalecem um tom seguro, com um espaço pensado. Nas entrevistas dialogais a relação entre entrevistador e entrevistado constroem a conversa sem grande prensas ao roteiro estabelecido. Para Lage, essa é a “entrevista por excelência.”,

No caso da entrevista para o presente canal criado, o método específico utilizado, segundo os conceitos de Lage (2001), foi a entrevista temática dialogal. Isso porque o entrevistado tinha total autoridade para falar sobre o assunto, pois faz parte de seus estudos e sua ancestralidade, e o espaço e tom da conversa foi construído em conjunto.

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Figura 2

Ela foi marcada com antecedência com apresentação do tema e tópicos que viriam a ser discutidos. O ato também foi presencial, com visita a campo, que neste caso foi a comunidade Katu, localizada em Canguaretama.

Devido ao momento pandêmico em que o mundo está inserido, alguns protocolos de segurança foram levados em consideração como: uso de máscara por todos os presentes, distanciamento social necessário, e local de gravação ao ar livre, evitando assim a maior proliferação do vírus da Covid-19.

Entre os mais variados temas que poderiam ser abordados para representar o objetivo do canal, o escolhido foi a pauta indígena, com foco estadual. Levando em consideração o processo histórico da comunidade e também sua luta pelo reconhecimento e demarcação de terras, que foi ainda mais enfatizado com o processo de votação do Marco Temporal.

6. Pauta indígena

A população indígena brasileira é lembrada pela Constituição Federal de 1988 que separa o capítulo VIII para discutir as questões que envolvem essa comunidade. Durante os parágrafos seguintes são assegurados o reconhecimento a língua, crença, tradição e os direitos originários sobre as terras que possuem.

Segundo o site da Fundação Nacional do Índio (Funai), regido pelo Governo Federal, o Brasil possuía em 2010 uma população total de 817.962 indígenas distribuídos em todo o

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território nacional, o que correspondia a 0,26% da população geral. Não existem dados disponíveis no site da Funai sobre uma contagem mais atual em relação a essa comunidade.

O movimento indígena foi analisado neste trabalho a partir do pensamento de Gersem Luciano Baniwa (2007), que classifica esse conceito como um “conjunto de estratégias e ações que as comunidades, organizações e povos indígenas desenvolvem de forma minimamente articulada em defesa de seus direitos e interesses coletivos”.

Ainda, segundo o mestre em antropologia, esse conceito não é exclusivo a toda a comunidade existente no país, já que cada povo tem sua articulação de luta em defesa de seus ideais. Não reconhecer a existência desses movimentos, para Baniwa (2007), seria fomentar a experiência dos povos indígenas com a invasão de Portugal no período colonial, que se aproveitou da fragilidade política desses povos e incentivou guerras, resultando no enfraquecimento e extermínio de parte dos povos.

6.1 Luta contínua

O que foi proclamado há mais de 30 anos na Constituição Federal pouco reflete a situação atual dessa comunidade, que tem em uma das suas pautas de luta um posicionamento contrário a desapropriação dos lugares que lhe pertencem historicamente. Sendo essa uma das bandeiras defendidas pela comunidade: a luta por demarcação de terras.

Esse processo acontece através de diferentes etapas e consta no decreto nº 1775/96, assinada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. (Anexo 1).

Para falar sobre direitos destinados a esses povos introduzimos Levy (2009). Segundo ele à comunidade indígena brasileira se encaixa no termo de minorias, cabendo assim que os direitos coletivos lhe sejam aplicados.

Os indígenas brasileiros se enquadram nas várias definições de minorias propostas pelos organismos internacionais, e a eles deveriam ser aplicados os direitos coletivos e subjetivos concernentes a esse tipo de sociedade, conforme está afirmado nas várias resoluções internacionais, das quais somos signatários desde 1966. (LEVY, 2009; p. 497).

As reivindicações mais recentes pelos povos é a não aprovação do Marco Temporal, que tem em suas determinações impedir que terras indígenas sem comprovação de ocupação antes de 5 de outubro de 1988, data da aprovação da Constituição Federal atual, sejam demarcadas.

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Os protestos levaram comunidades indígenas de todo o país para Brasília, para acompanhar de perto a votação pelo Supremo Tribunal Federal (STF). A ocupação se iniciou desde o fim do mês de agosto de 2021.

Além do Marco Temporal, outras ameaças ao direito de pessoas indígenas são enfrentadas diariamente nos corredores de Brasília ou não. A exemplo disso temos o Relatório Violência Contra os Povo Indígenas do Brasil – dados de 2019 do Conselho Indigenista Missionário, que apontou que no ano do primeiro governo do presidente Jair Bolsonaro (2019 – 2022), houve ‘intensificação das expropriações de terras indígenas, forjadas na invasão, na grilagem e no loteamento, consolida-se de forma rápida e agressiva em todo o território nacional, causando uma destruição inestimável.’

Conforme consta na pesquisa foram 1.120 casos de violência contra o patrimônio que abrangem conflitos relativos a direitos territoriais, invasões possessórias, exploração ilegal de recursos naturais e danos. Além de 277 crimes de violência contra a pessoa e 267 casos de violência por omissão do poder público.

As indicações desses conflitos visando a comunidade indígena, no entanto, já era promessa de campanha de Jair Bolsonaro. Em 03 de abril de 2017, um ano antes de ser eleito à presidência do Brasil, Bolsonaro prometeu não demarcar nenhuma terra caso chegasse ao poder. O discurso que aconteceu no Clube Hebraica, Rio de Janeiro, foi aplaudido pelo público aos gritos de ‘mito!’.

Por Baniwa (2007), outro desafio enfrentado pela comunidade indígena é o modelo burocrático de organização social dos não-indígenas, que não leva em consideração a vida e costumes da população indígena. Tal organização tem sido um dos pontos influenciadores na plena funcionalidade dos direitos desses povos: “O desafio é como compatibilizar as diferentes lógicas, racionalidades e formas operacionais de tomadas de decisões, de distribuição de bens e produtos, de organização das diferentes tarefas e responsabilidades, da noção de autoridade, de poder, de serviço e de representação política. Neste sentido, como lidar com aparato jurídico-administrativo do Estado que não reconhece os direitos dos povos indígenas, e tem se tornado o principal instrumento de negação dos direitos indígenas.”.

6.2 Cenário estadual

No Rio Grande do Norte o cenário das comunidades originárias faz a intensificação dos manifestos de todo o país. Não existem terras demarcadas em todo o Estado. A despeito disso,

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as aldeias indígenas norte-riograndenses são: Tapuia Paiacu - Tapuia Paiacu, Caboclos, Sagi, Sagi Trabanda, Jacu, Catu, Rio dos Índios, Góis, Cachoeira/Nova Descoberta, Amarelão, Marajó, Açucena, Serrote de São Bento, Santa Terezinha, Área Urbana, Lagoa do Mato, Ladeira Grande, Lagoa de Tapará. Warao e Amarelão Novo (Anexo 2).

Dos citados, os únicos que não são originalmente do Estado são o povo Warao, que chegaram ao Rio Grande do Norte através de um processo migratório. Estima-se que os primeiros chegados tenham desembarcado em 2014, no Norte do país, devido a sua localização geográfica com a Venezuela. No território potiguar até o primeiro semestre de 2020 existiam 40 famílias Warao, em Natal e no município de Mossoró (DURAZZO, 2020).

Com base nos estudos feitos e disponíveis para a disciplina de Antropologia e o Estudo das Relações Étnicos-Raciais, em 2018.2, segue um apanhado das principais características dos povos indígenas no Estado.

- Caboclos de Assu: Essa comunidade reside no sertão potiguar, entre os municípios de Assu e Paraú. O uso do nome ‘caboclo’ foi iniciado pela própria comunidade, no entanto, a população não-indígena também os chama de ‘Tapuia.’

Os Caboclos de Assu são descendentes de uma família comum, “Antônio Francisco e Luiza, constituindo, na visão dos indígenas, “a grande família de caboclo” gerada por uma “cabocla”. O casal teve 04 (quatro) filhos (Pedro Caboclo, José Caboclo, João Caboclo e Antonio Turco) e 05 (cinco) filhas (Joana, Maria, Cândida, Júlia e Damásia)” (VIEIRA, 2020).

- Potiguara do Sagi/Trabanda: O povo Potiguara do Sagi/Trabanda encontra-se localizado no município litorâneo de Baía Formosa. Eles possuem parentesco com o povo Potiguara da Paraíba, e estima-se que 159 famílias, e 453 indígenas vivam no espaço (VIEIRA, 2020). - Potiguara-Mendonça: Essa comunidade tem como povo antecessor os Potiguaras e Tapuia. O território hoje ocupado por essa família possui 6 aldeias dividas em dois municípios potiguares: João Câmara e Jardim de Angicos (COSTA; SILVA 2021).

- Tapuia Paiacu: O povo Tapuia Paiacu vive na mesorregião oeste potiguar. São 120 famílias, e 150 indígenas (VIEIRA, 2020).

- Tapuia da Lagoa de Tapará: Já essa comunidade fica localizada na região metropolitana de Natal, entre Macaíba e São Gonçalo do Amarante. Registram-se que a população seja de 150 famílias e quatrocentos indígenas (VIEIRA, 2020).

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6.3 Comunidade Indígena Catu

A Comunidade Indígena Catu foi a escolhida para debater o tema do produto criado. A população que é de etnia Potiguara, tem registro sobre a ocupação no Estado desde o século XVIII. Os povos Catu – que no Tupi quer dizer “bom”, estão localizados entre os municípios de Goianinha e Canguaretama.

Segundo o cacique Luiz Katu, os primeiros povos que chegaram na região que hoje corresponde ao território Catu, foram três irmãos que fugiram do aldeamento de Igramació, Ao chegarem na região correspondente, eles encontraram indígenas da etnia Tapuia. Nasceu então um local de resistência. A comunidade cresceu e atraiu demais indígenas.

Com o passar dos anos a comunidade teve contato com um padre chamado Aquino, que doou lotes para a comunidade que crescia, para que o espaço não viesse a ser invadido ou tomado. Por ser um espaço de refúgio, mais indígenas continuaram a chegar ao local, fazendo com que a comunidade expandisse.

A doação de lotes fez com que os mais antigos habitantes começassem a se classificar e identificar como ‘Catu dos Loteros’, em referência aos lotes. O nome correto no entanto é ‘Catu

dos Eleutérios’, sendo Eleutério o sobrenome familiar relacionado ao padre que cedeu os lotes.

Os primeiros habitantes da terra Catu viviam da coleta de frutos silvestres, caça e pesca. No entanto, nos anos de 1970 a região começou a sofrer invasões de pessoas interessadas no plantio da cana-de-açúcar. A invasão resultou na escassez dos alimentos essenciais para a manutenção do povo, falta de frutos, caça e pesca.

Tentando fugir do contato com a população recém-chegada, algumas famílias se alojaram próximo ao rio da comunidade, e cultivaram alimentos adaptáveis para aquele ambiente como a macaxeira e a batata doce. Hoje, a comunidade Catu possui aproximadamente 300 famílias, que resulta em mais de 900 indígenas.

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Figura 3

O cultivo da batata doce foi assertivo e resultou no Festival da Batata, comemorado anualmente pela comunidade Catu no dia 1º de novembro, sendo a festa mais tradicional entre todas as aldeias do Rio Grande do Norte. A nova procura de sobrevivência acontecida naquela primeira invasão proporcionou um instauração da prática de agricultura familiar, que até atualmente é uma das marcas do povo Catu.

A caça, no entanto, foi posta de lado pela comunidade que optou por não fazê-la, tendo em vista o grande impacto já causado pelo plantio da cana-de-açúcar, que nos dias atuais rodeia toda o espaço da comunidade. Tal plantio viola o 1º ponto do Artigo 231 da Constituição Federal, que prevê que: “São terras tradicionalmente ocupadas pelos índios as por eles habitadas em caráter permanente, as utilizadas para suas atividades produtivas, as imprescindíveis à preservação dos recursos ambientais necessários a seu bem-estar e as necessárias a sua reprodução física e cultural, segundo seus usos, costumes e tradições.”

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Figura 4

A Comunidade Catu, assim como todas as outras terras indígenas potiguares, não é um espaço demarcado. Desde os anos 2000, essas comunidades lutam por esse reconhecimento, tendo seu ápice em 2005, quando houve uma audiência pública com representantes do movimento indígena em que foram entregados documentos à Funai e conseguinte ao Ministério Público demandando a demarcação desses territórios, que até o momento não foi atendido.

A Comunidade Catu, inclusive, foi parte de um processo movido na Justiça Federal que obrigou a Funai a pagar uma indenização de R$ 500 por dia, enquanto a organização do estudo inicial da primeira parte do processo de demarcação não fosse construído. A Fundação Nacional do Índio recorreu desse processo. No entanto, o caso está sendo analisado pelo STF e pelo Supremo Tribunal de Justiça.

A luta por esse processo não é restrito ao território potiguar. De 2019 a 2021, o governo Federal não demarcou nenhuma indígena. Os projetos que são propostos por bancadas com interesses na terra, para diversos fins, ameaçam a continuidade dessa lei.

Em entrevista cedida para a criação desse produto jornalístico, o cacique Luiz Katu explicou que o direito à terra é tão íntimo quanto a vivência do indígena. Cada ameaça, poluição e devastação é como se estivesse sendo feita direta e física com a comunidade indígena.

Outro ponto levantando pelo cacique e professor é de que a demarcação e todas as suas obrigações e etapas não deveria ser o ideal, “o ideal era que houvesse uma consciência mútua

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e esses espaços fossem respeitados. Não precisaria nos cercar em um espaço para dizer: ali é o espaço mais preservado porque tem índio. Enquanto essa consciência não se constrói, a demarcação é uma perpetuação do nosso direito”.

O legado que a comunidade, em harmonia com as demais, quer deixar no Estado residente é quebrar o antigo olhar de que os indígenas existentes no território se dissiparam nas cidades e deixaram as comunidades. “Eles saíram dos aldeamentos, eles recuaram, procuraram locais que ainda tem foco de mata atlântica, ficaram na beira da nascente, de lagos, se dividiram em vários espaços, formaram seus pontos de resistência para resistir. Foi isso que aconteceu, mas eles (a sociedade) continuaram repetindo que nós tínhamos morrido”, enfatizou Luiz Katu.

7. Desenvolvimento do produto

O presente canal nasceu com a missão de ser uma página voltada para vídeos de entrevista, abordando problemáticas que exemplifiquem a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Dessa forma, o que se espera é que a noção básica de direitos humanos, a partir da Declaração, seja passada de uma forma clara para quem o assistir.

Uma referência ao trabalho foi a pesquisa de 2018 da Ipsos (Gráfico 1), a qual foi abordada no vídeo de apresentação, para que o público tivesse ciência da relevância em falar, estudar e pesquisar sobre o assunto.

Gráfico 1

Direitos humanos em 2018 - uma pesquisa global

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A escolha do YouTube como plataforma para essa divulgação se dá por ser um espaço de amplo acesso no Brasil, e sua facilidade de criação e uploads de vídeos.

Após análise dos eventos atuais, três temáticas foram escolhidas. A primeira, tratar da situação de refugiados, a segunda seria falar sobre o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra e, por fim, falar sobre demarcação de terra indígena e permanência desses povos.

Constatou-se que a primeira temática da situação de refugiados, apesar da sua urgência e seriedade, fosse ficar muito amplo ao recorte Brasil. Nas duas opções restantes a causa indígena se tornou mais considerável, devido as suas destituições escancaradas, ainda mais durante o governo do atual presidente Jair Bolsonaro (2019- 2022), e seu histórico de luta.

Depois da definição do tema, e seu enquadramento com o artigo 13 da declaração: 1.

Todo ser humano tem direito à liberdade de locomoção e residência dentro das fronteiras de cada Estado”, iniciou-se a busca pelo entrevistado que atendesse as necessidades da pauta, sob

orientação do Prof. Dr. Antonino Condorelli.

A acessibilidade e o poder de comunicação de forma clara e informativa com o público foi o critério de maior relevância, dado o objetivo principal do canal que é conseguir levar informação a todas as classes sociais e faixas etárias, além de criar um vínculo com esse público. Não valeria a pena escolher um convidado que por mais que fosse expert no assunto, não soubesse estabelecer um contato claro, de forma explicativa e natural, para como o público. Ciente de todos os pontos estabelecidos aqui, o presente canal foi criado no dia 30 de agosto de 2021. Os vídeos inseridos seriam o vídeo de abertura e apresentação do canal, e um vídeo da primeira entrevista. Ficou estabelecido que esta seria feita com um representante do movimento indígena potiguar, para falar sobre direito à residência.

Posteriormente começou também a procura por empresas audiovisuais, ou profissionais solos, que pudessem ficar responsável com a questão técnica. A empresa escolhida foi a Bju Produções, companhia criada por duas mulheres estudantes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), que ficou responsável pela captação de imagens, edição dos dois vídeos (apresentação e piloto) e criação de vinheta do canal.

O planejamento do resultado deu-se de acordo após a apresentação de roteiro com as instruções do como o produto final deveria ficar, conforme Apêndice 1. Esse tática foi usada nos dois vídeos presentes: apresentação e vídeo piloto.

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Tratando-se de estética do canal, chegou-se à conclusão de que: em observação dos conteúdos postados na plataforma citada, o contato direto com o comunicador é o que prevalece. Com o advento das mídias sociais, a necessidade de seguir quem se admira cresceu. É por essa razão que a foto de apresentação do canal não é uma logo, e sim uma foto perfil da autora e criadora do canal.

Por ser um espaço sem parcerias, com intuitos bem definidos de promover o conhecimento acerca da Declaração Universal de 1948, notou-se mais relevante que o público se conecte ao porta-voz da mensagem, do que a logo do canal.

A partir disso, essa identificação com o nome e cores foi movida para a imagem de capa da página. A criação foi pensada em um fundo amarelo, que vai de acordo com os tons da foto de perfil, e letras em maiúsculo com o nome “É direito meu?”. No lado esquerdo do início da frase, há um destaque feito por três linhas na parte de cima do texto. No fim há um destaque em efeito onda abaixo da palavra “meu”.

A vinheta, tipo de vídeo rápido usado na introdução de vídeos, é uma explosão de formas circulares, minimalistas, e ao fim se aparece o nome do canal (Figuras 5, 6 e 7). Esse é o modelo de vinheta para vídeos sem entrevistas, no caso de vídeos a campo, como o piloto, as formas dão espaço para imagens do entrevistados durante o decorrer de toda a conversa (Figuras 8, 9 e 10).

A gravação do vídeo piloto foi feita com duas câmeras de modelo Canon 80D, com lentes 50mm e 70 50mm. Foi utilizado um tripé e dois microfones de lapela boya. Já o vídeo de apresentação do canal foi gravado com a câmera de celular da marca Samsung Galaxy J5 Pro. A edição dos dois vídeos foi feita pelo programa Adobe Premiere. Posteriormente para ajustes no vídeo de apresentação, foram feitas edições no programa Premiere Rush.

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Figura 6

Figura 7

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Figura 9 7.1 Apresentação do canal

O marco de partida para a criação de um canal no YouTube sobre direitos humanos foi pensar em como a síntese do perfil chegaria ao público. Pensando nisso, o primeiro passo a ser cumprido foi um vídeo de apresentação.

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Usualmente, os youtubers usam esse modelo de primeiro vídeo para contar o que se pode esperar do conteúdo apresentado. No roteiro da mensagem de apresentação, foi preciso deixar claro as seguintes coisas: o que são direitos humanos, qual a abordagem do canal e o motivo da criação daquele produto, conforme consta no Apêndice 2.

Ao se apresentar e promover o primeiro contato com o público, o interlocutor também conta suas histórias pessoais sobre o assunto – no caso do “é direito meu?”, a ponte entre o público e quem estava falando, foi a falta de entendimento pleno sobre o assunto antes de estudá-lo, as crenças no jornalismo e seu poder de mudança.

O vídeo de apresentação foi filmado em residência, utilizando um dispositivo móvel. A proposta foi mostrar proximidade com quem assiste e facilidade de acesso: ligar a câmera e conversar com quem está do outro lado da tela. A edição do mesmo foi realizada pela equipe responsável pela gravação do episódio piloto, no entanto, posteriormente viu-se necessário ajustar alguns detalhes como: palavras aparecendo no texto, ênfase ao momento de descontração.

Figura 11

Esses pequenos pontos não parecem ser tão relevantes, mas são pontos cruciais para a interpretação plena e ganho de atenção de quem assiste. No caso do vídeo de apresentação viu-se necessário colocar legenda na parte em que é citada a entrevista que viu-serviu como baviu-se para o ponto de partida de criação do canal.

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Do ponto de vista visual, é mais interessante poder contar com recursos visuais atrelados ao vídeo, do que apenas ver e ouvir por minutos quem está apresentando.

A edição é importante para dar rumo ao conteúdo que ser apresentado, é o que cita Filho (2015):

O trabalho do jornalista na edição da notícia está relacionado com a definição do conteúdo, sem uma interferência no processo técnico, desenvolvido por um profissional especializado, capacitado para a operação do equipamento – atualmente um computador. A realização da edição da notícia implica na subdivisão das tarefas. O jornalista tem a responsabilidade pela definição do conteúdo, as informações que estão relacionadas à notícia. (FILHO, 2015. p. 148).

Por essa razão e seu grau de influência no produto final, a edição posterior fez-se necessária para que a mensagem do vídeo de apresentação fosse mais objetiva, e criasse um laço de proximidade com o público, como o esperado.

Figura 12

Ao finalizar o vídeo de introdução, ficou-se a deixa: “vamos juntos?”, para promover uma amizade direta com quem está assistindo, para que ele queira continuar a seguir o canal. O que nos leva, enfim, ao segundo vídeo do canal: o episódio piloto.

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7.2 Episódio piloto: residência, é direito meu?

A entrevista de Lazáro Ramos com o cantor Criolo, transmitida pelo Canal Brasil, disponível no YouTube, transformou uma conversa padrão, em uma discussão acerca de temas como a sociedade, ascensão de classes e questões culturais. A conversa que já obtém mais de 60 mil likes, foi o exemplo positivo de como as entrevistas do “é direito meu?” deveriam ser, ou seja, com total liberdade do entrevistado para expor suas ideias, sem aprisionamento ao roteiro, mas com um tom de bate papo educativo.

Dessa forma, Luiz Katu, cacique da comunidade indígena Catu, no município de Canguaretama, e professor de Etno história, foi a pessoa escolhida dada a sua relação e luta com o direito dos povos indígenas, bem como a sua localização.

Figura 13

Após o trajeto de aproximadamente 1h, chegamos na Comunidade Catu, que fica rodeada de um canavial. O local onde a equipe ficou instalada se tratava de um ambiente com um conjunto de três outras casas, minutos após o centro da comunidade. Esse espaço era grande, rural e as casas mantinham distância uma das outras.

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A filmagem aproveitou o cenário, e a conversa aconteceu embaixo de uma árvore. Luiz estava usando cocar e colares. Duas câmeras foram usadas para a captação dessa entrevista. Enquanto um equipamento filmava toda a conversa, o segundo focava no entrevistado (Figura 18).

Figura 14

Outro detalhe importante foi o uso do som ambiente para construir a estética da entrevista. Como a conversa deu-se abaixo de uma árvore, o barulho do vento batendo nas folhas e o som das casas ao redor contribuiu para construir esse momento de inserção. O movimento das folhas batendo no entrevistado, também ajudou a construir esse cenário que passou uma perspectiva de ligação com a natureza.

7.3 Estrutura do vídeo

Após passar pela edição o vídeo do episódio piloto ficou com duração de 11 minutos. No primeiro momento do vídeo foi inserido um off – termo jornalístico utilizado em roteiros de edição de vídeo para conteúdo de vídeo que visa inserir apenas a fala do jornalista, com imagens de apoio ao fundo.

As imagens de apoio utilizadas foram de capturas de drone, cedidas pela empresa Bju Produções, de pontos da cidade. Inicialmente, foi introduzido uma imagem de um espaço habitacional com casas e rodovias de trânsito.

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Figura 15

Em seguida, o plano muda para imagens de áreas arborizadas, com semelhança a plantação presente na Comunidade Catu. A última sequência mostra o contraponto entre árvores, verde e uma indústria, para mostrar o impacto do ser humano na natureza. A partir daí, insere-se imagens de Luiz Katu, o entrevistado, para reforçar que os índios foram os primeiros habitantes da terra que lhe é hoje em muitas vezes, negada.

Foram considerados relevantes para se adequar a proposta do vídeo os seguintes momentos da entrevista: fala em que Luiz Katu dá uma breve contextualização sobre o histórico da comunidade Catu, como surgiu, quem eram os primeiros habitantes e como a comunidade está atualmente.

Em seguida a entrevista parte para o momento em que é descrito como e quando aconteceram invasões nos locais, por parte de pessoas não-indígenas, que culminaram no desmatamento para a plantação de cana-de-açúcar, como isso afetou a moradia da comunidade, que precisou reinventar seu modo de vivência e seus hábitos de sustentação como a caça, que precisou ser parada para não contribuir ainda mais com o impacto no ambiente habitado.

Após essa primeira parte do vídeo, inicia-se o debate central sobre a problemática direito à residência. A partir da pergunta de como é a situação da Comunidade Catu, chegamos na problemática de que não existem terras indígenas demarcadas no Rio Grande do Norte, e como isso é alvo de luta desses povos.

Referências

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