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2 AS NARRATIVAS

2.4 Estrutura hipertextual

A hipertextualidade tem sido uma característica pouco utilizada em plataformas móveis. Apesar de se compreender que um ambiente novo como o tablet traz consigo suas particularidades, sabe-se também que o desenvolvimento da narrativa multimídia e multilinear torna a leitura da narrativa envolvente, inclusive em produtos como a revista digital: "há a necessidade de estruturas funcionais para que o sistema possa operar, tais como o interesse pela publicação, lexias hipermídias bem conectadas e beleza estética" (PAULINO, 2012, p. 5). A estrutura hipertextual ainda transmite um senso democrático de maior poder de escolha, durante a navegação. É o que Nojosa (2012) entende como hipertexto social, em que a ideia de uma escrita hipertextual com

ideais democráticos se lança no meio social e passa a influenciar a interatividade entre leitor e editor (NOJOSA, ibidem). Para Pollyana Ferrari (2012), a origem desses processos se inicia com o pensamento iluminista do século 16, com ideais de igualdade, liberdade e fraternidade.

Historicamente, viu-se as narrativas jornalísticas aos poucos serem abordadas na lógica hipertextual do meio online. Mediante várias mudanças, as estruturas hipertextuais foram incorporadas também a outros meios de comunicação como o rádio, a TV e o impresso. As propostas de estruturas das narrativas jornalísticas do meio online podem ser relacionadas aos meios móveis.

Javier Díaz Noci (2004) elaborou uma lista de modelos de estruturas de narrativas hipertextuais de notícias da web, e alguns deles servem para pensar a estrutura nessa pesquisa. Apesar deste trabalho não estar relacionado às estruturas na web, e sim aos aplicativos móveis de notícias, tem-se exemplos da semelhança entre os dois, a partir da disponibilização em html5, acessada por qualquer plataforma. Os exemplos de estruturas que seguem nortearam a análise da estrutura hipertextual neste estudo.

Figura 1 – estrutura linear.

Figura 2 – estrutura linear com alternativas.

Fonte: modelo elaborado por Díaz Noci e Salaverría (2004, p. 18).

Figura 3 – estrutura reticular.

Fonte: modelo elaborado por Díaz Noci e Salaverría (2004, p. 20).

No tablet, temos diferentes estruturas: modelo linear, linear com alternativas, ou reticular, mas, em sua maioria, linear com alternativas. Esse modelo não é tão linear como o impresso, nem tão reticular quanto os modelos de notícias na web.

As estruturas têm sido identificadas e classificadas (Díaz Noci; Salaverría, 2003: cap. 2), e se dividem basicamente em axiais e reticulares. As axiais, por sua vez, se dividem em lineares e arbóreas, com uma terceira classe, que seria das paralelas, geralmente uma

combinação de várias estruturas lineares dispostas a partir de um eixo arbóreo. (DÍAZ NOCI, 2004, p. 14)18

Ao citar Horie e Pluvinage (2011), Rita Paulino afirma que o conteúdo no tablet e, especificamente, em revistas, diferencia-se do modelo tradicional: "diferente por ter uma linguagem nova, que reúne o que há de melhor da mídia impressa com a mídia digital: conteúdo segmentado, personalizado, portátil, com recursos multimídia, interativos e hipertextuais" (PAULINO, 2013, p. 96).

Pollyana Ferrari (2012) acrescenta que estamos na era do zapping, em que os jovens não sentem o menor peso na consciência em abandonar a leitura, caso ela não esteja interessante. Salaverría aprofunda a discussão, questionando para quem se está pretendendo produzir conteúdo e se há a compreensão de que os jovens de hoje serão os leitores de amanhã.

Os novos meios pedem novas formas de apresentar a informação. As potencialidades hipertextuais e interativas das redes digitais exigem aos meios um esforço para desenvolver formatos informativos que aproveitam essas utilidades. Isto requer habilidade e criatividade dos jornalistas mas também espírito inovador e investimento por parte dos meios. Os jovens de hoje? Quer dizer, os leitores de amanhã? Estão acostumados ao consumo de conteúdos audiovisuais e interativos de caráter lúdico, e é lógico deduzir que se os meios pretendem atrair sua atenção, deverão desenvolver formatos que incorporam de algum modo essas características no discurso informativo. (SALAVERRÍA, 2003, p 36,)19

Segundo João Canavilhas (2013), a hipertextualidade deve ser usada para intensificar a personalização. A disposição dos blocos de informação oferecerá aos leitores caminhos a serem percorridos mediante o acesso.

Da mesma forma como ocorre em computadores, a hipertextualidade é

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“Las estructuras han sido ya suficientemente identificadas y clasificadas (Díaz Noci; Salaverría, 2003: cap. 2), y se dividen básicamente en axiales y reticulares. Las axiales, a su vez, se dividen en lineales y arbóreas, con una tercera clase que serían las paralelas, a menudo una combinación de varias

estructuras lineales dispuestas a partir de un eje arbóreo”. (DÍAZ NOCI, 2004, p. 14) 19“

Los nuevos medios reclaman nuevas formas de presentar la información. Las potencialidades hipertextuales e interactivas de las redes digitales exigen a los medios un esfuerzo por desarrollar formatos informativos que aprovechen esas utilidades. Esto requiere ingenio y creatividad en los

periodistas pero también espíritu innovador e inversión por parte de los medios. ¿Los jóvenes de hoy? es decir, ¿los lectores de mañana? Están acostumbrados al consumo de contenidos audiovisuales e

interactivos de carácter lúdico, y es lógico deducir que si los medios pretenden atraer su atención deberán desarrollar formatos que incorporen de algún modo esas características en el discurso informativo”. (SALAVERRÍA, 2003, p. 36)

uma das características fundamentais nos smartphones. A possibilidade de conectar blocos de informação por meio de links permite ao usuário fazer um consumo personalizado de notícias com um simples toque na tela do dispositivo. Este poder que o usuário tem de desencadear uma determinada ação na plataforma — a interatividade — é outra característica chave. (CANAVILHAS, 2013, p. 25)20

Esse mesmo autor enfatiza que, do ponto de vista da circulação, é possível desenvolver conteúdos levando em consideração os aspectos do próprio meio, seja smartphone ou tablet, a exemplo de estruturas hipertextuais e narrativa multimídia, geolocalização, exploração do áudio, no caso do smartphone, entre outros (CANAVILHAS, 2013).

A hipertextualidade das narrativas precisa ser amplamente analisada, já que é responsável por hierarquizar uma notícia, tornando-a apresentável. Em um contexto no qual as pessoas estão cada vez mais interagindo com redes sociais, procurando conteúdos lúdicos, cuidar da apresentação da notícia pode fazer uma grande diferença.

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