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Iniciei o trabalho de experimentação dos Fundamentos de Bartenieff com os dançarinos da CRS em maio de 2008 e finalizei o processo na primeira semana de dezembro do mesmo ano, totalizando 25 (vinte e cinco) encontros, com duração aproximada de três horas cada sessão, durante oito meses de laboratórios. Ao término do trabalho, deparei-me

102 com uma possível incoerência em relação à pequena quantidade de sessões relacionadas com o tempo total dos laboratórios.

Para justificar essa incoerente relação, é necessário deixar claro que o tempo dispensado foi uma tentativa de inserir uma nova atividade de experimentação laboratorial na Cia. Rodas no Salão. Durante sete meses o grupo não deixou de participar das atividades que, muitas vezes, foram realizadas fora de Salvador, como apresentações, participação em festivais e em congressos. A relação com o trabalho dentro do grupo foi bastante intensa no segundo semestre de 2008 motivada pela saída de alguns dançarinos, pela necessidade de re- elaboração dos produtos artísticos, pela necessidade de cumprir com os objetivos traçados para o ano e, ao mesmo tempo, organizar materiais para revalidar o patrocínio e as vigentes parcerias.

O trabalho realizado por mim dentro do grupo aconteceu paralelamente a toda essa jornada de atividades, o que me fez perceber que o tempo utilizado para desenvolver a experimentação em relação à quantidade de sessões não foi longo e nem foi curto demais, foi suficiente para que os dançarinos pudessem mergulhar na experimentação, ao ponto de incorporar a abordagem corporal e gerar os dados de análise, os quais contribuíram para se chegar aos objetivos da pesquisa.

Diante de diferentes atividades em que os dançarinos estavam envolvidos, Cabral, coordenador da ABDCR e da CRS, me disponibilizou alguns horários para realizar as intervenções. Segundas-feiras das 7 horas e 30 minutos às 11 horas e às sextas-feiras das 14 às 17 horas. Apesar dos dias serem poucos e espaçados para um programa de aprendizado motor, foram bem vindos por não coincidirem com os horários da disciplina Técnica de Corpo e Composição em Dança-Teatro, a qual ministrei durante o segundo semestre de 2008 na Escola de Teatro da referida instituição de ensino como estágio docente, em paralelo com as disciplinas que eu cursava como discente.

Os laboratórios experimentais tiveram durante todo o percurso esse mesmo quadro de horários, sendo desenvolvida a prática laboratorial duas vezes por semana – segundas e sextas-feiras. Esse processo foi organizado durante a própria prática em momentos distintos, obedecendo ao nível de complexidade neuromuscular de todo o sistema dos FCB.

O caminho sistemático foi desenvolvido em três procedimentos: o planejamento, a experimentação e o processamento de análise dos dados. O primeiro foi o planejamento do trabalho, que consiste na organização de propostas das atividades que são registradas em Planos de Encontro. A elaboração dos planos foi a questão primordial para seguir o que se

103 pretendia investigar, assim como orientar a seleção de fontes que permitiram a organização dos exercícios.

Para que os objetivos fossem alcançados, esse passo foi de semelhante importância à realização dos laboratórios por ser um elemento norteador primordial da investigação. Apesar do prévio planejamento das sessões constarem o conteúdo programático e o desenvolvimento metodológico para se alcançar as metas estabelecidas para cada encontro, nem sempre foram cumpridos devido à necessidade de mudar o planejamento. As nossas sessões foram permeadas de informações que, muitas vezes, requisitavam a mudança dos caminhos e até mesmo o adiamento da meta por alguns encontros, diluindo o conteúdo que foi programado para ser realizado em um dia, para ser praticado em duas ou três sessões de encontros.

Os planejamentos consistiram em organizar didaticamente o referencial teórico- prático, para que os dançarinos pudessem ter melhor entendimento da técnica apresentada e se apropriar da linguagem de uma forma mais vertical. Entretanto, o momento em que irá gerar os dados, de suma importância para se fazer a reflexão dos objetivos alcançados e justificar a relevância do estudo, é o fazer laboratorial.

O segundo procedimento configura-se na experimentação dos referenciais teórico– práticos, o que permitirá a construção de um novo conhecimento sobre as abordagens corporais para esse público específico, uma vez que tal desenvolvimento acontece ao caminhar entre erros e acertos desde a elaboração dos planos até a experimentação corporal.

As sessões de encontro são os momentos de aplicação das atividades propostas nos planos. Os encontros tiveram como objetivo desenvolver o preparo corporal dos dançarinos a partir dos Fundamentos Bartenieff e investigar a potencialidade de transformação dos exercícios propostos na abordagem de acordo com a estrutura corporal desse público específico. Os momentos de encontros foram organizados didaticamente em quatro fases:

1) Introdução Teórica - aproximadamente entre 10 a 15 min.: é a fase que inicia os encontros, ocasião em que é realizada a comunhão dos conteúdos e dos objetivos dos caminhos que iremos percorrer durante a sessão;

2) Experimentação - aproximadamente entre 90 a 120 min.: é a fase técnica, destinada à pratica dos exercícios dos Princípios e Fundamentos Corporais Bartenieff, propondo-se os Exercícios Preparatórios, os “Seis Básicos” e as variações;

3) Experimentação Criativa - aproximadamente entre 40 a 50 min.: a terceira fase é caracterizada como o momento de criação para os dançarinos usarem do aparato técnico adquirido na fase anterior em suas criações. A experimentação é desenvolvida a partir de

104 improvisações ou de dinâmicas coreográficas. É necessário destacar que, na maioria das vezes, é nessa fase em que detectamos se os objetivos da sessão foram ou não alcançados, de modo a verificar a incorporação do conteúdo pelo dançarino, a sua utilização em suas composições e/ou pela necessidade de mudança de alguma atividade desenvolvida naquele dia;

4) Fase de Reflexão - aproximadamente entre 20 a 30 min.: é o momento em que o professor/pesquisador se reúne com os dançarinos para falar a respeito do trabalho realizado na sessão. São colocadas questões como: as sensações da experimentação, notas e comentários sobre o desenvolvimento dos exercícios, dificuldades, preferências, modificações, idéias surgidas a partir dos estímulos e sobre o processo diário de improvisação de cada um.

Essa organização metodológica, dividida em quatro fases, seguiu na maioria das sessões a ordem estabelecida acima, porém não se tornou uma regra, pois as fases se relacionavam com o objetivo do encontro e, por vezes, fazia-se necessário intercalar ou alternar o desenvolvimento metodológico.

O terceiro e último procedimento foi destinado ao processamento, à organização e à análise dos dados colhidos. É importante destacar que nessa última etapa foi priorizada a sistematização da proposta, a reflexão sobre o objetivo alcançado e a finalização do trabalho da dissertação.

De acordo com os horários das sessões e as organizações dos registros, pude estabelecer um quadro semanal de atividades referentes à sistematização de atividades desenvolvidas durante os laboratórios:

Cronograma Semanal de Atividades do Professor/Mestrando. Período de maio de 2008 a dezembro de 2008.

Segunda-Feira Terça-Feira Quarta-Feira Quinta-Feira Sexta-Feira Sábado Domingo Laboratório Experimental 07h30min às 11h Avaliação das atividades Organização dos documentos produzidos Preparação do laboratório Laboratório Experimen- tal 14 às 17h Avalia- ção das ativida- des Preparação do próximo laboratório