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Impacto ambiental sobre o ecossistema aquático Com o desenvolvimento urbano, vários elementos antrópicos são

No documento Gestão de Águas Pluviais Urbanas (páginas 91-100)

Gestão das inundações na drenagem urbana

3.2 Impacto ambiental sobre o ecossistema aquático Com o desenvolvimento urbano, vários elementos antrópicos são

• Com a redução da infiltração, o aqüífero tende a diminuir o nível do lençol freático por falta de alimentação (principalmente quan-do a área urbana é muito extensa), reduzinquan-do o escoamento sub-terrâneo;

• Por conta da substituição da cobertura natural por áreas imper-meáveis, ocorre uma redução da evapotranspiração, já que a su-perfície urbana não retém água, como a cobertura vegetal, e não permite a evapotranspiração, como ocorre pelas folhagens e do solo.

Belém

1 10 100 1000

10 100 1000 10000

Área de drenagem em km2

Vazão média de enchente, m3/s

Figura 3.3 Vazão média de cheia em função da área de drenagem na Região Metropolitana de Curitiba

3.2 Impacto ambiental sobre o ecossistema aquático

solar por parte da superfície aumenta a emissão de radiação térmica de volta para o ambiente, gerando calor. O aumento de temperatura também cria condições de movimento de ar ascendente, que pode aumentar a precipita-ção. Silveira (1997) mostra que a parte central de Porto Alegre apresenta maior índice pluviométrico que a sua periferia, atribuindo essa tendência à urbanização.

Aumento de sedimentos e de material sólido: Durante o desenvol-vimento urbano, o aumento dos sedimentos produzidos pela bacia hi-drográfica é significativo, em decorrência de construções, limpeza de ter-renos para novos loteamentos, construção de ruas, avenidas e rodovias, entre outras causas. Na figura 3.4, pode-se observar a tendência de pro-dução de sedimentos de uma bacia nos seus diferentes estágios de de-senvolvimento.

Figura 3.4 Variação da produção de sedimentos em decorrência do desenvolvimento urbano (Dawdy, 1967)

As principais conseqüências ambientais da produção de sedimen-tos são as seguintes:

• Erosão das superfícies, gerando fortes áreas degradadas. Nas figu-ras 3.5 e 3.6, pode ser observado o efeito da erosão sobre as super-fícies urbanas desprotegidas. Na foto da direita, observa-se a ero-são gerada pelo aumento de escoamento de drenagem a montante.

O aumento da energia e da velocidade do escoamento pode produ-zir verdadeiros canyons, que chegam a 30 m de profundidade e a 50 m de largura em solos frágeis;

Figura 3.5 Erosão urbana (Campana, 2004).

• Assoreamento das seções da drenagem, com redução da capacida-de capacida-de escoamento capacida-de condutos, rios e lagos urbanos. A Lagoa da Pampulha é um exemplo de um lago urbano que tem sido assorea-do. O Arroio Dilúvio, em Porto Alegre, por causa de sua largura e pequena profundidade, durante as estiagens, tem depositado no

canal a produção de sedimentos da bacia e criado vegetação, redu-zindo a capacidade de escoamento durante as enchentes;

• Transporte de poluentes agregados ao sedimento, que contaminam as águas pluviais.

Figura 3.6 Erosão urbana (Campana, 2004)

Obstruções ao escoamento: obstruções ao escoamento, como aterros e pontes, drenagens inadequadas e obstruções ao escoamento junto a condutos e assoreamento. Alguns dos exemplos de obstrução do escoa-mento são documentados a seguir:

(a) Produção de resíduo sólido que obstrui o escoamento. O material sólido, além de reduzir a capacidade de escoamento, obstrui as detenções urbanas para o controle local do escoamento. Na figura 3.7, são apresentados os sistemas obstruídos por material sólido e por canalização atraves-sando a drenagem;

(b) Resíduo sólido no sistema de detenção. À medida que a bacia é urbanizada, e a densificação consolidada, a produção de sedimentos pode reduzir (figura 3.4), mas um outro problema aparece, que é a produção de li-xo. O lixo obstrui ainda mais a drenagem e cria condições ambientais ainda piores. Esse problema somente é minimizado com adequada freqüência da coleta e educação da população com multas pesadas. Na figura 3.8, pode-se observar a quantidade de lixo urbano no sistema de drenagem. Como se observa, grande parte desse lixo é de plástico, com grande concentração de garrafas do tipo pet e sacos de supermercados;

Figura 3.7 Obstrução e resíduo na drenagem (Belo Horizonte e São Paulo)

Figura 3.8 Lixo retido na drenagem (São Paulo).

(c) Problemas de manutenção. Podem ocorrer vários problemas de escoa-mento resultantes da falta de limpeza do sistema de drenagem e de

projetos inadequados que não consideram o assoreamento em seções muito largas (figura 3.9).

(d) Obstrução do escoamento por construções e aumento do risco: O desenvolvimento urbano tende a ocupar a drenagem deixando pouco espaço para a drena-gem, trazendo risco para a própria habitação e para montante (figura 3.10).

Figura 3.9 Obstruções ao escoamento em canais (Porto Alegre)

Figura 3.10 Construções na drenagem (Caxias do Sul)

Áreas de risco de encostas. A ocupação das áreas de relevo nas cidades é uma das principais causas de morte durante o período chuvoso em virtude do escorregamento de terra das encostas, em conseqüência da infiltração de

água no solo e da falta de sustentação de maciços naturais e alterados (figura 3.11).

Qualidade da água pluvial. A qualidade da água do pluvial não é me-lhor que a do efluente de um tratamento secundário. A quantidade de material suspenso na drenagem pluvial é superior à encontrada no esgoto in natura. Esse volume é mais significativo no início das enchentes. Na figura 3.12, pode-se observar a amostra de água pluvial em tempos, re-presentado por um relógio (figura das garrafas). No início, existe peque-na concentração, logo após a concentração é alta, e passados alguns in-tervalos de tempo é reduzida substancialmente. Nos primeiros 25 mm de chuva, geralmente se concentram 95% da carga. O polutagrama gerado por uma área urbana após um período seco mostra um pico de concen-tração antes do pico do hidrograma, indicando que a concenconcen-tração no início é alta, mesmo com pequena vazão.

Figura 3.11 Ocupação em áreas de risco

Os esgotos podem ser combinados (cloacal e pluvial num mesmo conduto) ou separados (rede pluvial e cloacal separadas). No Brasil, a maioria das redes é do segundo tipo; somente em áreas antigas de algu-mas cidades existem sistealgu-mas combinados. Atualmente, em decorrência da falta de capacidade financeira para ampliação da rede de cloacal, al-gumas prefeituras têm permitido o uso da rede pluvial para o transporte do cloacal, o que pode ser uma solução inadequada já que esse esgoto

não é tratado, além de inviabilizar algumas soluções de controle quantita-tivo do pluvial.

Os poluentes que ocorrem na área urbana variam muito, desde compostos orgânicos a metais altamente tóxicos. Alguns poluentes atu-am de formas distintas no atu-ambiente urbano, como inseticidas, fertilizan-tes, chumbo proveniente das emissões de automóveis e óleos de vaza-mento ou de caminhões, ônibus e automóveis. A fuligem resultante das emissões de gases no ambiente urbano dos veículos e das indústrias, e a queima de resíduos se depositam na superfície e são lavados pela chuva.

A água resultante dessa lavagem chega aos rios, contaminada.

Os principais poluentes encontrados no escoamento superficial ur-bano são: sedimentos, nutrientes, substâncias que consomem oxigênio, metais pesados, hidrocarbonetos de petróleo, bactérias e vírus patogêni-cos. Os valores médios americanos são apresentados na tabela abaixo.

Figura 3.12 Amostradores de qualidade da água pluvial. Início da preci-pitação com a garrafa marrom (posição do relógio a 45 min).

A qualidade da água da rede pluvial depende de vários fatores: da limpe-za urbana e sua freqüência, da intensidade da precipitação e de sua distribui-ção temporal e espacial, da época do ano e do tipo de uso da área urbana. Os principais indicadores da qualidade da água são os parâmetros que caracteri-zam a poluição orgânica e a quantidade de metais.

Contaminação de aqüíferos. As principais condições de contaminação dos aqüíferos urbanos são devidas aos seguintes eventos:

• Aterros sanitários contaminam as águas subterrâneas pelo processo natural de precipitação e infiltração. Deve-se, pois, evitar que sejam construídos aterros sanitários em áreas de recarga e procurar escolher as áreas com baixa permeabilidade. Os efeitos da contaminação nas águas subterrâneas devem ser examinados quando da escolha do lo-cal do aterro (ver tabela);

Tabela 3.1 Concentração para escoamento médio para alguns u-sos da terra urbana, com base no Programa Nacional de Escoamento Urbano (americano) (Whalen e Cullum,1989)

Parâmetro Residencial Comercial Industrial

TKN (mg/L) 0,23 1,5 1,6

No3 + No2 (mg/L) 1,8 0,8 0,93

Total P (mg/L) 0,62 2,29 0,42

Cobre (µmg/L) 56 50 32

Zinco (µmg/L) 254 416 1.063

Chumbo (mg/L) 293 203 115

COD (mg/L) 102 84 62

TSS (mg/L) 228 168 106

DBO (mg/L) 13 14 62

• Grande parte das cidades brasileiras utiliza fossas sépticas como des-tino final do esgoto. Esse conjunto tende a contaminar a parte supe-rior do aqüífero. A contaminação pode comprometer o abastecimen-to de água urbana quando existe comunicação entre diferentes cama-das dos aqüíferos, por meio de percolação e de perfuração inadequa-da dos poços artesianos;

• A rede de condutos de pluviais pode contaminar o solo pela infiltra-ção no seu transporte e até por entupimento de trechos da rede que pressionam a água contaminada para fora do sistema de condutos.

3.3 Gestão na macrodrenagem que gera impactos

No documento Gestão de Águas Pluviais Urbanas (páginas 91-100)