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Princípio 8 – Capacidade para trabalhar efetivamente em parceria

5.2. ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO

Para melhor atender a proposta desse tipo de Instituição, um Conselho deve ter composição paritária, ou seja, a mesma porcentagem de representantes do Poder Público e da sociedade civil, garantindo o princípio de co-gestão. Entretanto, há uma grande discussão sobre a paridade na composição do conselho. A divisão pode ser metade/metade, constituindo um modelo bipartite, ou compreender um terço de representantes do governo, e os outros dois terços divididos entre setores da sociedade civil organizados ou por cidadãos interessados, sendo esta uma composição tripartite (TEIXEIRA, 2005).

Da mesma forma, um conselho deve possuir caráter consultivo e deliberativo, embora isso nem sempre ocorra. Em muitos caso os conselhos são formados apenas como consultivos, ou seja, são consultados pelo poder Executivo, mas sem poder de decisão. No caso de um conselho possuir caráter deliberativo, ele pode decidir sobre formulação de políticas públicas.

Com relação ao funcionamento, TEIXEIRA (2005) afirma que é comum os conselhos possuírem comissões ou grupos de trabalho internos que direcionam as ações dos conselheiros e do Poder Executivo por meio das plenárias.

Apesar de por 20 anos, os conselhos gestores no Brasil fazerem parte das instituições como ferramenta democrática facilitando a participação social e o exercício da cidadania, verifica-se que estas instâncias ainda exercem pouca influência nas questões relativas à gestão da coisa pública

67 Para que os conselhos se concretizarem como mecanismos efetivos da democracia é preciso garantir sua autônomia em relação ao poder executivo. Para isso, baseado na literatura apresentada, se faz necessário esforços em algumas questões, a saber:

Representação: devem ser paritários, não só entre o governo e sociedade civil, mas também deve ser compostos por todos segmentos da sociedade civil. Seus representantes devem ser eleitos de forma democrática, pela sociedade ou pelos seus pares por meio de eleição direta ou assembléia. Além disso, a escolha do presidente deve ser feita pelos conselheiros e não indicada pelo administrador.

Capacitação: os conselheiros têm que ser capazes de discutir e opinar sobre os intresses e assuntos relacionados ao conselho que fazem parte. Para isso é preciso que eles conheçam os aspectos políticos e técnicos sobre os temas que influeciam na tomada de decisão para que não haja isolamento intelectual entre aqueles que compõem o conselho, evitando, assim, o favorecimento ou a hegemonia daqueles que detêm o conhecimento.

Estrutura: para garantir o funcionamento e a realização das atividades do conselho é fundamental que estes detenham local próprio, telefone, fax, computador, material de consumo e recursos financeiros próprios.

Informação: tendo em vista que o acesso à informação é pressuposto básico da participação em espaço público, este deve ser facilitado, e algumas categorias de informações devem ser disponibilizadas até mesmo por meio da internet, ou outros meios de fácil acesso e utilização. As autoridades competentes devem facilitar o acesso a toda informação relevante para o processo de tomada de decisão disponível. Além disso, as reunião do conselho devem ser abertas e suas decisões divulgadas em informativos oficiais.

Jurídica: os conselhos municipais e seu regimento devem ser instituídos por meio de lei, garantindo sua continuidade e autonômia em relação as mudanças políticas.

68 Para que isso aconteça é necessário vontade política por parte dos dois lados, tanto do governo como da sociedade civil. O primeiro pelo fato das instituições de governo adotarem, efetivamente, novo regime de ação pública baseado na governança democrática, disponibilizando informações necessárias e abrindo espaço de participação direta da sociedade civil; e o segundo pelo fato das associações cívicas ainda serem precárias e insuficientes. Cabe às organizações civis se capacitarem e se articularem de forma a fiscalizarem e pressionarem os gestores público à prestarem contas de sua decisões políticas e orçamentárias.

Para que a participação seja realmente viabilizada, é necessário empenho tanto do lado administrativo, quanto das organizações populares. O Estado deve investir na capacitação de seus gestores, e na abertura de espaço para a participação. Quanto à sociedade, mais do que a busca pelo espaço para reivindicar e propor ações, é necessário que se exija a incorporação das mesmas na política, na forma de Lei, e empenho na fiscalização do cumprimento dessas ações (ABDUCH, 2008, p.54).

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6. O MUNICÍPIO DE SANTO ANDRÉ

O Município de Santo André é formado pelo distrito-sede de Santo André e pelo distrito de Paranapiacaba e está localizado 15km a sudeste da capital paulista junto ao rio Tamanduateí (PMSA, 2004a). Integra juntamente com São Bernardo do Campo, São Caetano do Sul, Diadema, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, o chamado ABCD paulista, área industrial da região metropolitana de São Paulo (Figura 2).

Figura 2 – Localização do Município de Santo André

Fonte: CAETANO, 2006

Do território total do município 55% está inserido na Bacia Hidrográfica do Alto Tietê, onde está localizado o Reservatório Billings, o qual possui importância fundamental não só para o Município, mas também para toda a região, pois têm como função o abastecimento de 1,5 milhão de pessoas da Grande São Paulo, a produção de energia elétrica e o abastecimento industrial. Em face da necessidade e conservação dos fragmentos florestais, cursos d’água e nascentes existentes na bacia, esta região foi declarada Área de Proteção aos Mananciais da Região Metropolitana de São Paulo, pelas Leis Estaduais nº 898/75 e 1.172/76 (PMSA, 2004b).

Possui uma população estimada de 669.592 habitantes e área total de 175 Km2 (IBGE, 2005a). Embora a cidade apresente um grau de urbanização de 100% (SEADE, 2004), mais da metade do seu território está inserido em Área de Proteção e

70 Recuperação dos Mananciais – APRMs (Figura 3). Sendo assim, sua população está desigualmente distribuída no município, sendo a Zona Urbana responsável por abrigar mais de 98% da população, sendo a densidade demográfica na área urbana de 9.302,87 hab/km2 e na área de mananciais de 323,60 hab/km2 (PMSA, 2004a).

Figura 3 - Macrozoneamento do município de Santo André de acordo com o Plano Diretor.

Fonte: PMSA, 2006a.

A segmentação geográfico causada pela presença da represa Billings, pela distância da área urbana central e em função da legislação ambiental e de uso e ocupação do solo mais restritiva, favorecem taxas menores de densidade demográfica na área de proteção. Entretanto, esta região foi motivo de disputa judicial com os Municípios de Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, o que causou um vácuo administrativo permitindo assim, a aprovação de vários loteamentos pelos municípios vizinhos sem a anuência da Santo André. Todos loteamentos apresentam, em maior ou menor escala, problemas quanto à sua regularização fundiária, desmembramentos, implantação e adaptação à legislação de proteção e recuperação dos mananciais.

71 Aliado a este fator, está a existência de ocupações desordenadas, como favelas, loteamentos clandestinos e invasões de terras, na zona urbana e principalmente na zona de proteção aos mananciais, que apresentam precariedade das instalações de água e energia elétrica, em boa parte clandestinas ou, quando instaladas oficialmente, não sujeitas à medição; e ausência de rede coletora de esgoto. Do total de 158.986 domicílios existentes, 16% estão localizados em favelas, isto significa que 18% da população vivem em condições precárias (PMSA, 2002).

Dos 139 núcleos de favelas existentes 19% já estão urbanizados e 25% em processo de urbanização, enquanto que 16% precisam ser removidos em sua totalidade, 19% parcialmente, e o restante não está na programação, pelo menos a curto prazo para ser urbanizado, por falta de verba e capacidade operacional (PMSA, 2002).

Outro ponto importante é que o município possui seu próprio aterro sanitário e coleta seletiva de lixo, com 32 estações recolhendo 500 toneladas por mês, que são encaminhadas às Cooperativas Coopcilla e Coop Cidade Limpa, onde é feita a triagem, empregando 200 trabalhadores (PMSA, 2002). Em Santo André, 98% da população é atendida por rede de água, e 96% da população é atendida pela rede de esgoto (PMSA, 2004a), entretanto, o município não possui tratamento de esgoto, fator extremamente agravante considerando sua inserção em áreas de nascentes responsáveis pela formação do reservatório Billings, manancial essencial para a Região Metropolitana de São Paulo. A meta do Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André – Semasa é encaminhar todo o esgoto produzido pela cidade para ser tratado até o final de 2013.

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6.1. ASPECTOS BIOLÓGICOS E FÍSICOS