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2.5 Motivação para o trabalho e as metas do trabalhador

2.5.2 Estrutura motivacional e perfil motivacional

Segundo Tamayo (2003), a estrutura motivacional de uma pessoa consiste no conjunto de motivações ou metas que dinamizam o seu comportamento e nas relações existentes entre essas motivações. O perfil motivacional refere-se à importância que têm, para cada pessoa, as diversas motivações que orientam a sua vida. Dessa forma, a estrutura motivacional constitui a base ou a matriz para a elaboração do perfil motivacional.

Faz-se oportuno relembrar alguns elementos que Tamayo utiliza para demonstrar quanto à questão dos valores e sua relação com a motivação está presente, ao longo do desenvolvimento do pensamento filosófico.

As opiniões relativas a este problema variam grandemente entre os filósofos oscilando desde a posição platônica, que identifica os valores como o absoluto (o Bem), até concepções modernas em que os mesmos aparecem enraizados no desejo humano (Ehrenfels, 1980; Lavele, 1951; 1955). Para Platão, os valores e o seu poder de seleção e controle do comportamento encontram-se fora da pessoa, no reino das idéias eternas, que constituem a realidade suprema. As pessoas e o mundo no qual elas moram, são simples aparências, cuja missão fundamental na sua existência é apenas de imitar o modelo constituído pelas idéias. Para Ehrenfels, no entanto, a dimensão motivacional dos valores situa-se dentro da pessoa, já que eles estão diretamente ligados ao desejo. A sua teoria é denominada “relativismo psicológico” (Piersol, 1959), porque ela afirma enfaticamente que as coisas, em si mesmas, não possuem nenhum valor. Cabe ao desejo, somente a ele, a tarefa de atribuir valor aos objetos, alçando-os à categoria de desejáveis. (TAMAYO, 1993, p. 330).

O autor contraria, dessa forma, o pensamento de Aristóteles e a filosofia escolástica, que afirmam ser o caráter de desejável, presente nos objetos, que faz surgir o desejo. O aspecto motivacional dos valores é explicado de maneira mais contundente por Lavelle (1951;

1955), que realça o aspecto seletivo e orientador dos valores, assim como o forte entrelaçamento dos desejos e das necessidades internas de cada indivíduo. Para Lavelle (1951, apud TAMAYO, 1993, p. 330) “os valores são inseparáveis de uma atividade seletiva que opera distinções entre as diferentes formas do real, segundo o seu grau de afinidade ou parentesco conosco.” Não existe valor nas coisas, elas são sempre neutras, mas são transformadas em metas quando desejadas pelo indivíduo. Portanto, o desejo é a energia, a “potência de transformação. Os valores têm sua origem em um desejo ratificado e assumido, isto é, um desejo que, através da razão, é transformado em querer”. (TAMAYO, 1993, p. 330)

Na Psicologia social, o próprio conceito de valores salienta a sua dimensão motivacional. Eles são definidos como princípios transituacionais e estão relacionados a estados de existência ou modelos de comportamentos desejáveis que orientem a vida do indivíduo e expressam interesses individuais, coletivos ou mistos, bem como diversos tipos motivacionais. (idem)

De acordo com a definição acima, “os valores são metas que o indivíduo estabelece para si próprio, “relativas a estados de existência (valores terminais) ou a modelos de comportamentos desejáveis (valores instrumentais).” (TAMAYO, 1993, p. 331). Seu fundamento é a motivação, visto que eles expressam desejos individuais, coletivos ou mistos, dentro de áreas motivacionais bem determinadas.

Pode-se dizer que obedecem a uma escala hierarquizada, uma vez que cada desejo tem um grau de maior ou menor importância na vida do indivíduo. Além disso, os valores possuem uma função que faz com que eles sejam determinantes da rotina diária, já que eles definem a vida da pessoa. E determinam o seu modo de pensar, de agir e de sentir (WILLIAMS, 1968; 1970, apud FURTADO, 2003). Assim, a psicologia considera os valores como um dos motores que iniciam, orientam e controlam o comportamento humano. Eles constituem um projeto de vida e um esforço para atingir metas do tipo individual ou coletivo. Como observa Morgan (1976, apud FURTADO, 2003), na linguagem quotidiana, centenas de palavras referem-se à motivação: desejo, necessidade, esforço, motivo, tendência, meta, aspiração, fome, amor etc. A psicologia utiliza, de preferência, necessidade, tendência e desejo. Vários psicólogos colocam a fonte dos valores nas exigências universais do ser humano (KLUCKHON, 1951; ROKEACH, 1973; SCHWARTZ; BILSKY, 1987, apud, TAMAYO, 1993, p. 331). Essas exigências pré-existem ao indivíduo e são constituídas por:

1) necessidades biológicas do organismo, 2) necessidades sociais relativas à regulação das interações interpessoais e 3) necessidades sócioinstitucionais referentes à sobrevivência e bem-estar dos grupos. O indivíduo, para poder lidar com a realidade, tem de reconhecer essas necessidades e planejar, criar ou aprender respostas apropriadas para a sua satisfação. Essa satisfação, porém, deve acontecer por meio de formas específicas definidas pela cultura. O desenvolvimento cognitivo e a socialização desempenham um papel capital nesse processo. Por meio do primeiro, o indivíduo capacita-se, progressivamente, para representar conscientemente essas necessidades como valores ou metas a serem atingidas. “Desta forma, o indivíduo simboliza as necessidades e as coloca no mundo da cultura. Através da socialização, ele aprende as maneiras culturalmente apropriadas para comunicar com os outros ao nível dessas metas e valores [...].” (SCHWART; BILSKY, 1987, apud TAMAYO, 1993, p. 331).

Então, para que alguém se relacione bem com o mundo real e obtenha êxito em suas ações, sendo feliz em suas iniciativas, é necessário que utilize as capacidades cognitivas que possui como ser humano, transformando-as em competências virtuosas.

Quando pensamos em nossos valores, pensamos no que é importante em nossas vidas. Cada um de nós detém numerosos valores (ex.: realização, segurança, benevolência) com variados graus de importância. Um valor particular pode ser muito importante para uma pessoa, mas muito desimportante para outra. A teoria de valores (SCHWARTZ, 1922; 1994; SHWARTZ; BILSKY, 1987; 1990, apud TAMAYO, 1993) identifica as principais características dos valores das seguinte forma:

1) Valores são crenças. Crenças intrinsecamente ligadas a emoção e não a idéias objetivas e frias. Quando valores são ativados, com ou sem nossa consciência, eles eliciam sentimentos positivos ou negativos. Pessoas para quem a independência é um valor importante ficam alertas quando sua independência é ameaçada. Tornam-se agressivas ou desesperadas se não conseguem protegê-la, mas ficam contentes ou mesmo orgulhosas quando podem afirmar sua independência por meio de ações. 2) Valores são um construto motivacional. Eles se referem a objetivos desejáveis que as pessoas se esforçam para obter. Justiça, por exemplo, é um objetivo desejável para a maioria das pessoas, na maioria das culturas. Assim como ser saudável, prestativo ou bem-sucedido. Dessa forma, justiça, saúde, utilidade e sucesso são todos valores. Valores são importantes para que uma pessoa tenha motivação para agir adequadamente.

3) Valores transcendem situações e ações específicas. São objetivos abstratos. Obediência e honestidade, por exemplo, são valores relevantes na escola e no trabalho, nos esportes, nos negócios, com a família, amigos ou estranhos. A natureza abstrata dos valores os distingue de conceitos como normas e atitudes, que geralmente referem-se a ações, objetos ou situações específicas (ROHAN, 2000, apud TAMAYO, 2003).

4) Valores guiam a seleção e a avaliação de ações, políticas, pessoas e eventos. Ou seja, valores servem como padrões e critérios. Nós decidimos se ações, políticas, pessoas ou eventos são bons ou maus, justificados ou ilegítimos, dignos de aproximação ou de refutação, dependendo de facilitarem ou prejudicarem a consecução de valores. O impacto de nossos valores nas nossas decisões cotidianas raramente é consciente. Nós nos damos conta de nossos valores quando as ações ou julgamentos que estamos considerando têm implicações conflitantes para diferentes valores que temos.

5) Os valores são ordenados pela importância relativa aos demais. Os valores das pessoas formam um sistema ordenado de prioridades axiológicas que as caracteriza como indivíduos. Esses atribuem mais importância à justiça ou ao sucesso, à novidade ou à tradição, à saúde ou à espiritualidade? Essa característica hierárquica dos valores também os distingue de normas e atitudes.

As características citadas anteriormente são de todos os valores. O que distingue um valor do outro é o tipo de objetivo ou motivação que o valor expressa. A teoria de valores define dez tipos motivacionais, de acordo com a motivação subjacente a cada um deles. Presume-se que esses tipos motivacionais abrangem o conjunto de valores motivacionalmente distintos reconhecidos entre as culturas. De acordo com a teoria, esses tipos motivacionais tendem a ser universais porque estão baseados em um ou mais dos três requisitos básicos à existência humana, com os quais todos eles ajudam a lidar. Todos os indivíduos e sociedades têm de responder aos seguintes requisitos: as necessidades dos indivíduos como organismos biológicos, requisitos de ação social coordenada e necessidade de sobrevivência e bem-estar dos grupos.

Apresentamos, a seguir, a Estrutura dos Tipos Motivacionais de Schwartz & Bilsky (apud TAMAYO, 1993), em termos de objetivos amplos que eles expressam. Nessa estrutura fica claro que os valores se alternam hierarquicamente na escala de prioridades que cada

pessoa possui, determinada obviamente pelo interesse pessoal. Tal estrutura foi elaborada tendo como base as “exigências universais do ser humano que constituem a fonte dos valores que se expressam por meio de dez tipos motivacionais” quais sejam:

1) Hedonismo (HE): “a gratificação de necessidades físicas é transformada em valores socialmente reconhecidos. A meta motivacional deste grupo de valores é o prazer e a gratificação sensual”. (TAMAYO, 1993, p. 331).

2) Realização (AR): “a sua meta é o sucesso pessoal obtido através de uma demonstração de competência que, geralmente, leva ao reconhecimento social”. (TAMAYO, 1993, p. 331).

3) Poder social (PO): “o funcionamento da sociedade parece exigir algum sistema de estratificação de função e de responsabilidade. Desta forma, surgem no grupo as relações de dominação e submissão. Para justificar este fato da vida social, o poder é transformado em valor. Necessidades individuais de dominação e de controle podem também ser transformadas em valores relativos ao poder. Segundo Schwartz a meta deste tipo de valores é a procura de status social, prestígio e controle sobre pessoas e recursos”. (TAMAYO, 1993, p. 332).

4) Autodeterminação (AD): “os valores de autodeterminação procuram a independência de pensamento, ação, opção [...]”. (TAMAYO, 1993, p. 332).

5) Conformidade (CO): “a sua meta motivacional é o controle de impulsos e do próprio comportamento em conformidade com as expectativas sociais”. (TAMAYO, 1993, p. 332).

6) Benevolência (BE): “a meta motivacional é o interesse e a preocupação com o bem-estar das pessoas íntimas”. (TAMAYO, 1993, p. 332).

7) Segurança (SE): “a meta dos valores deste tipo é a integridade pessoal e de pessoas e grupos de identificação, assim como a estabilidade da sociedade e de si mesmo”. (TAMAYO, 1993, p. 332).

8) Tradição (TR): etimologicamente significa a transmissão, a transferência de princípios, ideais e costumes. Todas as sociedades desenvolvem usos, costumes, práticas e símbolos que representam o seu destino e a sua experiência comum. “A tradição é algo que brota da comunidade e que se transforma em símbolo da sua própria sobrevivência.” (Durkheim, 1954, apud TAMAYO, 1993, p.332). A meta motivacional dos valores relativos à tradição é o respeito e a aceitação dos ideais e costumes da sua sociedade. (TAMAYO, 1993).

9) Estimulação (ES): “Os valores deste grupo têm como meta a procura de excitação, novidade e mudança, que parecem ser necessárias para poder manter um nível satisfatório de funcionamento”. (TAMAYO, 1993, p. 332).

10) Universalismo (UN): “Compreensão e aceitação dos outros e preocupação com o bem-estar de todos. Schwartz denomina este tipo motivacional ‘Universalismo’. Em português a palavra filantropia expressa diretamente o interesse teórico e prático pela felicidade dos homens”. (TAMAYO, 1993, p. 332).

Esses tipos motivacionais são considerados como a estrutura motivacional dos valores. De acordo com Schwartz & Bilsky (1987, apud TAMAYO, 1993) tal estrutura é formada pelas relações entre os diversos conteúdos axiológicos, que decorrem de suas compatibilidades e contradições, e do conteúdo dos valores, determinante das semelhanças e diferenças existentes entre eles. Portanto, a estrutura universal dos valores é como uma espécie de matriz de tipo motivacional, na qual se podem inserir todos os valores. Dentro dessa matriz motivacional os valores relacionam-se entre si de modo dinâmico. Como foi salientado na definição dos valores, eles são metas cuja obtenção está a serviço de desejos e interesses de ordem individual ou coletiva. (KUCKHOHN; STRODTBECK, 1961, apud TAMAYO,1993). “Os valores ao serviço de interesse individuais são opostos àqueles que servem interesses coletivos [...].” (TAMAYO, 1993, p. 332).

A análise da tabela 1 permitirá uma visualização mais clara dos tipos motivacionais e de sua correspondência entre interesse pessoal e coletivo.

TIPOS METAS SERVE INTERESSES

Autodeterminação

Ter autonomia. Decidir por si mesmo e/ou participar nas decisões, controlar a organização e execução do seu posto de trabalho.

Individuais

Estimulação

Ter desafios na vida e no trabalho, explorar, inovar, ter emoções fortes na vida e no trabalho, adquirir conhecimentos novos.

Individuais

Hedonismo Procurar prazer e evitar a dor e o sofrimento, ter

satisfação e bem-estar no trabalho. Individuais

Realização

Ter sucesso pessoal, mostrar a sua competência, ser influente, se realizar como pessoa e como profissional.

Individuais

Poder Ter prestígio, procurar status social, ter controle

e domínio sobre pessoas e informações.. Individuais

Segurança

Integridade pessoal e das pessoas íntimas,

segurança no trabalho, harmonia e estabilidade da sociedade e organização em que trabalha.

Mistos

Conformidade

Controlar impulsos, tendências e comportamentos nocivos para os outros e que transgridem normas e expectativas da sociedade e da organização.

Coletivos

Tradição Respeitar e aceitar ideias e costumes tradicionais

da sociedade e da empresa. Coletivos Benevolência Procurar o bem-estar da família e das pessoas do

grupo de referência. Coletivos

Universalismo

Tolerância, compreensão e promoção do bem- estar de todos na sociedade e na organização onde trabalha, proteção da natureza.

Mistos

Tabela 1- Metas Motivacionais e valores

Fonte: Adaptado de TAMAYO, A .; PASCHOAL, T., 1993, p. 42

A relação entre os tipos motivacionais é dinâmica e “[...] com base na raiz motivacional dos valores, postulam-se dois tipos básicos de relacionamentos entre eles: de compatibilidade e de conflito.” (TAMAYO, 1993, p. 332) No Brasil, vários estudos têm mostrado a sua validade (TAMAYO; SCHWARTZ, 1993; TAMAYO, 1994).

De acordo com Tamayo:

na estrutura motivacional representada na Figura 1, os cinco tipos de valores que expressam interesses individuais (autodeterminação, estimulação, hedonismo, realização e poder social) ocupam uma área contígua que é oposta àquela reservada aos três conjuntos de valores que expressam primariamente interesses coletivos (benevolência, tradição e conformidade). Os tipos motivacionais segurança e

filantropia, constituídos por valores que expressam interesses tanto individuais como coletivos, situam-se nas fronteiras destas duas áreas. Schwartz & Bilsky (1987; 1990) postulam compatibilidade entre os tipos de valores adjacentes (por exemplo estimulação e hedonismo, tradição e conformidade) e conflito entre os tipos de valores situados em direções opostas (exemplo: estimulação e conformidade, hedonismo e tradição). (TAMAYO, 1993, p. 333).

Na Figura 1 pode-se visualizar melhor a estrutura bidimensional e a polaridade dos valores: Benevolência AUTOPROMOÇÃO A B E R T U R A À M U D A N Ç A C O N S E R V A Ç Ã O Universalismo Estimulação Segurança Conformidade Hedonismo Autodeterminação Tradição Realização Poder AUTOTRANSCENDÊNCIA

Figura 1. Dimensões bipolares básicas da estrutura motivacional dos valores.

Fonte: TAMAYO, A . 1993, p. 343

Buscar, ao mesmo tempo, valores pertencentes a áreas contíguas é plenamente aceitável e compatível porque todos esses valores servem a um mesmo interesse e possuem metas inteiramente conciliáveis. Assim, por exemplo, o poder social e a realização pessoal

procuram a superioridade e a estima da sociedade; a tradição e a conformidade, por sua vez, perseguem, ambas, a submissão a normas e o autocontrole. Por outro lado, a busca simultânea de valores situados em áreas opostas na estrutura motivacional, representada na Figura 1, é conflitiva, porque eles servem a interesses opostos. A preservação da estabilidade e das práticas tradicionais, presentes nos valores do tipo tradição, entra em conflito com a procura por mudança e novidade, que é o núcleo dos valores do tipo estimulação.

A relação básica entre os valores e entre os tipos motivacionais por eles constituídos tem sido sintetizada por Schwartz (no prelo) por meio de duas dimensões bipolares. A primeira, “abertura à mudança versusconservação”, ordena os valores com base na motivação da pessoa em seguir seus próprios interesses intelectuais e afetivos, por meio de caminhos incertos e ambíguos, por oposição à tendência a preservar o status quo e a segurança que ele gera no relacionamento com os outros e com as instituições.”

Na segunda dimensão, “autopromoção versus autotranscendência”, postulam-se, em um dos extremos, os valores relativos ao poder, auto-realização e hedonismo e, no outro, os valores de filantropia e benevolência. Esse eixo ordena os valores com base na motivação da pessoa para promover os seus próprios interesses, mesmo que à custa dos outros, por oposição a transcender as suas próprias preocupações egoístas e promover o bem-estar do outros e da natureza. (TAMAYO, 1993).

A prioridade axiológica de cada pessoa expressa, além de suas necessidades e desejos, as idéias sobre o que é bom/ruim para si, para os demais, enfim para a organização onde o indivíduo se encontra, determinando sua maneira de agir frente às exigências externas. O fato de alguns valores priorizados pela organização não coincidirem com os valores mais importantes para seus funcionários, causa problemas sérios de insatisfação psíquica e emocional, tendo como conseqüência pessoas doentes, no aspecto emocional e orgânico, desestimuladas, insatisfeitas e, portanto, exercendo tal atividade sem entusiasmo e alegria.

Essa abordagem oferece um leque motivacional bastante variado, com metas referentes a praticamente todos os aspectos mais significativos da vida quotidiana e da atividade laboral. Segundo Tamayo & Paschoal (2003), tal característica é bastante útil para a compreensão e predição do comportamento. É uma abordagem que permite uma avaliação bastante diferenciada por meio de dez motivações, cada uma delas com metas específicas. Além disso, essas motivações apresentam uma organização dinâmica, determinada pela natureza dos interesses visados, que facilita a predição do comportamento a partir da estrutura motivacional da pessoa. Por exemplo, as pessoas que apresentam forte motivação hedonística,

geralmente, são menos propensas ao controle de impulsos pessoais que destoam das normas do grupo.

Estudos empíricos realizados por meio de regressão múltipla têm mostrado a relação consistente da dinâmica motivacional com a predição do comportamento no trabalho e na vida em geral (TAMAYO 2000, 2001, 2002; TAMAYO et al., 2001; PORTO; TAMAYO, 2003).

A estrutura motivacional serve de base para a elaboração do perfil motivacional, que consiste na importância relativa que cada uma das motivações tem para cada pessoa. O perfil implica, portanto, uma hierarquia de importância entre as diversas motivações do trabalhador. Dessa forma, pode-se determinar quais são as motivações e metas mais importantes para ele, bem como aquelas que ocupam um segundo ou terceiro plano. Além disso, a análise detalhada da motivação pessoal pode ser completada por meio da integração das dez motivações na estrutura bidimensional, que permite uma visão mais global, e talvez mais consistente, da organização e da direção das forças motivacionais do empregado.