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3. Urbanismo

3.4 Estrutura Ecológica Urbana

Segundo Meier (1991) a vegetação reduz a temperatura das superfícies em 17º C e os custos com ar condicionado entre 25 a 80%. Mas a relação direta entre o sombreamento de edifícios versus arrefecimento não é clara. Na maior parte dos casos o impacte de uma ou várias árvores é dissipado num volume muito maior de ar que se move ao redor da árvore, não representado individualmente uma grande diminuição da temperatura. No entanto, um grande número de árvores e espaços verdes pode reduzir a temperatura local em 1 a 5º C e este facto faz indubitavelmente diminuir a necessidade de ar condicionado (Oke, 1989).

Estudos indicam que grandes áreas de plantação de árvores e a pintura das superfícies dos edifícios com cores claras que reflitam a luz solar, previnem o aumento de temperatura, evitando 2% da produção de carbono total dos EUA (Akbari et al., 1988). Constatou-se que a temperatura média no interior de um parque de lazer chega a ser mais baixa entre 1º a 3º C relativamente à temperatura média no exterior do parque e que a sua influência térmica pode estender-se a centenas de metros em seu redor (Oke, 1989).

Lima e Ribeiro (2009) apontam a importância dos espaços verdes em zonas urbanas para climas semiáridos, já que funcionam como reguladores térmicos, diminuindo a temperatura local, em termos construtivos permitem o sombreamento dos edifícios diminuindo os ganhos térmicos e as necessidades de arrefecimento artificial. Os autores referem ainda que as espécies devem ser adequadas ao local de forma a responderem às necessidades e precisarem do mínimo de manutenção, ao serem arborizadas praças e espaços públicos está-se simultaneamente a aumentar a permeabilidade dessas áreas assim como promover novos espaços de lazer para os habitantes. Por último devem ser criados espaços húmidos como por exemplo fontes, lagos e chafarizes, já que estes terão um efeito positivo através da evaporação de água, refrescando a área envolvente.

Dos estudos realizados (McPherson et al.,1990) conclui-se que:

 O sombreamento das janelas e fachadas viradas a Oeste permitem poupanças na energia de arrefecimento;

 No caso de árvores destinadas a sombreamento, a forma da copa é mais importante do que a densidade;

 Os custos anuais despendidos em água para certas espécies de árvores, com grande necessidade de irrigação, podem atingir o dobro do valor da poupança de energia que é conseguida através do efeito positivo da sua sombra;

 Os preços da energia e água são determinantes para analisar até que ponto é económico substituir árvores por ar condicionado;

 Os efeitos negativos de sombreamento de árvores no aquecimento de edifícios no inverno podem ser substanciais.

Há por isso que ter em conta todas estas variáveis na decisão de implantar árvores com o pretexto de arrefecimento, embora noutros contextos possam ter vantagens acrescidas, como é o caso da qualidade de vida para os habitantes.

Estudos efetuados em oito cidades europeias demonstraram que as pessoas que vivem em áreas com abundância de espaços verdes são três vezes mais propensos a serem ativos e verifica-se uma probabilidade 40% menor de estes terem excesso de peso ou serem obesos (Ellaway et al., 2005). Igualmente, as crianças em idade escolar que têm acesso a espaços abertos demonstram maiores níveis de concentração do que aquelas que não têm acesso a espaços similares (Velarde et al., 2007).

A carência de espaços verdes urbanos pode ser analisada segundo a capitação de espaços verdes ou da avaliação espacial através das áreas habitadas sem influência de espaços verdes. Em termos de capitação de espaços verdes, Magalhães (1992) aponta valores de referência de 30 m2/habitante, dos quais 20 m2 incluídos na estrutura verde principal e 10 m2 na estrutura verde secundária (Quadro 2). A estrutura verde principal considera os espaços verdes localizados nas áreas detentoras de maior interesse ecológico ou nas que são mais importantes para o funcionamento dos sistemas naturais (vegetação, circulação hídrica e climática, património paisagístico). Com esta subestrutura pretende-se assegurar a ligação da paisagem envolvente ao centro da cidade. Integra áreas como jardins, parques urbanos e suburbanos, zonas desportivas, recintos especiais (parques de atrações e exposições) e áreas de hortas urbanas, entre outras.

A estrutura verde secundária constitui a extensão da estrutura anterior no interior do contínuo urbano e abrange os espaços de menor dimensão que estão diretamente ligados às habitações e aos equipamentos coletivos. Engloba espaços como pequenos jardins de bairro, zonas de recreio infantil e juvenil, zonas verdes escolares, entre outros.

Depois de apontadas as vantagens, torna-se clara a importância de uma estrutura ecológica urbana, pelo que se propõe ainda no domínio do “Urbanismo” a seguinte diretriz:

Diretriz 5: Estrutura ecológica urbana

secundária. Os valores recomendados são a existência de pelo menos 30m2/hab de espaços verdes (Magalhães, 1992) e que 80% dos edifícios residenciais devam estar a 200m de espaços verdes (Barton et al., 1995).

Quadro 2: Estrutura Verde Urbana ESTRUTURA VERDE

URBANA

TIPO DE UTILIZAÇÃO RECOMENDAÇÕES

GLOBAIS DE PLANEAMENTO ESTRUTURA VERDE PRINCIPAL (integrada no contínuo natural) Utilização máxima

Parque da cidade (zonas verdes especiais, EV didáticos, feiras, exposições, etc.)

20 m2/ habitante Parque urbano (EV ligado ao equipamento

escolar de saúde, desportivo, cultura, etc.)

Utilização média Parque suburbano Desporto livre Hortas urbanas Parques de campismo Zonas de merendas Utilização mínima

Zonas de proteção (em relação às zonas industriais, às infraestruturas de transporte, aos ventos,etc.)

Zonas de proteção às linhas de drenagem natural das águas pluviais

Matas de proteção Zona agrícolas Cemitérios ESTRUTURA VERDE SECUNDÁRIA (integrada no contínuo construído) Utilização máxima

Espaços para recreio infantil (0-5 anos)

10 m2/ habitante Espaços para recreio infantil (6-9 anos)

Espaços para recreio juvenil (10-16 anos) Espaços para idosos e adultos

Espaços para convívio e encontro (praças arborizadas, alamedas, jardim público, etc.) Fonte: Magalhães, 1992