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Gestão integrada das águas urbanas

5.2 Estrutura

• Controle das áreas de deposição de resíduos sólidos;

• Contaminação dos aqüíferos urbanos.

Urbano e Ambiental, Plano de Esgoto e Resíduos Sólidos e a Gestão Urbana atual.

A política do Plano baseia-se em:

• princípios e objetivos do controle das águas pluviais;

• estratégias de desenvolvimento do plano como a compatibilida-de entre os Planos preparados para a cidacompatibilida-de;

• definição de cenários de desenvolvimento urbano e riscos para as inundações.

5.2.1 Princípios

Os princípios a seguir caracterizados visam evitar os problemas descritos no capítulo anterior. Tais princípios são essenciais para o bom desenvolvimento de um programa águas pluviais sustentáveis:

1. O Plano Diretor de Drenagem Urbana faz parte do Plano de Desen-volvimento Urbano e Ambiental da cidade. A drenagem faz parte da infra-estrutura urbana, portanto, deve ser planejada em conjunto com os outros sistemas, principalmente o plano de controle ambiental, o esgotamento sanitário, a disposição de material sólido e tráfego;

2. O escoamento durante os eventos chuvosos não pode ser ampliado pela ocupação da bacia, tanto num simples loteamento, como nas o-bras de macrodrenagem existentes no ambiente urbano. Isso se aplica a um simples aterro urbano, como à construção de pontes, rodovias, e à implementação dos espaços urbanos. O princípio é de que cada u-suário urbano não deve ampliar a cheia natural;

3. O Plano de controle da drenagem urbana deve favorecer as baci-as hidrográficbaci-as sobre baci-as quais a urbanização se desenvolve. As medidas não podem reduzir o impacto de uma área em detrimen-to de outra, ou seja, os impacdetrimen-tos de quaisquer medidas não devem ser transferidos. Caso isso ocorra, deve-se prever uma medida mi-tigadora.

4. O Plano deve prever a minimização do impacto ambiental decor-rente do escoamento pluvial, por meio da compatibilização com o planejamento do saneamento ambiental, com o controle do mate-rial sólido e com a redução da carga poluente nas águas pluviais que escoam para o sistema fluvial interno e externo à cidade;

5. O Plano Diretor de Drenagem urbana, na sua regulamentação, deve contemplar o planejamento das áreas a serem desenvolvidas e a densificação das áreas atualmente loteadas. Depois que a bacia, ou parte dela, estiver ocupada, dificilmente o poder público terá condições de responsabilizar os responsáveis pelas cheias. Portan-to, se a ação pública não for realizada preventivamente, por meio de gerenciamento, as conseqüências econômicas e sociais futuras serão muito maiores para todo o município;

6. Nas áreas ribeirinhas, o controle de enchentes é realizado por medidas estruturais e não-estruturais, que dificilmente estarão dis-sociadas. As medidas estruturais envolvem grande quantidade de recursos e resolvem somente problemas específicos e localizados.

Isso não significa que esse tipo de medida seja totalmente descar-tável. A política de controle de enchentes, certamente poderá che-gar a soluções estruturais para alguns locais, mas no campo de vi-são do conjunto de toda a bacia, onde estas estão racionalmente integradas com outras medidas preventivas (não-estruturais) e compatibilizadas com o esperado desenvolvimento urbano;

7. O controle deve ser realizado considerando a bacia como um conjunto e não trechos isolados;

8. Os meios de implantação do controle de enchentes são o PDDUA, as legislações municipais /estaduais e o Manual de Dre-nagem. O primeiro estabelece as linhas principais, enquanto as le-gislações controlam, e o Manual orienta;

9. O controle tem de ser permanente. Não basta que se estabeleçam regulamentos e que se construam obras de proteção; é necessário estar vigilante quanto a potenciais violações da legislação na ex-pansão da ocupação do solo das áreas de risco. Portanto, reco-menda-se que:

• nenhum espaço de risco seja desapropriado se não houver uma imediata ocupação pública que evite a sua invasão;

• a comunidade assuma uma participação cívica nos anseios, nos planos, na sua execução e na contínua obediência às medidas de controle de enchentes.

10. A educação de engenheiros, arquitetos, agrônomos e geólogos, entre outros profissionais, da população e de administradores pú-blicos é essencial para que as decisões públicas sejam tomadas conscientemente por todos;

11. O custo da implantação das medidas estruturais e da operação e da manutenção da drenagem urbana deve ser transferido aos pro-prietários dos lotes, proporcionalmente a sua área impermeável, que é a geradora de volume adicional, com relação às condições naturais;

12. O conjunto desses princípios trata o controle do escoamento ur-bano na fonte, distribuindo as medidas para aqueles que produ-zem o aumento do escoamento e a contaminação das águas pluvi-ais;

13. É essencial uma gestão eficiente na manutenção de drenagem e na fiscalização da regulamentação.

5.2.2 Objetivos do Plano

O Plano Diretor de Drenagem Urbana tem o objetivo de criar os mecanismos de gestão da infra-estrutura urbana, relacionados com o es-coamento das águas pluviais e dos rios na área urbana. Esse planejamen-to visa evitar perdas econômicas, melhorar as condições de saúde da po-pulação e preservar o meio ambiente da cidade, coerente com os princí-pios econômicos, sociais e ambientais definidos pelo Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e Ambiental da cidade

O Plano Diretor de Drenagem Urbana tem como meta buscar:

• planejar a distribuição da água pluvial no tempo e no espaço, com base na tendência de ocupação urbana, compatibilizando esse desenvolvimento e a infra-estrutura para evitar prejuízos econômicos de ambientais;

• controlar a ocupação de áreas de risco de inundação por meio de regulamentação;

• preparar para a convivência com as enchentes nas áreas de bai-xo risco.

Os condicionamentos urbanos são resultados de vários fatores que não serão discutidos aqui, pois se parte do princípio que os mesmos foram defi-nidos dentro âmbito do Plano Diretor de desenvolvimento Urbano e Ambi-ental. No entanto, devido a interferência que a ocupação do solo tem sobre a drenagem existem elementos do Plano de Drenagem que são utilizados para regulamentar os artigos do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e Ambiental.

5.2.3 Estratégias

As estratégias podem ser estabelecidas considerando o desenvol-vimento do Plano e o controle ambiental:

Quanto ao desenvolvimento do Plano:

O Plano Diretor de Drenagem Urbana pode ser desenvolvido segundo duas estratégias básicas:

Para as áreas ocupadas: desenvolvimento de medidas não-estruturais relacionadas com a regulamentação da drenagem urbana e a ocupação dos espaços de riscos, visando conter os impactos de futuros desenvolvimentos. Essas medidas buscam transferir o ônus do controle das alterações hidrológicas decorrentes da urbanização para quem efeti-vamente produz as alterações;

Para as áreas que estão ocupadas: o Plano desenvolve estudos especí-ficos por macrobacias urbanas, visando planejar as medidas necessárias para o controle dos impactos dentro dessas bacias, sem que elas transfi-ram para jusante os impactos já existentes. Nesse planejamento, são prio-rizados os usos de armazenamento temporário por meio de detenções.

Quanto ao controle ambiental:

Com relação ao controles ambientais, caracterizados pela qualidade da água do escoamento pluvial, pelo material sólido transportado e a pela contaminação da água subterrânea, as estratégias foram as seguintes:

1. Para as áreas onde não existe rede de esgoto cloacal ou existe grande quantidade de ligações de efluentes cloacais na rede pluvi-al, as medidas de controle priorizaram o controle quantitativo. Es-se tipo de medida utiliza a detenção apenas para o volume exce-dente da capacidade de drenagem atual, evitando que o escoa-mento em estiagem e o volume da primeira parte do hidrograma contaminem as detenções. Essas áreas de armazenamento são mantidas a seco durante o ano e somente nos eventos com tempo de retorno acima de 2 anos são utilizadas. Em alguns casos, foi necessário utilizar para riscos menores, por causa da baixa capaci-dade da rede existente;

2. Quando a rede cloacal estiver implementada, o Plano, no seu se-gundo estágio, pode ser executado, modificando-se o sistema de escoamento junto as detenções para que elas possam também contribuir para o controle da qualidade da água pluvial; Para o controle da contaminação dos aqüíferos e o controle de material sólido, deverão ser criados programas de médio prazo visando à redução dessa contaminação, por meio de medidas distribuídas pela cidade.

5.2.4 Cenários

Devem-se considerar dois aspectos nos cenários de desenvolvi-mento do Plano: (a) cenário de desenvolvidesenvolvi-mento urbano; (b) medidas de controle adotadas nos cenários. Os principais cenários identificados quanto ao desenvolvimento urbano neste estudo são os seguintes:

I – Atual : Condições de urbanização atual, obtida de acordo com es-timativas demográficas e imagens de satélite;

II - Cenário atual + PDDUA. Este cenário considera a ocupação a-tual para as partes da bacia onde o Plano foi superado na sua previ-são, enquanto que para as áreas em que o Plano não foi superado é considerado o previsto no Plano Diretor Urbano

III - Cenário de ocupação máxima: Este cenário envolve a ocupação máxima de acordo com o que vem sendo observado em diferentes partes da cidade que se encontram nesse estágio. O cenário represen-ta a situação que ocorrerá se o disciplinamento do solo não for obe-decido.

O primeiro cenário representa o estágio próximo do atual; o se-gundo é o cenário previsto pelo PDUA da cidade. O terceiro cenário representa a situação mais realista, pois aceita o desenvolvimento realiza-do fora realiza-do Plano Diretor e para o restante das áreas ainda em desenvol-vimento o Plano previsto.

Quanto às medidas de controle adotadas em cada cenário do Pla-no, deve-se considerar o seguinte:

(1) O planejamento para o cenário atual com as medidas não-estruturais pressupõe que elas passem a funcionar na data em que foram realizados os levantamentos da bacia. O que não é

verdade, já que haverá um tempo entre a finalização desses es-tudos e a aprovação da regulamentação;

(2) É possível adotar o cenário futuro como o patamar superior de intervenções, pois pressupõe as medidas de regulamentação que poderão demorar a ser adotadas; quando a regulamentação pro-posta for aprovada, as dimensões das alternativas serão revistas em nível de projeto.

Geralmente a segunda alternativa é escolhida. O risco de 10 anos de tempo de retorno pode ser escolhido para o dimensionamento da ma-crodrenagem, pois geralmente, a partir desse risco, não são economica-mente viáveis as medidas de controle estrutural. Os maiores custos dos prejuízos das inundações encontram-se nas inundações com alto risco (baixo tempo de retorno), por conta da sua grande freqüência. Dessa forma, o benefício de uso de medidas de controle para riscos baixos (alto tempo de retorno) pode representar grandes custos e não apresentar um benefício médio alto. O risco deve ser avaliado conforme o risco de vida e os prejuízos econômicos. O uso do risco de 10 anos é freqüente, mas deve ser avaliado em cada caso.

No documento Gestão de Águas Pluviais Urbanas (páginas 185-191)