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3.2 OS FUNDAMENTOS CORPORAIS BARTENIEFF

3.2.2 Os Fundamentos Corporais de Bartenieff

3.2.2.2 Os Seis Exercícios Básicos

Os Seis Básicos são propriamente ditos os Bartenieff Fundamentals, os quais são responsáveis pela manutenção estrutural básica dos movimentos corporais humanos. Eles são

80 divididos em seis exercícios e serão discutidos a seguir de acordo com o nível de complexidade neuromuscular.

1) Elevação da Coxa

a) Posição Inicial - Posição Básica

b) Preparação

- Inspiração abdominal e início da expiração

c) Execução

- A partir da metade da expiração até seu final, ativando o Iliopsoas e os músculos profundos do quadril, deixar estes músculos realizarem a flexão do quadril.

- Inspirar e, na expiração, retornar a perna à posição inicial. - Repetir o exercício com a outra perna

FIGURA 11: Elevação da Coxa Fonte: FERNANDES, 2006, p. 95

2) Transferência (ou propulsão) da Pelve

a) Posição Inicial - Posição Básica

81 b) Preparação

- Inspiração abdominal e início da expiração

c) Execução

- A partir da metade da expiração até seu final, ativando o Iliopsoas e os músculos profundos do quadril, deixar estes músculos realizarem a transferência do Centro de Peso desde o chão até um ponto imaginário aproximadamente dez centímetros acima do meio exato entre os pés. - Ao final da expiração, coincidente com o final do deslocamento da pelve, esta é trazida ao chão na inspiração. Como o corpo vai deslocando-se na direção dos pés, após descer a pelve de volta ao chão, dá-se um passo com cada pé, afastando-os dos ísquios e trazendo-os de volta à posição inicial. Também os braços são recolocados ao longo do corpo, pois geralmente abrem na Dimensão Horizontal ao longo do chão durante o impulso pélvico e deslocamento do torso.

FIGURA 12: Transferência (ou propulsão) da Pelve Fonte: FERNANDES, 2006, p.95

Transferência Lateral da Pelve

a) Posição Inicial - Posição Básica

b) Preparação

82 c) Execução

- A partir da metade da expiração até seu final, ativando o Iliopsoas e os músculos profundos do quadril, deixar estes músculos elevarem o Centro de Peso cerca de cinco centímetros acima do chão.

- A partir desta posição, com a pelve elevada, deslizá-la para a esquerda na inspiração, pelo ar, ao longo de uma linha horizontal imaginária que conecta trocânter esquerdo e trocânter direito.

- Chegando ao lado esquerdo, cinco centímetros acima do chão, abaixar a pelve até o chão na expiração, deixando o Centro de Peso levemente fora do eixo vertical.

- Inspirar em repouso, e elevar a pelve linearmente para cima a partir da lateral esquerda na expiração.

- Devolvê-la ao chão no centro, na expiração. - Repetir o procedimento para a direita.

FIGURA 13: Transferência Lateral da Pelve Fonte: FERNANDES, 2006, p. 95

Metade do Corpo

a) Posição Inicial - Posição em “↓”

83 b) Preparação

- Inspiração abdominal e início da expiração. c.1) Execução

- A partir da expiração, aproximar o cotovelo direito do joelho direito, deslizando a metade direita do corpo pelo chão (o que inclui a cabeça e o lado direito do torso).

- Enquanto isso, o lado esquerdo alonga, estica-se no chão.

- Inspirar quando os lados atingem o máximo de oposição (um lado contrai e o outro alonga). - Retornar à posição inicial trazendo o lado direito até o alongamento do corpo em “↓”. - Repetir o exercício para o lado esquerdo.

c.2) Há três formas de realizar o exercício, dependendo do ângulo da cabeça. Nas três formas, a cabeça desliza pelo chão em direção ao lado que encolhe.

- Caso 1: realiza-se o exercício com o rosto para o lado que encolhe. Ou seja, rodando a cabeça na direção do cotovelo que desliza de encontro ao joelho, tendo a face virada para este lado (como se o nariz também fosse em direção do joelho e do cotovelo, sem retirar a cabeça do chão).

- Caso 2: realiza-se o exercício sem rodar a cabeça, mantendo o rosto para cima e deslizando a cabeça na direção que encolhe como se fosse puxada pela orelha daquele mesmo lado.

- Caso 3: realiza-se o exercício rodando a cabeça para o lado inverso ao que encolhe, mantendo o rosto virado para o lado que estica enquanto desliza a cabeça na direção que encolhe, como se fosse puxada pela parte posterior do crânio.

FIGURA 14: Metade do Corpo Fonte: FERNANDES, 2006, p. 99

84 Queda do Joelho

a) Posição Inicial

- Posição Básica, com os braços alongados horizontalmente, formando uma linha para cada lado a partir dos ombros.

b) Preparação

- Inspiração abdominal e início da expiração

c) Execução

- Ao final da expiração, deixar os joelhos “caírem” na diagonal, mantendo os braços esticados para os lados. Ou seja, assim que a expiração ativa o Iliopsoas chegando ao abdômen, inclinar os dois joelhos para o chão em direção à diagonal Baixo Esquerda Frente.

- Novamente, ao final da expiração, trazer a pelve de volta ao chão, o que devolve os joelhos à posição inicial.

- Realizar o mesmo exercício para o outro lado.

FIGURA 15: Queda do Joelho Fonte: FERNANDES, 2006, p. 108

85 Círculo do Braço

a) Posição Inicial

- Posição Básica, com os braços alongados horizontalmente, formando uma linha para cada lado a partir dos ombros.

b) Preparação

- Inspiração abdominal, início da expiração e Queda do Joelho.

c) Execução

- Após a queda dos joelhos para a direita (diagonal inferior direita à frente), repousar um pouco em seguida trazer o braço esquerdo para a diagonal superior esquerda atrás.

- Com o braço esquerdo, desenhar círculos grandes ao redor do torso no sentido anti-horário (na direção da cabeça), pelo chão, deixando que os olhos acompanhem a mão que desenha o círculo, com um pequeno movimento da cabeça, sem que esta saia do chão.

- Retornar o braço esquerdo à diagonal inicial, descansar um pouco, e desenhar círculos com o mesmo braço, porém no sentido horário.

- Retornar o braço esquerdo à posição inicial e descansar.

- Trazer os joelhos de volta à posição inicial e realizar o exercício para o outro lado (Queda do Joelho para a esquerda e Círculo do Braço direito).

FIGURA 16: Círculo dos Braços Fonte: FERNANDES, 2006, p. 108

86 4 LABORATÓRIO EXPERIMENTAL: UM PROCESSO METODOLÓGICO

De março a dezembro de 2008 foi desenvolvido no Clube Associação Cultural e Esportiva Braskem (ACEB) – Salvador, BA- o trabalho de campo da presente pesquisa, que se configurou em um processo metodológico experimental de preparo de corpo de artistas cênicos com deficiência física.

A motivação para se desenvolver tal laboratório surgiu da minha curiosidade profissional e das minhas questões pessoais: a apresentação da hipótese de que os Fundamentos Corporais Bartenieff são fatores determinantes no trabalho corporal do dançarino com deficiência física e no desenvolvimento de composições e montagens que viabilizam o processo artístico criativo de acordo com suas estruturas somáticas.

A partir dessa hipótese, foi traçado como objetivo metodológico o desenvolvimento de sessões de experimentação dos FCB para verificar e analisar a configuração dessa técnica específica em corpos com deficiência física. Através do diálogo entre a minha prática de ensino, articulando e codificando propostas pedagógicas e reelaborando e extensão dessa prática pelos dançarinos, verifiquei se uma nova proposta teórico-prática dos FCB poderia ser desenvolvida e sistematizada para, futuramente, mobilizar outros praticantes, profissionais e/ou estudiosos nesse campo de interesse.